sexta-feira, 18 de maio de 2012

Omissão do Estado gera abuso e exploração sexual


Maria é uma menina de apenas 12 anos que deveria estar indo à escola e brincando, mas é vendida pelo próprio pai para um leilão de meninas virgens perto de um garimpo na floresta Amazônica. A história do filme Anjos do Sol retrata a realidade vivida por muitas crianças e adolescentes hoje no Brasil. “Na região Norte principalmente, a procura é grande por meninas indígenas, comercializadas sexualmente em troca de mercadorias e até por gasolina”, afirma a socióloga Graça Gadelha. “Fala-se muito da vinda de turista estrangeiros buscando adolescentes para exploração sexual, mas hoje quem mais procura é o turista nacional.”

A especialista em infância e juventude alerta que os pacotes turísticos em todo País (náuticos, de pesca e negócios) cada vez mais aproveitam as redes sociais da internet para divulgar a exploração sexual de crianças e adolescentes. A contratação de meninas para o trabalho doméstico também tem representado uma porta para o abuso e a exploração sexual, em que são mantidas em cárcere privado.

Graça afirma que o abuso e a exploração acontecem, dentre outros fatores, por conta da omissão do governo e da sociedade. Muitas vezes, as pessoas no entorno e os agentes de saúde sabem da existência da comercialização de meninas, mas são omissos e enxergam as crianças como objetos. “O espaço da negligência é o vácuo da política pública, por isso, precisamos pensar onde estão as omissões e tudo que se pode fazer antes para evitar esta situação”, diz. “Lugar de criança é no orçamento público e é onde ela menos está”, afirma.

Ela conta que tem visitado muitos ambientes propícios à promiscuidade, porque por falta de opção as pessoas vivem em cubículos onde dormem juntas no mesmo quarto cerca de dez pessoas. “Não temos que discutir se a criança tem família, mas que família o Estado está produzindo para o País”, afirma.

De acordo com a especialista, a criança passa por um “festival” de violações em todas as áreas. Na saúde, o atendimento é ainda muito deficitário e na educação, ainda é difícil abordar questão da sexualidade, porque a tradição cristã influiu muito para que o assunto seja pouco discutido. Não se fala sobre isso nas escolas ou centros religiosos. “O educador tem muita dificuldade para abordar o tema, porque muitas vezes nunca falou sobre ele ou até porque já sofreu violência e não consegue lidar bem com o problema”.

Graça alerta para a necessidade de várias ações para melhorar a educação, a assistência social e a saúde, oferecendo oportunidade para as famílias conseguirem sua própria geração de renda, sem dependerem apenas de bolsas oferecidas pelo governo. É preciso que haja investimento também no tratamento das vítimas e suas famílias, para que a violência não se perpetue.

Fonte: Childhood Brasil

promenino

Turistas gays poderão casar em Buenos Aires, mas Brasil não reconhecerá uniões


Os casais de turistas estrangeiros gays poderão se casar na cidade de Buenos Aires, de acordo com medida anunciada, nesta quinta-feira, pela prefeitura da cidade. No entanto, segundo diplomatas do Consulado do Brasil na capital argentina, estes casamentos não serão válidos no Brasil.

"Juridicamente, não existe o casamento entre pessoas do mesmo sexo no Brasil e por isso o casamento entre turistas brasileiros aqui em Buenos Aires não será reconhecido", disseram à BBC Brasil.

A medida argentina permite que os turistas estrangeiros se casem nos cartórios da capital cinco dias após terem realizado o pedido formal para o casamento, indicando um hotel como endereço provisório na cidade.

"A resolução prevê que qualquer estrangeiro ou estrangeira, independente de sua orientação sexual, que esteja de passagem ou more na Argentina, poderá celebrar o casamento (na cidade)", afirma o documento divulgado pela assessoria de imprensa do prefeito Maurício Macri.

A prefeitura diz ainda que a possibilidade de casamento para turistas está baseada na constituição nacional e em leis de migração.

De acordo com o governo da cidade, a Direção Geral de Registro de Estado Civil e Capacidade das Pessoas orientará os cartórios para que recebam os estrangeiros "sem nenhum tipo de discriminação" (em relação aos argentinos).

Para se casar, o turista estrangeiro vai precisar apenas de um comprovante do local onde está hospedado, o passaporte ou carteira de identidade e informações sobre o período em que permanecerá na cidade.

Casal paraguaio
No último mês de março, um casal de turistas paraguaios homossexuais foi o primeiro a se casar na Argentina, na cidade de Rosário. Simon Cazal e Sergio López se beneficiaram da medida que havia sido aprovada por autoridades rosarinas.

Presidente da entidade paraguaia Somosgay, Cazal disse que espera que o casamento seja reconhecido em breve pela lei de seu país. "Estamos emocionados. Este é um momento único", disse ele após a cerimônia em Rosário.

A Argentina foi, em 2010, o primeiro país da América Latina a aprovar o casamento entre pessoas do mesmo sexo.

A decisão do governo da cidade de Buenos Aires prevê ainda que turistas heterossexuais também possam se casar nos cartórios locais.

Neste caso, segundo o Consulado do Brasil, o casamento será reconhecido pelas leis brasileiras. "Pela legislação brasileira, um dos cônjuges deve ser brasileiro e o casamento, registrado no consulado para ser reconhecido no Brasil", afirmaram.

Na semana passada, o Congresso Nacional argentino aprovou a Lei de Identidade de Gênero, que prevê que pessoas transsexuais possam mudar seus nomes nos documentos de identidade e na certidão de nascimento, além de ter acesso à rede pública de saúde para realização de cirurgias de mudança de sexo.

