sexta-feira, 10 de abril de 2009

Vamos ocupar a Amazônia!

RIO - O falso e já superado dilema explorar ou preservar tem hoje que ser substituído pelo grito de alerta: “Vamos ocupar a Amazônia antes que as grandes potências ocupem!”, sob pena de perdermos o controle sobre a região mais cobiçada do planeta, por suas riquezas naturais e, principalmente, pela diversidade da flora e da fauna.
A Amazônia ocupa 5% da superfície da Terra, tem 80 mil quilômetros de rios, entre eles o Amazonas, o maior em extensão e volume de água do mundo. Nesses 350 milhões de hectares de florestas podem ser encontrados 80 mil espécies vegetais, 1.500 tipos de peixes, 1.300 de pássaros e 300 mamíferos. Pesquisas recentes da Universidade Federal do Amazonas atestam que vivem na região 30 milhões de animais.
Na Floresta Amazônica convivem com a população ribeirinha 207 mil dos 220 mil índios brasileiros, em 202 das 215 comunidades indígenas do país, que falam 176 dos 181 idiomas conhecidos no Brasil. Trata-se de uma população esquecida, explorada, com baixíssimo nível de escolaridade.
Qual é a consequência de tamanho descaso dos governos brasileiros, que jamais olharam para a Amazônia com uma visão moderna, de exploração sustentável de suas riquezas? Dificuldades de transporte e comunicação, inexistência de programas de educação em saúde e desmatamento desmedido e sem controle, que estão acabando com a floresta e mantendo seus habitantes abaixo da linha da pobreza.

A miséria, o analfabetismo, a falta de assistência médica e de meios de subsistência não se refletem apenas na destruição da floresta. Vão muito além. A Amazônia é um foco de doenças já controladas ou exterminadas em países desenvolvidos, como o tracoma, a hanseníase e a malária.

Está mais do que na hora de nós, brasileiros, assumirmos a responsabilidade de ocupar racionalmente a Amazônia, antes que seja tarde. Os olhos das grandes potências estão voltadas para essa região e não podemos, em hipótese alguma, abrir mão da nossa soberania.

Mas, não adianta ficar só no discurso. É fundamental que o Brasil explore a Amazônia de forma sustentável, levando progresso e desenvolvimento principalmente para as pessoas que lá vivem enfrentando tantas dificuldades.

Alexandre Farah*, Jornal do Brasil


Autismo mais próximo da cura

O resultado de um estudo divulgado ontem no jornal científico Pediatrics, dos Estados Unidos, traz mais luz ao tratamento do autismo e chama a atenção de pais de autistas brasileiros, que lutam contra a falta de informações a respeito da síndrome no Brasil. Os pesquisadores americanos constataram que a febre pode suspender temporariamente sintomas do autismo, principalmente em crianças. Aparentemente, durante o estado febril, ocorre a restauração de certas comunicações nervosas em determinadas regiões do cérebro autista, melhorando temporariamente a habilidade de interação e socialização.
- Os resultados desse estudo são importantes porque nos mostram que o cérebro autista é plástico, ou seja, capaz de alterar certas conexões e formar outras novas, em resposta a diferentes experiências ou condições - disse um dos autores do trabalho, o médico Andrew Zimmerman, neuropediatra do Baltimore's Kennedy Krieger Institute.
O estudo foi realizado com 30 autistas entre 2 e 18 anos de idade, observados durante estados febris de, no mínimo, 38 graus de temperatura. Mais de 80% dos autistas avaliados mostraram melhoras de comportamento - 30% com avanços significativos, como maior poder de concentração, melhora na fala e no contato visual, além de mudanças no contexto geral de relacionamento com adultos e crianças.
A equipe de Zimmerman disse que o efeito da febre já vinha sendo percebido anteriormente por pais e médicos. O presidente e chefe executivo da Sociedade de Autismo da América (ASA, em inglês), Lee Grossman, disse que também já havia reparado as alterações em seu próprio filho, hoje com 20 anos. Ele enfatizou que os autores do estudo precisam agora extender as pesquisas a respeito da febre e os efeitos que ela causa.
Zimmerman disse que, enquanto não há um tratamento definitivo para o autismo, terapias para estimular a fala e a comunicação em geral devem ser adotadas imediatamente após a descoberta dos sintomas, o que, segundo ele, "pode fazer uma diferença significativa". O médico classificou a pesquisa a respeito da febre como "um belo caminho na busca de um tratamento a fim de reconectar o cérebro autista". E ressaltou que, antes, os efeitos da febre eram creditados apenas a crianças, cujos cérebros seriam mais plásticos que os de adultos.
Pessoas com espectro autista apresentam, em níveis diferentes, vários sintomas em comum, como interação social limitada e deficiência na fala, entre outros. Cerca de 1,5 milhão de americanos têm alguma forma de autismo, de acordo com a ASA. Segundo a entidade, as causas ainda não seriam conhecidas.
Em Niterói, Região Metropolitana do Rio, um grupo de pais de autistas decidiu fundar a Associação em Defesa do Autista (Adefa) e arregaçar as mangas em busca de informações a respeito de novos tratamentos e maneiras de se lidar com a síndrome, já que, no Brasil, quase não há estudos a respeito. A iniciativa partiu da bióloga Eloah Antunes, mãe de Luan, de 5 anos, que começou a desenvolver sintomas de autismo a partir de dois anos de idade. A busca rendeu frutos. Hoje, Luan se destaca entre os autistas comuns, demonstrando maior capacidade de interação e surpreendendo os próprios médicos.
Fonte: Jornal do Brasil
Esta postagem foi uma colaboração de Breno Matiussi do Portal do Autismo

