Ativista que invadiu o laboratório está com dois cães em seu apartamento.
Ao todo, 178 animais foram levados; instituto registrou boletim por furto.
"Um pesadelo. Era uma cena horrível, eles estavam todos presos dentro de uma sala clara [o que dá a entender que não dormiam direito], cheio de cocô no chão. Para você ter uma ideia, os nossos pés deslizavam no chão, de tanto cocô que tinha no chão. Era um cheiro horrível", disse a ativista, que não quis se identificar nem mostrar o rosto porque teme que o instituto a encontre e leve os cães de volta ao laboratório.
Dezenas de ativistas derrubaram um portão e invadiram, por volta das 2h desta sexta-feira, o laboratório do Instituto, que fica a 59 km de São Paulo. Eles levaram em carros próprios 178 cães que estavam no complexo, motivados pelas suspeitas de que os bichos sofriam maus-tratos no local, e registraram boletim de ocorrência. Um segundo boletim, por furto qualificado, foi feito contra os ativistas, com base no relato dos policiais que acompanharam a manifestação e a invasão no instituto.
Em 2012, após receber uma denúncia contra o instituto, o Ministério Público de São Roque abriu uma investigação, ainda não concluída. "Foram feitas duas visitas. Uma delas por uma veterinária de uma organização internacional. Na época, nenhuma irregularidade foi encontrada", disse o promotor Wilson Velasco Júnior. De acordo com ele, as pesquisas eram de empresas de cosméticos, mas a lei permite que os clientes do laboratório sejam mantidos em sigilo. Ele disse ainda que a prática de vivissecção – a dissecação de animais vivos para estudos – é autorizada.
Amedrontado
O G1 foi ao apartamento em que estão dois cães do instituto. Os animais aparentavam estar contentes e brincaram durante a reportagem, apesar de um deles ainda estar "amedrontado" – ele tremia um pouco e pedia por carinho. "Ele está assim por tudo o que passou, pelas condições que estava vivendo", afirmou a ativista que levou os cães..
Ela e a amiga saíram da capital ontem por volta das 23h, de carro, para encontrar o grupo de ativistas que entraram no laboratório para retirar os cães. Ela disse que, quando chegou, as portas já tinham sido abertas e que o grupo buscava as salas onde estavam os animais.
A ativista relatou que estava com um grupo de pessoas quando abriram a porta de uma das salas e encontraram cerca de 40 cachorros. De acordo com ela, os cães estavam separados por grupos em salas diferentes. "Eles estavam trancados na sala. Tinha uma sala com uns com os pelos raspados, outros em outra", disse. "Nós fomos pegando um a um e passando de mão em mão", relembrou.
Os beagles que ficaram com a ativista foram trazidos para a capital dentro do carro. "Eles estavam nervosos, vomitaram no caminho, foi muito tenso", disse. De acordo com ela, as pessoas que participaram da ação são de lugares diferentes. Ela mesma ficou sabendo do movimento pelas redes sociais.
Além das duas amigas, uma terceira ativista, que também não quis se identificar, ficou sabendo do movimento pela internet e saiu ontem da capital, às 21h, para ajudar. "Eu não sabia o que ia acontecer. Eu nunca imaginei que faria isso [levar os cães]. Eu fui lá mais para ajudar", disse ela, que está com outros dois animais.
Agora, segundo as ativistas, a intenção e levar os cachorros para tratamento em um veterinário e encontrar alguém que queira adotar os animais. "Agora vamos levar para um veterinário para saber a situação de saúde deles." A ativista disse que sempre gostou de animais. Ela tem três cachorros em seu apartamento, todos vira-latas.
Instituto admite testes, mas nega maus-tratos
A gerente-geral do Instituto Royal, Sílvia Ortiz, que registrou boletim de ocorrência contra a invasão da empresa por ativistas ligados à associações protetoras dos animais, classificou o ato dos ativistas como terrorismo. Ela admite que a empresa realiza testes com animais, mas nega qualquer tipo de maus-tratos. Afirma ainda que o laboratório segue as regras e tem certificação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
No boletim de ocorrência de furto qualificado, policiais que acompanharam a manifestação e a invasão no instituto disseram que dependências do estabelecimento foram depredadas e que os cães ali mantidos foram subtraídos. Eles afirmaram ainda que não houve agressões por parte dos manifestantes contra seguranças do local.
Pastas com documentos, computadores, medicamentos e placas de acrílico contendo o que parecem ser testes foram recolhidos e apresentados na delegacia. Segundo o delegado Marcelo Sampaio Pontes, a polícia faria uma perícia no local ainda pela manhã. Ele disse que a única coisa comprovada até o momento é que os cachorros foram furtados.
