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sexta-feira, 4 de outubro de 2013
Madeleine foi capturada por rede de pedofilia, afirma polícia portuguesa
Declaração acontece dias antes da aparição dos pais da menina na TV
O jornal português Correio da Manha publicou nesta sexta-feira (4) que uma equipe de seis detetives trabalham em um inquérito partindo da premissa de que a menina Madeleine McCann tenha sido capturada por uma rede de pedofilia na região turísitca de na Praia da Luz, no Algarve (sul de Portugal), em 2007.
O relatório citou fontes anônimas dizendo que "o trabalho da polícia é baseado em uma linha de investigação que aponta para redes de pedofilia que operam no Algarve".
De acordo com o tabloide britânico Daily Mail, a teoria foi apresentada enquanto milhares de turistas que estiveram na região na época do desaparecimento da menina estão sendo contatados pela polícia. A Scotland Yard trabalha investigando os registros telefônicos de pessoas em mais de 30 países.
O anúncio foi feito dias antes do aparecimento dos pais da menina em um programa da emissora BBC, com previsão de exibição no dia 14 de outubro, em que será exibida a reconstituição do desaparecimento de Madeleine. É a primeira vez que Kate e Gerry McCann trabalham em parceria com a polícia, após serem declarados como suspeitos pelo sumiço da própria filha.
R7
Impunidade: Gigante da alimentação provoca rastro de sangue em trabalhadores
Um dos trabalhadores sofreu amputação da perna direita, além de um corte nas costas e um enorme ferimento, que o rasgou da virilha até o ânus, expondo suas vísceras. A empresa, que recebeu R$ 10 bi em dinheiro público, silencia
“A JBS TEM como missão ser a melhor em tudo o que se propõe a fazer”, diz a página da “maior empresa em processamento de proteína animal do mundo”. No entanto, será o crime uma missão da JBS Friboi? Esse é o questionamento que se faz a essa empresa que recebeu R$ 10 bilhões de dinheiro público do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). São contundentes relatos de funcionários vitimados pela superexploração, o ritmo intenso de trabalho e as longas e extenuantes jornadas que multiplicam os acidentes de trabalho com lesões e mutilações.
A multiplicação das denúncias e dos protestos vem forçando a Justiça, mesmo que ainda modestamente, a sair da letargia diante do rastro de sangue e dor deixado por essa gigante da alimentação.
Sofrimento em carne e osso
Era o dia 12 de novembro de 2002, Saturnino Vogado tinha 24 anos. Estava no final do expediente, por volta de 15 horas e 45 minutos. Ele havia começado a trabalhar às seis da manhã. A máquina não devia estar ligada; mas estava e começou a puxar. “Levou a minha perna e o meu corpo para o meio das ferragens. Gritei para o meu amigo Jeferson, mas ele estava mais nervoso que eu, paralisado. Os supervisores não estavam acompanhando o nosso trabalho. Nós não sabíamos como fazer aquilo parar. Fraturou meu fêmur, esmagou o joelho, quase me partiu ao meio…”
Para não ter de pagar a indenização pela irresponsável exposição do funcionário e fugir das suas obrigações com a incapacitação permanente, a JBS Friboi fez de tudo, denuncia Saturnino. “Inventaram que eu tinha feito curso, presenciado palestras, que estava plenamente qualificado para operar a máquina. Disseram até que eu era mecânico, embora não passasse de auxiliar de frigorífico”. Além disso, conta, falaram para a imprensa que o acidente havia sido com um caminhão, no embarque, e até tentaram barrar a entrada dos bombeiros que vieram me socorrer. Buscavam encobrir a verdade, não queriam que vissem o que realmente aconteceu”.
Ainda muito novo, desconhecedor do sindicato e dos seus direitos, Saturnino acabou sendo ludibriado pela JBS Friboi e pelo canto da sereia da “responsabilidade social”.
Baixou a guarda e acabou sendo completamente driblado e goleado na ação judicial que o condenou como culpado. Tudo o que aconteceu passou a ser de sua única responsabilidade. Foi assim que ficou sem um centavo para fazer frente à adversidade da vida de trabalhador pobre e mutilado, morador da periferia. “Não ganhei nenhuma indenização da JBS Friboi, nada, nadinha. Só de Deus: a vida, uma segunda chance de viver. Até para me aposentar tive que entrar na Justiça. Saiu recém agora, no mês de agosto”.
Além da amputação da perna direita, Saturnino sofreu um corte nas costas e um enorme ferimento, que o rasgou da virilha até o ânus, expondo suas vísceras, o que lhe obrigou a fazer uma colostomia. (Por meio de uma bolsa se faz a exteriorização do intestino grosso para a eliminação de gases ou fezes). E o tempo passou. Devido à “enrolação” do SUS (Sistema Único de Saúde) em Campo Grande (MS) e à completa falta de solidariedade da Friboi, a operação de reversão da colostomia não foi feita após os três meses do acidente, conforme inicialmente os médicos haviam apontado, mas somente cinco anos depois. Foram quase sessenta meses, longos e intermináveis.
“O SUS estava sempre cheio e a empresa vivia inventando desculpas, dizendo que não podia pagar pela cirurgia. Para fazer a reversão tive de ir de bicicleta, pedalando cerca de quinze quilômetros com a prótese e a bolsa de colostomia. Foi assim que consegui”, relata.
