sábado, 7 de julho de 2012

Como o goleiro Bruno atraiu Eliza Samudio para a morte


Informações inéditas obtidas por VEJA desvendam a trama montada pelo ex-jogador e seus comparsas para eliminar a amante

Nunca houve dúvida de que Eliza Samudio, a jovem que teve um filho com o goleiro Bruno Fernandes, foi vítima de um enredo de barbáries que culminou em sua morte, em 10 de junho de 2010, na casa de um matador contratado pelos comparsas do então ídolo do Flamengo. Mas faltavam peças essenciais da trama, que a Polícia Civil de Minas Gerais desvendou em um inquérito de 8 500 páginas a que VEJA teve acesso. É revelador. Ali estão detalhes técnicos, científicos e testemunhais que mostram a articulação de Bruno e seu bando para atrair, sequestrar, matar e dar sumiço ao corpo da incômoda amante.

Agora está claro que a caçada a Eliza foi planejada. Ela durou pelo menos cinco meses. “Espantam a frieza e a determinação do grupo para eliminar essa moça”, diz a delegada Alessandra Wilke, à frente da investigação. Paralelamente, VEJA obteve uma série de novas evidências, exclusivas, que contribuem para fechar ainda mais o anel em torno dos responsáveis. Em Minas, conversou com o homem que apresentou Bruno e seu séquito ao matador, o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, conhecido como Bola. Ouviu ainda de pessoas próximas ao grupo do goleiro que Eliza tinha em seu poder um vídeo comprometedor que ameaçava divulgar e que teria efeito devastador sobre a reputação de Bruno. E obteve uma carta, interceptada por um agente penitenciário, em que o goleiro escreve – de sua cela no presídio de Nelson Hungria, na Grande Belo Horizonte, no qual completa neste dia 7 de julho dois anos de permanência – o que nunca falou.

Endereçada a seu fiel escudeiro Luiz Henrique Romão, o Macarrão (“meu querido irmão”), a carta revela o mesmo Bruno que negava ter estado com Eliza na ocasião de seu sumiço pedindo ao amigo que assuma toda a responsabilidade em seu lugar. É o que chama de “plano B” – o A era simplesmente negar o óbvio, a existência do crime, o que ele próprio já não acha viável, “diante das investigações”. “Eu sinceramente nunca pediria isso para você, mas hoje não temos que pensar em nós somente. Temos uma grande responsabilidade que são nossas crianças”, diz o goleiro. “Você me disse que se precisasse você ficaria aqui e que era para eu nunca te abandonar. Então, irmão, chegou a hora”, acrescenta. E pede perdão – três vezes. Encerra a carta que Macarrão jamais recebeu com a assinatura (comprovada por dois peritos) que, por quase quatro anos, estampou o uniforme de jogador número 1 do Flamengo. Lançar a culpa em Macarrão e alegar que não sabia de nada é a estratégia atual de Bruno para se livrar das acusações de sequestro e assassinato que pesam sobre ele. O advogado do goleiro confirma a tática: “Falei com ele: não adianta ficar negando que essa jovem morreu. Todos têm culpa nesse caso, menos o Bruno, que é inocente, o bobo da corte. O problema dele foi ter o Macarrão como secretário”, diz Rui Pimenta, renomado criminalista de Minas Gerais. Macarrão ainda não se pronunciou sobre esse assunto. As informações que agora vêm à tona, no entanto, não deixam dúvida sobre o papel do goleiro nesse enredo de brutalidades no qual esteve presente do começo ao fim.

A memória do computador apreendido no apartamento da Zona Leste de São Paulo onde Eliza estava morando nos meses que antecederam sua morte é decisiva para destrinchar a teia criminosa. Entre 9 de novembro de 2009 e 7 de maio de 2010 – 35 dias antes de morrer –, ela trocou centenas de mensagens por MSN com amigos. O caso de Eliza com Bruno (que era casado e tinha noiva e uma amante fixa) veio à tona em outubro de 2009, quando ele e Macarrão a procuraram, espancaram, encostaram uma arma em sua cabeça e lhe deram à força um abortivo que não funcionou. Grávida de um filho que dizia ser do goleiro, Eliza denunciou a agressão e, com medo da reação de Bruno, refugiou-se na casa de amigos, sem revelar seu paradeiro. O temor de ser encontrada fica evidente nas conversas, nas quais ela insiste que “Bruno é maluco” e que à “terra do Bruno vou só com passagem de ida. Vão me matar lá”. A partir de janeiro de 2010, um mês antes de o bebê nascer, amigos do goleiro (nunca ele mesmo), sempre por MSN, começaram a pedir a Eliza seu endereço e a tentar atraí-la de volta ao Rio. “O objetivo deles, o tempo todo, era matá-la”, reforça o então diretor do Departamento de Investigações de Minas Gerais, delegado Edson Moreira. Três pessoas ligadas a Bruno e ouvidas por VEJA relatam que Macarrão e outro homem chegaram a ir atrás de Eliza em Santos, pois tinham informações de que ela estaria lá. “O Bruno fala que Macarrão lhe contou que precisava ir a São Paulo para resolver alguns problemas, mas não especificou do que se tratava”, diz o advogado Pimenta. Por fim, Eliza foi vencida pela promessa de um apartamento mobiliado e pela exibição de um contrato em que Bruno se comprometia a fazer exame de DNA e a pagar pensão de 3.500 reais. Chegou ao Rio com o bebê em maio de 2010 e se instalou em um hotel (bancado por Bruno) na Barra da Tijuca, na Zona Oeste, próximo à casa do goleiro. Trazia na manga, ao que tudo indica, uma arma poderosa e um forte motivo para o atleta querer eliminá-la – além do desejo de se livrar de alguém que havia feito dele motivo de chacota entre os colegas de gramado, por tê-lo supostamente engambelado ao engravidar, e que insistia em tirar dele dinheiro e conforto.

