terça-feira, 23 de agosto de 2011

Reserva marinha mexicana quintuplica número de peixes em 10 anos

A reserva marinha Parque Nacional Cabo Pulmo, na costa oeste do México, quintuplicou o número de peixes em dez anos. (Foto: Octavio Aburto/ iLCP)

Uma reserva marinha na costa oeste do México conseguiu quase quintuplicar seu número de peixes em dez anos, segundo um estudo envolvendo várias instituições sob coordenação do Instituto Scripps de Oceanografia, da Universidade da Califórnia, San Diego.

O projeto de recuperação na área do Parque Nacional Cabo Pulmo, no Estado da Baja Califórnia, foi fruto do entusiasmo e dedicação da população local que, incomodada pela devastação do ecossistema, estabeleceu o parque em 1995 e desde então se dedica a protegê-lo.

"As mudanças mais importantes que observamos é que o número de espécies no parque quase duplicou, e o número de indivíduos e seu tamanho, que em conjunto são os quilos de peixes, aumentaram mais de 460%", disse à BBC o biólogo marinho Octavio Aburto-Oropeza, do Instituto Scripps.


O projeto é fruto da dedicação da população local que, contra a destruição do ecossistema, estabeleceu o parque em 1995. (Foto: Octavio Aburto/ iLCP)

"Em apenas uma década, o parque ganhou cerca de 3,5 toneladas por hectare", afirmou.

Segundo o pesquisador, a população da região de Cabo Pulmo decidiu interromper a atividade pesqueira em 1995, e desde então virou o seu “guardião”.

"Pediram ao governo que declarasse a área como Parque Nacional, e eles mesmos se dedicam a vigiá-lo, cuidar dele em muitos aspectos, principalmente na redução da contaminação e da proteção de espécies em perigo, como as tartarugas marinhas", disse.


Cabo Pulmo tem 71 km quadrados e é quase 70 vezes maior que a maioria das reservas estudadas até hoje. (Foto: Octavio Aburto/ iLCP)

Experiência inspiradora

Cabo Pulmo tem 71 km quadrados e é quase 70 vezes maior que a maioria das reservas estudadas até hoje.

Entre as espécies mais comuns na área estão a garopa do golfo (Mycteroperca jordani), garopa sardineira (Mycteroperca rosacea), pargo cinza (Lutjanus novemfasciatus), pargo amarelo (Lutjanus argentiventris) e cavalinha (Seriola lalandi).

Para os autores do estudo, publicado no site de artigos científicos PLoS One (Public Library of Sciences) , a experiência da reserva é "comovente".

"É surpreendente que as comunidades de peixes em um recife superexplorado possam se recuperar até chegar a níveis comparáveis com os de recifes remotos, lugares prístinos onde nunca ocorreu a pesca humana", avaliou Aburto-Oropeza.


A reserva também é lar de leões-marinhos, como estes, que tomam sol sobre uma pedra. (Foto: Octavio Aburto/ iLCP)

Para o especialista mexicano, o projeto mexicano ensina que o sucesso de projetos de proteção de áreas marinhas começa com a participação e a liderança das comunidades locais.

Aburto-Oropeza diz que a criação de áreas marinhas ao largo da costa mexicana, ou em qualquer região costeira do mundo, pode “elevar significativamente a produtividade dos oceanos, o que pode gerar benefícios econômicos para as comunidades costeiras”.

Por último, avalia, é importante divulgar a experiência de Cabo Pulmo para interessados em outras partes do mundo.


Para especialistas, o projeto ensina que o sucesso de iniciativas semelhantes depende do envolvimento das comunidades locais. (Foto: Octavio Aburto/ iLCP)

"Poucos legisladores no mundo estão conscientes de que o tamanho e a abundância dos peixes pode aumentar extraordinariamente em muito pouco tempo, a partir do momento em que se estabelece a proteção ambiental e se cria uma reserva marinha", defende.

"Divulgar o que ocorreu em Cabo Pulmo contribuirá para os esforços de conservação dos ecossistemas marinhos e a recuperação das economias costeiras."

BBC Brasil

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