A medida foi considerada "um avanço dos direitos humanos" por entidades que reúnem transsexuais, como a Associação de Travestis,Transsexuais e Transgêneros da Argentina (ATTTA), a maior do país.

BBC Brasil

Jovem é diagnosticada com câncer depois de reconhecer os sintomas ao assistir a filme com Cameron Diaz


A vida imita a arte ou a arte imita a vida? Foi graças a um filme que a estudante Alex Cooper, de 17 anos, descobriu que estava com câncer. Ao assistir ao longa “Uma Prova de Amor”, estrelado por Cameron Diaz, a garota percebeu que sentia os mesmos sintomas de uma forma extremamente rara da doença. "Foi um daqueles momentos surreais da vida. Eu assistia ao filme e, de repente, percebi que tinha os mesmos sintomas”, contou a jovem ao jornal "Mail Online".

Alex fez dois anos de quimioterapia para tratar uma leucemia mieloide crônica. A garota sofria de fadiga, dores de cabeça forte, a barriga parecia inchada e ela notou hematomas por todo o corpo. Ela não tinha contado nada sobre os sintomas para ninguém para não "fazer muito barulho".

No entanto, quando assistiu ao filme, Alex finalmente percebeu que precisava consultar um especialista. "Acho que se não fosse pelo filme eu não teria tido o meu diagnóstico a tempo”, disse a garota. Depois de três dias, ela foi diagnosticada com a doença e imediatamente começou um tratamento exaustivo de quimioterapia. Caso não tivesse sido tratada rapidamente, os médicos acreditam que ela poderia ter morrido em menos de um ano. De acordo com os especialistas, o quadro atual de Alex é remissivo e sua condição é administrável. "Eu só espero viver uma vida normal e olhar para o futuro", afirmou a garota ao Mail Online.

Marie Claire

Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes completa 12 anos


O dia 18 de maio é a data em que se comemora a publicação da Lei nº 9970/2000, que institui o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. A lei foi publicada em razão do assassinato da menina Araceli Cabrera Sanches Crespo, em Vitória (ES), no dia 18 de maio de 1973. Seu corpo foi encontrado seis dias depois, desfigurado e com marcas de abuso sexual.

Todos os anos, o Conselho Federal de Psicologia (CFP) destaca a importância de lembrar a data como forma de mobilizar a categoria e também a sociedade. Sandra Amorim, conselheira do CFP, aponta que a defesa dos direitos humanos de crianças e adolescentes tem sido debatida em vários campos políticos, o que demonstra interesse de instâncias governamentais e não governamentais em combaterem a violência sexual contra crianças e adolescentes. “O assunto vem sendo discutido em várias áreas, como Saúde, Educação, Assistência Social e isso promove um avanço na luta contra violência sexual de crianças e adolescentes”, completa.

Para a conselheira, apesar dos 39 anos do assassinato da menina Araceli e os 12 anos de existência da lei, ainda há muito a ser discutido. “Sem dúvidas temos muito a caminhar, mas indiscutivelmente conquistamos avançamos no campo das políticas públicas, a partir do ECA [Estatuto da Criança e do Adolescente]”.

A data mobiliza grande parte da sociedade, além de servir como alerta e comprometimento para reduzir casos como o da menina Araceli e de várias outras crianças e adolescentes do Brasil. Para Sandra Amorim, quando a sociedade finge que não vê algo acontecendo, fica mais difícil minimizar a violência.

Fonte: AQUI

foradoarmario

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Anjos malvados


Crianças podem exibir cedo indícios de que serão adultos psicopatas. Mas, como ainda não têm a personalidade formada, elas recebem outro diagnóstico: transtorno de conduta

Daniel Blair tem 4 anos e achou que seu cachorrinho de apenas uma semana de vida estava muito sujo. O melhor jeito encontrado para um banho rápido foi atirar o animal na água do vaso sanitário - e dar descarga. Por sorte, a mãe descobriu a tempo, e bombeiros resgataram o animalzinho ainda vivo no esgoto. O caso aconteceu no início de junho, na Inglaterra, e chamou a atenção das câmeras do mundo inteiro. Muitos perguntaram: será que Daniel seria um pequeno psicopata divertindo-se com o sofrimento do bicho?

Provavelmente não. Em primeiro lugar, Daniel ainda é muito novo para ter a consciência do que chamamos de certo e errado. Ou seja: ele não sabia que estava fazendo mal ao bichinho. Segundo: de acordo com a Associação Americana de Psiquiatria (APA, da sigla em inglês), nenhum menor de 18 anos pode ser chamado de psicopata, uma vez que sua personalidade ainda não está totalmente formada.

Nesse casos, o que pode existir é o transtorno de conduta - um padrão repetitivo e persistente de comportamento que viola regras sociais importantes em sua idade, ou os direitos básicos alheios (veja quadro da página 34). E esse transtorno revela um forte risco de caminhar, no futuro, para o transtorno da personalidade antissocial - ou a psicopatia. Enquanto não se pode dizer que toda criança com transtorno de conduta será psicopata, certamente todo psicopata sofria desse transtorno quando era menor.

Segundo uma pesquisa da Asso­cia­ção Brasileira de Psiquiatria (ABP), cerca de 3,4% das crianças apresentam problemas de conduta como mentir, brigar, furtar e desrespeitar. A crueldade com animais é outra das características em crianças e adolescentes a que os médicos mais chamam a atenção para diagnosticar o transtorno de conduta. Se for recorrente e estiver aliado a mentiras frequentes, furtos e agressões, por exemplo, esse comportamento pode ser bem preocupante.

A esta altura você deve ter-se lembrado de milhões de adultos perfeitamente normais que já fizeram isso quando crianças. Isso é verdade. Portanto não ache agora que todo pequeno travesso ou hiperativo é um psicopata em potencial.