O promotor Wilson Velasco Júnior afirmou que, em reunião com representantes de ONGs na quarta-feira (16), orientou para que os ativistas não invadissem o laboratório. "Quando eles invadiram e depredaram o laboratório eles destruíram provas", afirmou. "É primordial neste momento encontrar esses cães e apurar se eles podem causar algum dano à saúde de outros animais e das pessoas. Também precisamos examiná-los para saber se foram vitimas de maus tratos", completou o promotor.
Nota de esclarecimento
A empresa Royal Canin, multinacional de origem francesa que fabrica alimentos para animais domésticos, divulgou uma nota na manhã desta sexta-feira (18) informando que, apesar da similaridade entre os nomes das duas empresas, não possui qualquer relação com o Instituto Royal.
G1
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sexta-feira, 18 de outubro de 2013
quarta-feira, 16 de outubro de 2013
Plenária discute crianças e adolescentes em conflitos armados e o aumento da rede de exploração sexual
Como parte da programação da III Conferência Global sobre Trabalho Infantil, a semi-plenária “Violação de Direitos de Crianças e Adolescentes em Atividades Ilícitas” discutiu, entre outras violações listadas na Lista TIP como Piores Formas de Trabalho Infantil, a situação de aproximadamente 5,5 milhões de crianças escravizadas no mundo.
Entre as obrigações dessas meninas e meninos estão principalmente a colheita de algodão, agricultura, mineração, exploração sexual, tráfico de drogas e trabalho infantil doméstico. A afirmação é do diretor da Organização Internacional Anti-escravidão, Aidan McQuade. “20% do trabalho forçoso são de crianças africanas e asiáticas. No oeste da África, meninos e meninas são forçosamente colocados em trabalho agrícola e trabalho doméstico”.
Se antes os grupos de rebeldes e facções criminosas só recrutavam garotos, países como a República do Congo, a Síria e o Uzbequistão agora também têm como foco garotas. “As crianças são retiradas de seus pais para exploração sexual ou situações de escravidão, isso demonstra as práticas que representam socialmente várias questões econômicas e sociais dessas regiões”, afirma o diretor.
As guerras e conflitos armados também são responsáveis por terem pessoas com menos de 15 anos na linha de frente das batalhas. São crianças forçadas a maltratar e verem cadáveres de outras crianças, muitas só podiam se alimentar de pó de ouro das minerações, além da lavagem cerebral e de toda a violência física e verbal que sofrem 24 horas por dia.
O impacto, segundo a representante especial do secretário-geral das Nações Unidas para Crianças e Conflitos Armados (ONU), Leila Zerrugui, afeta também as crianças das comunidades próximas às zonas de conflitos na Síria e em países vizinhos, por exemplo. “Não só as crianças recrutadas são afetadas, mas também as de outras regiões próximas às zonas de conflitos armados. As crianças são exploradas pelo trabalho infantil e sexualmente, é uma situação de extrema vulnerabilidade, além de terem escolas destruídas por guerrilheiros ou serem privadas de estudar, outro grande agravante”.
“Só para entender esses ataques, o foco desses grupos são as crianças. As escolas são atacadas e o alvo são as meninas. A maioria da população desses países é de jovem ou de crianças e, se eles não podem ir à escola porque são obrigados ou forçados a ingressarem nos conflitos, isso significa a decadência do presente e do futuro dessa nação”, explica Zerrugui.
No Brasil, crianças em conflitos armados podem ser facilmente comparadas às recrutadas pelo tráfico de drogas. A aproximação é feita muito pela falta de oportunidades, políticas públicas e garantia de direitos fundamentais, como aponta a representante da ONU. “As crianças entram nesses conflitos por uma falta de opções e recursos econômicos. Precisamos de reintegração econômica e educação, como sugere o Programa Internacional de Eliminação do Trabalho Infantil (Ipec)”.
Muitas vezes se a criança para de trabalhar a família fica sem renda, e logo ela volta ao trabalho por falta de opções e recursos. Em relação a conflitos armados, quando se encerram, e as crianças não são bem reintegradas, acabam sendo novamente recrutadas por gangues e grupos armados para serem utilizadas de outra forma. “Ou seja, no momento em que a paz é estabelecida, as crianças não são reintegradas e isso só é possível com boa educação, acompanhamento psicossocial, proteção integral. As crianças, em muitos casos, são a maioria. A educação precisa ser o elo que consiga realizar os sonhos das crianças para que elas possam ser introduzidas na sociedade”, afirma diretor da Organização Internacional Anti-Escravidão, Aidan McQuade.