Pai de dois filhos, “se virando” para sobreviver com o salário mínimo que ganha do auxílio-doença, Saturnino fez adaptação numa moto para sair à busca de trabalho. Ele pinta portas e portões para tentar complementar o macérrimo orçamento.
Fazendo das tripas coração
Verônica Benitez trabalhava na triparia tirando o sebo com a tesoura para cozinhar e embalar. “É questão de segundos e vai caindo tripa e mais tripa, o que deixa muita gente doente pelo ritmo. Lá dizem haver 70 trabalhadores, mas se tem 40 é muito porque muitos acabam pegando atestado por não suportar o ambiente ou estão encostados na Previdência. E aí quem fica ali tem que dar conta do serviço todo e se arrebenta”, explica.
Passados dois anos, adquiriu um edema, além de “bursite subacromial” e “tendinite do supraespinhal e subescapular” que a incapacitam para o trabalho. “Agora, a JBS diz não ter nada com isso. Mas não foi lá que adquiri as lesões? Se a gente chegava com atestado de 15 dias, tiravam dez e só davam cinco, com o médico da empresa remanejando de função, fazendo as pessoas trabalharem doentes. Então, de quem é a culpa?”, questiona a operária. Recebendo do INSS “auxílio-doença”, já que “a JBS tem como norma não reconhecer o acidente de trabalho”, Verônica vem pagando consultas e remédios do próprio bolso. “Não consigo tirar ou vestir a blusa, pentear o cabelo ou erguer o braço”, desabafa.
Elton Ferreira da Silva também tem recordações traumáticas de um período com excesso de pedidos de “mocotó”, “a pata da vaca”, explica. “Cheguei de manhã, normal. Foi tudo muito rápido. Quando vi já estava com o braço travado dentro da máquina, urrando de dor e pedindo socorro”. “O problema é que tinha uma aglomeração de gente na seção para tocar a produção – milhares de pés por dia. Tudo parecia pingue-pongue, com a gente cagando a alma pela pressão. E o meu braço ficou assim, cheio de pinos”, mostra. O braço engessado ainda dói. O operário deveria ter passado pela avaliação de um médico no dia 23 de agosto. Como não havia quem o atendesse no sistema público de Campo Grande e a JBS não deu qualquer apoio para amenizar o sofrimento numa clínica particular – inviável para quem ficou por conta do INSS – a consulta foi remarcada para o dia 20 de setembro.
O ajudante de produção Ronaldo Teixeira sente o estômago embrulhar toda vez que houve o nome da antiga firma, da qual foi demitido por justa causa, estando com a mulher grávida, por meio de uma grosseira armação. Ronaldo foi posto na rua quando retornou ao trabalho no frigorífico da JBS Friboi na capital do MS, depois de ter ganho ação contra a empresa de R$ 50 mil por danos morais e indenização trabalhista após acidente na linha de produção.
Conforme o laudo do Centro de Atendimento Médico e Pericial do Mato Grosso do Sul, o acidente no frigorífico provocou “anquilose de polegar direito, com deformidade importante decorrente de esmagamento de partes moles e ossos”. “As sequelas estão definitivamente instaladas, sem tratamentos que possam revertê- las”, acrescenta o documento, que assinala a “perda da capacidade de pinça” – já que é o dedo polegar o que faz o aperto, o que segura o punho.
Sérgio Alfonso era “serra fita” – como são chamados os funcionários que seguram a serra elétrica para dividir o boi ao meio – numa das unidades da JBS Friboi na cidade.
“O acidente aconteceu na véspera do meu aniversário, no dia 25 de julho de 2005. Quando coloquei a serra na carcaça do boi, a carretilha que fecha as pernas do animal escapou do dente da nória (a correia que transporta o gado pendurado), a fita de aço que garante o corte segurou no osso. Como os dentes da nória estavam gastos, toda aquela carne desengatou e me deu um tirambaço. Foi aí que perdi o movimento de três dedos”.
A tragédia estava anunciada havia tempos. Os operários da seção, assim como Sérgio, já haviam alertado para o desgaste dos equipamentos e a urgência da manutenção. Acontecida a desgraça, recebeu os quinze dias da empresa pelo acidente de trabalho e “tchau e gracias”, nenhuma ajuda nas mais de cem sessões de fisioterapia, o que o obrigou a entrar na Justiça para garantir seus direitos.
Conforme alegou a JBS, a culpa era única e exclusivamente sua: “cortaram meu salário e até o sacolão de alimentos. Um ano e meio aguardando sem que a empresa ajudasse em nada”. Como a firma economiza com o trabalhador, mas não com bons advogados, recebeu uma indenização de apenas R$ 26 mil pela incapacitação permanente. Atualmente recebe R$ 460,00 da Previdência como auxílio-doença, cerca de metade do valor do salário de um serrafita com a sua experiência, que começava às 5h30 e não tinha hora para acabar. Como acontece ainda hoje.