Para começo de conversa, um certo grau de malvadeza é relativamente normal na infância e faz parte do desenvolvimento. Sigmund Freud, o pai da psicanálise, explicava que temos impulsos instintivos agressivos e que somente ao termos contato com os outros e com a cultura é que nos moldamos e refreamos tais impulsos. Segundo ele, temos uma vocação para a rebeldia, que acabamos reprimindo em troca da convivência pacífica em sociedade. "Nascemos com um programa inviável, que é atender aos nossos instintos, mas o mundo não permite", afirmava.

Quanto à adolescência, também é preciso ponderar bastante antes de mandar jovens mentirosos ao psiquiatra. Estudos recentes, como o de Terrie Moffitt e Avshalom Caspi, do início da década, demonstram que uma dose de delinquência na adolescência pode fazer parte do desenvolvimento normal.

Segundo seus resultados, a delinquência leve e delimitada a apenas uma parte da adolescência pode estar ligada, por exemplo, a más companhias, o que pode ser facilmente resolvido. Esse problema pode se agravar se houver abuso de substâncias psicoativas.

É por essas e outras que um diagnóstico infanto-juvenil é tão delicado. Mas, então, quando uma criança pode ser considerada perigosa?

Pequenas mentes

Cabeça de criança é diferente da de um adulto - e precisa ser tratada como tal. Antes dos 7 anos ela ainda não tem a capacidade de julgamento totalmente formada, ou seja, a consciência do que pode ou não pode fazer. Simplesmente vai lá e faz. Pais, familiares e educadores vão dando os limites e assim ela os aprende - ou não. "Quando um garoto de 6 anos coloca o gato no micro-ondas, ele não sabe o que faz. Já, se isso acontecer com um garoto de 8 anos, será mais preocupante", diz Francisco Assumpção Júnior, psiquiatra infantil, professor da Faculdade de Medicina e do Instituto de Psicologia da USP.

Se, por um lado, não é possível confirmar um transtorno de conduta nos pequenos, por outro já é possível observar determinadas reações. A inglesa Mary Bell, por exemplo, aos 2 anos de idade era uma menina diferente das outras. Nunca chorava quando se machucava e adorava surrar seus brinquedos. Aos 4 anos precisou ser contida ao tentar enforcar uma coleguinha, dizendo às professoras que sabia que a atitude poderia matá-la. Aos 5, presenciou a morte por atropelamento de um outro amiguinho sem esboçar nenhum espanto. Depois de alfabetizada, passou a ficar incontrolável. Pichava paredes da escola, incendiou a casa onde morava, maltratava animais.

Aos 11 anos, Mary matou por estrangulamento dois meninos entre 3 e 4 anos, sem dó nem piedade. O caso aconteceu em 1968. Antes de ir a julgamento, a menina foi avaliada por psiquiatras, que concluíram um gravíssimo transtorno de conduta. "Ela não demonstrou remorso, ansiedade nem lágrimas ao saber que seria detida. Nem ao menos deu um motivo para ter matado. É um caso clássico de sociopatia", dizia seu laudo psiquiátrico.

O que fez com que Mary Bell se transformasse nessa pequena fera? Para especialistas, existem 3 fatores de risco para a psicopatia: a predisposição genética, um ambiente hostil e possíveis lesões cerebrais no decorrer do desenvolvimento.

Sabe-se ainda que a maioria dos psicopatas sofreu algum tipo de abuso na infância, seja físico, seja sexual, seja psicológico. O caso de Mary Bell reuniu o conjunto completo.

Filha de uma prostituta viciada em drogas e com distúrbios psquiátricos, Mary foi abandonada e entregue para doação diversas vezes, sem sucesso. A mãe frequentemente dava drogas a Mary, que ainda pequena chegou a ser levada ao hospital com overdoses terríveis. Mas a pior parte eram os abusos praticados pela própria mãe, que obrigava a menina a se prostituir junto a ela desde os 4 anos de idade. Num ambiente assim, o desenvolvimento da personalidade é bem complicado.


Genética versus ambiente


Até hoje não se provou cientificamente que bebês como Mary nasçam já prontos, predestinados a ser adultos psicopatas - nem que nasçam como uma folha de papel em branco, preenchida no decorrer da vida. No momento em que somos concebidos já ganhamos de presente dos nossos pais e antepassados uma composição genética específica. Nossos genes regulam a quantidade dos neurotransmissores responsáveis por variadas sensações que se expressam no cérebro. Um bebê pode não nascer psicopata, mas pode, sim, vir ao mundo com tendências e predisposições genéticas ao distúrbio, o que é uma boa parte do caminho andado.

No entanto, nenhum gene age no vácuo. De acordo com a genética comportamental, para entrar em ação, o gene precisa interagir com o ambiente de alguma forma.

"Qualquer gene precisa, para haver a chamada expressão adequada, de determinadas circunstâncias externas, sejam bioquímicas, sejam físicas, sejam fisiológicas", dizem os pesquisadores americanos Howard S. Friedman e Miriam W. Schustack, autores do livro Teorias da Personalidade. O que quer dizer que uma predisposição genética à psicopatia pode não atuar sozinha, mas encontra terreno fértil se estiver em um ambiente hostil, violento, com carência de recursos ou afeto.

Mas essa opinião não é unanimidade. "Diversos estudos com gêmeos idênticos crescidos em ambientes separados mostram que apresentaram os mesmos sintomas de psicopatia", contesta o neurologista Jorge Moll, coordenador da Unidade de Neurociência Cognitiva e Comportamental da Rede Labs-D'Or, no Rio. Por outro lado, há estudos com gêmeos idênticos que foram criados na mesma família, mesmo local, mesma cultura, mesma casa, mas em que só um exibiu transtorno de conduta.