“Precisamos tratar da reintegração que é o ponto fraco durante os nossos processos. Centenas de milhares de crianças saem dos conflitos armados, mas e depois?”, questiona a representante especial do secretário-geral das Nações Unidas para Crianças e Conflitos Armados (ONU), Leila Zerrugui.
Exploração sexual
Devido ao acesso crescente ao turismo e a possibilidade de reservar hospedagem via internet, o número de casos de exploração sexual ao redor do mundo também aumentou. A afirmação é da diretora executiva da ONG ECPAT International, Dorothy Rozga. “Estamos num estágio de crise. Não faz muito tempo havia 500 mil imagens de crianças em situação de abuso sexual na internet. Recentemente acompanhamos uma apreensão de um grupo com cinco milhões de imagens”.
De acordo com os dados apresentados, a idade das crianças que sofrem violência sexual também vem diminuindo. 71% tinham menos de 10 anos em 2013. “Cada vez mais surgem imagens online de crianças recém-nascidas, com 3 dias de vida, sofrendo abuso”, afirma Rozga.
Segundo a diretora, é difícil identificar a rede de exploração e escravização sexual, além dela ser altamente lucrativa. “Não temos bons dados, sempre lutamos com estimativas. Também não há números específicos de quanto custa esse comércio”. Além disso, há um baixo envolvimento político na questão. “A proteção de crianças não é prioridade no mundo, e ainda há uma tolerância e falta de legislação”.
Atividades consideradas Piores Formas de Trabalho Infantil:
Escravidão, tráfico de crianças, trabalho forçado, recrutamento compulsório para conflitos armados, exploração sexual, atividades ilícitas como produção e tráfico de drogas e outras atividades que sejam nocivas à moral, saúde ou segurança das crianças e adolescentes.
promenino
Entre as obrigações dessas meninas e meninos estão principalmente a colheita de algodão, agricultura, mineração, exploração sexual, tráfico de drogas e trabalho infantil doméstico. A afirmação é do diretor da Organização Internacional Anti-escravidão, Aidan McQuade. “20% do trabalho forçoso são de crianças africanas e asiáticas. No oeste da África, meninos e meninas são forçosamente colocados em trabalho agrícola e trabalho doméstico”.
Se antes os grupos de rebeldes e facções criminosas só recrutavam garotos, países como a República do Congo, a Síria e o Uzbequistão agora também têm como foco garotas. “As crianças são retiradas de seus pais para exploração sexual ou situações de escravidão, isso demonstra as práticas que representam socialmente várias questões econômicas e sociais dessas regiões”, afirma o diretor.
As guerras e conflitos armados também são responsáveis por terem pessoas com menos de 15 anos na linha de frente das batalhas. São crianças forçadas a maltratar e verem cadáveres de outras crianças, muitas só podiam se alimentar de pó de ouro das minerações, além da lavagem cerebral e de toda a violência física e verbal que sofrem 24 horas por dia.
O impacto, segundo a representante especial do secretário-geral das Nações Unidas para Crianças e Conflitos Armados (ONU), Leila Zerrugui, afeta também as crianças das comunidades próximas às zonas de conflitos na Síria e em países vizinhos, por exemplo. “Não só as crianças recrutadas são afetadas, mas também as de outras regiões próximas às zonas de conflitos armados. As crianças são exploradas pelo trabalho infantil e sexualmente, é uma situação de extrema vulnerabilidade, além de terem escolas destruídas por guerrilheiros ou serem privadas de estudar, outro grande agravante”.
“Só para entender esses ataques, o foco desses grupos são as crianças. As escolas são atacadas e o alvo são as meninas. A maioria da população desses países é de jovem ou de crianças e, se eles não podem ir à escola porque são obrigados ou forçados a ingressarem nos conflitos, isso significa a decadência do presente e do futuro dessa nação”, explica Zerrugui.
No Brasil, crianças em conflitos armados podem ser facilmente comparadas às recrutadas pelo tráfico de drogas. A aproximação é feita muito pela falta de oportunidades, políticas públicas e garantia de direitos fundamentais, como aponta a representante da ONU. “As crianças entram nesses conflitos por uma falta de opções e recursos econômicos. Precisamos de reintegração econômica e educação, como sugere o Programa Internacional de Eliminação do Trabalho Infantil (Ipec)”.
