RIO – O país (e especialmemente o Rio) recebeu neste sábado duas tristes notícias sobre importantíssimos personagens da nossa cultura. Morreram Sérgio Britto e Joãosinho Trinta, grandes figuras dedicadas às artes do espetáculo, do saber e do entretenimento, que atingiram e influenciaram com seu trabalho um variado espectro de público, do mais popular ao mais intelectual.
Aos 88 anos, o ator e diretor carioca Sérgio Britto, ícone do teatro nacional que ajudou a construir as bases da dramaturgia nacional - nos palcos, na TV e no cinema - morreu neste sábado, aos 88 anos, no Hospital Copa D'Or, em Copacabana. Ele estava internado há cerca de um mês, com problemas cardiorrespiratórios. O corpo do ator está sendo velado na Assembleia Legislativa do Rio, no Centro, e será sepultado neste domingo, às 11h, no cemitério do Caju.
Colegas como Fernanda Montenegro, José Wilker, Domingos Oliveira e Gerald Thomas lamentaram a morte de Britto e falaram de sua contribuição para a dramaturgia.
- Ele não é um irmão meu, ele é o meu irmão. Convivemos intimamente desde 1948, a vida inteira juntos. Não existe renovação de peça, ele é insubstituível. O que fica são as pessoas formadas por ele, que o amaram e conviveram com ele. Do grupo formado por mim, Fernando (Torres), Italo (Rossi), Sergio e Natália Thimberg, só ficamos eu e Natália. Enquanto estivermos vivas, vamos perpetuar esse sonho artístico que ele liderou. Na verdade, ele não foi um líder, ele é um líder, ainda mais num país em que se vive uma crise de ética. Sempre foi extremamente honesto, generoso. Sempre passou por cima das desavenças. Não é porque morreu que digo isso, é porque viveu uma grande vida – disse em entrevista, muito emocionada, a atriz Fernanda Montenegro.
Em São Luís, no Maranhão, morreu, aos 78 anos, o carnavalesco João Clemente Jorge Trinta, considerado um mago na arte de produzir e comandar um desfile de carnaval. Ganhador de vários títulos com a Beija-Flor de Nilópolis, Joãosinho Trinta pregava o luxo nas escolas, mas assombrou o Sambódromo levando mendigos para a avenida, no enredo “Ratos e Urubus”, em 1989, considerado por especialistas um dos maiores desfiles de todos os tempos, talvez o mais revolucionário.
Ele estava internado em estado grave e respirava com a ajuda de aparelhos no Hospital UDI, na capital maranhense, onde nasceu. O velório acontece no Museu Histórico do Maranhão e o enterro será na manhã de segunda-feira, no Cemitério do Gavião.
Na Beija-Flor, o sábado foi de homenagens ao mestre.
- Era uma pessoa super simples e inesquecível na minha vida — disse o cantor Neguinho da Beija-Flor.
A presidente Dilma Rousseff, o governador do Rio, Sérgio Cabral, e o prefeito Eduardo Paes divulgaram notas lamentando a morte dos dois ícones da cultura nacional e carioca.
O Globo