Adulterando o local do crime
“O fato é que quando o Ministério do Trabalho mandou um perito para averiguar a situação no local, eles já haviam mudado os equipamentos. Substituíram bem rapidinho por uns mais sofisticados. A serra elétrica, por exemplo, só funciona agora quando estamos segurando os botões com as duas mãos. Soltou um, ela já desliga automaticamente. Isso dá mais segurança, principalmente numa ação rápida, que corta um boi pela metade em menos de minuto”, explica Sérgio.
Vários operários ouvidos pela reportagem foram unânimes em denunciar que a JBS mascara as irregularidades praticadas em Campo Grande com uma equipe de ação rápida, principalmente em relação a condições de higiene, segurança e saúde. Assim que chega a fiscalização, “como o pátio é enorme e da portaria de entrada o fiscal sempre entra em contato com o departamento de Recursos Humanos (RH) e daí para a lavanderia”, trajeto que consome pelo menos uns 20 minutos, “fica fácil acomodar as coisas”. E da lavanderia são mais cinco minutos até a linha de produção. “Neste meio tempo entra em ação a ‘equipe estratégica’ para jatear o chão, fazer a limpeza rápida, diminuir a velocidade da nória, fazendo parecer que o ritmo de trabalho é outro e que tudo está nos padrões”.
Leonardo Wexell Severo, Brasil de Fato
pragmatismopolítico
“A JBS TEM como missão ser a melhor em tudo o que se propõe a fazer”, diz a página da “maior empresa em processamento de proteína animal do mundo”. No entanto, será o crime uma missão da JBS Friboi? Esse é o questionamento que se faz a essa empresa que recebeu R$ 10 bilhões de dinheiro público do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). São contundentes relatos de funcionários vitimados pela superexploração, o ritmo intenso de trabalho e as longas e extenuantes jornadas que multiplicam os acidentes de trabalho com lesões e mutilações.
A multiplicação das denúncias e dos protestos vem forçando a Justiça, mesmo que ainda modestamente, a sair da letargia diante do rastro de sangue e dor deixado por essa gigante da alimentação.
Sofrimento em carne e osso
Era o dia 12 de novembro de 2002, Saturnino Vogado tinha 24 anos. Estava no final do expediente, por volta de 15 horas e 45 minutos. Ele havia começado a trabalhar às seis da manhã. A máquina não devia estar ligada; mas estava e começou a puxar. “Levou a minha perna e o meu corpo para o meio das ferragens. Gritei para o meu amigo Jeferson, mas ele estava mais nervoso que eu, paralisado. Os supervisores não estavam acompanhando o nosso trabalho. Nós não sabíamos como fazer aquilo parar. Fraturou meu fêmur, esmagou o joelho, quase me partiu ao meio…”
Para não ter de pagar a indenização pela irresponsável exposição do funcionário e fugir das suas obrigações com a incapacitação permanente, a JBS Friboi fez de tudo, denuncia Saturnino. “Inventaram que eu tinha feito curso, presenciado palestras, que estava plenamente qualificado para operar a máquina. Disseram até que eu era mecânico, embora não passasse de auxiliar de frigorífico”. Além disso, conta, falaram para a imprensa que o acidente havia sido com um caminhão, no embarque, e até tentaram barrar a entrada dos bombeiros que vieram me socorrer. Buscavam encobrir a verdade, não queriam que vissem o que realmente aconteceu”.
Ainda muito novo, desconhecedor do sindicato e dos seus direitos, Saturnino acabou sendo ludibriado pela JBS Friboi e pelo canto da sereia da “responsabilidade social”.
Baixou a guarda e acabou sendo completamente driblado e goleado na ação judicial que o condenou como culpado. Tudo o que aconteceu passou a ser de sua única responsabilidade. Foi assim que ficou sem um centavo para fazer frente à adversidade da vida de trabalhador pobre e mutilado, morador da periferia. “Não ganhei nenhuma indenização da JBS Friboi, nada, nadinha. Só de Deus: a vida, uma segunda chance de viver. Até para me aposentar tive que entrar na Justiça. Saiu recém agora, no mês de agosto”.
Além da amputação da perna direita, Saturnino sofreu um corte nas costas e um enorme ferimento, que o rasgou da virilha até o ânus, expondo suas vísceras, o que lhe obrigou a fazer uma colostomia. (Por meio de uma bolsa se faz a exteriorização do intestino grosso para a eliminação de gases ou fezes). E o tempo passou. Devido à “enrolação” do SUS (Sistema Único de Saúde) em Campo Grande (MS) e à completa falta de solidariedade da Friboi, a operação de reversão da colostomia não foi feita após os três meses do acidente, conforme inicialmente os médicos haviam apontado, mas somente cinco anos depois. Foram quase sessenta meses, longos e intermináveis.
“O SUS estava sempre cheio e a empresa vivia inventando desculpas, dizendo que não podia pagar pela cirurgia. Para fazer a reversão tive de ir de bicicleta, pedalando cerca de quinze quilômetros com a prótese e a bolsa de colostomia. Foi assim que consegui”, relata.
Pai de dois filhos, “se virando” para sobreviver com o salário mínimo que ganha do auxílio-doença, Saturnino fez adaptação numa moto para sair à busca de trabalho. Ele pinta portas e portões para tentar complementar o macérrimo orçamento.
