Vivemos uma epidemia de crimes inusitados que não dá sinais de diminuir. A avaliação é do psicanalista e médico psiquiatra Jorge Forbes, que há alguns anos estuda e trabalha com situações de violência extrema envolvendo famílias e amigos. Entre outras barbaridades, já escreveu e tentou entender os casos de Isabella Nardoni e Suzane Von Richthofen, para ficar em dois episódios de grande repercussão.
Para Forbes, as mudanças na sociedade impostas pela globalização refletiram no surgimento de um novo tipo de violência: o crime inusitado. Que é diferente do crime "situado", onde há uma motivação mais aparente (por vingança, por ódio, para poder roubar). Para empresar um jargão da internet, o psicanalista compara o estado das relações sociais hoje com a vida no mundo virtual.
"Hoje, a possibilidade de uma pessoa deletar a outra, tanto metafórica quanto literalmente, é muito freqüente. Passa-se da amizade pra indiferença absolutamente sem cerimônia nessa sociedade", avalia. Os crimes de família ou inusitados, como Forbes os chama, vêm daí. "Nós começamos a ver uma série de casos que não correspondem ao que nós estávamos habituados a conhecer na teoria do crime." O choque gerado por esse crime é maior que o dos crimes 'normais', explica Forbes, porque o inimigo pode ser quem menos se imagina ¿ nestes casos, alguém da família. "Esse tipo de crime aflige muito mais a sociedade por isso, porque você não consegue prever que uma menina loira bonitinha da classe média alta participe do assassinato do pai e da mãe de maneira fútil e inconseqüente."
Sociedade em xeque
Com a entrada em cena dos tais crimes inusitados, a própria sociedade é posta em questão - com conclusões até indigestas, no entender do psicanalista. "Se Suzane fez o que fez, os pais olham pros filhos e pensam 'meus filhos também podem fazer isso comigo!' A sociedade começa a pedir detectores de meNtais (o trocadilho com metais é intencional)."
Apesar das perspectivas que traça, o estudioso das psicopatologias da vida cotidiana vê sintomas que indicam melhora. "Estes crimes inusitados devem diminuir à medida que nós aprendemos a habitar o mundo globalizado. Hoje, estamos tentando entender o mundo novo com a cartilha antiga. Ainda tateamos novos conceitos", acredita. Como comparativo, Forbes cita os avanços da medicina. "Hoje em dia ninguém se assusta mais com o Bacilo de Koch, mas anos atrás era um pega pra capar."
Por Fabrício Calado Moreira
Redação Terra
Para Forbes, as mudanças na sociedade impostas pela globalização refletiram no surgimento de um novo tipo de violência: o crime inusitado. Que é diferente do crime "situado", onde há uma motivação mais aparente (por vingança, por ódio, para poder roubar). Para empresar um jargão da internet, o psicanalista compara o estado das relações sociais hoje com a vida no mundo virtual.
"Hoje, a possibilidade de uma pessoa deletar a outra, tanto metafórica quanto literalmente, é muito freqüente. Passa-se da amizade pra indiferença absolutamente sem cerimônia nessa sociedade", avalia. Os crimes de família ou inusitados, como Forbes os chama, vêm daí. "Nós começamos a ver uma série de casos que não correspondem ao que nós estávamos habituados a conhecer na teoria do crime." O choque gerado por esse crime é maior que o dos crimes 'normais', explica Forbes, porque o inimigo pode ser quem menos se imagina ¿ nestes casos, alguém da família. "Esse tipo de crime aflige muito mais a sociedade por isso, porque você não consegue prever que uma menina loira bonitinha da classe média alta participe do assassinato do pai e da mãe de maneira fútil e inconseqüente."
Sociedade em xeque
Com a entrada em cena dos tais crimes inusitados, a própria sociedade é posta em questão - com conclusões até indigestas, no entender do psicanalista. "Se Suzane fez o que fez, os pais olham pros filhos e pensam 'meus filhos também podem fazer isso comigo!' A sociedade começa a pedir detectores de meNtais (o trocadilho com metais é intencional)."
Apesar das perspectivas que traça, o estudioso das psicopatologias da vida cotidiana vê sintomas que indicam melhora. "Estes crimes inusitados devem diminuir à medida que nós aprendemos a habitar o mundo globalizado. Hoje, estamos tentando entender o mundo novo com a cartilha antiga. Ainda tateamos novos conceitos", acredita. Como comparativo, Forbes cita os avanços da medicina. "Hoje em dia ninguém se assusta mais com o Bacilo de Koch, mas anos atrás era um pega pra capar."
Por Fabrício Calado Moreira
Redação Terra
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