Como evitar a atitude violenta dos filhos na escola


Mãe de aluno é acusada de agredir professora em escola do DF
O caso foi parar na delegacia de Taguatinga. Segundo a mãe, o aluno teria sido impedido de ir ao banheiro


Na saída dos alunos de uma escola de Taguatinga (DF), na tarde de quarta-feira (8), uma mãe - que pediu para não ser identificada - teria agredido a professora do filho, de cinco anos. A alegação é de que o menino foi impedido de ir ao banheiro.“Ele foi perguntado se queria ir ao banheiro, mas disse que não. Mas ela começou a me insultar, desqualificar, xingar, agredir verbalmente primeiro, antes de partir para a agressão”, conta a professora da escola. A mãe reconhece que falou alto, mas nega que tenha dado um tapa na professora. “Ela chegou se aproximando, colocando o dedo no meu nariz, no meu rosto. Eu a afastei com as mãos, foi quando chegaram as pessoas que estavam nas salas. Só que ela falou que eu tinha agredido ela. Mas eu não agredi”, afirma a mãe. O caso foi parar na delegacia. “Vai ser feito um termo de compromisso contra a mãe, porque a professora é funcionária pública. Ou ainda de desacato ou de injúria desqualificada, já que houve xingamento com agressão física”, explica o delegado Juvenal Junior

Apesar da redução no número de registros de casos de violência nas escolas estaduais de São Paulo (de 4.011 em 2004, para 2.491 em 2007, segundo a Secretaria de Estado da Educação), casos como o descrito acima ainda são frequentes. “A agressividade sempre esteve presente na sociedade, mas acredito que atualmente tem se tornado ainda mais intensa, com o ritmo de vida mais acelerado e estressante, o que consequentemente afeta os alunos também”, diz Maria Cristina Banhara, diretora da rede de educação adventista na zona sul de São Paulo. Para a educadora, uma das soluções para reduzir casos de violência nas escolas é uma parceria de respeito e confiança entre os pais e seus filhos. “É essencial a presença e a qualidade no tempo destinado a nossos filhos. Acredito que os objetivos dos pais e da escola devam ser os mesmos: formar cidadãos felizes, competentes, seguros, que respeitem e sejam respeitados”.
"Vigília e diálogo são ações fundamentais para que os pais possam contribuir no processo de educação, além de dar bons exemplos e fazê-los assumir responsabilidades que estejam de acordo com a faixa etária deles. Dar tarefas que eles não são capazes de cumprir também leva a baixa autoestima e revolta pelo fracasso, desapontamento e cobrança excessiva", afirma Irina Lembo Barriviera, coordenadora pedagógica do Colégio Ranieri, associado ao Sistema de Ensino Pueri Domus.Causas da violência nas escolas
Um estudo realizado, entre 2003 e 2004, por pesquisadores do Núcleo de Estudos da Violência, da Universidade de São Paulo (NEV - USP), aponta que a falta de dados aprofundados e atualizados sobre a violência nas escolas impede um diagnóstico específico sobre as causas que levam a esse tipo de comportamento. O estudo abrange escolas estaduais e municipais das zonas sul e leste de São Paulo. “Identificamos mais casos de pequenas violências, como agressões verbais e desrespeito, e alguns casos um pouco mais isolados de agressões físicas, mas que em geral são causadas por essa falta de respeito dentro das salas de aula”, afirma a pesquisadora Karen Ruotti, do NEV – USP. Ainda segundo Karen, algumas situações de violência nos bairros em que as escolas estão localizadas também acabam transferidas para dentro da escola, como o tráfico de drogas. “Acredito que a criminalização das crianças e adolescentes é um problema muito mais amplo, que não pode ser abordado como culpa apenas do aluno, da escola ou dos pais, mas deve ser tratado como um problema de falta de diálogo”, diz. Karen avalia que é fundamental desenvolver atividades que combatam o preconceito entre os alunos e ensinem o respeito. “As grandes ações de violência começam com discussões que poderiam ser resolvidas de forma mais simples”.
Para Irina, muitos são os fatores que tornam crianças e adolescentes seres estressados e violentos. "Podemos citar principalmente a ausência dos pais, que passam grande parte do dia trabalhando, a falta de limites para compensar essa ausência, materialismo e consumismo exagerado, exemplos e reforços negativos, a mudança de estrutura familiar, além da significativa perda de valores tão necessários para o convívio saudável em sociedade, como o respeito", diz.
saiba mais