Fazendo das tripas coração
Verônica Benitez trabalhava na triparia tirando o sebo com a tesoura para cozinhar e embalar. “É questão de segundos e vai caindo tripa e mais tripa, o que deixa muita gente doente pelo ritmo. Lá dizem haver 70 trabalhadores, mas se tem 40 é muito porque muitos acabam pegando atestado por não suportar o ambiente ou estão encostados na Previdência. E aí quem fica ali tem que dar conta do serviço todo e se arrebenta”, explica.
Passados dois anos, adquiriu um edema, além de “bursite subacromial” e “tendinite do supraespinhal e subescapular” que a incapacitam para o trabalho. “Agora, a JBS diz não ter nada com isso. Mas não foi lá que adquiri as lesões? Se a gente chegava com atestado de 15 dias, tiravam dez e só davam cinco, com o médico da empresa remanejando de função, fazendo as pessoas trabalharem doentes. Então, de quem é a culpa?”, questiona a operária. Recebendo do INSS “auxílio-doença”, já que “a JBS tem como norma não reconhecer o acidente de trabalho”, Verônica vem pagando consultas e remédios do próprio bolso. “Não consigo tirar ou vestir a blusa, pentear o cabelo ou erguer o braço”, desabafa.
Elton Ferreira da Silva também tem recordações traumáticas de um período com excesso de pedidos de “mocotó”, “a pata da vaca”, explica. “Cheguei de manhã, normal. Foi tudo muito rápido. Quando vi já estava com o braço travado dentro da máquina, urrando de dor e pedindo socorro”. “O problema é que tinha uma aglomeração de gente na seção para tocar a produção – milhares de pés por dia. Tudo parecia pingue-pongue, com a gente cagando a alma pela pressão. E o meu braço ficou assim, cheio de pinos”, mostra. O braço engessado ainda dói. O operário deveria ter passado pela avaliação de um médico no dia 23 de agosto. Como não havia quem o atendesse no sistema público de Campo Grande e a JBS não deu qualquer apoio para amenizar o sofrimento numa clínica particular – inviável para quem ficou por conta do INSS – a consulta foi remarcada para o dia 20 de setembro.
O ajudante de produção Ronaldo Teixeira sente o estômago embrulhar toda vez que houve o nome da antiga firma, da qual foi demitido por justa causa, estando com a mulher grávida, por meio de uma grosseira armação. Ronaldo foi posto na rua quando retornou ao trabalho no frigorífico da JBS Friboi na capital do MS, depois de ter ganho ação contra a empresa de R$ 50 mil por danos morais e indenização trabalhista após acidente na linha de produção.
Conforme o laudo do Centro de Atendimento Médico e Pericial do Mato Grosso do Sul, o acidente no frigorífico provocou “anquilose de polegar direito, com deformidade importante decorrente de esmagamento de partes moles e ossos”. “As sequelas estão definitivamente instaladas, sem tratamentos que possam revertê- las”, acrescenta o documento, que assinala a “perda da capacidade de pinça” – já que é o dedo polegar o que faz o aperto, o que segura o punho.
Sérgio Alfonso era “serra fita” – como são chamados os funcionários que seguram a serra elétrica para dividir o boi ao meio – numa das unidades da JBS Friboi na cidade.
“O acidente aconteceu na véspera do meu aniversário, no dia 25 de julho de 2005. Quando coloquei a serra na carcaça do boi, a carretilha que fecha as pernas do animal escapou do dente da nória (a correia que transporta o gado pendurado), a fita de aço que garante o corte segurou no osso. Como os dentes da nória estavam gastos, toda aquela carne desengatou e me deu um tirambaço. Foi aí que perdi o movimento de três dedos”.
A tragédia estava anunciada havia tempos. Os operários da seção, assim como Sérgio, já haviam alertado para o desgaste dos equipamentos e a urgência da manutenção. Acontecida a desgraça, recebeu os quinze dias da empresa pelo acidente de trabalho e “tchau e gracias”, nenhuma ajuda nas mais de cem sessões de fisioterapia, o que o obrigou a entrar na Justiça para garantir seus direitos.
Conforme alegou a JBS, a culpa era única e exclusivamente sua: “cortaram meu salário e até o sacolão de alimentos. Um ano e meio aguardando sem que a empresa ajudasse em nada”. Como a firma economiza com o trabalhador, mas não com bons advogados, recebeu uma indenização de apenas R$ 26 mil pela incapacitação permanente. Atualmente recebe R$ 460,00 da Previdência como auxílio-doença, cerca de metade do valor do salário de um serrafita com a sua experiência, que começava às 5h30 e não tinha hora para acabar. Como acontece ainda hoje.
Adulterando o local do crime
“O fato é que quando o Ministério do Trabalho mandou um perito para averiguar a situação no local, eles já haviam mudado os equipamentos. Substituíram bem rapidinho por uns mais sofisticados. A serra elétrica, por exemplo, só funciona agora quando estamos segurando os botões com as duas mãos. Soltou um, ela já desliga automaticamente. Isso dá mais segurança, principalmente numa ação rápida, que corta um boi pela metade em menos de minuto”, explica Sérgio.
