domingo, 4 de outubro de 2009

Loucura pouca é bobagem


Se antigamente se dizia que de "médico e de louco todo mundo tem um pouco", hoje em dia, com os avanços da medicina psiquiátrica e da psicologia não seria arriscado dizer que há muito mais "loucos" caminhando pelas ruas, do que podemos imaginar. Em agosto e em setembro, dois casos de abusos sexuais contra mulheres, protagonizados por cidadãos aparentemente normais, ricos, inteligentes e de boa situação social, abalaram o País. Ambos foram chamados de loucos, mas para a medicina podem sofrer de Transtorno de Personalidade Antissocial (nova nomenclatura para o que antes de chamava de psicopatia ou sociopatia).
O primeiro teve o envolvimento do médico Roger Abdelmassih, 65 anos, tido como sumidade nacional no que diz respeito a fertilização humana, com o quê ganhava "rios" de dinheiro em sua clínica, em São Paulo. O segundo foi em Curitiba, no Juvevê, onde o empresário libanês naturalizado brasileiro Jamhar Amine Domit, 78, mantinha empregadas domésticas como escravas, obrigando-as a práticas sexuais.
Os dois teriam todas as condições de contratar profissionais do sexo mesmo que a peso de ouro para satisfazer suas lascívias. Porém preferiam subjugar suas vítimas, segundo denúncias nos respectivos inquéritos. Eles estão presos: Abdelmassih, que assediava suas pacientes, após procedimentos cirúrgicos, quando elas ainda estavam sob efeito de anestesias, está recolhido em São Paulo. Mais de 50 mulheres o denunciaram; Domit, que é menos requintado e não tem curso superior, está recolhido numa cela comum, no Centro de Triagem II, em Piraquara. Na quinta-feira passada ele teve a prisão temporária de cinco dias transformada em prisão preventiva, para alegria das mais de 100 mulheres que ele humilhou e abusou, sob o pretexto de tê-las como domésticas.

São 20 mil em Curitiba
Para Rui Sampaio, psiquiatra e ex-perito criminal, de 1% a 3% da população de Curitiba e Região Metropolitana sofre de alguma sociopatia (cerca de 20 mil pessoas, nas contas dele), mas felizmente poucos praticam crimes. Ao analisar os casos de Domit e de Abdelmassih, sem fazer diagnóstico, ele acredita que, pelo modo de agir, ambos sofrem de Transtorno de Personalidade Antissocial.
"É sociopata quem planeja suas ações, age de forma contumaz e dissimulada, usa de engodos, tem capacidade de manipulação de outro e abusa de mentiras", explica, ressaltando que o doente sempre tem boa conversa. No entanto, não são nada "loucos" e sabem perfeitamente bem o que estão fazendo. Portanto podem ser submetidos ao rigor da lei, como qualquer outro cidadão.

Idade diminui a censura, mas não a libido
Na opinião de especialistas, a sexualidade do ser humano não se acaba nem se reduz na terceira idade. Permanece do mesmo jeito durante toda a vida, mas o que faz a diferença é que o idoso "solta a franga". Fala e faz quase tudo o que lhe vem à cabeça. A explicação é dada pela psicóloga Tereza Karam, com formação em Gerontologia::
"A velhice é acompanhada de muitos mitos e falsas idéias. Uma delas é de que, a mulher na menopausa e o homem no climatério, deixariam de sentir desejo e prazer sexual. Como consequência, não haveria sentido no namoro, nem no casamento. Mas os levantamentos mostram que a perda de interesse sexual está relacionada com a insatisfação geral pela vida e não com o avanço da idade. A sexualidade, no processo de envelhecimento, vai ser mantida na mesma medida e intensidade que ocorreu na vida adulta. Sendo assim, os hábitos e práticas sexuais, bem como a frequência da atividade irão permanecer. O que ocorre, e muitas vezes é confundido com senilidade, é que no envelhecimento há uma mudança no funcionamento cerebral, com a diminuição da auto-censura. Então ... alguns idosos que pareciam mais recatados quando adultos jovens, ficam menos reprimidos e tomam certas atitudes, que aos olhos dos outros parece estranho, senil, "gagá". Na verdade sempre pensaram e desejaram se comportar assim, mas agora não se reprimem".

Mara Cornelsen


Paraná-Online

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