Muitas vezes se a criança para de trabalhar a família fica sem renda, e logo ela volta ao trabalho por falta de opções e recursos. Em relação a conflitos armados, quando se encerram, e as crianças não são bem reintegradas, acabam sendo novamente recrutadas por gangues e grupos armados para serem utilizadas de outra forma. “Ou seja, no momento em que a paz é estabelecida, as crianças não são reintegradas e isso só é possível com boa educação, acompanhamento psicossocial, proteção integral. As crianças, em muitos casos, são a maioria. A educação precisa ser o elo que consiga realizar os sonhos das crianças para que elas possam ser introduzidas na sociedade”, afirma diretor da Organização Internacional Anti-Escravidão, Aidan McQuade.
“Precisamos tratar da reintegração que é o ponto fraco durante os nossos processos. Centenas de milhares de crianças saem dos conflitos armados, mas e depois?”, questiona a representante especial do secretário-geral das Nações Unidas para Crianças e Conflitos Armados (ONU), Leila Zerrugui.
Exploração sexual
Devido ao acesso crescente ao turismo e a possibilidade de reservar hospedagem via internet, o número de casos de exploração sexual ao redor do mundo também aumentou. A afirmação é da diretora executiva da ONG ECPAT International, Dorothy Rozga. “Estamos num estágio de crise. Não faz muito tempo havia 500 mil imagens de crianças em situação de abuso sexual na internet. Recentemente acompanhamos uma apreensão de um grupo com cinco milhões de imagens”.
De acordo com os dados apresentados, a idade das crianças que sofrem violência sexual também vem diminuindo. 71% tinham menos de 10 anos em 2013. “Cada vez mais surgem imagens online de crianças recém-nascidas, com 3 dias de vida, sofrendo abuso”, afirma Rozga.
Segundo a diretora, é difícil identificar a rede de exploração e escravização sexual, além dela ser altamente lucrativa. “Não temos bons dados, sempre lutamos com estimativas. Também não há números específicos de quanto custa esse comércio”. Além disso, há um baixo envolvimento político na questão. “A proteção de crianças não é prioridade no mundo, e ainda há uma tolerância e falta de legislação”.
Atividades consideradas Piores Formas de Trabalho Infantil:
Escravidão, tráfico de crianças, trabalho forçado, recrutamento compulsório para conflitos armados, exploração sexual, atividades ilícitas como produção e tráfico de drogas e outras atividades que sejam nocivas à moral, saúde ou segurança das crianças e adolescentes.
promenino
Efeito da talidomida pode ter sido mais amplo do que se supunha, diz pesquisador
Talidomida ainda é usada hoje para o tratamento de lepra e de mieloma múltiplo, um tipo de câncer
Estudos recentes indicam que a droga talidomida pode ter causado uma gama mais ampla de más-formações do que se imaginava.
Como resultado, em vários países, indivíduos que nasceram com deficiências físicas e tiveram recusados seus pedidos de indenização estão agora exigindo que seus casos sejam reconsiderados.
Criada pela companhia farmacêutica alemã Grunenthal, a talidomida começou a ser vendida em 1957, inicialmente como um sedativo leve. Depois, passou a ser receitada a mulheres grávidas, para combater o enjoo.
Em 1961, já havia ficado claro que o remédio estava levando ao nascimento de bebês com problemas de formação graves, como o encurtamento de braços e pernas. Ainda em 1961, a droga foi retirada do mercado em vários países.
Segundo números oficiais, cerca de 10 mil pessoas em todo o mundo nasceram com más-formações provocadas pela talidomida. Acredita-se que muitas mortes ocorreram ainda no útero.
Hoje, a talidomida ainda é utilizada para tratar a hanseníase (lepra) e o mieloma múltiplo (um tipo de câncer).
No Brasil - segundo país do mundo em casos de hanseníase, superado apenas pela Índia - milhões de comprimidos da droga são consumidos por milhares de pacientes. Recentemente, um estudo brasileiro vinculou 100 casos de bebês nascidos com deformidades à ingestão de talidomida.
Nova Pesquisa
Em 1973, na Grã-Bretanha, após longas batalhes em tribunais, os distribuidores britânicos da Talidomida - a empresa Distillers - concordaram em compensar financeiramente as vítimas.
O Thalidomide Trust foi criado e mais de 400 crianças foram beneficiadas.
No entanto, os critérios para a determinação dos casos que se qualificam para receber indenizações são, na opinião de alguns, inapropriados.
Muitos indivíduos que nasceram com deformidades mas foram excluídos do grupo que recebe ajuda financeira para conviver com suas deficiências acompanham com atenção os estudos do pesquisador Neil Vergesson, da University of Aberdeen, Escócia.