Vários operários ouvidos pela reportagem foram unânimes em denunciar que a JBS mascara as irregularidades praticadas em Campo Grande com uma equipe de ação rápida, principalmente em relação a condições de higiene, segurança e saúde. Assim que chega a fiscalização, “como o pátio é enorme e da portaria de entrada o fiscal sempre entra em contato com o departamento de Recursos Humanos (RH) e daí para a lavanderia”, trajeto que consome pelo menos uns 20 minutos, “fica fácil acomodar as coisas”. E da lavanderia são mais cinco minutos até a linha de produção. “Neste meio tempo entra em ação a ‘equipe estratégica’ para jatear o chão, fazer a limpeza rápida, diminuir a velocidade da nória, fazendo parecer que o ritmo de trabalho é outro e que tudo está nos padrões”.
Leonardo Wexell Severo, Brasil de Fato
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quinta-feira, 3 de outubro de 2013
Polícia prende suspeito de matar menina de 9 anos na Rocinha
Elder Marinho já tem ficha criminal por estupro
Corpo foi achado a cerca de 100 metros de UPP
RIO - Policiais da Divisão de Homicídios prenderam no fim da tarde desta quinta-feira um suspeito de estuprar e matar a menina Rebeca Miranda Carvalho dos Santos, de 9 anos. O crime ocorreu no último sábado e o corpo da vítima foi achado a cerca de 100 metros da UPP da Rocinha.
Elder Marinho foi preso na favela do Rio das Pedras, em Jacarepaguá, na Zona Oeste. O suspeito, que já tem uma passagem na polícia por estupro no Ceará, teria confessado o crime, de acordo com o “RJ TV”. A prisão preventiva será pedida nesta sexta. Segundo os policiais, Elder estava com o celular da vítima.
O corpo de Rebeca estava debaixo de um monte de telhas. No local onde o corpo foi encontrado, agentes da Divisão de Homicídios (DH) recolheram uma sandália de adulto e um boné, que acreditam ser do autor do crime.
Nesta sexta-feira, uma manifestação na Rocinha pedia a solução do crime. Ao serem informados da prisão do suspeito, os moradores da comunidade comemoraram.
- Para mim é um alívio. Foi feita justiça. Ligaram para um amigo que nos passou a notícia - disse a mãe da menina, Maria Miranda, ao site G1.
Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/rio/policia-prende-suspeito-de-matar-menina-de-9-anos-na-rocinha-10245742#ixzz2ghfHkjhZ
© 1996 - 2013. Todos direitos reservados a Infoglobo Comunicação e Participações S.A. Este material não pode ser publicado, transmitido por broadcast, reescrito ou redistribuído sem autorização.
O Globo
Corpo foi achado a cerca de 100 metros de UPP
RIO - Policiais da Divisão de Homicídios prenderam no fim da tarde desta quinta-feira um suspeito de estuprar e matar a menina Rebeca Miranda Carvalho dos Santos, de 9 anos. O crime ocorreu no último sábado e o corpo da vítima foi achado a cerca de 100 metros da UPP da Rocinha.
Elder Marinho foi preso na favela do Rio das Pedras, em Jacarepaguá, na Zona Oeste. O suspeito, que já tem uma passagem na polícia por estupro no Ceará, teria confessado o crime, de acordo com o “RJ TV”. A prisão preventiva será pedida nesta sexta. Segundo os policiais, Elder estava com o celular da vítima.
O corpo de Rebeca estava debaixo de um monte de telhas. No local onde o corpo foi encontrado, agentes da Divisão de Homicídios (DH) recolheram uma sandália de adulto e um boné, que acreditam ser do autor do crime.
Nesta sexta-feira, uma manifestação na Rocinha pedia a solução do crime. Ao serem informados da prisão do suspeito, os moradores da comunidade comemoraram.
- Para mim é um alívio. Foi feita justiça. Ligaram para um amigo que nos passou a notícia - disse a mãe da menina, Maria Miranda, ao site G1.
Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/rio/policia-prende-suspeito-de-matar-menina-de-9-anos-na-rocinha-10245742#ixzz2ghfHkjhZ
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O Globo
quarta-feira, 2 de outubro de 2013
Trabalho e omissão da família prejudicam saúde de crianças e adolescentes
Realizado nos dias 24 e 25 de setembro, o Workshop Direito à Profissionalização, promoveu uma série de discussões quanto à aplicação da legislação protetiva vigente, além de debater educação e saúde de jovens inseridos no trabalho infantil. Realizado em formato de oficinas, o Workshop foi subdividido em temas, sendo um deles a questão dos agravos à saúde do trabalhador infanto-juvenil. O evento foi realizado em Cuiabá, pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) em conjunto com a Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de Mato Grosso (SRTE/MT).
Dados da OIT mostram que a incidência de crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil é de 54% na área do comércio e 28% na indústria. Devido a pouca idade, muitas sofrem com as consequências do esforço pesado e a quantidade de horas trabalhadas. Apesar disso, são poucas as que recebem tratamento médico adequado.
Convidado para participar do evento, o Conselho Regional de Psicologia de Mato Grosso (CRP-18), esteve representado pela conselheira Marisa Helena Alves. O "Estudo sobre o trabalho infantil em Mato Grosso: um enfoque sobre saúde, educação e aspectos legais", organizado pela OIT, foi utilizado para o debate. A psicóloga ficou responsável por analisar o trabalho do ponto de vista da saúde.