"Isso mostra que os problemas não podem vir dos genes, pois eles têm genes iguais, e também não podem vir diretamente do ambiente, pois tiveram os mesmos pais, vizinhos, casa. Acredito que essas diferenças venham simplesmente de um processo randômico, do acaso, e têm uma grande influência naquilo que somos. Acasos como um bebê que cai de cabeça no chão, um vírus que ele pega, um pensamento que deixe uma impressão permanente", afirma o neurocientista Steven Pinker, de Harvard, que por mais de 20 anos atuou no Departamento do Cérebro e Ciências Cognitivas do MIT (EUA).

Quando procurar ajuda?

Como a psicopatia em adultos não tem cura, médicos e pesquisadores da área trabalham para tentar diagnosticar o problema cada vez mais precocemente. O psicólogo canadense Robert Hare costuma fazer diagnósticos em crianças a partir dos 9 anos de idade.

É importante, porém, diferenciar crianças mal-educadas - aquelas acostumadas a ser tratadas como pequenos reis, que podem tudo - daquelas com distúrbios. Também não se pode diagnosticar um menino ou menina com transtorno de conduta caso ele seja agressivo por raiva ou para reagir a alguma coisa que o esteja desafiando.

O transtorno de conduta é caracterizado pela repetição - e não por atos isolados - e, em geral, vem acompanhado de hiperatividade e déficits graves de atenção.

Embora difícil, o tratamento in­di­ca­do a essas crianças e adolescentes, em geral, é a psicoterapia acompanhada, dependendo do caso, de medicamentos tranquilizantes para reduzir a agressividade e a impulsividade, ou ainda estimulantes. "A escola e a família também precisam trabalhar juntas antes que seja tarde. Na psicoterapia, procuramos fazer com que essa criança mude sua forma de pensar e perceba o quanto ela mesma sai prejudicada com esse comportamento. Dessa forma, é possível que ela não transgrida, só para salvar a própria pele", explica Francisco Assumpção Júnior.

Luz no fim do túnel

Ao contrário do que acontece com os adultos, existe uma chance de uma criança com transtorno de conduta mudar seu padrão de comportamento e não se tornar um psicopata. É claro que, quando se trata de adolescentes, a dificuldade de reabilitação aumenta.

Mas existem casos curiosos que in­trigam a comunidade científica. Em 1993, os meninos ingleses Jon Venables e Robert Thompson, de 10 anos, sequestraram e mataram com pancadas o pequeno James Bulger, de apenas 2 anos. Foram presos e julgados como adultos. Após 8 anos na cadeia, receberam o laudo psiquiátrico de que não ofereciam mais perigo à sociedade. Estão soltos, com novas identidades. Nunca mais houve nenhum registro de reincidência desse comportamento.

Mary Bell, a menina de que falamos, também foi presa e tratada por 12 anos. Em 1980 foi solta e continuou a ser monitorada. Casou-se, teve uma filha, e hoje parece levar uma vida normal, uma vez que nunca saiu de vigilância. "Se havia algo de errado comigo quando eu era criança, hoje não há mais. Passaram um raio X dentro da minha cabeça e puderam ver que, se existia alguma coisa quebrada, ela agora se arrumou", diz Mary.

No rastro da maldade
Transtorno de conduta é um padrão de comportamento antissocial em meninos e meninas com mais de 6 anos e menos de 18. Ocorre se acontecerem 3 ou mais dos itens abaixo no último ano e um ou mais no último semestre

Mata aula frequentemente (começa antes dos 15 anos).

• Passa a noite fora várias vezes contra a ordem dos pais (começa antes dos 13).

• Foge da casa dos pais pelo menos duas vezes.

• Persegue, atormenta, ameaça ou intimida os outros frequentemente.

• Inicia lutas corporais.

• Usa armas como pau, pedra, caco de vidro, faca e revólver.

• É cruel com pessoas ou com animais a ponto de feri-los fisicamente.

• Rouba ou assalta, confrontando diretamente a vítima.

• Força alguém à atividade sexual.

• Inicia um incêndio com a intenção clara de provocar sérios danos.

• Destrói a propriedade alheia deliberadamente.

• Arromba ou invade a casa ou o carro de alguém.

• Mente e engana pessoas por ganhos materiais ou para fugir de obrigações.


Mariana Sgarioni

Superinteressante

Jovem é condenada por mensagem contra nordestinos no Twitter


Ela vai prestar serviço comunitário e pagar multa de R$ 500.
Caso ocorreu em outubro de 2010, após resultado da eleição presidencial.


A estudante Mayara Petruso foi condenada a 1 ano, cinco meses e 15 dias de reclusão pela Justiça de São Paulo por ter postado mensagens preconceituosas e incitado a violência contra nordestinos em sua página no Twitter, em outubro de 2010. A decisão é da juíza federal Mônica Aparecida Bonavina Camargo, da 9ª Vara Federal Criminal em São Paulo, e foi divulgada nesta quarta-feira (16). A pena, no entanto, foi convertida em prestação de serviço comunitário e pagamento de multa e indenização de R$ 500. A decisão é de 1ª instância e cabe recurso.

A equipe de reportagem do G1 tentou entrar em contato com Oswaldo Luíz Zago, advogado de defesa da jovem, mas não conseguiu localizá-lo por telefone.

Na época, ela admitiu ter publicado as mensagens como uma reação ao resultado da eleição presidencial, quando a candidata do PT, a hoje presidente Dilma Rousseff, venceu em todos os nove estados nordestinos (veja o mapa da votação). Durante o processo, ela alegou que não tinha a intenção de ofender os nordestinos e disse também que não é preconceituosa.