Como os pais devem agir
Para ajudar no combate à violência nas escolas, a pesquisadora Karen orienta que é necessário incluir os pais em todo o processo educacional. “Chamar os pais na escola apenas para reclamar das atitudes dos filhos não funciona. O ideal seria que os pais participassem do dia-a-dia na escola, em ações conjuntas com professores, e com projetos que estimulem a quebra do ciclo de violência e relações mais respeitosas”, diz.
Pais que já tiveram que lidar com filhos que agrediram colegas, segundo Irina, costumam agir de três formas: "Há pais que não aprovam a conduta da escola e passam a mão na cabeça do filho, nesse caso, a escola precisa trabalhar não só com os alunos, mas tentar trazer os pais para o seu lado; já outros pais apoiam a escola, o que facilita nosso trabalho; alguns pais não concordam com a escola de imediato, mas autorizam uma intervenção", diz.
"Não temos nenhum programa específico ou receita para evitar esse tipo de comportamento. Há necessidade de estarmos atentos e de conhecermos individualmente cada aluno, unindo-se com os pais e procurando agir com cautela para não aumentarmos o problema. Após esse cuidado, é necessário desenvolver um projeto que envolva escola, pais e muitas vezes, a comunidade para atingir os objetivos. Querer solucionar esse problema sozinho é praticamente impossível".

Participação da escola
Para tentar amenizar a incidência de casos de violência na rede pública de São Paulo, a Secretaria de Estado da Educação adotou um pacote de segurança que inclui câmeras de vigilância e intensificação da Ronda Escolar. Já as escolas da rede adventista, desde 2007, desenvolvem o projeto “Vivenciando Valores por um Mundo Melhor”, desenvolvido em todas as unidades.
“Trabalhamos mensalmente, de maneira teórica e prática, qualidades que envolvem princípios de vida. Além do apoio pedagógico, contamos também com Serviço de Orientação Educacional, composto por psicólogos e orientadores pedagógicos, e Pastoral Estudantil, que dão suporte e fazem a transversalidade do projeto", diz a diretora da rede.
Fonte: G1