“É fato que o trabalho infantil pode prejudicar o desenvolvimento físico e psicológico dos jovens. Porém, infelizmente, são poucos os casos em que as crianças e adolescentes chegam até a rede de saúde para serem atendidos devido a algum agravo causado pelo trabalho", conta.
Marisa Helena acrescenta que uma das principais dificuldades dos profissionais de saúde é quanto à identificação de alguns sintomas oriundos do trabalho infantil. Isto porque, de acordo com a psicóloga, nem sempre a criança ou adolescente procura por atendimento.
"Acredito que seja não só um problema de saúde como social também. Muitas vezes, a própria família não encaminha este jovem para atendimento por medo de perder uma fonte de renda financeira. Por isso, a necessidade de se fortalecer a rede na atenção básica, diretamente com as famílias", ressalta Marisa Helena.
Números - Dados do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) revelam que aproximadamente 150 milhões de crianças de 05 a 14 anos de idade estão envolvidas com o trabalho infantil, sendo a maioria em países africanos. No Brasil, o artigo 69 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), de 1990, não permite o trabalho a jovens menores de 14 anos de idade.
Em Mato Grosso, de acordo com o Ministério do Trabalho e Emprego, em 300 ações de fiscalização realizadas entre os anos de 2009 a 2011 e o primeiro semestres de 2012, 282 jovens foram identificados em situação de trabalho infantil.
promenino
Dados da OIT mostram que a incidência de crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil é de 54% na área do comércio e 28% na indústria. Devido a pouca idade, muitas sofrem com as consequências do esforço pesado e a quantidade de horas trabalhadas. Apesar disso, são poucas as que recebem tratamento médico adequado.
Convidado para participar do evento, o Conselho Regional de Psicologia de Mato Grosso (CRP-18), esteve representado pela conselheira Marisa Helena Alves. O "Estudo sobre o trabalho infantil em Mato Grosso: um enfoque sobre saúde, educação e aspectos legais", organizado pela OIT, foi utilizado para o debate. A psicóloga ficou responsável por analisar o trabalho do ponto de vista da saúde.
“É fato que o trabalho infantil pode prejudicar o desenvolvimento físico e psicológico dos jovens. Porém, infelizmente, são poucos os casos em que as crianças e adolescentes chegam até a rede de saúde para serem atendidos devido a algum agravo causado pelo trabalho", conta.
Marisa Helena acrescenta que uma das principais dificuldades dos profissionais de saúde é quanto à identificação de alguns sintomas oriundos do trabalho infantil. Isto porque, de acordo com a psicóloga, nem sempre a criança ou adolescente procura por atendimento.
"Acredito que seja não só um problema de saúde como social também. Muitas vezes, a própria família não encaminha este jovem para atendimento por medo de perder uma fonte de renda financeira. Por isso, a necessidade de se fortalecer a rede na atenção básica, diretamente com as famílias", ressalta Marisa Helena.
Números - Dados do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) revelam que aproximadamente 150 milhões de crianças de 05 a 14 anos de idade estão envolvidas com o trabalho infantil, sendo a maioria em países africanos. No Brasil, o artigo 69 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), de 1990, não permite o trabalho a jovens menores de 14 anos de idade.
Em Mato Grosso, de acordo com o Ministério do Trabalho e Emprego, em 300 ações de fiscalização realizadas entre os anos de 2009 a 2011 e o primeiro semestres de 2012, 282 jovens foram identificados em situação de trabalho infantil.
promenino
Hambúrgueres do McDonald’s não são aptos para o consumo humano
Foto registrada dentro da fábrica que produz hambúrgueres para o MCDonald's
Foto : Directo al paladar
Chef revela que o restaurante ‘lava’ as carnes que não são aptas para o consumo com um agente antimicrobiano para usá-las como matéria-prima na preparação dos hambúrgueres
A carne que a rede de fast food McDonald’s inclui em seus hambúrgueres não é apta para o consumo humano, pois é “lavada” com substâncias tóxicas, assim demonstrou um chef ativista britânico.
Jamie Oliver, em seu programa de televisão na BBC, demonstrou como o McDonald’s ‘lava’ as peças de carnes que não são aptas para o consumo com um agente antimicrobiano, o hidróxido de amônio, para poder usá-las como matéria-prima na preparação dos hambúrgueres.
“Estamos falando de carnes que teriam sido vendidas como alimento para cachorros e que após este processo são servidas para seres humanos. Além da qualidade da carne, o hidróxido de amônio é prejudicial à saúde”, disse Oliver.
Depois de revelada esta ‘lavagem da carne’, a rede McDonald’s decidiu modificar sua receita, embora porta-vozes da companhia tenham negado que tenha sido em resposta à iniciativa do chef.
“Que ser humano, em seu juízo normal, colocaria um pedaço de carne encharcada em hidróxido de amônio na boca de uma criança?”, questionou Oliver.
Contudo, se você já comprou um hambúrguer do McDonald’s e esta informação o desorientou, não se preocupe, pode guardá-lo para comer depois, inclusive anos mais tarde, caso queira. Em abril passado, veio à luz a história de um cidadão estadunidense que conservou um sanduíche em perfeito estado: sem fungos, mofo e nem odor, durante 14 anos.
