sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Leda Nagle: Como será o nosso amanhã?


Rio - Eu nasci, cresci e me formei em Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira. Moro no Rio, onde escolhi para viver, há exatos 36 anos e 11 meses.Desde há muito falo que sou mineiroca, mistura de mineira com carioca, e com isto convivo com a brincadeira que ouço desde sempre: “Mineira de Juiz de Fora é carioca do brejo”. Pois muito bem, desde terça feira, sou carioca, com direito a diploma, discursos e brindes. O ainda vereador, e deputado federal recém-eleito, Stepan Nercessian, me fez esta graça, o que me deixou muito honrada.E muito sem graça também, porque, também desde sempre, não sei onde me enfiar quando recebo homenagens ou ganho elogios.
Gostei de tudo, fiquei muito feliz e até me lembrei de um ex-amigo que, nas movimentadas festas de aniversário que fazia, ao receber os presentes, dizia “não precisava se incomodar, mas adorei que tenha se incomodado”. Adorei que Stepan ,um goiano, tenha se incomodado com a minha falta formal de cidadania carioca e tenha me autorizado a cariocar de vez, com direito a hino da Cidade Maravilhosa, flores e a presença dos amigos mais queridos. Quando eu cheguei aqui, ainda falava mandioca, mexerica, passeio e sombrinha. Foi nesta cidade que descobri o aipim, a tangerina, a calçada e o guarda-chuva. O Rio não é só um lugar lindo, é a cidade certa, porque permite que a gente se descubra, permite a convivência feliz entre os “cariocas” que são gaúchos, baianos, paraenses, pernambucanos,franceses, argentinos e por aí vai. Foi aqui também que aprendi minha profissão e me tornei orgulhosa mãe do carioca Eduardo.
Gosto de viver aqui. E tenho cada vez mais medo de viver aqui. Enquanto estávamos na Câmara de Vereadores, queimaram ônibus, mataram pessoas, feriram outras, incendiaram carros. Tem sido assim todo dia. Ler os jornais de manhã tem sido muito difícil. Ver os telejornais da noite tira o sono. Ver as autoridades dizerem que a população tem que levar vida normal é de lascar.Ainda aparece um cretino que,num momento deste, coloca uma caixa suspeita em plena Ipanema, para chamar a atenção para um determinado produto. Vejo na TV que as comunidades querem as unidades pacificadoras. Que bom! Mas alguém acredita que os bandidos , a partir delas, vão trabalhar de carteira assinada? Conclusão: falta uma parte do plano. Uma ação que nos ajude a responder questões básicas, do tipo: como manter a rotina? Como viver sem tanto medo? Como conviver com este enfrentamento?Alguém sabe, de boato em boato, como será o nosso amanhã?


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