quinta-feira, 9 de abril de 2009

Carinho pode aliviar a dor

Terminações nervosas respondem a toque carinhoso

Um toque carinhoso pode ajudar a aliviar a dor, ajudar crianças em seu desenvolvimento e auxiliar em tratamentos para depressão, segundo uma pesquisa apresentada nesta semana no Festival de Ciências da Associação Britânica para o Avanço da Ciência, em Liverpool.
Segundo o neurocientista Francis McGlone, da Universidade de Liverpool, um sistema de fibras nervosas presentes na pele responde a toques carinhosos, do mesmo modo que os receptores de dor, e quando estimulado, pode, inclusive, diminuir a atividade nos nervos que transportam a sensação de dor.
Segundo a pesquisa, assim como com a dor, algumas partes do corpo são mais sensíveis ao toque do que outras, e a sensação de prazer proporcionada é diferente da obtida quando o carinho é aplicado a áreas sexuais.
Essas fibras levariam o sinal de prazer para a região do cérebro responsável por “recompensas”, e explicaria ainda por que as pessoas gostam de passar cremes, escovar os cabelos e até porque um abraço, ou mesmo a mão no ombro podem ser mais eficientes, no alívio da dor, do que palavras.
Para isolar os nervos responsáveis pelo prazer, os cientistas construíram um “estimulador de tato rotativo” – uma máquina de acariciar voluntários.“Nós construímos um equipamento muito sofisticado, então, o estímulo (do tato) pode ser repetido bastante”, disse McGone.“Nós acariciamos a pele (do antebraço, da canela e do rosto) com um pincel em diferentes velocidades e depois pedimos aos voluntários que dissessem o quanto gostaram de cada movimento.”Ele também inseriu microeletrodos nos nervos da pele, para registrar os sinais nervosos enviados da pele para o cérebro.
Os cientistas concluíram que o carinho apontado como o mais prazeroso era também o que provocava maior resposta nervosa.
Nova dimensão
Os cientistas afirmam que as únicas regiões que não contam com essas fibras são as a palma da mão e a sola do pé, caso contrário, seria difícil o uso de ferramentas, ou mesmo uma caminhada.
A sensação de prazer acrescenta uma quarta dimensão aos sentidos clássicos atribuídos à pele, que incluem o toque, a sensação de temperatura (frio ou quente) e a dor/coceira.
A equipe agora quer estudar uma série de condições clínicas, como depressão e autismo, que sabidamente têm ligações com o tato – a maioria das crianças autistas não gosta de ser abraçada ou acariciada, e muitos pacientes de depressão demonstram sinais claros de falta de cuidado com o corpo.
Os cientistas acreditam até que a depressão possa ter origem em carência de cuidado maternal e experiências ainda na infância de falta de carinho físico e sugerem que o carinho pode ser usado para tratar dores crônicas.

Fonte: BBC Brasil

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Uma em cada quatro adolescentes tem HPV

Uma em cada quatro adolescentes sexualmente ativas já possui HPV (Papilomavírus humano). Isso é o que revelou um estudo de cinco anos realizado pela ginecologista Denise Monteiro, que acompanhou 403 adolescentes enquanto elas estavam iniciando a atividade sexual. A constatação é muito preocupante, visto que o HPV pode provocar câncer de colo de útero. Esse é o segundo tipo de tumor mais comum em mulheres — foram registrados 510 mil casos no Brasil em 2008, segundo o Instituto Nacional do Câncer.

Diário de São Paulo

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Como evitar o sequestro de crianças

PREVENÇÃO DE ACIDENTES E VIOLÊNCIA NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA
Promoção Sociedade Brasileira de Pediatria
Apoio: UNICEF
Organização – Diretoria de Promoção Social e Direitos da Criança/ Departamento Científico de Segurança da Criança e do Adolescente (DCSCA).

Seja “esperto” e evite acidentes, entre os quais o desaparecimento de crianças, observando alguns lembretes para você e seu filho:

1. Evite aceitar balas e refrigerantes de estranhos.
2. Saiba de cor o seu nome inteiro e nome completo e endereço/ telefone de sua casa.
3. Faça carteira de identidade de seu filho, caso não a possua. Ela será sempre útil em viagens, associado a “pulseira” de identificação.
4. Ao ir para escola não peça carona ou aceite convites de estranhos para qualquer programa.
5. Brinque com segurança – Ao brincar em casa feche o portão e brincando perto de casa tenha a companhia de adulto conhecido.
6. Tenha fácil acesso a telefones úteis de sua cidade como – Polícia 190.
7. SOS criança – Movimento Nacional em defesa da criança desaparecida (41) 324-1992. wwdcd.hpg.ig.com.br.
8. Criar um sistema de comunicação com os pais. Pode ser por pager, celular ou até frases em códigos.
9. Evitar dar informações para estranhos sobre patrimônio dos pais e parentes. Também fugir de perguntas do gênero 'onde você mora?'.
10. Preferir andar em grupos.
11. Ficar atento ao que acontece a seu redor. Observar o comportamento de pessoas que estão por perto.
12. Entender que segurança não ameaça a independência.