Comunicación Popular, Tradução: Cepat
Fonte:
brasildefato
Foto : Directo al paladar
Chef revela que o restaurante ‘lava’ as carnes que não são aptas para o consumo com um agente antimicrobiano para usá-las como matéria-prima na preparação dos hambúrgueres
A carne que a rede de fast food McDonald’s inclui em seus hambúrgueres não é apta para o consumo humano, pois é “lavada” com substâncias tóxicas, assim demonstrou um chef ativista britânico.
Jamie Oliver, em seu programa de televisão na BBC, demonstrou como o McDonald’s ‘lava’ as peças de carnes que não são aptas para o consumo com um agente antimicrobiano, o hidróxido de amônio, para poder usá-las como matéria-prima na preparação dos hambúrgueres.
“Estamos falando de carnes que teriam sido vendidas como alimento para cachorros e que após este processo são servidas para seres humanos. Além da qualidade da carne, o hidróxido de amônio é prejudicial à saúde”, disse Oliver.
Depois de revelada esta ‘lavagem da carne’, a rede McDonald’s decidiu modificar sua receita, embora porta-vozes da companhia tenham negado que tenha sido em resposta à iniciativa do chef.
“Que ser humano, em seu juízo normal, colocaria um pedaço de carne encharcada em hidróxido de amônio na boca de uma criança?”, questionou Oliver.
Contudo, se você já comprou um hambúrguer do McDonald’s e esta informação o desorientou, não se preocupe, pode guardá-lo para comer depois, inclusive anos mais tarde, caso queira. Em abril passado, veio à luz a história de um cidadão estadunidense que conservou um sanduíche em perfeito estado: sem fungos, mofo e nem odor, durante 14 anos.
Comunicación Popular, Tradução: Cepat
Fonte:
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segunda-feira, 30 de setembro de 2013
Pesquisa revela o perfil e o que pensam os caminhoneiros no Brasil sobre exploração sexual nas estradas
Dia Mundial do Turismo, uma comemoração que abre canais para a exploração sexual. Mas neste dia, preferimos olhar para casos que muitas vezes passam despercebidos, naturalizados na paisagem. As estradas que nos levam a vários cantos do Brasil são espaços para uma exploração cruel de crianças e adolescentes.As estradas brasileiras possuem atualmente 1.776 pontos vulneráveis à exploração sexual de crianças e adolescentes, por onde passam mais de um milhão de caminhoneiros. A mercantilização do corpo de crianças e adolescentes nas rodovias é alvo de pesquisas que buscam traçar o perfil e os motivos que levam meninos e meninas a venderem seus corpos nos acostamentos. Mas uma pesquisa de 2010 procurou entender a visão dos caminhoneiros, ou seja, quem mais “demanda” o sexo e exploração sexual infantil nas rodovias. Esse foi o objetivo da pesquisa “O Perfil do Caminhoneiro Brasileiro”, de 2010, realizada pela campanha Na Mão Certa, da Childhood Brasil.
Em entrevista ao Promenino, professor da Universidade Federal de Sergipe e coordenador do estudo, Elder Cerqueira, diz que há dois pontos a serem destacados: “um é que os caminhoneiros enxergam o sexo de forma instintiva e banalizada, eles se envolvem nessas situações com a consciência de utilizar um serviço como qualquer outro. De forma geral, não há nenhum perfil de pedófilo ou abusador, é muito mais uma questão de pura satisfação sexual”.
Outro ponto é o como os caminhoneiros veem o vínculo estabelecido com as vítimas de exploração sexual, tendo o machismo como uma representação bem clara dentro da exploração e do sexo comercial na visão dos motoristas. “Eles se justificam para se impor em questões de gênero, em como o homem entende o que é sexo e a sexualidade, e em como ele julga o sexo da mulher”, aponta o coordenador. “Eles criam uma categoria diferente para essas crianças de estrada. O significado de criança e adolescente desses homens é biológico, ou seja, para o censo comum, uma menina não ser mais virgem significa que ela é mulher. Então eles usam o comportamento sexual delas para colocá-las em outra categoria que não a mesma de suas filhas, sobrinhas e netas”.
Segundo Cerqueira, as garotas buscam o interesse financeiro imediato, sejapara usar drogas ou bens materiais, alimentando o consumismo e mudando o perfil de serem exploradas apenas pela miséria e necessidade financeira. “Os caminhoneiros enxergam essa situação como prostituição, as garotas usam perfume e tem celular próprio, muitas vezes não é somente pela necessidade financeira”, explica. Ainda assim, está claro que um maior número de crianças são exploradas em regiões mais pobres. “É muito importante essa análise da mercantilização do corpo, do mundo do consumo, tanto do lado do homem, como cliente, como do lado delas”.
A necessidade financeira da criança ou da família continuou sendo o principal motivo (79,4%) para jovens com menos de 18 anos se envolverem em situação análoga à prostituição, na opinião dos entrevistados. Também foram citados falta de educação (43,4%), exploração/coerção de alguém (34,1%), existência de mercado fácil (23,7%), prazer (19,5%), existência de adultos que gostam/procuram (13,5%) e falta de opção do que fazer (12%). De acordo com os caminhoneiros, a média do valor do programa com crianças e adolescentes foi de R$ 25,05, acima do valor apontado em 2005, que foi de R$ 17,26.