Vergesson vem observando os efeitos da talidomida no desenvolvimento de embriões de pintinhos e peixes.
No passado, o especialista escreveu relatórios para advogados que representavam alguns dos pacientes excluídos da lista oficial de vítimas.
Na década de 1960, especialistas decidiram que os fetos eram afetados pela droga durante um período muito curto da gestação - entre o vigésimo e o trigésimo-sexto dia após a concepção.
Vargesson questiona essa teoria. E afirma também que a droga afeta indivíduos de maneiras diferentes.
"Esse intervalo de tempo (durante o qual o feto seria sensível à droga) foi baseado em entrevistas com pais de crianças seriamente afetadas e está relacionado a danos externos e danos internos graves", disse.
E acrescentou: "Tendo em vista a diversidade dos danos em sobreviventes da talidomida e estudos em animais que mostram que em uma mesma ninhada cada feto é danificado de forma diferente, está claro para mim que a droga age de maneira diferente em cada indivíduo e embrião".
Para Vergesson, é possível que a talidomida provoque uma gama mais ampla de danos do que se imaginava.
No entanto, ele admite que é difícil saber com exatidão que danos são esses.
"Jamais saberemos a gama verdadeira (de efeitos da droga), é tão difícil voltar 55 anos e dizer, bem, vamos dar uma olhada nessas pessoas, porque na maioria dos casos, nem sabemos quem são essas pessoas".
O trabalho de Vergesson é polêmico e há especialistas que discordam de suas conclusões.
Para alguns, porém, as pesquisas do especialista oferecem alguma possibilidade de justiça.
Injustiça?
O britânico Gary Grayson, da cidade inglesa de Ipswich, nasceu em 1961. Suas pernas tinham deformidades graves e foram amputadas antes de ele completar dois anos de idade.
Poucos meses depois, ele passou a usar pernas artificiais.
A mãe de Grayson tomou talidomida, mas ele nunca recebeu qualquer indenização.
Médicos do Thalidomide Trust disseram que as deformidades que Grayson apresentava não eram típicas da talidomida.
Ele não deixou que a deficiência atrasasse seu desenvolvimento e se saía bem na escola. Hoje, casado e pai de família, trabalha no Ministério da Defesa britânico.
"Na minha juventude, nunca me considerei uma vítima".
Mas agora, depois de investigar mais a fundo seu próprio histórico médico, ele acha que tem provas suficientes para brigar na Justiça por uma indenização.
Indenizações
Várias firmas de advocacia vêm cuidando do caso de Grayson e de outras supostas vítimas - muitas delas britânicas. O grupo se autodenomina Thalidomiders.
Em outros países, há mais processos estão em andamento.
Na Espanha, 185 pessoas estão levando o fabricante alemão Grunenthal para o tribunal. Elas nunca receberam qualquer indenização da empresa.
No ano passado, na Austrália, os distribuidores da droga concordaram em indenizar uma vítima, Lynette Rowe, de 50 anos. Mais casos são esperados ainda neste ano.
No Brasil, vítimas da talidomida ganharam direito a indenizações pelo governo brasileiro em 2010. O governo foi responsabilizado porque, ao contrário de outros países, que retiraram a droga de circulação em 1961, o Brasil só suspendeu o uso do medicamento quatro anos depois.
Segundo estimativas de 2010, 650 brasileiros se qualificavam para receber compensação financeira.
BBC Brasil
Estudos recentes indicam que a droga talidomida pode ter causado uma gama mais ampla de más-formações do que se imaginava.
Como resultado, em vários países, indivíduos que nasceram com deficiências físicas e tiveram recusados seus pedidos de indenização estão agora exigindo que seus casos sejam reconsiderados.
Criada pela companhia farmacêutica alemã Grunenthal, a talidomida começou a ser vendida em 1957, inicialmente como um sedativo leve. Depois, passou a ser receitada a mulheres grávidas, para combater o enjoo.
Em 1961, já havia ficado claro que o remédio estava levando ao nascimento de bebês com problemas de formação graves, como o encurtamento de braços e pernas. Ainda em 1961, a droga foi retirada do mercado em vários países.
Segundo números oficiais, cerca de 10 mil pessoas em todo o mundo nasceram com más-formações provocadas pela talidomida. Acredita-se que muitas mortes ocorreram ainda no útero.
Hoje, a talidomida ainda é utilizada para tratar a hanseníase (lepra) e o mieloma múltiplo (um tipo de câncer).
No Brasil - segundo país do mundo em casos de hanseníase, superado apenas pela Índia - milhões de comprimidos da droga são consumidos por milhares de pacientes. Recentemente, um estudo brasileiro vinculou 100 casos de bebês nascidos com deformidades à ingestão de talidomida.