Fonte: Departamento Científico de Segurança da Criança e do Adolescente



Hanseníase: uma doença milenar ameaça novas gerações

Ela age em silêncio. Atinge o corpo, fere a carne e marca a alma. Nasce na falta de informação e de saúde básica. Multiplica-se na miséria. Alimenta-se da vida que rouba, aos poucos, de suas vítimas. Atinge adultos e, cada vez mais, jovens e crianças. Esconde-se na vergonha e no preconceito. Ela é uma doença e também um nome. Palavra, carregada de estigmas, que corta como navalha. Mas é preciso lutar contra ela. Informar e desmistificar. Tirar os doentes do escuro dos seus quartos. Contar suas histórias. Ir além das estatísticas que, por sinal, são muito ruins. Dizer seu nome com coragem e sem preconceito: hanseníase.

Reportagem de
Marcionila Teixeira e Silvia Bessa
com fotos de Alcione Ferreira e vídeos de Silvia Bessa
Diário de Pernambuco
A doença mais antiga da humanidade ameaça uma nova geração de crianças e jovens brasileiros. Traiçoeira, chega sem alardear. Instala-se no corpo com lentidão. Atinge a pele e os nervos. Pode deixar fortes seqüelas físicas e emocionais. O perigo tem nome bíblico: lepra. Ou Mal de Hansen ou hanseníase, como é definida no país desde 1976. A hansen é um grave problema de saúde pública. Uma endemia que parece invisível e sem controle. Em 2006, 46 mil pessoas foram contaminadas por ela - cerca de 4 mil com idade inferior a 15 anos. Quatro mil notificados; outros milhares ignorados. Já existe tratamento e cura para a hanseníase; para o preconceito contra ela, não.
O Brasil ocupa o segundo lugar no ranking geral de casos descobertos anualmente - uma média de 49 mil na última década. Só perde para a Índia, país asiático com densidade populacional 15 vezes maior e duas vezes mais pobre. E até a Índia cumpriu a meta definida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para a eliminação da hanseníase. Das 193 nações do globo, apenas quatro não reduziram as taxas à média aceitável de um caso a cada 10 mil habitantes - Brasil, Nepal, Moçambique e Congo. A posição do país deve ser motivo de vergonha. Não dos vitimados. Dos governantes. Presidentes, governadores e prefeitos das últimas cinco décadas.
A Bíblia revela que, antes de Cristo, a hanseníase já era considerada uma praga. Os doentes eram isolados, as roupas queimadas e eles rotulados de “imundos”. O temor de pegar a lepra, como era chamada na época, era ainda maior do que nos dias de hoje.
O psicólogo Lindomar Lopes, que atua há 13 anos no Hospital Colônia Santa Marta, em Goiás, no Centro-Oeste, acredita que o preconceito contra o mal já faz parte do inconsciente coletivo. “Tem relação com o processo histórico da doença, com a memória de um passado que remete a 600 anos Antes de Cristo. Quem tem a hansen já se coloca num quadro diferenciado”, justifica.
O coordenador nacional do Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan), Artur Moreira, critica a falta de campanhas nacionais, com veiculação na TV, promovidas pelo Governo Federal. Na opinião de Arthur, isso dificulta a compreensão e a cura do mal e ainda promove o preconceito.“O preconceito não é somente falta de informação sobre algo. Também está ligado às informações erradas. O combate à doença precisa de um esforço maior não só no número de informações, mas na qualidade educativa delas. É preciso haver prioridade”, defende.
O Telehansen, que responde dúvidas através do número 0800262001, foi criado na década de 90 e calcula-se que receba cerca de 11 mil ligações por ano. A maioria delas trata de denúncias de discriminação e maltratos. Muitos pedem orientação jurídica”.

Tira-dúvidas



O que é hanseníase?

É uma doença infecto-contagiosa. Tem evolução lenta e só ataca seres humanos.

Quais os sintomas da doença?

Os sinais e sintomas aparecem através de lesões na pele e nos nervos periféricos, principalmente olhos, mãos e pés. Mas a doença também pode afetar a mucosa nasal, o fígado e os testículos. Não atinge o cérebro e a medula espinhal (leia mais sintomas ao lado).

O que causa a doença?

É causada por um tipo de micróbio, chamado bacilo Mycobacterium leprae ou bacilo de hansen.

Como se pega hanseníase?