“Atualmente há uma noção maior do que é criança e adolescente e maioridade. Mas em relação a direitos eles conhecem superficialmente, já ouviram falar sobre ECA, Conselho Tutelar e Disque 100, porém o número de denúncias ainda é baixo”, explica Cerqueira.
Em comparação com os dados apurados em 2005, os entrevistados se mostraram mais familiarizados com as leis e os serviços de proteção às crianças e adolescentes. A maioria disse conhecer o Conselho Tutelar (91,6%), o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) (76%), o Juizado de Menores (76,6%), a campanha Na Mão Certa contra a exploração de crianças e adolescentes no Brasil (61,7%) e o Disque-denúncia (56,2%). A pesquisa de 2010 mostrou ainda que 37,7% conhecem a Delegacia da Criança e do Adolescente e 9,2% conhecem o Centro de Referência Especializado em Assistência Social (CREAS).
Além disso, as estradas e rodovias são vulneráveis, desde questões jurídicas e legais que emperram atuação e fiscalização a problemas relacionados à distância dos órgãos de proteção. “Até a denúncia chegar ao órgão e a fiscalização ir ao local, muita coisa pode ter acontecido. Há vilarejos em que o conselho tutelar fica a mais de 100 quilômetro de distância. São lugares de passagem e alta circulação de pessoas, o fato de um homem cometer um crime dessa forma e logo em seguida estar em outro estado facilita”.
promenino
Em entrevista ao Promenino, professor da Universidade Federal de Sergipe e coordenador do estudo, Elder Cerqueira, diz que há dois pontos a serem destacados: “um é que os caminhoneiros enxergam o sexo de forma instintiva e banalizada, eles se envolvem nessas situações com a consciência de utilizar um serviço como qualquer outro. De forma geral, não há nenhum perfil de pedófilo ou abusador, é muito mais uma questão de pura satisfação sexual”.
Outro ponto é o como os caminhoneiros veem o vínculo estabelecido com as vítimas de exploração sexual, tendo o machismo como uma representação bem clara dentro da exploração e do sexo comercial na visão dos motoristas. “Eles se justificam para se impor em questões de gênero, em como o homem entende o que é sexo e a sexualidade, e em como ele julga o sexo da mulher”, aponta o coordenador. “Eles criam uma categoria diferente para essas crianças de estrada. O significado de criança e adolescente desses homens é biológico, ou seja, para o censo comum, uma menina não ser mais virgem significa que ela é mulher. Então eles usam o comportamento sexual delas para colocá-las em outra categoria que não a mesma de suas filhas, sobrinhas e netas”.
Segundo Cerqueira, as garotas buscam o interesse financeiro imediato, sejapara usar drogas ou bens materiais, alimentando o consumismo e mudando o perfil de serem exploradas apenas pela miséria e necessidade financeira. “Os caminhoneiros enxergam essa situação como prostituição, as garotas usam perfume e tem celular próprio, muitas vezes não é somente pela necessidade financeira”, explica. Ainda assim, está claro que um maior número de crianças são exploradas em regiões mais pobres. “É muito importante essa análise da mercantilização do corpo, do mundo do consumo, tanto do lado do homem, como cliente, como do lado delas”.
A necessidade financeira da criança ou da família continuou sendo o principal motivo (79,4%) para jovens com menos de 18 anos se envolverem em situação análoga à prostituição, na opinião dos entrevistados. Também foram citados falta de educação (43,4%), exploração/coerção de alguém (34,1%), existência de mercado fácil (23,7%), prazer (19,5%), existência de adultos que gostam/procuram (13,5%) e falta de opção do que fazer (12%). De acordo com os caminhoneiros, a média do valor do programa com crianças e adolescentes foi de R$ 25,05, acima do valor apontado em 2005, que foi de R$ 17,26.
“Atualmente há uma noção maior do que é criança e adolescente e maioridade. Mas em relação a direitos eles conhecem superficialmente, já ouviram falar sobre ECA, Conselho Tutelar e Disque 100, porém o número de denúncias ainda é baixo”, explica Cerqueira.
Em comparação com os dados apurados em 2005, os entrevistados se mostraram mais familiarizados com as leis e os serviços de proteção às crianças e adolescentes. A maioria disse conhecer o Conselho Tutelar (91,6%), o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) (76%), o Juizado de Menores (76,6%), a campanha Na Mão Certa contra a exploração de crianças e adolescentes no Brasil (61,7%) e o Disque-denúncia (56,2%). A pesquisa de 2010 mostrou ainda que 37,7% conhecem a Delegacia da Criança e do Adolescente e 9,2% conhecem o Centro de Referência Especializado em Assistência Social (CREAS).
Além disso, as estradas e rodovias são vulneráveis, desde questões jurídicas e legais que emperram atuação e fiscalização a problemas relacionados à distância dos órgãos de proteção. “Até a denúncia chegar ao órgão e a fiscalização ir ao local, muita coisa pode ter acontecido. Há vilarejos em que o conselho tutelar fica a mais de 100 quilômetro de distância. São lugares de passagem e alta circulação de pessoas, o fato de um homem cometer um crime dessa forma e logo em seguida estar em outro estado facilita”.
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