A jovem foi denunciada pelo Ministério Público com base no artigo 20, § 2º, da Lei n.º 7.716/89, que trata do crime de discriminação ou preconceito de procedência nacional. “Reconheço que as consequências do crime foram graves socialmente, dada a repercussão que o fato teve nas redes sociais e na mídia [...]. O que se pode perceber é que a acusada não tinha previsão quanto à repercussão que sua mensagem poderia ter. Todavia, tal fato não exclui o dolo”, disse a juíza em sua decisão.

“[A jovem] pode não ser preconceituosa; aliás, acredita-se que não o seja. O problema é que fez um comentário preconceituoso. Naquele momento a acusada imputou o insucesso eleitoral (sob a ótica do seu voto) a pessoas de uma determinada origem. A palavra tem grande poder, externando um pensamento ou um sentimento e produz muito efeito, como se vê no caso em tela, em que milhares de mensagens ecoaram a frase da acusada”, completou a juíza.

Mônica Camargo rejeitou a alegação da estudante de que sua expressão foi uma posição política. “As frases da acusada vão além do que seria politicamente incorreto, recordando-se que o ‘politicamente correto’ geralmente é mencionado no que toca ao humor, hipótese de que não se cuida nesta ação penal.”

O caso
O caso começou em 31 de outubro de 2010, um domingo, no dia em que Dilma foi eleita. Irritados com a decisão das urnas, alguns usuários do Twitter começaram a insultar moradores do Nordeste. Entre as mensagens estava a da jovem.

Ao longo da semana seguinte, o Ministério Público Federal recebeu documentos da Ordem dos Advogados do Brasil de Pernambuco e da procuradora regional de São Paulo Janice Ascari pedindo a investigação do caso. O MPF preparou um laudo e a Polícia Civil também abriu inquérito sobre as mensagens.

Na ocasião, a jovem cursava o primeiro ano de Direito, residia na capital com duas amigas e estagiava em escritório de advocacia de renome. Após a repercussão do fato, perdeu o emprego, abandonou a faculdade e mudou-se de cidade com medo de represálias.

G1

terça-feira, 15 de maio de 2012

Batalhão de Choque do RJ dá folga a policiais que prenderem traficantes


Promoção dá 15 dias de folga e mais fim de semana em Ilha Grande.
Traficantes Neto e Canelão são os mais procurados da Rocinha.


O Batalhão de Choque da Polícia Militar (BPChq) inovou na forma de beneficiar os policiais que atuam na unidade. Segundo informações do relações públicas do batalhão, tenente Lima Ramos, se os policiais conseguirem efetuar a prisão dos traficantes Neto e Canelão, ambos da Rocinha, na Zona Sul do Rio, vão ganhar 15 dias de folga e ainda um fim de semana em Ilha Grande.

“É uma forma de estimular os policiais a procurarem elementos específicos, porque além de procurar qualquer elemento, o policial reconhece esses homens que precisam de uma prisão mais rápida. Então, o comando entendeu por bem usar o artifício do benefício”, disse o tenente Lima Ramos.

Um dos procurados é Inácio de Castro Silva, o vulgo “Canelão”, que é suspeito de ser o atual chefe do tráfico da favela da Rocinha. Já o outro é Neto, também suspeito de fazer parte do tráfico de drogas da Rocinha. Segundo a polícia, ele teria sido um dos seguranças do traficante Nem.

“Esses são os dois mais procurados da Rocinha, que estamos ajudando no patrulhamento. O programa de estímulo foi desenvolvido para a área que estamos atuando, e hoje é a Rocinha”, informou o tenente.

Operação Choque de Paz
A comunidade da Rocinha, além do Vidigal e da Chácara do Céu, foi ocupada pacificamente pelas autoridades policiais no dia 13 de novembro de 2011, na Operação Choque de Paz. Segundo o Governo do Rio, a ocupação havia sido planejada há meses pelo serviço de inteligência das forças de segurança.

G1


Sobe para 5 o número de mortos em atentado em Bogotá


Bogotá, 15 mai (EFE).- O número de mortos no atentado no norte de Bogotá subiu para cinco, enquanto o de feridos já chegou a 25, informou à Agência Efe o porta-voz da Polícia Nacional da Colômbia, Alberto Cantillo. Entre os feridos está o ex-ministro colombiano de Interior e Justiça, Fernando Londoño, cuja situação é estável, segundo o boletim médico da clínica para onde foi transferido junto com outros 24 feridos. Segundo disse a esposa do ex-ministro, Margarita, à emissora de rádio "Caracol", o advogado e economista "está consciente" e tem lesões no tórax e na cabeça, assim como estilhaços no resto do corpo. "Está machucado na alma pela morte de seus seguranças", acrescentou Margarita, em alusão ao motorista e ao segurança que morreram no atentado. Entre as vítimas mortais está o motorista de Londoño, que conduzia um veículo blindado, e um policial que fazia parte do esquema de segurança do ex-ministro. O presidente Juan Manuel Santos confirmou em declarações que o alvo do atentado era Londoño, que da mesma forma que ele foi ministro durante o mandato de Álvaro Uribe (2002-2010). EFE agp/rsd
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R7

15 de maio - Dia Internacional da Família


Comemorado a cada ano desde 1993, o tema de 2012 do Dia Internacional da Família é:
Garantir o equilíbrio da familia e do trabalho

Nos últimos anos e décadas, o mundo vem sofrendo uma enorme transformação socioeconômica e demográfica com repercussões importantes na vida profissional e familiar das populações.

As famílias alargadas deram lugar a famílias nucleares e cada vez menores.