Pessoas próximas a Bruno falaram a VEJA sobre a existência de um vídeo gravado por Eliza em seu celular com as cenas de uma orgia envolvendo ela própria, Bruno e Macarrão. Esse celular jamais foi encontrado. A mudança de tom nas mensagens de Eliza pouco antes de chegar ao Rio reforça a suspeita de que ela tinha em seu poder um trunfo que assombrava Bruno: em vez de se sentir ameaçada, agora era ela quem fazia amea-ças (“Não sei o que fazer, viu? Estou me contendo. Vou desestabilizar o Fla”, escreveu ao jogador Rodrigo Alvim, então colega de time de Bruno). No dia 4 de junho de 2010, Eliza e o bebê foram sequestrados na porta do hotel por Macarrão e Jorge Luiz Rosa, primo do goleiro, na época menor de idade. Foi nos depoimentos desse primo que a polícia alinhavou a maior parte do roteiro que se segue. No carro, ferida por coronhadas na cabeça, Eliza foi levada para a casa de Bruno. A portaria do condomínio foi instruída pelo próprio goleiro a não deixar ninguém entrar, com exceção de uma pessoa: Fernanda Gomes de Castro, também sua amante, convocada para cuidar do bebê -- o que reforça a ideia de que os passos seguintes já estavam planejados. Detalhe: VEJA apurou que foi nesse dia, mais precisamente cinco horas antes do sequestro (e não meses antes, como afirmava), que Macarrão fez a famosa tatuagem “Bruno e Ma-ka, a amizade nem mesmo a força do tempo irá destruir, amor verdadeiro”. No dia seguinte, o Flamengo jogou com o Goiás no Maracanã (perdeu de 2 a 1); do vestiário, Bruno ligou quatro vezes para Macarrão, demonstrando estar atento à situação em casa. Duas horas depois do jogo, partiram todos para o sítio do goleiro em Esmeraldas, Minas Gerais – Bruno, o bebê e Fernanda num carro que ele próprio tomou emprestado de um amigo (sem GPS); Macarrão, Jorge Luiz e Eliza, sempre apanhando, no Land Rover do goleiro. No caminho, pararam em um motel, onde se hospedaram em quartos separados. Nos depoimentos, sustentaram a imaginosa versão de que um não sabia da presença do outro, embora Bruno tenha pago a conta inteira: 431 reais.

Nesse ponto, entra em cena a figura-chave que se manteve por todo esse tempo à sombra do enredo: José Lauriano de Assis Filho, o Zezé, então policial na ativa que conhecera Bruno e Macarrão dois anos antes. Foi Zezé quem apresentou ao grupo um matador conhecido na região, o ex-policial Bola -- o que ele admitiu no inquérito e repetiu a VEJA. Justificou-se: o filho de Bola queria ser jogador de futebol. Do motel, Macarrão e Zezé se falaram 23 vezes por telefone; a certa altura, as antenas dos celulares mostram que os dois estavam pertíssimo um do outro e que no quarto 25, de Macarrão, alguém autorizou a entrada de um visitante, que lá permaneceu quarenta minutos. Mas a polícia não conseguiu comprovar um encontro de Zezé com Macarrão ou Bruno. “Eu estava caminhando naquela região”, disse Zezé a VEJA. “Temos a convicção de que ele participou de tudo, mas não conseguimos provar”, diz o delegado Moreira. Os dois grupos seguiram viagem até o sítio do goleiro. Chegando lá, Eliza e o bebê foram trancados num quarto, onde a polícia depois detectou vestígios de sangue no chão. Despreocupado, Bruno organizou um churrasco para cerca de trinta pessoas no quintal do imóvel -- na ocasião os convidados não tinham permissão de entrar na casa, restringindo-se à área do jardim. Nesse churrasco, Cleiton Gonçalves, amigo do goleiro com passagens pela polícia, quis ir ao banheiro, foi impedido e acabou avisado do cativeiro. À polícia, ele disse que percebeu as intenções do grupo e aconselhou o goleiro: “Não mata ela, não”. Ao que Bruno respondeu: “Já fiz m..., agora vou resolver”.

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Veja

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Saiba como funciona o teste de HIV feito em casa

O novo exame de HIV pode ser feito em casa e é muito parecido com um teste de gravidez comum. O kit poderá ser comprado em qualquer farmácia e deve chegar às lojas nos próximos meses. Depois de 20 anos de discussão, um painel de especialistas aprovou o teste no fim de maio. O OraQuick é o primeiro exame desse tipo a ser aprovado no mundo. Ele é feito a partir de uma amostra de saliva. O resultado fica pronto entre 20 e 40 minutos.

Eficácia

Kit vendido em farmácias poderá diagnosticar vírus da Aids em exame caseiro
O teste é eficiente em 90% dos casos, mas em caso de resultado negativo deve ser repetido em três meses para confirmação. Nos Estados Unidos, 1,2 milhão de pessoas estão infectadas pelo HIV, mas 20% delas não sabem que carregam o vírus. O exame deve ajudar a diminuir esse número e contribuir para a redução de novos contágios. Todo ano o país registra 50 mil novos casos.  BBC Brasil

Histórias de Natália e Elize são semelhantes


Marcos Matsunaga conheceu as duas mulheres em sites de acompanhantes e deu presentes iguais, como uma Mitsubishi Pajero TR-4

O surgimento de outra prostituta no enredo do Caso Yoki demonstra um padrão de comportamento por parte da vítima, o empresário Marcos Kitano Matsunaga, assassinado e esquartejado no dia 19 de maio pela mulher, Elize Araújo Matsunaga. A morena foi flagrada nas imagens gravadas por um detetive particular contratado por Elize e teria sido o pivô da discussão que resultou no assassinato de Matsunaga por Elize.