Nova Pesquisa
Em 1973, na Grã-Bretanha, após longas batalhes em tribunais, os distribuidores britânicos da Talidomida - a empresa Distillers - concordaram em compensar financeiramente as vítimas.
O Thalidomide Trust foi criado e mais de 400 crianças foram beneficiadas.
No entanto, os critérios para a determinação dos casos que se qualificam para receber indenizações são, na opinião de alguns, inapropriados.
Muitos indivíduos que nasceram com deformidades mas foram excluídos do grupo que recebe ajuda financeira para conviver com suas deficiências acompanham com atenção os estudos do pesquisador Neil Vergesson, da University of Aberdeen, Escócia.
Vergesson vem observando os efeitos da talidomida no desenvolvimento de embriões de pintinhos e peixes.
No passado, o especialista escreveu relatórios para advogados que representavam alguns dos pacientes excluídos da lista oficial de vítimas.
Na década de 1960, especialistas decidiram que os fetos eram afetados pela droga durante um período muito curto da gestação - entre o vigésimo e o trigésimo-sexto dia após a concepção.
Vargesson questiona essa teoria. E afirma também que a droga afeta indivíduos de maneiras diferentes.
"Esse intervalo de tempo (durante o qual o feto seria sensível à droga) foi baseado em entrevistas com pais de crianças seriamente afetadas e está relacionado a danos externos e danos internos graves", disse.
E acrescentou: "Tendo em vista a diversidade dos danos em sobreviventes da talidomida e estudos em animais que mostram que em uma mesma ninhada cada feto é danificado de forma diferente, está claro para mim que a droga age de maneira diferente em cada indivíduo e embrião".
Para Vergesson, é possível que a talidomida provoque uma gama mais ampla de danos do que se imaginava.
No entanto, ele admite que é difícil saber com exatidão que danos são esses.
"Jamais saberemos a gama verdadeira (de efeitos da droga), é tão difícil voltar 55 anos e dizer, bem, vamos dar uma olhada nessas pessoas, porque na maioria dos casos, nem sabemos quem são essas pessoas".
O trabalho de Vergesson é polêmico e há especialistas que discordam de suas conclusões.
Para alguns, porém, as pesquisas do especialista oferecem alguma possibilidade de justiça.
Injustiça?
O britânico Gary Grayson, da cidade inglesa de Ipswich, nasceu em 1961. Suas pernas tinham deformidades graves e foram amputadas antes de ele completar dois anos de idade.
Poucos meses depois, ele passou a usar pernas artificiais.
A mãe de Grayson tomou talidomida, mas ele nunca recebeu qualquer indenização.
Médicos do Thalidomide Trust disseram que as deformidades que Grayson apresentava não eram típicas da talidomida.
Ele não deixou que a deficiência atrasasse seu desenvolvimento e se saía bem na escola. Hoje, casado e pai de família, trabalha no Ministério da Defesa britânico.
"Na minha juventude, nunca me considerei uma vítima".
Mas agora, depois de investigar mais a fundo seu próprio histórico médico, ele acha que tem provas suficientes para brigar na Justiça por uma indenização.
Indenizações
Várias firmas de advocacia vêm cuidando do caso de Grayson e de outras supostas vítimas - muitas delas britânicas. O grupo se autodenomina Thalidomiders.
Em outros países, há mais processos estão em andamento.
Na Espanha, 185 pessoas estão levando o fabricante alemão Grunenthal para o tribunal. Elas nunca receberam qualquer indenização da empresa.
No ano passado, na Austrália, os distribuidores da droga concordaram em indenizar uma vítima, Lynette Rowe, de 50 anos. Mais casos são esperados ainda neste ano.
No Brasil, vítimas da talidomida ganharam direito a indenizações pelo governo brasileiro em 2010. O governo foi responsabilizado porque, ao contrário de outros países, que retiraram a droga de circulação em 1961, o Brasil só suspendeu o uso do medicamento quatro anos depois.
Segundo estimativas de 2010, 650 brasileiros se qualificavam para receber compensação financeira.
BBC Brasil
Assistência humanitária é urgentemente necessária nas regiões afetadas pelo conflito
16 de setembro de 2013 - Dezenas de milhares de pessoas fugiram durante nova onda de ataques e assassinatos brutais perpetrados por grupos armados e forças do governo no noroeste da República Centro-Africana (RCA), divulgou a organização humanitária internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF). Em Bossangoa, são mais de 30 mil deslocados internos e há outros milhares nas regiões do entorno. Todos estão vivendo em condições precárias com acesso limitado ou inexistente a abrigo, água limpa, alimento e saneamento. MSF pede que todos os grupos armados respeitem a segurança de civis, da equipe médica e de agentes humanitários, além de mais assistência humanitária ao país.