Com a urbanização e maior mobilidade das pessoas, houve também uma crescente participação da mulher no mercado de trabalho, sempre em busca de melhores oportunidades e de proporcionar uma vida melhor para suas famílias.
Esta tendência enfraqueceu as redes familiares que sempre estiveram disponíveis para apoiar os mais jovens e mais vulneráveis.

Um grande desafio que se impõe é contrabalançar a responsabilidade familiar de educar e cuidar dos filhos quando ambos os pais trabalham fora de casa.

Globalmente, 52% das mulheres encontram-se no mercado de trabalho e mais da metade de todas as mães dos países que fazem parte da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) estão de volta ao trabalho antes de seus filhos completarem 3 anos de idade.

Além disso, as famílias também enfrentam múltiplas obrigações com os mais velhos e familiares deficientes. Consequentemente o encargo emocional e financeiro das famílias menores é enorme.

No mundo atual e dinâmico em que vivemos também aumentou muito a responsabilidade das pessoas com o trabalho. Apesar do horário formal da jornada ser regulamentado em muito países, longas horas de trabalho ainda são vistas nos países em desenvolvimento, especialmente na Ásia.

Além disso, para manter o trabalho em dia, é cada vez mais comum trabalhar nos finais de semana e levar trabalho para terminar em casa todas as noites tornando mais e mais difícil de contrabalançar a responsabilidade profissional com a vida familiar.

São muitas as pesquisas que ligam longas horas de trabalho com maior absenteísmo, doenças, baixa produtividade, divórcio e disfunções familiares. Não há dúvidas que o horário de trabalho excessivo reduz o tempo de convivência entre pais e filhos e têm um impacto negativo sobre as interações familiares.

Por isso, amanhã, 15 de maio de 2012, devemos sensibilizar e promover discussões sobre as questões sociais, econômicas e demográficas que afetam a família e destacar a importância da familia como o núcleo vital da sociedade.

Fonte: http://social.un.org/index/LinkClick.aspx?fileticket=A-pGNkcpwGY%3d&tabid=1735

eportuguêse

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Câmara aprova prazo maior de prescrição de crime sexual contra criança


A Câmara aprovou nesta terça-feira (8) o Projeto de Lei 6719/09, da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Senado sobre a Pedofilia, que determina a contagem da prescrição dos crimes sexuais contra crianças e adolescentes somente a partir de quando elas completarem 18 anos. A proposta foi aprovada em Plenário e será enviada para sanção da presidente Dilma Rousseff.

O projeto altera o Código Penal (Decreto-Lei 2.848/40) com o objetivo de dar mais tempo à vítima e ao Ministério Público para iniciar a ação penal.

No caso dos crimes de maior gravidade, como o estupro, a nova contagem da prescrição permitirá que a ação seja iniciada 20 anos depois da maioridade. Atualmente, a prescrição conta a partir da data do crime.

Assim, por exemplo, se uma criança de sete anos sofreu esse tipo de abuso, ela terá até os 38 anos (e não mais até os 27, como ocorre hoje) para denunciar o agressor. O período de prescrição varia conforme a pena máxima aplicável a cada crime.

A exceção na nova regra será apenas no caso de a ação já ter sido proposta em algum momento antes de a vítima completar 18 anos de idade.

A intenção da CPI é impedir abusos em razão de o agressor acreditar na impunidade e também dar conforto à vítima, que poderá denunciar o crime se, por algum motivo, seus pais não o fizeram no passado.

Para o relator da proposta na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ), deputado João Paulo Lima (PT-PE), a nova lei vai incentivar a denúncia dos abusadores, já que muitos deles confiam na pouca idade da criança à época do crime para continuar impunes.

“Muitas vezes, a criança não tem educação social ou orientação da família, ou a violência é feita por familiares. Essa lei deve inibir ainda mais os crimes praticados contra essas crianças e adolescentes”, afirmou.

CPI da Pedofilia
O relatório final da CPI da Pedofilia foi aprovado no Senado em dezembro de 2010 e traz recomendações ao Ministério Público, a estados e municípios, aos ministérios da Saúde e da Educação, e ao Poder Judiciário.

A Lei 12.015, em vigor desde 2009, fez diversas alterações no Código Penal em relação aos crimes contra a dignidade sexual envolvendo crianças e adolescentes, a que se refere o projeto sobre prescrição aprovado nesta terça-feira.

Fonte: Agência Câmara de Notícias

promenino

Vidas e costumes sob o risco de extinção


Isoladas, tribos indígenas da Etiópia, que mantêm práticas culturais inusitadas, são vítimas de invasões de terras e obras de infraestrutura

A África despede-se aos poucos de um de seus estereótipos mais fortes, suas tribos primitivas. Grupos indígenas desaparecem à medida que surgem quilômetros de asfalto e novas torres de celular. As áreas mais isoladas do continente são conquistadas e não há mais refúgios para as populações nativas. Uma barragem no sul da Etiópia, a maior do país e a mais alta da África, modificará para sempre a paisagem que abriga as diferentes tribos do vale do Rio Omo.

Durante um percurso de 40.000 quilômetros, por 18 países do continente, conheci comunidades nativas que caminham a passos lentos em direção ao século XXI. De todas as etnias, as tribos do vale foram as que mais me impressionaram. A região é enclaustrada: os primeiros ocidentais conheceram o rio e suas etnias há apenas pouco mais de um século. Tribos como hamer, karo, ari, banna ou mursi são os últimos arquétipos de povos nativos com (quase) nenhuma influência da vida moderna. Falam somente seus idiomas, vestem roupas de couro de animais e (ainda) não têm telefones celulares.

