sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Defendendo o indefensável


Uma das mais antigas técnicas de defesa decorre dos estudos da vitimologia. Como essa ciência se aplica às defesas de réus processados por homicídio doloso? Procura-se nas vítimas características que possam ter motivado a reação do réu, as vezes a ponto de ele ser forçado a tomar uma atitude.
Em muitos casos esta linha de defesa adotada alcança o objetivo de absolver o réu, ou de diminuir consideravelmente a pena em razão de atenuantes.
Como exemplo, podemos citar o caso do homem violento que passa a vida maltratando a esposa e acaba sendo assassinado por ela, ou casos de jovens envolvidos no tráfico de drogas, e por aí vai. Enfim, tratam-se de pessoas que são consideradas vítimas em potencial, ou seja, com tendência a se tornarem vítimas.
Contudo, no caso de Joanna, não existe espaço para este tipo de estratagema. Joanna era uma menina indefesa, apresentava a fragilidade de criança de 5 anos. Trazia consigo a inocência e a bondade inerentes a crianças desta idade, que ainda não conhecem os grandes e perversos males deste mundo.
Joanna não era uma pessoa com tendência a vitimização. Era uma menina que queria ir pra Disney, que sonhava em aprender a ler, ávida por decifrar as letras que a cidade apresentava diante de seus olhos.
É certo que a defesa do pai e da madrasta, assassinos de Joanna, não ia tentar culpar a menina pela própria morte. Sendo assim, tomam outro caminho, tão estapafúrdio quanto, e resolvem tentar jogar críticas e culpas no colo da mãe de Joanna, colo que só deu a ela amor e carinho.
Levianamente, acusam a familia materna de terem produzido a queimadura que já foi provado pela perícia, foi produzida nos dias em que Joanna já estava com o pai.
Irresponsavelmente, desmentem suas próprias palavras. Sim, porque todos nós ouvimos horrorizados André contar a um repórter que havia manietado Joanna.
Cinicamente, levam uma testemunha que informa que "ele era um pai maravilhoso".
Atacam impiedosamente a maior vítima desta tragédia depois de Joanna: sua mãe.
Confesso que não tenho muita experiência em julgamentos pelo Tribunal do Juri, mas na última vez que vi os advogados de defesa e os réus tentarem criticar a mãe da vítima o julgamento foi 7 X 0 pela condenação, com penas de 26 e 31 anos de cadeia para Alexandre Nardoni e Anna Jatobá.


Blog Caso Joanna Marcenal

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