Somente por meio de uma pessoa infectada com a forma contagiante (chamada multibacilar) que não esteja em tratamento. A infecção só acontece com o contato longo e íntimo. O bacilo é transmitido pelas vias respiratórias (fluidos nasais ou da boca). Aparece de dois a sete anos depois do contato com o doente, em média.

Pode se pegar hansen com um aperto de mão?

Não. A doença não se pega com aperto de mão nem com um abraço. Somente pelas vias aéreas, como nariz e boca.

O doente deve ser isolado dos familiares para evitar o contágio?

Não.

O doente de hansen deixa de contaminar as pessoas assim que inicia o tratamento.Os objetos do paciente devem ser separados?

Não. A transmissão acaba com o início do tratamento. Ou seja, pode-se compartilhar com a família o uso de utensílios, como copos, talheres ou pratos.

O paciente deve ser afastado do trabalho?Não.

Independente da forma clínica apresentada, o doente em tratamento deve ser mantido no trabalho. Isso porque, fazendo o tratamento regularmente, ele deixa de ser transmissor do bacilo.

De que forma posso identificar a doença?

Um caso típico de hanseníase apresenta lesões ou áreas da pele com alteração de sensibilidade, lesões nos nervos e baciloscopia positiva para Mycobacterium leprae. Ela pode se apresentar de quatro formas: indeterminada e tuberculóide (paubacilar, até cinco lesões na pele), virchowiana e dimorfa (multibacilar, mais de cinco lesões na pele).

Todo mundo pode pegar hanseníase?

A contaminação vai depender do sistema imunológico da pessoa. Outros fatores a serem levados em conta são as condições sócio-econômicas desfavoráveis (como a má-alimentação), a falta de acompanhamento médico ou a má-condição de moradia, com alto índice de ocupação.

Um bebê pode nascer com hanseníase?

Não. A doença não é hereditária.

Quais os danos físicos que a doença pode causar?

O tratamento tardio pode provocar dormência, pele seca, fraqueza. O nariz entope, surgem formigamentos nas mãos e pés, ou inchaços nas mãos, pés, rosto e orelhas. Sem sensibilidade, a pele pode sofrer ferimentos ou queimaduras. Há casos em que os homens ficam estéreis. Entre as deformidades estão úlceras, mãos em garra, pé e mão caídos e sem força, atrofias musculares, reabsorção óssea e articulações rígidas.

A hanseníase tem cura?

Sim. As duas formas da hanseníase - a paubacilar e a multibacilar - têm cura. Em 1982, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendou um novo tratamento quimioterápico para a doença: a polioquimioterapia (PQT). A PQT é um tratamento simples, eficaz e barato. É todo custeado pelo governo. Mas se o tratamento acontece tarde, a pessoa pode ter seqüelas, como deformidades, mesmo que a infecção da hansen tenha sido curada.

Quanto tempo demora o tratamento?

As formas paubacilares são cuidadas com o tratamento Poliquimioterápico (PQT) ao longo de seis meses. As formas multibacilares exigem a medicação ao longo de um ano. A PQT é doada para o Brasil pela Organização Mundial de Saúde e deve estar em todos os municípios gratuitamente.

Onde é feito o tratamento?

O tratamento pode ser feito nos postos e centros de saúde e no Programa de Saúde da Família (PSF). O atendimento e o tratamento, incluindo remédios, são gratuitos.

Quem pode tirar dúvidas sobre a doença?

Os agentes de saúde, os enfermeiros e médicos do posto mais próximo. Consulte mais de um profissional, se for preciso.


O Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas por Hanseníase dispõe de informações no site www.morhan.org.br e pode tirar dúvidas pelo telefone 0800262001.


Fonte: Morhan/Hanseníase: Atividade de Controle e Manual de Procedimentos, do Governo do Estado de Pernambuco/Ministério da Saúde



