sexta-feira, 15 de abril de 2011

'Foi um sucesso', diz médico sobre cirurgia de transplante de Patrick


Médicos consideram as próximas 72 horas o momento mais crítico´.
Menino vai ficar na UTI por, no mínimo, 30 dias.

"Foi um sucesso”, assim o médico Andrey Monteiro classificou o transplante de coração do menino Patrick Hora Alves, de 10 anos. A cirurgia durou cerca de cinco horas e ocorreu na tarde desta sexta-feira (15), no Instituto Nacional de Cardiologia (INC), em Laranjeiras, na Zona Sul do Rio.

No entanto, o cardiologista do hospital, Alexandre Siciliano reitera que se trata de uma cirurgia de alto risco e considera as próximas 72 horas o momento mais crítico do pós-operatório.

Segundo ele, o quadro de saúde do menino é estável. Patrick ficará, no mínimo, 30 dias internado na Unidade de Terapia Intensiva pediátrica do hospital e precisará tomar remédios para a vida toda.

Siciliano argumenta que, neste período, a criança poderá apresentar rejeição ao novo coração, assim como sangramentos, arritmias e paradas cardíacas.

“O Patrick ainda precisa de alguns aparelhos para se recuperar, e alguns órgãos, como o rim, ainda precisam de suporte. Geralmente cirurgias como essas têm índices de rejeição de 5 a 10%, mas no caso dele esse índice pode ser maior, ainda mais que ele recebeu um coração maior, de um adulto de 37 anos”, explicou o médico Andrey Monteiro.

De acordo com o diretor do INC, Marco Antonio Mattos, cerca de 30 profissionais, entre médicos, enfermeiros e assistentes sociais, trabalharam no processo de transplante do menino.

Patrick foi a primeira criança do Brasil a conviver com um coração artificial por cerca de 30 dias. O diretor explica que Patrick sofria de uma doença genética chamada miocardiopatia restritiva. Desde então, o menino teve dois coágulos no coração e o órgão acabou se deteriorando, após uma das cirurgias para a retirada do coágulo. O coração artificial poderia ficar no corpo da criança por até três meses.

Captação de órgãos para crianças é difícil, diz diretor do INC
Marco Antonio Mattos disse que é muito difícil a captação de órgãos para crianças. Ele comentou que em 2010 foram realizadas no Brasil 17 transplantes em crianças, sendo sete em pessoas da faixa etária entre 6 e 11 anos.

“O Brasil tem um dos melhores programas de transplantes e cerca de 90% das cirurgias são pagas pelo SUS, mas o número de transplantes no Rio de Janeiro ainda é muito baixo. Agradeço a sensibilização dessa família que doou o coração ao Patrick”, falou o médico.

A doadora foi uma mulher de 37 anos, moradora de Volta Redonda, no Sul Fluminense. Segundo a assessoria do hospital, o coração chegou ao Rio de helicóptero.

“Primeiro, eu quero agradecer a família que doou ao Patrick esse coração novo. Eu sei que é um momento difícil para eles, mas para mim também está sendo difícil. Quero gradecer a Deus e a eles e que isso possa confortá-los”, disse Suely Alves, mãe do menino, nesta sexta-feira.

Polícia apura se doadora de coração morreu após agressão de filha
A Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) de Volta Redonda, no Sul Fluminense, apura se a mulher que teve o coração doado ao menino Patrick morreu após ser agredida pelo companheiro e pela filha de 18 anos.

De acordo com a delegada titular da Deam, Izabel Cristina Leite, os dois foram detidos nesta sexta-feira (15) e prestam depoimento na delegacia. Segundo a polícia, a agressão ocorreu na segunda-feira (11) e a vítima, de 37 anos, estava internada desde então.

Segundo a delegada, num depoimento informal, o suspeito teria confessado que já teve um relacionamento com a jovem, mas tudo teria acabado há dois meses. Já a jovem negou qualquer relacionamento com o padrasto e também negou que ela e o suspeito sejam os agressores.

De acordo com a polícia, uma filha de 15 anos da vítima, ao saber que a mãe teve morte cerebral na quinta-feira (14), relatou a agressão a policiais. A polícia informou ainda, que, segundo relato da jovem, a mãe teria ligado no momento em que estava sendo agredida para pedir ajuda. A mãe teria ido ao local de trabalho do companheiro, com quem vivia há 9 anos, para falar da desconfiança dele ter um caso com a filha dela de 18 anos, e ao chegar ao local, teria encontrado os dois juntos e teria sofrido a agressão.

A jovem de 18 anos, que não morava com a mãe, foi detida nesta sexta, perto de onde mora. Já o padrasto, de 47 anos, foi detido na rodoviária da cidade, também nesta sexta. A polícia já entrou com pedido de prisão temporária contra os dois suspeitos.

A delegada disse que outros parentes confirmaram a desconfiança da vítima de que o suspeito estaria mantendo um relacionamento com a filha da companheira, e contaram que a vítima seria ameaçada por ele.

A polícia também informou que foi a irmã da vítima que autorizou a doação do órgão.



G1

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Verbratec© Desktop.