Turmi é um vilarejo dentro da área hamer que ganha vida às segundas-feiras, dia de mercado. O movimento só engrena às 11h30: os locais precisam de três a seis horas para chegar a pé até o lugar. Turmi está fora das rotas de comércio e aqui não existem objetos de plástico “made in China”. As mercadorias são básicas: alimentos para sobreviver. É um mercado africano como eram todos os outros há 50 anos. Há mais mulheres que homens, e quase todas usam vestimentas nativas. Elas levam um longo pedaço de pele de cabra pendurado no pescoço, cobrindo a frente do corpo. A borda da pele do animal é decorada com búzios. As laterais estão abertas, deixando transparecer os seios. As costas estão nuas. Estou em território nativo, num dos últimos bastiões de tribos de tradição pastoril. “Você pode entender a base da economia dos hamers pelos produtos do mercado”, afirma Adimas Genebo, um intérprete. “Além da manteiga, eles trazem leite, mel e animais vivos. E voltam com sorgo, milho e folhas de tabaco.”


Corre a notícia de que haverá, depois do mercado, uma cerimônia bullah, a mais importante da tribo hamer. É um rito de passagem, em que um jovem deve saltar sobre seis touros para ser considerado adulto. O ponto de encontro é uma clareira. A primeira parte da cerimônia envolve as mulheres e sempre acontece perto de um rio. “O lugar simboliza a renovação da vida, porque as águas, na época da chuva, limpam a areia”, diz Adimas. “As cenas do ritual são fortes.”

Um grupo de mulheres entra em fila no palco natural. Todas são da família de Gusho, aquele que será iniciado. São irmãs, primas ou tias. Elas preparam a festa há dias e darão, a sua maneira, um exemplo de coragem e motivação para que o rapaz vença a prova. Graças à cerveja de sorgo e ao vinho de mel que tomam desde a véspera, as mulheres estão sob o efeito do álcool, o que as torna atrevidas e destemidas. A tradição hamer manda que as mulheres mostrem que a dor não importa e que a bravura é o valor mais nobre.

O próximo passo é provocar um grupo particular de homens adultos, os mazas. Elas os chamam de covardes, dizem que não são machos e os insultam. Os mazas sorriem. Eles passaram pelo ritual de iniciação e conhecem o procedimento. Os mazas formam um pequeno grupo que percorre o território hamer, participando de cerimônias como o bullah. Eles não têm nenhuma relação de parentesco com Gusho ou com as mulheres. O papel do maz é cumprir a tradição, sem estar envolvido emocionalmente com a família que organiza a festa. Depois de tanta zombaria e escárnio, os mazas tomam em suas mãos varas flexíveis de 2 metros de comprimento, os miceres. A provocação escrita no roteiro hamer serve como estopim para a ação masculina. Eles revidam os insultos açoitando as costas das mulheres audaciosas. É esta a reação que elas buscam: que a vara bata com vigor em seu corpo e que possam mostrar a Gusho quanto elas aguentam a dor.

O episódio não é um show, é um ritual baseado num sistema de vida tradicional e simbólico. As mulheres estão em transe. Saltam nas pontas dos pés, gritam e tocam a infernal corneta no rosto dos mazas. Provocam para receber mais chicotadas. Algumas mulheres expõem vários cortes de um palmo de comprimento nas costas, e o sangue brota. Quando vejo as gotas escorrendo, fico arrepiado, imaginando a dor que sentem. No lombo das mais maduras, há cicatrizes das cerimônias do passado. Cabe aos mais idosos avisar quando o ritual termina. Com palavras pacificadoras, eles pedem às mulheres para abandonar o recinto. Enfim, terminam os flagelos.

Caminhamos 500 metros, para longe do rio. Sigo a multidão e entro no mato. Caio numa clareira ampla, onde encontro dezenas de touros e bezerros machos. Os mazas estão sentados no chão, num canto da clareira. Gusho chega com os anciãos. Ele tem 20 e poucos anos e deveria ter feito o bullah antes. Segundo um membro da família, ele passou os últimos anos no mato, longe da aldeia, cuidando do rebanho, razão do atraso. Seu cabelo foi cortado de forma bizarra. Os mazas aproximam-se do rebanho para escolher seis touros fortes. Todos são zebus, com corcovas grandes. Os mazas, os anciãos da família e os amigos íntimos de Gusho seguram os animais. Seis deles agarram o rabo, outros seis a cabeça e os chifres dos touros.

Tudo está preparado para o ritual de iniciação. Gusho precisa saltar, caminhar por cima dos seis touros emparelhados e, sem cair, chegar ao outro lado. A tensão é grande. Ele não pode falhar, sua honra está em jogo. Os membros da família estão reunidos para assistir a um momento de glória, e não de fracasso. “Todos zombarão do rapaz se ele não conseguir passar a prova, se tropeçar e cair de um touro”, afirma Adimas. “Não poderá se casar, pois nenhuma mulher vai querer alguém que perdeu o bullah. Provavelmente ele terá de deixar a comunidade.” Gusho está pronto. E completamente nu, símbolo do nascimento para sua nova vida. Veste apenas duas tiras de casca de árvore. Ele toma impulso, corre e salta para chegar à altura das costas do primeiro touro. Sem perder o equilíbrio, coloca o outro pé no segundo animal e, assim, segue adiante. Entre o quarto e o quinto touro, ameaça cair, mas consegue continuar sua caminhada, de braços abertos, sobre a espinha dorsal dos animais – e retorna ao solo firme.

As mulheres tocam suas cornetas com entusiasmo, os gritos femininos são eufóricos. Gusho consegue vencer a primeira prova. Ele tem mais cinco pela frente. Não pode errar nenhuma. Ele se concentra, toma distância e acelera. Levanta seu pé direito e consegue alcançar o dorso do touro branco, a 1 metro de altura. Seu pé esquerdo sobe até as costas do touro cinza, o segundo animal. Como que andando sobre uma ponte frágil e perigosa, ele vence a barreira bovina e chega ao chão. A terceira, quarta e quinta rodadas também são bem-sucedidas. Mais toques de cornetas! Todos gritam palavras de apoio a Gusho, que, com determinação, parte com tudo o que lhe resta de energia. Ele dá seis passos firmes sobre os touros e está de volta ao terreno. Vitória!


