sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Pais e escola devem estipular limites no uso de celulares


Pais e escola devem estipular limites no uso de celulares, dizem especialistas
Alunos foram punidos em colégio após filmagem com aparelho.
Mãe diz que não deixa filha sair sem em 'cidade violenta como SP'


O número de crianças e adolescentes utilizando celulares cresce a cada dia. E a polêmica também. Há aqueles que acham que o aparelho pode causar problemas de saúde e prejudicar o aprendizado. Há os que dizem que hoje em dia o item é quase indispensável e ajuda no monitoramento do filho. Neste Dia das Crianças, ele será um dos presentes mais pedidos. Surge então o dilema: afinal, o celular é indicado ou não a crianças e adolescentes?
A resposta dos especialistas é uma só: “depende para o quê”. “O celular é uma ferramenta tecnológica como outra qualquer. O problema é saber se o propósito do uso deles por crianças é apenas o consumo, se a criança vai ganhar o celular apenas para se mostrar para os amigos”, afirma a professora Andréa Jotta, do Núcleo de Pesquisas da Psicologia em Informática da PUC-SP.
“Se o celular for utilizado por uma criança que vai ser deixada na natação e vai ter que ligar para a mãe buscar depois, ele já começa a ter mais sentido”, diz. “Já para crianças abaixo de oito anos, não há motivo. Como elas não saem sozinhas, não têm necessidade de ter um. Senão, ele vai funcionar como um brinquedo.”
Mas nem sempre as crianças entendem isso. As empresas, interessadas em vender, dificultam ainda mais o trabalho dos pais. Para seduzir o público infanto-juvenil, muitas têm lançado aparelhos chamativos, com bonecas e temas de desenhos infantis como mote e uma promessa infindável de joguinhos.
Para a psicóloga Andréa Jotta, cabe aos pais ou aos cuidadores da criança estabelecer limites, até para que a conta no fim do mês não seja uma surpresa. “As crianças são seduzidas por qualquer coisa. Do mesmo jeito que consomem balas, chocolates e outras guloseimas sem limite, elas consumirão tecnologia também sem saber quando parar.”
A professora da Faculdade de Educação da USP Stela Piconez concorda. “Os pais e a escola têm que buscar o equilíbrio. Não se trata de proibir, mas de haver um consumo sustentável. Tudo o que é usado em excesso tende a não ter consequências benéficas. Há os adolescentes que ficam torpedeando sem parar, como desesperados.”



Escola pune

No colégio Móbile, em Moema, na Zona Sul da capital paulista, alunos de 10 e 11 anos chegaram a ser punidos após utilizar o celular de maneira inapropriada.
Um dos meninos filmou uma briga ocorrida na semana passada entre dois colegas de sala. Passou o vídeo por meio do bluetooth para outros alunos e, junto com o agressor, ameaçou colocar a filmagem no Youtube, site de compartilhamento de vídeos.
"Eles foram advertidos, perderam as aulas de atividades físicas à tarde e tiveram de fazer um trabalho sobre o uso responsável da teconologia. Depois, apresentaram na classe e participaram de um debate em grupo", diz a diretora do ensino fundamental da escola, Cleuza Vilas Boas Bourgogne.
"Hoje o celular é um pacotão de recursos, com câmera, música, torpedos, bluetooth. E é preciso lidar com tudo isso." Na escola, o uso só é permitido nos intervalos e na hora da saída. "As regras atendem a um coletivo. Há um vínculo de confiança com cada um. E ele raramente é quebrado", afirma Cleuza.
Foi por uma “questão de segurança” que a dona de casa Ana Cristina Valdez, de 37 anos, resolveu dar um celular à filha já aos 7 anos de idade.
“A gente vive em uma cidade muito violenta, o que faz com que cada um tenha suas neuras", diz. Apesar da pouca idade da garota, Ana Cristina diz que ela não extrapola no uso do aparelho nem baixa joguinhos ou ringtones (os toques musicais). “No começo, quando a gente estava em casa, ela falava: ‘Mãe, já que você está no telefone fixo, vou ligar para minha amiguinha do celular’. E eu falava que não, para ela esperar um pouquinho, que eu já saía. Ela sempre respeitou.”
Segundo ela, Letícia, hoje com 9 anos, não carrega o celular na ida à escola, usa apenas quando vai a casa de amigas ou a festinhas. “É bom ela ligar se precisar de algo sem ter que pedir para alguém. Quanto mais segurança ela sentir que tem, mais independente ela será”, diz.
A professora Stela Piconez, no entanto, vê uma contradição neste raciocínio. “Em nome de uma pseudo-autonomia, a criança passa a não resolver seus problemas. Qualquer coisa que acontece, ela liga para a mãe, pede ajuda para o papai

Saúde

Os problemas de saúde que o celular pode acarretar também são uma incógnita. Há estudos que indicam que as crianças são mais suscetíveis à radiação emitida pelo aparelho. “Eu me preocupo muito com isso”, diz Ana Cristina.
Segundo Marcelo Valente, doutor em radiologia e médico do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas, há, de fato, um risco maior às crianças, já que o tecido delas é mais imaturo. Por isso, diz, o ideal é retardar ao máximo o uso do aparelho. "Quanto mais velha a criança for e menos utilizar, melhor."
Ele diz que não há razão para pânico, mas que algumas medidas podem ser tomadas para amenizar os efeitos da radiação. Uma delas é carregar o celular a uma distância de 1 a 2 centímetros do corpo, em uma mochila, por exemplo.
"Na hora em que se faz ou se recebe uma chamada, a radiação é amplificada. É importante levar o telefone ao ouvido apenas após a chamada ser confirmada", completa.

DICAS DE COMO ENSINAR A CRIANÇA A USAR O CELULAR

- Combine com seu filho quanto ele pode gastar, quantos torpedos mandar ou toques comprar e os horários em que pode usar o aparelho;
- Avise a criança que o celular deve ser usado em conversas rápidas ou de emergência e que seu uso para lazer deve estar condicionado ao fato de não haver nenhuma tarefa para cumprir;
- Peça para que o celular seja carregado longe do corpo, de preferência em uma mochila;
- Tente fazer com que a criança só leve o celular ao ouvido após a chamada ser confirmada no visor e, na hora de atender, após aceitá-la.

Fonte: G1

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Verbratec© Desktop.