O mais curioso é que, antes de morrer, Marcos parecia reproduzir com a nova amante a mesma história que havia vivido com Elize, quando a conheceu em 2004. Assim como Elize, a cearense de 23 anos identificada apenas como Natália também é garota de programa. E assim como Elize, a morena também foi contatada pelo ex-executivo da Yoki graças a um anúncio no site MClasse, usado por garotas de programa para anunciar seu serviços.

Natália confirmou que o empresário passou a se encontrar frequentemente com ela, oferecendo-lhe, desde fevereiro, uma mesada de 4 000 reais - exatamente como fizera com Elize quando ainda era casado com sua primeira esposa.

De presente, Natália recebeu do amante uma caminhonete Mitsubishi Pajero TR-4 – do mesmo modelo que a de Elize. Há cerca de um mês, a morena acertou com Marcos uma mesada de 27 000 reais para que retirasse as fotos sensuais e o anúncio do site MClass e passasse a sair exclusivamente com ele. Natália disse que chegou a receber a quantia no início de abril.

A história entre Marcos e Natália, no entanto, foi interrompida quando Elize descobriu a traição. De posse das imagens captadas pelo detetive particular, Elize confrontou Marcos e o casal iniciou a discussão que terminou com o assassinato e esquartejamento do empresário.

Veja

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Gripe A já faz 72 mortes nos estados da Região Sul em 2012


As mortes ocorridas este ano na região superam o dobro das ocorrências nos dois anos anteriores somadas

A Secretaria de Saúde de Santa Catarina confirmou na noite de terça-feira (03) a ocorrência de sete novas mortes de pacientes com o vírus Influenza H1N1, o que eleva para 45 o total de mortes registradas este ano no Estado. A faixa etária dos sete pacientes variava de 8 a 72 anos de idade.

Nos três estados da Região Sul, 72 pacientes morreram em 2012. O Paraná registrou 14 mortes. E o Rio Grande do Sul, 13.

O número de mortes ocorridas este ano na região já supera o dobro das ocorrências nos dois anos anteriores somadas. Os três estados registraram 21 óbitos em 2010 e 14 em 2011.

Em 2009, auge da pandemia, a Região Sul registrou 789 mortes causadas pela influenza A (H1N1) - gripe suína. Os dados são do Ministério da Saúde.

O fim da pandemia foi decretado em agosto de 2010 pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O Brasil registrou 2.060 mortes provocadas pela doença em 2009, 113 em 2010 e 27 em 2011.

Os médicos estão orientados a prescrever o medicamento antiviral oseltamivir, conhecido pela marca Tamiflu, a todos pacientes que apresentarem quadro de síndrome gripal, mesmo antes dos resultados de exames ou sinais de agravamento. O medicamento foi disponibilizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para as redes pública e privada.

Os sintomas da síndrome gripal são surgimento simultâneo de febre, tosse ou dor de garganta, somados a dor de cabeça, dores musculares ou nas articulações. Entre as orientações para se prevenir contra a doença estão lavar as mãos várias vezes ao dia, evitar tocar a face com as mãos, proteger a tosse e o espirro com lenço descartável, evitar aglomerações e ambientes fechados.

Em caso de síndrome gripal, a orientação é procurar um serviço de saúde o mais rápido possível. A medicação é mais efetiva nas primeiras 48 horas da doença.

Bem Paraná

Padre é preso em São Paulo suspeito de abusar de jovens


O padre Anderson Risseto, 39, foi preso ontem sob suspeita de abusar sexualmente de seis jovens na mansão onde funcionava uma instituição comandada por ele no Morumbi, na zona oeste paulistana. Ele nega o crime.

O pároco era investigado desde o ano passado, quando o Ministério Público recebeu uma denúncia anônima.

"Um dos jovens disse que era obrigado a manter relações sexuais com ele desde os 11 anos", disse o delegado Paul Verduraz, do 15º DP (Itaim Bibi).

Os jovens, que têm entre 15 e 18 anos, disseram à polícia que o padre promovia festas regadas a álcool e obrigava as vítimas a dormir em sua cama e tomar banho com ele. A investigação foi acompanhada por representantes da Igreja Católica.

Risseto foi preso após ser decretada sua prisão temporária (cinco dias). Policiais acharam material pornográfico no quarto. Abordado por jornalistas, ele não quis dar entrevistas.

À polícia, disse que a denúncia é retaliação de jovens expulsos, e que o material pornográfico era dos internos.

Folha OnLine

Caso Angelina: atraso de laudos trava conclusão de inquérito


Polícia espera enviar documento à Promotoria até o fim do mês

O inquérito sobre a morte de Angelina Filgueiras, irmã da modelo Angela Bismarchi, só deve ser concluído no fim de julho. De acordo com Gabriel Ferrando, titular da Delegacia de Itaipu (81ª DP), houve atraso na conclusão de quatro dos seis laudos (de local, da arma, necropsia, residual de pólvora, corpo de delito e análise de roupas) encomendados. Como os investigadores haviam pedido urgência, a previsão inicial da Polícia Civil era de que todas as etapas da perícia fossem concluídas até 20 dias após o fato, que ocorreu na madrugada do dia 16 de junho.