domingo, 5 de abril de 2009

MGF - Mutilação Genital Feminina



Há várias formas de mutilação genital feminina. Pode ser uma circuncisão primária para meninas jovens, normalmente entre 5 e 12 anos de idade, ou uma circuncisão secundária, por exemplo, depois do parto. A extensão de uma circuncisão primária pode variar de uma incisão no prepúcio do clitóris até uma circuncisão com remoção do clitóris e dos pequenos lábios ou sutura dos grandes lábios, de forma que só reste uma abertura mínima para escoar urina e sangue menstrual.
Existe uma tendência a associar esta prática com o Islamismo, porém, nenhuma das principais religiões faz referência explícita a circuncisão feminina nem apoia esta prática.
A Organização Mundial de Saúde – OMS – e outros institutos e organizações internacionais alertaram em 2006, para o fato de que de 100 a 140 milhões de meninas e mulheres em todo o mundo já haviam sido submetidas à chamada mutilação genital, e mais 2 milhões 'corriam o risco' de passar por esse procedimento a cada ano.
Na época, a remoção do clitóris era comum em 28 países da África, além de regiões do Oriente Médio e da Ásia. No site da OMS encontra-se algumas explicações sobre as razões que motivam a mutilação genital: serviria para garantir a virgindade das mulheres até o casamento e assim valorizá-las; as partes sexuais seriam removidas por razões de assepsia, ou ainda para diminuir o desejo sexual feminino - o que manteria as mulheres fiéis no casamento. Motivos religiosos são também brevemente citados.
Os grupos de combate a essa prática enumeram as complicações graves para a saúde e o psicológico das mulheres. Existem vários riscos, inclusive o de morte e o da transmissão da Aids. Para muitas, a dor nunca passa. A menstruação e o parto ficam ameaçados, as relações sexuais tornam-se dolorosas e o prazer sexual da mulher é tolhido. Infecções e todo tipo de problema na saúde sexual feminina estão relacionados à brutalidade da excisão, feita na maioria das vezes com instrumentos não-esterilizados e usados em várias meninas numa mesma ocasião, e sem anestesia.
No entanto, o tratamento dado a práticas comuns a certas sociedades, e que são repudiadas pelo ocidente, levanta alguns questionamentos. A mutilação genital é um processo de origem cultural, religiosa e social, intrínseco a sociedades africanas, asiáticas e do Oriente Médio, e muitas vezes desejado pelas mulheres que são motivadas a se submeter à operação por várias razões estranhas à compreensão das sociedades ocidentais.
A também chamada excisão é para muitas mulheres um rito de passagem, algo importante para as meninas das comunidades em que é praticada. As próprias mulheres acreditam nisso, por vezes discriminando aquelas que não passaram pela mutilação. A Care, organização sediada nos Estados Unidos com o objetivo de defender os direitos humanos especialmente femininos e que tem uma campanha exclusiva para o combate à mutilação genital feminina , conta em seu site que uma das entrevistadas, no Sudão, disse que a comida feita por uma mulher que não houvesse sofrido a mutilação era suja.
No Quênia, a organização observou preconceito religioso: havia pessoas dizendo que mulheres que não passaram pela excisão não podiam ser muçulmanas – costuma-se associar a prática à devoção ao islamismo. Muito poucas pessoas, especialmente entre os homens, sabiam das conseqüências da mutilação genital para a saúde, relata a ONG.
Segundo a Care, não há muita opção para as mulheres que vivem nas comunidades em que é comum a mutilação genital. As meninas que decidem não se submeter à prática, mas continuam vivendo no mesmo grupo, enfrentam problemas de socialização, são hostilizadas e excluídas. Por isso a organização se propõe, inclusive, a dar apoio e proteção às famílias que se recusam a submeter suas meninas e mulheres à prática.
A Care afirma, no entanto, que não é comum às mulheres que vivem nessas comunidades não desejarem se submeter à prática por livre e espontânea vontade. Freqüentemente não existe uma associação forte na cabeça das pessoas com as conseqüências da prática. E, nos lugares onde a excisão é universal, não há outros pontos de referência, muitas vezes. Todas as meninas e mulheres são iguais nesse ponto, explica Susan Igras, especialista do Núcleo de Saúde Sexual e Reprodutiva da Care. As pessoas que praticam a circuncisão valorizam muito os significados positivos relacionados a ela, complementa.

