Outros 15 presos morrem, desta vez na cadeia de Angoche
• Cidadãos em Angoche dizem que se tratou de mais casos de morte por “asfixia”, mas as autoridades alegam que morreram com “cólera”
• As autoridades médicas reconhecem que houve mortes por “cólera” mas o número de óbitos de que falam não chega a 15
Entre os dias 18 e 23 de março, a sociedade de bom senso , indignada, viu a morte de mais pessoas abandonadas na Cadeia de Angoche, em Moçambique. As autoridades da cadeia dizem que morreram de cólera e, as autoridades sanitárias afirmam que as condições de vida dos presos originaram os óbitos. Com capacidade para 30 pessoas, Angoche abriga 200 reclusos: 80 condenados,63 aguardando julgamento e outro tanto em prisão preventiva.
No norte do país, continua-se a morrer nas cadeias sem que as autoridades ponham termo a um autêntico massacre . Com isto cresce entre a população uma onda de indignação sem precedentes;começam a olhar para as autoridades com grande desconfiança. Um responsável da Cadeia de Angoche, disse por telefone ao Canal de Moçambique que naquela penitenciaria vive-se o “caos”. Afirmou que “os reclusos alimentam-se todos os dias de feijão, manteiga e farinha de milho”, sublinhando que “não existe variação de alimentos”. Segundo a fonte, “os quinze reclusos morreram por falta de assistência médica”, o que a confirmar-se coloca o Governo em mais uma situação penosa e delicada.
No Hospital Distrital de Angoche, foi dito que“alguns reclusos morreram no espaço de 30 minutos logo após a sua chegada” . “Chegaram quase mortos, o que dá a entender que começaram a padecer há muito tempo'.
Os corpos foram enterrados em valas comuns , pois segundo O Conselho Municipal de Angoche, os mortos não teriam sido reclamados pela família.
Na província de Nampula, esta é a segunda vez, em menos de um mês, que morrem reclusos em cadeias. O primeiro caso que indignou o país ocorreu há três semanas, no distrito de Mongicual. Pelo menos 12 pessoas teriam morrido de asfixia,segundo declarações oficiais,depois de terem estado presos numa cela minúscula da Policia da República de Moçambique (PRM). Eram cidadãos que se encontravam detidos acusados de terem participado numa alegada “campanha de desinformação sobre a situação da cólera” que assola a província de Nampula no geral, e o distrito de Mongicual em particular. As mortes de Mongicual foram já condenadas por diversos camadas da sociedade moçambicana, designadamente pela Renamo( maior partido de oposição), que já veio dizer que os reclusos mortos eram seus membros, o que confere às ocorrências motivação política. A Renamo prometeu também que irá instaurar, junto tribunais internacionais, processos contra o Estado moçambicano e as figuras do ministro do Interior, José Pacheco, e do vice-ministro, José Mandra. Aquele que é o maior partido da oposição considera os dois principais dignitários do Ministério do Interior como “mandantes do crime”.
A Presidência da União Europeia também já veio a público manifestar a sua preocupação pelo sucedido em Mongicual.
Segundo o comandante geral da Polícia , o encerramento da cadeia “não vai impedir a Polícia de continuar a perseguir todos aqueles que estão envolvidos na perturbação da ordem e segurança públicas em Angoche”.
Bernardo Álvaro, em Pemba, e Aunício da Silva, em Nampula)2009-04-01 05:51:00
Fonte: Canal de Moçambique
Fonte: Canal de Moçambique