“No último mês, tratamos mais de 60 pessoas em Bossangoa com ferimentos resultantes da violência, principalmente tiros e golpes de machete, incluindo mulheres e crianças”, afirma a cirurgiã Erna Rijinierse, de MSF. “Mais de 80% das cirurgias corresponderam a ferimentos relacionados ao conflito. MSF está horrorizada com o que estamos vendo, e isso inclui incêndios de vilarejos e cenas terríveis de assassinato. As pessoas que fogem estão desesperadas por assistência, bem como pela sensação de proteção que a presença organizações de ajuda traz.”
MSF ouviu diversos relatos em primeira mão de ataques caracterizados por segmentação religiosa. Isso inclui a execução, por homens armados, de oito pessoas que haviam se separado de um grupo maior quando fugiam de caminhão, e o assassinato deliberado de dois homens em um vilarejo, o que levou muitos outros da mesma religião a fugir.
Nesse clima de medo e violência, as pessoas estão fugindo para o meio da mata ou juntando-se em grupos maiores, para ter mais segurança. Em Bossangoa, estima-se que 28 mil pessoas estejam abrigadas na Missão Católica, superando em muito sua capacidade; 1.200 pessoas estão em um hospital, o que já transformou cerca de metade do prédio em um acampamento improvisado, e outras 1 mil pessoas estão buscando abrigo próximo a uma pista de pouso, enquanto mais 400 estão reunidas em uma escola. Com a continuidade da estação chuvosa, pessoas que estão nas florestas estão particularmente expostas ao risco de contraírem malária – a maior causa de morte na RCA.
“As pessoas não têm abrigo e dormem onde podem, dentro das igrejas, escolas ou debaixo de árvores. Os lugares estão superlotados e as pessoas cozinham, comem, dormem e defecam no mesmo local. Sob essas condições de saúde desastrosas, o risco de surtos de doenças é alto”, afirma Ellen Van der Velden, coordenadora geral de MSF na RCA, logo após visitar os locais. “Atualmente, MSF é uma das poucas organizações de ajuda atuando nas regiões afetadas pelo conflito no país, oferecendo cuidados de saúde que incluem cirurgia, provisão de água e saneamento e suporte nutricional. Mas muito mais precisa ser feito urgentemente.” Em todas as suas instalações, MSF trata pessoas com base em suas necessidades médicas, independentemente de convicções políticas, religiosas ou quaisquer afiliações.
Desde outubro, violência e confrontos mortais têm sido reportados em Bouca e Garga, no noroeste da RCA, e em Mbaiki, no sudoeste. De lá para cá, civis, equipes médicas e agentes humanitários têm estado sujeitos a agressões físicas. MSF testemunhou diretamente a execução de um profissional de saúde, além de múltiplos e violentos ataques a agentes humanitários. Em Bouca, a organização continua a prestar assistência a 400 famílias que têm vivido em um complexo desde que suas casas foram incendiadas em setembro. Se a instabilidade continuar, o acesso das pessoas a cuidados de saúde no país, já testado, será perigosamente prejudicado.
A RCA tem sido cenário de décadas de conflito político-militar que alcançou status de emergência humanitária e de saúde crônica. Como golpe de estado ocorrido em março, a situação se deteriorou ainda mais. O Seleka, grupo rebelde que liderou o golpe, tornou-se o governo de fato do país. Os termos “forças do governo” utilizados neste texto referem-se ao Seleka, ex-Seleka ou atores armados afiliados ao grupo. Desde o início de setembro, conflitos violentos e mortais entre grupos armados e as forças do governo tem acontecido em diversas partes do país.
O conflito agrava as necessidades médicas, que já são enormes, mesmo nas áreas estáveis. O sistema de saúde sofre com a escassez de pessoal qualificado e há poucos estabelecimentos públicos fora da capital. A falta de medicamentos essenciais é frequente e muitas pessoas não têm recursos para pagar pelo tratamento de que precisam. Em resumo, uma grande proporção da população não tem acesso aos mais básicos cuidados de saúde e as taxas de mortalidade estão acima do patamar de emergência.
MSF atua na RCA desde 1996. Atualmente, a organização mantém seis programas regulares (em Paoua, Carnot, Zemio, Boguila, Batangafo e Kaco Ndélé) e iniciou recentemente atividades de emergência em Bossangoa, Bira, Bouca e Gadzi. No final de 2012, MSF contava com 1.300 profissionais no país.