— Tenho 30 dias para concluir e, se não resolver, posso pedir ao Ministério Público mais 30 dias. Estou esperando apenas os laudos para que possa concluir e enviar ao MP, evitando, assim, uma possível devolução. Acho que até o fim deste mês (julho) conseguimos resolver isso.

Somada à reconstituição, a necropsia, um dos dois laudos já finalizados, ajudou o delegado a concluir que Angelina cometeu suicídio, como havia relatado seu namorado Jolmar Vagner Milato. Segundo Gabriel Ferrando, a comprovação da trajetória descendente que a bala fez ao atravessar o corpo da vítima era a "peça" que faltava. O outro laudo finalizado foi o da perícia de local que, segundo o titular da 81ª DP, não representa grande peso para a investigação.

— A necropsia aponta o tiro encostado no peito e na descendente. Como pode ter sido acidental se o cano está encostado? Ou alguém chegou e atirou, ou foi ela. Mas o que resolve isso é o fato da direção seguida pela bala. Se alguém tivesse atirado, o projétil seguiria linha reta e não descendente.

Mesmo decidido a esperar todos os laudos para fechar o documento e encaminhar ao MP, o delegado está certo de que nenhum resultado o fará mudar de ideia.

— São laudos de acessório, não vão interferir. Qualquer laudo que chegar, não muda o que ocorreu. O caso está solucionado. Além disso, muitos laudos não devem ser conclusivos, pois o corpo foi levado ao hospital e foi manipulado lá. Isso atrapalha qualquer perícia.

Além de concluir o suicídio de Angelina, Gabriel Ferrando indiciou Jolmar Vagner por homicídio doloso, quando há intenção de matar. Ele assumiu que atirou e matou Márcio Luiz Dias da Fonseca, ex-marido de Angelina, que teria provocado toda a tragédia ao invadir a casa dela com arma em punho e a ameaçar de morte.

O delegado explicou que, embora Jolmar possa ter sido ameaçado antes, não cabe à polícia definir os critérios de legítima defesa.

— Legítima defesa é o que chamamos de excludente de ilicitude e isso não é discutido em fase policial, mas sim em âmbito judicial. A fase policial só diz qual foi o crime e como ele ocorreu. O resto é discutido com advogado, promotores, é discutido na Justiça.

Embora tenha indiciado Jolmar, o titular da Delegacia de Itaipu considera que ele é uma das muitas vítimas de uma “tragédia familiar”.

— Nunca vamos saber se o Márcio entrou na casa com a intenção de matar. Sabemos que ele entrou armado e o evento saiu do controle, ao menos é o que tudo leva a crer. Foi, na verdade, uma tragédia. Todos são vítimas, a família da Angelina, a família do Márcio e o próprio Jolmar.

R7

Donos de berçário onde crianças se afogaram prestam depoimento


Polícia Civil ouviu casal por cerca de 3 horas, nesta quarta (4), em Goiânia.
Proprietário disse ter limpado piscina e fechado o portão de acesso ao local.


A Polícia Civil ouviu, nesta quarta-feira (4), o casal de donos do berçário onde duas crianças se afogaram, em Goiânia, na segunda-feira (2). O depoimento dos dois na Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), durou cerca de três horas e, segundo a delegada, o proprietário do local afirmou que ele mesmo fez a última limpeza na piscina e deixou o portão trancado.

Eles chegaram à DPCA às 10h e deixaram a especializada pouco depois das 13h. Segundo a delegada Renata Vieira, o proprietário disse à polícia ter feito a limpeza mais recente na quinta-feira (28). Alegou também que, apesar de ter sido contratada na sexta-feira (29), a funcionária novata passou por treinamento.

Na terça-feira, a delegada ouviu as três funcionárias do berçário que trabalhavam na manhã do acidente: uma monitora veterana, uma monitora novata e uma auxiliar de limpeza da creche.

Após ouvir cinco pessoas, Renata diz ter uma conclusão: "Funcionários e donos foram negligentes". Segundo ela, duas portas e um portão davam acesso à piscina. As três entradas estavam abertas na manhã de segunda.

Questionada se uma das crianças poderia ter aberto o portão da piscina, a delegada afirmou que a trava de segurança fica na parte superior da grade, que é alta para a idade dos bebês, de 1 e 2 anos. "Não existe a menor chance delas terem aberto", assegurou.

Queda
A delegada também alega que as duas crianças caíram na piscina ao mesmo tempo, diferente da versão apresentada pelas monitoras. Uma das funcionárias afirma que deu falta de uma das crianças e a encontrou caída na piscina. Ao socorrê-la, no momento de desespero, deixou o acesso à área de lazer aberto. O menino de 2 anos teria se afogado nesse momento.

Segundo Renata, a cuidadora que socorreu a bebê de 1 ano afirmou em depoimento ter ido à piscina porque viu um pano na borda. Mas o pano pertence ao menino de 2 anos.

Para a delegada, apesar de uma das cuidadoras ter afirmado que o garoto estava em uma sala, era impossível ele ter ido até a piscina após a queda da menina, pois precisaria ter passado pelo corredor onde as monitoras prestavam os primeiros socorros ao bebê de um ano.

Em depoimento, a monitora veterana relatou que teria resgatado a menina e, logo em seguida, elas ficaram no corredor de passagem para a piscina. "Isso nos leva a crer que o garoto já estava dentro d’água e, por isso, o estado de saúde dele atualmente é mais grave”, explica a delegada.

Ela ainda conta que a auxiliar de limpeza, que tinha saído para buscar açúcar em uma escola ao lado, foi quem percebeu a ausência do menino. “Curiosamente, ela foi quem sentiu a falta do garoto, pois, as duas monitoras alegaram que cuidavam das mochilas das crianças e dos bebês que estavam nos carrinhos”, declarou Renata Vieira.

