sexta-feira, 27 de junho de 2014

No PA, ao saber sobre morte, família descobre corte em bebê após cesárea


Atestado diz que bebê morreu de 'sofrimento fetal agudo circular de cordão'.
Médico alega que corte não afetaria na saúde e pode ocorrer em urgências.


Uma família de Santarém, no oeste do Pará, descobriu um corte no corpo de um bebê logo após o parto feito no Hospital Municipal de Santarém (HMS), na tarde de segunda-feira (23). Os familiares contam que o médico que fez o parto cesárea disse que a criança já nasceu morta e que a causa da morte não foi o corte.
No atestado de óbito consta que a causa da morte foi “sofrimento fetal agudo circular de cordão”, que ocorre quando a criança nasce com o cordão umbilical enrolado no pescoço. Segundo a avó do bebê, Raimunda Batista, a família acredita que, apesar do corte, a principal causa da morte foi a demora no atendimento. Ela explica que a mãe, Marcilene Dias da Cruz, de 22 anos, foi levada ao Hospital Municipal no sábado (21) com dores e perda de líquido, mas somente na segunda-feira foi operada.

Raimunda destaca que, ainda no sábado, Marcilene recebeu uma injeção e foi mandada de volta para casa, mas retornou ao hospital no dia seguinte com dores. “Eles abandonaram ela na sala de espera. O primeiro médico que atendeu falou que ela ia ter filho normal, mas do jeito que ela era grande, ela não ia ter normal. Ele falou que até as 7hs da manhã de segunda a gente operava ela, mas não fizeram isso. Ela foi operada quatro horas da tarde”, ressaltou. Ainda segundo ela, a cirurgia foi feita por outro médico, diferente do que atendeu a paciente pela manhã.
Após o parto, Raimunda conta que o bebê estava enrolado em um pano no necrotério e que a família só descobriu o corte ao observá-lo detalhadamente.
Ao G1, o obstetra Waldir Mesquita disse que recebeu a paciente, que estava no atendimento de pré parto desde o dia anterior, por volta das 15h15 de segunda-feira, "com diagnóstico de sofrimento fetal agudo, que é um acidente que ocorre de forma rápida. Eu a submeti à operação cesariana, que é o procedimento indicado e, ao retirar o bebê, ele estava com três circulares de cordão e essa é que foi a causa da morte”, afirma.
Em relação ao corte no corpo da criança, ele explicou que se trata de um procedimento que pode ocorrer, principalmente em situações urgentes, mas garante que não prejudica a saúde do paciente. “O que existe é o que chamamos de escoriação no bebê, que vai do dorso, pega a nádega e parte da coxa. Isso se deve ao risco das duas pinças podem fazer quando você tira o bebê. Como o caso dela era urgente, a gente foi tirar o bebê apressadamente para tentar ver se conseguia reanimá-lo. E provavelmente, repito, provavelmente, essas pinças-corte devem ter riscado o dorso do bebê, mas isso não tem nada a ver com a causa da morte”, alegou o médico.

A família chegou a ir ao Propaz para registrar Boletim de Ocorrência, mas foi orientada a levar a informação ao Ministério Público do Estado.
Por telefone, a diretora do Centro de Perícias Científicas Renato Chaves, Stael Rejane, informou que o corpo da criança foi necropsiado na tarde desta terça (24), e que o prazo para entrega do resultado é de 10 a 30 dias.

Posicionamento do HMS

Em nota, o HMS informou que a morte do recém-nascido, de Marcilene Dias Amorim, atestada em prontuário, foi por Asfixia de Cirtcular de Cordão Umbilical no Pescoço, considerado de difícil reversão para nascimento com vida. Todos os esforços foram tomados pela equipe médica, mas a criança não resistiu.
Em relação ao corte no lado esquerdo, que vai da região torácica à coxa, o HMS disse que ele ocorreu durante a retirada do bebê, já sem os sinais vitais por instrumental médico. O fato será apurado e devidamente encaminhado aos órgãos competentes para imputação de responsabilidades.
No Hospital Municipal, Marcilene Dias foi prontamente atendida, realizando exames e foi acompanhada 24h pela equipe obstétrica.

G1

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Pesquisa aponta que obras de Belo Monte incentivaram exploração sexual de crianças e adolescentes


Desde 2011, quando a construção da Usina Hidrelétrica Belo Monte foi iniciada no sudoeste do Pará, há denúncias de uma rede de exploração sexual na região. Os aliciadores explorariam mulheres, adolescentes, travestis e indígenas, que como pagamento aceitariam até vale-alimentação.

As informações são da pesquisa “Enfrentamento da violência sexual contra crianças e adolescentes no município de Altamira”. O estudo foi feito pelo pesquisador Assis da Costa Oliveira, da Universidade Federal do Pará (UFPA), sob encomenda da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, e traz dados de 2013 até abril de 2014.

Foram mapeados 46 locais com suspeita de exploração sexual de crianças e adolescentes. O caso mais emblemático é o da boate Xingu, onde, em fevereiro de 2013, uma adolescente de 16 anos fugiu e denunciou condições de cárcere privado. Após operação policial, 18 pessoas que viviam em condições análogas à escravidão foram libertadas.

De acordo com a Norte Energia, empresa responsável por Belo Monte, o número de registros de casos de “prostituição, estupro e abuso sexual contra crianças e adolescentes” não aumentou nos dois últimos anos, de acordo os dados do Conselho Tutelar, ao contrário do que sugere a pesquisa da UFPA. Em 2012, 15 casos por mês foram registrados, em média, em Altamira. Em 2013, os dados apontam cinco casos a menos por mês. No entanto, o pesquisador afirma que, entre os entrevistados, há uma percepção de aumento nos casos.

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