MSF
“No último mês, tratamos mais de 60 pessoas em Bossangoa com ferimentos resultantes da violência, principalmente tiros e golpes de machete, incluindo mulheres e crianças”, afirma a cirurgiã Erna Rijinierse, de MSF. “Mais de 80% das cirurgias corresponderam a ferimentos relacionados ao conflito. MSF está horrorizada com o que estamos vendo, e isso inclui incêndios de vilarejos e cenas terríveis de assassinato. As pessoas que fogem estão desesperadas por assistência, bem como pela sensação de proteção que a presença organizações de ajuda traz.”
MSF ouviu diversos relatos em primeira mão de ataques caracterizados por segmentação religiosa. Isso inclui a execução, por homens armados, de oito pessoas que haviam se separado de um grupo maior quando fugiam de caminhão, e o assassinato deliberado de dois homens em um vilarejo, o que levou muitos outros da mesma religião a fugir.
Nesse clima de medo e violência, as pessoas estão fugindo para o meio da mata ou juntando-se em grupos maiores, para ter mais segurança. Em Bossangoa, estima-se que 28 mil pessoas estejam abrigadas na Missão Católica, superando em muito sua capacidade; 1.200 pessoas estão em um hospital, o que já transformou cerca de metade do prédio em um acampamento improvisado, e outras 1 mil pessoas estão buscando abrigo próximo a uma pista de pouso, enquanto mais 400 estão reunidas em uma escola. Com a continuidade da estação chuvosa, pessoas que estão nas florestas estão particularmente expostas ao risco de contraírem malária – a maior causa de morte na RCA.
“As pessoas não têm abrigo e dormem onde podem, dentro das igrejas, escolas ou debaixo de árvores. Os lugares estão superlotados e as pessoas cozinham, comem, dormem e defecam no mesmo local. Sob essas condições de saúde desastrosas, o risco de surtos de doenças é alto”, afirma Ellen Van der Velden, coordenadora geral de MSF na RCA, logo após visitar os locais. “Atualmente, MSF é uma das poucas organizações de ajuda atuando nas regiões afetadas pelo conflito no país, oferecendo cuidados de saúde que incluem cirurgia, provisão de água e saneamento e suporte nutricional. Mas muito mais precisa ser feito urgentemente.” Em todas as suas instalações, MSF trata pessoas com base em suas necessidades médicas, independentemente de convicções políticas, religiosas ou quaisquer afiliações.
Desde outubro, violência e confrontos mortais têm sido reportados em Bouca e Garga, no noroeste da RCA, e em Mbaiki, no sudoeste. De lá para cá, civis, equipes médicas e agentes humanitários têm estado sujeitos a agressões físicas. MSF testemunhou diretamente a execução de um profissional de saúde, além de múltiplos e violentos ataques a agentes humanitários. Em Bouca, a organização continua a prestar assistência a 400 famílias que têm vivido em um complexo desde que suas casas foram incendiadas em setembro. Se a instabilidade continuar, o acesso das pessoas a cuidados de saúde no país, já testado, será perigosamente prejudicado.
A RCA tem sido cenário de décadas de conflito político-militar que alcançou status de emergência humanitária e de saúde crônica. Como golpe de estado ocorrido em março, a situação se deteriorou ainda mais. O Seleka, grupo rebelde que liderou o golpe, tornou-se o governo de fato do país. Os termos “forças do governo” utilizados neste texto referem-se ao Seleka, ex-Seleka ou atores armados afiliados ao grupo. Desde o início de setembro, conflitos violentos e mortais entre grupos armados e as forças do governo tem acontecido em diversas partes do país.
O conflito agrava as necessidades médicas, que já são enormes, mesmo nas áreas estáveis. O sistema de saúde sofre com a escassez de pessoal qualificado e há poucos estabelecimentos públicos fora da capital. A falta de medicamentos essenciais é frequente e muitas pessoas não têm recursos para pagar pelo tratamento de que precisam. Em resumo, uma grande proporção da população não tem acesso aos mais básicos cuidados de saúde e as taxas de mortalidade estão acima do patamar de emergência.
MSF atua na RCA desde 1996. Atualmente, a organização mantém seis programas regulares (em Paoua, Carnot, Zemio, Boguila, Batangafo e Kaco Ndélé) e iniciou recentemente atividades de emergência em Bossangoa, Bira, Bouca e Gadzi. No final de 2012, MSF contava com 1.300 profissionais no país.
MSF
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