A delegada acredita que houve negligência em vários sentidos. "Uma das monitoras chegou a falar em depoimento que o portão da piscina já teria ficado aberto outras vezes. Entretanto, nenhuma das três disse quem teria deixado a porta da cozinha [que dá acesso à área de lazer] aberta. Além disso, queremos ouvir do proprietário da creche se a monitora que estava trabalhando pela primeira vez não recebeu nenhum tipo de orientação adequada”, pontuou Renata Vieira.

O dono do berçário presta depoimento nesta quarta-feira (4). As investigações são preliminares, já que não há inquérito aberto, visto que nenhum dos pais registraram ocorrência ou fizeram denúncia. Pessoas envolvidas no resgate das crianças também serão ouvidas.

Afogamento
Na manhã de segunda-feira (2), duas crianças, um garoto de 2 anos e uma menina de 1 ano e 9 meses, se afogaram na piscina de um berçário. Elas foram socorridas pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e levados para o Hospital Materno Infantil.

Posteriormente, a menina foi transferida para o Hospital da Criança e o menino para o Instituto Goiano de Pediatria (Igope). Apesar do estado parcialmente grave, ela já respira sem ajuda de aparelhos.O quadro do menino também evoluiu. De acordo com o pediatra Henrique Gomide, do Igope, onde a criança está internada, o quadro passou de gravíssimo, na segunda, para grave, na terça-feira.

G1

terça-feira, 3 de julho de 2012

Menina de 13 anos denuncia técnico em raio X por abuso sexual em hospital público na zona norte do Rio


Por falta de provas, suspeito vai responder em liberdade por estupro de vulnerável

Com sintomas de conjuntivite, uma adolescente de 13 anos foi ao Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha, zona norte do Rio, para tirar um raio X da face. Após esperar quatro horas na fila, a jovem recebeu a autorização para entrar na sala de exame, mas a madrasta, que a acompanhava, foi orientada a permanecer do lado de fora. Lá dentro, segundo a moça, o técnico em radiologia teria passado a mão nas partes íntimas dela.

A polícia foi chamada e o caso foi parar na delegacia da Penha, onde o suspeito prestou depoimento por cerca de cinco horas durante a madrugada desta terça-feira (3). Ele negou todas as acusações. Um exame de corpo de delito foi feito e nada ficou comprovado, já que a menina disse que foi apenas levemente tocada.

Por falta de provas, o técnico vai responder em liberdade por estupro de vulnerável. O delegado abriu um inquérito e agora procura outras possíveis vítimas do suspeito. Veja na reportagem o relato da jovem sobre o episódio.

R7

domingo, 1 de julho de 2012

Evoluções na odontologia estão cada vez mais acessíveis, mas ainda há restrições

Elaine Anele escolheu o aparelho invisível depois de descobrir que as dores no maxilar tinham solução apenas com tratamento ortodôntico
Foto: Tadeu Vilani / Agencia RBS



Tratamento completo para deixar os dentes mais bonitos pode custar até R$ 30 mil

A desigualdade brasileira se vê nos dentes. E não é metáfora. Para uma minoria, os melhores tratamentos e o sorriso mais branco. Para o resto, sobram dados: quase 35 milhões de banguelas — e não é que apareça um ou outro buraco, mas duas arcadas inteiras desertas; 13% dos adolescentes nunca foram ao dentista e 45% da nação sequer usa escova de dente regularmente.

Os dados são do Ministério da Saúde de 2003. O mesmo órgão tenta reverter a situação criando uma política nacional de saúde bucal. Cansada de esperar e com um pouco mais de dinheiro no bolso, a população acaba tendo que optar por consultas particulares ou aderindo a planos privados. Em apenas uma década, os planos exclusivamente odontológicos aumentaram em 419,6%, ultrapassando os 16 milhões de cadastrados.

A acessibilidade também passa pelo número de profissionais, que, só no Rio Grande do Sul, triplicou no mesmo período. Mas a principal razão para barateamento dos serviços, de acordo com Felipe Arcas, consultor da Associação Brasileira de Odontologia (ABO), é que os produtos odontológicos cheguem mais em conta no consultório:

— A própria concorrência da indústria odontológica trouxe os preços mais para baixo. A indústria nacional melhorou muito. Produtos que antes eram importados, caros, difíceis de conseguir, a indústria nacional conseguiu alcançá-los e hoje temos até centros de pesquisa aqui.

Apesar do custo não estar mais tão elevado, ele admite que para procedimentos de estética e outros de maior complexidade, a conta ainda pesa. Mas não é por isso que deixa de ser usada. Mais caro que o tradicional, o aparelho invisível vem ganhando adeptos pela discrição. A farmacêutica-bioquímica Elaine Anele escolheu o modelo depois de descobrir com mais de 40 anos que as dores no maxilar tinham solução apenas com tratamento ortodôntico.

— Até agora, ninguém notou que estou usando — comemora a usuária, que já carrega os moldes transparentes há mais de um ano.

O aparelho é móvel, envolve os dentes fazendo pressão para o sentido que se deseja que sejam deslocados e deve ser trocado a cada duas semanas. Para Carlos Alberto Mundstock, ex-diretor da faculdade de odontologia da UFRGS, grande parte dos casos pode ser tratada com essa nova tecnologia.