Se os saltos sobre os touros emocionaram a plateia, as chicotadas nas mulheres assombram. De um lado, o vigor de uma tradição, repleta de emblemas incompreensíveis; de outro, a violência de um ato que levaria, no mundo ocidental, qualquer maz à cadeia durante anos por chicotear tantas mulheres numa só tarde. Deve o governo etíope, em nome dos direitos humanos ou do desenvolvimento, proibir o ritual dos açoites? Impedindo a manifestação, não estariam as autoridades destruindo um elemento da tradição hamer? Lars Krutak, antropólogo do Instituto Smithsonian especializado em rituais de escarificação, considera que, mesmo se o governo declarar o ritual ilegal, os hamers continuarão com ele. “É uma cerimônia tão antiga como o próprio povo e representa um aspecto essencial da identidade cultural hamer. Sem a participação feminina e o autossacrifício, o ritual perderia força”, afirma Krutak. Ele passou por uma sessão de açoites ao visitar a etnia.

Os povos do Omo estão com seus dias contados por outra razão. A barragem Gibe III está sendo construída no Rio Omo. A entrada de milhares de empregados na região traz as benesses e também os vícios da vida moderna. Segundo a ONG Survival International, a represa, desenhada por italianos e financiada por chineses, não passou por uma avaliação independente de impacto cultural e ambiental, e os povos nativos já sofrem com a invasão de seu território. “A barragem permitirá que empresas estrangeiras irriguem territórios indígenas, arrendados pelo governo etíope para plantar cana-de-açúcar, algodão e palma de óleo”, afirma Stephen Corry, diretor da ONG. “Os povos do Omo não foram consultados e, quando os indígenas protestam, eles são presos. Mais de 100 nativos foram detidos.” O governo de Adis Abeba quer apenas acelerar o crescimento do país.

Época

Mães famosas que faturam com os filhos

Dizem que ser mãe é padecer no paraíso, não é? Pode até ser. Mas há muita mulher famosa que aproveita a maternidade para engordar significativamente a conta bancária. Sem precisar de paraísos fiscais. Para algumas, se a gravidez durasse bem mais que nove meses seria bem-vinda...


Jessica Alba, atriz
Ao dar à luz a Honor em 2008, Jessica Alba vendeu a uma revista americana as primeiras fotos da menina por US$ 1,5 milhão. A estrela de Hollywood chegou a incentivar outras mães famosas a fazer o mesmo. O dinheiro, segundo Jessica, foi depositado em uma conta, e caberá a filha gastar como desejar daqui a uns anos. A estrela de "Quarteto Fantástico" aproveitou o status de mãe famosa para lançar The Honest Company, uma empresa com linha infantil que tem preocupação ecológica.

Tori Spelling, atriz
A carreira de Tori Spelling já estava quase no fundo do poço, quando um segundo casamento e dois filhos trouxeram a estrela da famosa série adolescente "Barrados no Baile" (a Donna Martin, alguém se lembra?) de volta à mídia americana. A atriz abriu as portas da intimidade familiar a três reality shows na TV dos EUA. A maternidade levou Tori a enveredar também pela "literatura". Ele escreveu dois livros contando os detalhes da experiência maternal e uma autobiografia que virou best-seller.

Kendra Wilkinson, ex-playmate
A loura foi apresentada ao público como capa da "Playboy" e uma das namoradas do magnata Hugh Hefner. Mas em 2009 Kendra Wilkinson conseguiu mudar a sua imagem com o casamento com Hank Randall e com a gravidez, documentada no programa de TV "Kendra". As primeiras fotos do bebê também renderam uma bolada à beldade. A ex-coelhinha também desenvolveu um programa de exercícios e dieta para a perda de peso após a gravidez. Ela admite que abraçar a maternidade alavancou a sua carreira.

Jessica Simpson, cantora, atriz e celebridade da TV
Para dar o troco no ostracismo, a gravidez foi bem explorada por Jessica. Ela chegou a retardar o anúncio esperando fechar um contrato de US$ 500 mil pela exclusividade. Não conseguiu e foi ao Twitter mesmo. Mas ela assinou um contrato de exclusividade com a revista "People" no valor de US$ 800 mil para as primeiras fotos da filha. Depois, faturou mais. Ela fechou um acordo com os Vigilantes do Peso de U$ 3 milhões para perder todo o peso que ganhara na gravidez.

Gwen Stefani, cantora
Carreira em baixa, barriga em alta. A fórmula se repetiu. A maternidade trouxe de volta ao bolso da cantora californiana Gwen Stefani o dinheiro que já não estava tão abundante com a música pop. A gravidez foi bastante badalada na mídia e Gwen lançou uma linha de roupas infantis que obteve grande sucesso no Japão e nos EUA. E Gwen retornou até ao No Doubt, sua banda de origem.

Angelina Jolie, atriz
A atriz viveu o reverso da medalha. A aventura da maternidade - adoção de três crianças e o nascimento de outras três com Brad Pitt - ajudou a amenizar a imagem de Angelina, muito sexualizada na telona. Mas, claro, a americana faturou bastante. Com o nascimento de Shiloh, em 2006, a atriz ganhou US$ 4 milhões pelas primeiras fotos do bebê. Com os gêmeos Viv e Knox, foram mais US$ 14 milhões. Segundo ela, o dinheiro foi doado para obras de caridade.

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