Segundo a antropóloga Elielma Machado, da PUC-Rio, em primeiro lugar as organizações que pretendem combater a prática precisam ter cuidado durante o trabalho de coleta de informações a respeito da mutilação genital nas comunidades. Para que ocorra a mudança de idéia com relação à prática da chamada mutilação genital feminina é fundamental que haja a vontade de mudar de pelo menos algumas pessoas que vivem ou tenham vivido nas sociedades, que sabem – reconheçam - os símbolos e significados subjacentes à prática. Caso contrário a intervenção externa não se justifica, complementa a antropóloga.
Ainda segundo Elielma, como muitas ações ocidentais sobre grupos africanos e asiáticos têm historicamente como pano de fundo um movimento de dominação, essas sociedades podem vir a reagir da maneira avessa ao que se espera, endossando ainda mais a prática como forma de reagir à dominação. Manter a prática adquire ainda mais importância, torna-se uma forma de resistência à dominação. Ou seja, o que você chama de sacrifício e dor tem outro significado, (…) 'fortes dores e riscos de saúde' seriam formas de demonstração de pertencimento ao grupo, sociedade e cultura, explica.
A Care explica que expõe os problemas originados da mutilação às comunidades, mas deixa as decisões nas mãos de seus membros, restringindo-se a apresentar-lhes fatores que os estimulem a refletir a respeito da prática.

Questão de direitos humanos: a tradição X a lei
Uma outra questão de destaque entre os assuntos relacionados à mutilação genital refere-se ao poder de escolha. Uma mulher adulta pode optar pela mutilação, sabendo de sua função cultural, social e religiosa e até de suas conseqüências e do risco de morte, mas uma criança não tem esse discernimento.
Helen Negrão acredita que talvez se deva fazer uma separação entre as mulheres adultas que optam pela mutilação por questões diversas e as meninas, que são submetidas à prática ainda crianças. Para fundamentar essa reflexão, ela cita um trecho da publicação da Anistia Internacional Mulheres e direitos humanos, trabalho coordenado por Helder Vieira dos Santos que data de 1995. Enquanto uma mulher adulta é suficientemente livre para se submeter a um ritual ou tradição, uma criança não tem qualquer opinião formada e não consente, mas é simplesmente submetida à operação enquanto está totalmente vulnerável (…) as descrições disponíveis sobre a reação das crianças indicam uma prática comparável à tortura, relata o texto.
Além de já existir legislação contra a prática nos EUA, a Convenção sobre os Direitos da Criança, assinada em Setembro de 1990, a considera um ato de tortura e abuso sexual.
Na Grã-Bretanha, há um esforço grande em direção a dar fim à prática da mutilação genital, realizada dentro do território inglês por imigrantes ou até mesmo no exterior, para onde meninas são enviadas para fazer a remoção. Ambas as atitudes são proibidas desde 2004, de acordo com lei editada pelo governo britânico.
O hospital Saint Thomas, no centro de Londres, realiza por ano em torno de 200 operações de reversão, restaurando a abertura natural da vagina de mulheres que sofreram mutilação genital. A operação é necessária quando a mulher sofreu o tipo mais grave de circuncisão, o tipo 3, que consiste na retirada de dois terços dos genitais. A vagina é costurada, restando apenas uma pequena abertura.
O ginecologista somaliano Abdulcadir Omar Hussein, que vive em Londres, apesar de declarar ser contra a mutilação genital sugere que, se for para ser feita, ao menos seja realizada de uma forma menos violenta à saúde da mulher, com uma cirurgia menos bruta.
Mutilação genital é comum em meninas curdas
30/12/2008 Costuma-se pensar na região curda, no norte do Iraque, como mais progressiva do que outras. Mas é lá que há um dos maiores índices de mutilação genital feminina. A maioria não sabe porque segue o ritual, que é extremamente doloroso e com risco de infecção. Além disso, a mulher, durante toda a sua vida, terá dores fortes toda vez que tiver uma relação sexual. Perguntada por que submetera sua filha a isso uma mãe respondeu, orgulhosa: "É ordem do Profeta."
Em nossa opinião, na verdade essa prática tem a ver com assegurar a virgindade das moças solteiras e a fidelidade das casadas. Como cada relação sexual é uma verdadeira tortura, os maridos podem ter certeza que suas esposas serão fiéis.
Conseguir-se-á eliminar a MGF no espaço de uma geração?
Espera-se que, com a ajuda de toda a sociedade (comunidades atingidas e não só), mulheres e homens, a resposta venha a ser positiva. Os números divulgados pela OMS são brutais: existem entre 120 a 140 milhões de excisadas em todo o mundo; na África o número é de 92 milhões de meninas e mulheres com 10 anos e mais; existem todos os dias cerca de três milhões de meninas em risco.

Fonte: Pesquisa Google
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