Sorriso de cinema

Meio ano atrás, Jaqueline da Silva, 47 anos, não ria. Quando a piada era muito engraçada, tapava a boca e gargalhava para dentro. O pudor vinha pela ausência de dentes, que escancaravam a falta de condição da diarista para arrumar o sorriso. E põe condição nisso: R$ 30 mil. Esse era o preço estimado entre exames, aparelho e implantes, de acordo com a avaliação de Luiz Felipe Rodrigues Graziottin, doutor em dentistíca restauradora. Acabou com uma solução mais barata e — aparentemente — parecida: o sorriso de Hollywood, que para arcada superior lhe custou menos de R$ 3,5 mil.

O nome comercial define uma prótese que envolve os dentes, tapando imperfeições. Não trata nenhum problema, apenas esconde os dentes originais com uma espécie de dentadura oca e os fixadores da estrutura são a dentição natural. É feito de uma resina e o molde é personalizado. Para Graziottin, o método pode substituir o uso de porcelana ou implantes. Tudo vai depender das necessidades do paciente. Se por questão financeira ou pessoal (como medo de dentista, por exemplo), a pessoa não quiser uma prática invasiva, pode optar pela novidade. Ou se estiver passando por um tratamento odontológico e durante esse tempo o estético ficar prejudicado, pode recorrer ao sorriso de Hollywood.

Porém o uso contínuo é criticado por Rodrigo Bueno de Moraes, consultor científico da Associação Brasileira de Odontologia:

— Não resolve a situação, é um recurso de transição. Ainda assim, é melhor do que aquelas próteses de grampo metálico, que se ancoravam nos dentes remanescentes, deixando um aspecto feio.

A técnica não é recomendada para quem usa aparelho fixo, tem dentes muito para frente, problemas avançado de infecção de gengiva ou se não tem nenhum dente na boca.

Não é cinema: é dentista

Eles usam óculos 3D e miram em uma tela grande. Mas nessa tecnologia, nada de pipoca. Não é cinema: é dentista. Marcelo Fagundes Munhoz, mestre em microodontologia e presidente da Associação Brasileira de Microscopia Operatória no RS, vê a boca de seus pacientes na televisão com um zoom de três até 40 vezes. O atendido e a assistente acompanham em tempo real o procedimento. A maioria dos dentistas opera a olho nu, apenas por volta de 200 em todo Brasil são vinculados à Associação Brasileira de Microscopia Brasileira e usam microscópio — quando só no Estado se contabilizam mais de 25 mil profissionais.

Ele usa o microscópio para tudo, desde a remoção de tártaro até colocação de implante.

— As vantagens são maior iluminação, ergonomia, comunicação com o paciente e precisão dos resultados. Em muitos casos cirúrgicos, nós temos 95% de previsibilidade de resultados. A ampliação da visão, por sua vez, faz com que a odontologia seja minimamente invasiva, com menor dano ao tecido.

Neste ano, trouxe dos Estados Unidos um equipamento ainda mais potente, com a visão 3D. Foi por causa dessa visualização maior que o procurador da Fazenda Nacional, Marcelo Guimarães da Silva conseguiu dar fim às dores quando mastigava alimentos duros. Ele já havia ido a dois especialistas que não souberam detectar o problema. No consultório de Munhoz, viu — literalmente— que a origem estava em uma rachadura pequena em um dente e pôde tratá-la.

Zero Hora

Impedida de namorar, garota indiana mata pai e irmão envenenados


Menina misturou veneno com comida; pai e irmão morreram enquanto dormiam

Uma garota que vive na vila de Malpur, na Índia, matou o pai, identificado como Shankar Mahto, e o irmão, Vikas Kumar, envenenados após ser impedida de namorar com Vijay Kumar, um jovem indiano.

A polícia local revelou ao jornal The Times of India que a menina, que não foi identificada, estava se relacionando com Kumar, com quem tinha planos de fugir. O casal, porém, foi impedido de fugir e Kumar foi agredido pelos moradores da vila.

De acordo com a polícia, Kumar deu um “pacote de veneno” para a garota e disse para que ela misturasse o veneno com comida. Assim, o pai e o irmão da menina morreriam e “eles poderiam se casar facilmente”.

Kumar revelou à polícia que a menina cozinhou legumes para a família e colocou o veneno na comida. O pai e o irmão da menina morreram enquanto dormiam. A mãe da menina, Sunita Devi, não jantou naquele dia e passa bem.

A garota confessou o crime à polícia e foi presa por homicídio. Kumar também foi fichado na polícia, mas não foi preso. O veneno que restou foi apreendido pelas autoridades.

Segundo o The Times of India, Kumar costumava frequentar a vila visitando parentes, quando conheceu a garota.

R7

Delegado conclui que irmã de Ângela Bismarchi cometeu suicídio


Angelina Filgueiras, irmã da modelo, e o ex-marido morreram baleados.
Namorado de Angelina é o único sobrevivente do crime.


O delegado Gabriel Ferrando de Almeida, titular da 81ª DP (Itaipu), concluiu que a policial federal Angelina Filgueiras, irmã da modelo Ângela Bismarchi, cometeu suicídio. As informações foram confirmadas pela Polícia Civil. O delegado aguarda apenas o resultado de laudos secundários para anexar ao inquérito policial e ser encaminhado ao Ministério Público.

Na sexta-feira (29), a polícia realizou a reconstituição do crime na casa de Angelina, em Piratininga, em Niterói, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro.

Na noite de sexta-feira, 15 de junho, após uma briga na casa de Angelina, ela e o ex-marido, Márcio Luiz Dias Fonseca, morreram baleados. Jolmar Alves Milato, então namorado de Angelina, foi o único sobrevivente da briga.

De acordo com o delegado Gabriel Ferrando, os exames periciais no local, laudo de necropsia, provas testemunhais e reprodução simulada do evento, confirmaram a versão apresentada por Jolmar Vagner de que Angelina Filgueiras cometeu suicídio e que ele matou Márcio, ex-marido de Angelina. Segundo o delegado Jolmar será indiciado pelo crime de homicídio.

Marido de Ângela Bismarchi acompanhou autópsia
O cirurgião plástico Wagner de Moraes, marido da modelo Ângela Bismarchi, afirmou na segunda-feira (18) ter acompanhado a autópsia do corpo da cunhada. Segundo Wagner, o tiro que Angelina levou no peito foi à queima-roupa. Ainda segundo ele, a bala fez uma perfuração no lado direito do peito de Angelina e saiu na parte esquerda das costas.

Wagner de Moraes disse que Márcio Luiz o procurou antes do crime dizendo que queria conversar com ele e que o casal teria tido uma briga no dia anterior, por causa do namoro dela com Jolmar Alves Milato, único sobrevivente do crime ocorrido na casa da policial.

“Fui até a casa dela e depois fui para minha casa. Fui chamado depois da tragédia até a casa de Angelina. Encontrei o Márcio caído no banheiro e a Angelina tinha sido socorrida para o hospital. Perdi dois irmãos: a Angelina e o Márcio”, afirmou Wagner de Matos, que esteve na 81ª DP (Itaipu) na tarde desta segunda-feira (18) para saber se a casa da vítima já está liberada para ser arrumada.

O advogado Ramisés Cesar Duarte Batista, que defende o engenheiro Jolmar Alves Milato, único sobrevivente do crime, disse que ele ficou com hematomas. O advogado confirmou ainda que Jolmar ficou machucado nos olhos, e que uma das vistas ficou inchada e um pouco fechada, por causa dos socos que trocou com Márcio Luiz.

De acordo com o delegado, Jolmar afirmou, em depoimento, que, após a invasão de Márcio à casa de Angelina houve uma briga entre os três. Ainda segundo o depoimento, Angelina acabou conseguindo desarmar o ex-marido.

Após Angelina ter supostamente disparado contra si, Jolmar teria conseguido pegar a arma e atirar contra Márcio, que foi atingido três vezes e morreu na hora. Angelina chegou a ser levada para o hospital, mas já chegou morta.

‘Jolmar está bem abalado’, diz advogado
O engenheiro prestou um novo depoimento na tarde de domingo (17), na Delegacia de Itaipu. Segundo o advogado, Jolmar reafirmou que conseguiu evitar que Angelina se suicidasse dois dias antes do crime. “O Jolmar confirmou que Angelina tentou se suicidar na quarta-feira (13). Ela chegou a cortar os pulsos, mas foi contida por Jolmar”, contou o advogado na época, enfatizando que, em outra ocasião, Angelina já havia ingerido veneno.

G1

Rio é Patrimônio Mundial como paisagem cultural urbana


Cidade é a primeira do mundo a receber o título da Unesco

RIO - O Rio de Janeiro se tornou, neste domingo, Patrimônio Mundial, como paisagem cultural urbana. A cidade foi a primeira do mundo a se candidatar nesta categoria. A candidatura, apresentada em português pela ministra da Cultura, Ana de Hollanda, foi aprovada durante a 36ª Sessão do Comitê do Patrimônio Mundial, que está sendo realizada em São Petersburgo, na Rússia.

A ministra e o presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Luiz Fernando de Almeida, que acompanharam os trabalhos, comemoraram a decisão que resultou na inclusão de mais um bem brasileiro na Lista de Patrimônio Mundial. Em seu discurso após a conquista, Ana de Hollanda disse que ela permitirá ao Brasil construir um novo mapa da herança cultural:

— Diante dessa novidade, e dos desafios que ela representa, gostaríamos de compartilhar nossa alegria com a comunidade internacional. Para nós, no Brasil, esta convenção representa muito para o futuro, mas em termos de paisagens é impossível avançar no estabelecimento de políticas culturais sem entender as relações entre seres humanos e seu ambiente. Essa conquista nos permitirá construir um novo mapa da herança cultural, rompendo com uma visão historicista e substituindo-a por um entendimento mais amplo do mundo.

Ana de Hollanda disse que, agora, o país terá um compromisso internacional com a Unesco.

— Nas apresentações que fizemos, foi lembrado, por exemplo, que a Floresta da Tijuca era antes um cafezal, mas que foi reflorestada. Ou seja, essa preocupação com a natureza é algo a que os próprios moradores da cidade dão grande importância. Só que agora, passamos a ter um compromisso internacional com a Unesco — afirmou a ministra, em entrevista à GloboNews.

Para o presidente do Iphan, preencheu-se uma lacuna na lista do patrimônio mundial:

— Essa conquista representa um reconhecimento muito importante. Se a gente observar que a lista do patrimônio mundial representa o país, então faltava o Rio de Janeiro dentro dessa lista. O Rio representa a imagem mais difundida do patrimônio brasileiro no mundo. Ou seja, foi preenchida uma lacuna da representação do Brasil para fora do país — disse Luiz Fernando de Almeida. — Mas isso coloca um grande desafio para todos nós, que é o de conseguir construir uma política pública que harmonize com as políticas que são de natureza setorial: política de habitação, de meio ambiente etc. Passaremos a pensar numa política transversal que consiga realmente responder aos desafios de fazer a gestão de um território.

Segundo o Iphan, a partir de agora, os locais da cidade valorizados com o título serão alvo de ações integradas visando à preservação da sua paisagem cultural. São eles: o Pão de Açúcar, o Corcovado, a Floresta da Tijuca, o Aterro do Flamengo, o Jardim Botânico, a Praia de Copacabana, e a entrada da Baía de Guanabara. As belezas cariocas incluem o Forte e o Morro do Leme, o Forte de Copacabana e o Arpoador, o Parque do Flamengo e a Enseada de Botafogo.

— Todos os locais mencionados na proposta de candidatura passarão a ser acompanhados pela Unesco e nós vamos apresentar relatórios dos trabalhos que vão sendo feitos. Eles cobram mesmo da gente, esse reconhecimento não é fácil. Mas o compromisso de manter isso é muito importante. E nós vamos honrar esse compromisso com a Unesco — explicou Ana de Hollanda.

A presidente da República, Dilma Rousseff, telefonou na manhã deste domingo ao governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, e ao prefeito Eduardo Paes congratulando-se com a homenagem à cidade. Em nota, a presidente também parabenizou a população do Rio de Janeiro. Para Dilma Rousseff, o título chega "num momento em que o Rio de Janeiro mostra ter competência e capacidade de gestão para sediar importantes eventos nacionais e internacionais, como a Rio+20, realizada há poucos dias, a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016."

Para o governador Sérgio Cabral, a novidade funcionará como uma espécie de selo de qualidade para a cidade.

-Esse diálogo da natureza com o urbano no Rio de Janeiro é único no planeta. E o Rio, desde 2007, vem colecionando conquistas: o Cristo Redentor como uma das 7 maravilhas contemporâneas do mundo, a conquista da Copa do Mundo, da Jornada Mundial da Juventude, dos Jogos Olímpicos e, agora, da Unesco. Acho que esse título agrega muito valor.

O prefeito Eduardo Paes acredita que o título vai ajudar evitar intervenções e destruição da paisagem da cidade.

- Hoje a Unesco fez o que todos nós brasileiros já sabíamos: tombou como patrimônio histórico essa paisagem cultural fantástica do Rio de Janeiro. O Rio é isso, um misto de natureza incrível, ação do homem incomparável, com todos os ícones que foram criados, com aquilo que o Rio tem de melhor, que é o povo carioca. Para ser carioca, basta amar o Rio. Isso gera um sentimento nacional que, agora, é mundial. Tem muita gente que ama essa cidade - declarou.

O secretário municipal de Turismo, Pedro Guimarães, afirmou que a escolha do Rio como Patrimônio Mundial na categoria paisagem cultural urbana foi um reconhecimento merecido:

— A cidade que é um orgulho para seu povo e uma paixão para todo turista que a visita recebe, de forma merecida, o reconhecimento oficial de seu carinhoso apelido de Cidade Maravilhosa — afirmou.

O subsecretário municipal de Patrimônio Cultural, Intervenção Urbana, Arquitetura e Design, Washington Fajardo, disse que a madrugada foi de muita ansiedade e destacou o ineditismo da conquista.- É a primeira vez que uma grande cidade, um grande território urbano, é condecorado com esse título. Antes, eram sítios menores, como o Vale do Loire ou a Sardenha. É um novo paradigma dentro da própria Unesco.

O Iphan trabalhou na candidatura do Rio, em parceria com o governo estadual, a prefeitura do Rio, a Fundação Roberto Marinho e a Associação de Empreendedores Amigos da Unesco. Em setembro de 2009, o Iphan entregou à Unesco o dossiê completo da candidatura, justificando seu valor universal pela interação da sua beleza natural com a intervenção humana.


O conceito de paisagem cultural foi adotado pela Unesco em 1992 e incorporado como uma nova tipologia de reconhecimento dos bens culturais, conforme a Convenção de 1972 que instituiu a Lista do Patrimônio Mundial.

Até o momento, os locais reconhecidos mundialmente como paisagem cultural relacionam-se a áreas rurais, sistemas agrícolas tradicionais, jardins históricos e outros locais de cunho simbólico, religioso e afetivo.

Brasil tem outros 18 bens culturais e naturais

Além da paisagem cultural do Rio, o Brasil tem com outros 18 bens culturais e naturais na lista de 911 bens reconhecidos pela Unesco.

Os bens culturais são: Conjunto Arquitetônico e Urbanístico de Ouro Preto, Minas Gerais (1980); Centro Histórico de Olinda, Pernambuco (1982); Ruínas de São Miguel das Missões, Rio Grande do Sul (1983); Santuário do Bom Jesus de Matosinhos em Congonhas, Minas (1985); Centro Histórico de Salvador, Bahia (1985); Conjunto Urbanístico de Brasília, Distrito Federal (1987); Centro Histórico de São Luís, Maranhão (1997); Centro Histórico de Diamantina, Minas (1999); Centro Histórico de Goiás, Goiás (2001); Praça de São Francisco em São Cristovão, Sergipe (2010).

Já os bens naturais são: Parque Nacional do Iguaçu, Paraná (1986); Costa do Descobrimento, Bahia e Espírito Santo (1997); Parque Nacional Serra da Capivara, Piauí (1998); Reserva Mata Atlântica, São Paulo e Paraná (1999); Parque Nacional do Jaú, Amazonas (2000); Pantanal Mato-grossense, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul (2000); Reservas do Cerrado: Parque Nacional dos Veadeiros e das Emas, Goiás (2001); e Parque Nacional de Fernando de Noronha, Pernambuco (2001).

O comitê da Unesco é composto pelas delegações da Argélia, do Camboja, da Colômbia, Estônia, Etiópia, França, Alemanha, Índia, do Iraque, Japão, da Malásia, do Mali, México, Catar, da Rússia, do Senegal, da Sérvia, África do Sul, Suíça, Tailândia e dos Emirados Árabes Unidos.

O Globo
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