sábado, 25 de maio de 2013

Goleiro Bruno tomou calmantes sem receita, afirmam autoridades


Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) investiga como ele teve acesso aos remédios; hipótese de tentativa de suicídio é apurada

Após boatos de que o goleiro Bruno Fernandes de Souza teria tentado suicídio na penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, na Grande BH, na noite de ontem (22), a Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds), informou que o jogador passou mal ao tomar dois comprimidos de calmante, Clonazepam e Diazepam, sem receita. Bruno sentiu um mal estar na cela e foi socorrido por agentes penitenciários. A informação reforçaria a tese de tentativa de suicídio, já que os dois medicamentos, indicados como sedativo para crises de ansiedade e insônia, poderiam causar a morte do jogador em caso de hiperdosagem.

Ainda segundo o órgão, a penitenciária instaurou um procedimento interno para apurar as circunstâncias em que os medicamentos chegaram ao detento. Depois de ser atendido na enfermaria, o atleta passa bem. Ele foi liberado para tomar banho de sol nesta quinta-feira (23) e voltará a receber visitas no fim de semana, depois de ter tido o direito suspenso após se envolver em uma confusão no presídio.

Procurado, o advogado do jogador, Lúcio Adolfo, alegou que não tem conhecimento de que Bruno faz uso de medicamentos calmantes. Ele reforçou o que já havia relatado mais cedo e contou que o cliente apenas passou mal e se acidentou dentro da cela.

— A informação que a diretoria do presídio me passou é que ele teve um mal estar e machucou a testa, nada demais, sem gravidade, não levou pontos nem nada. Isso é tudo boato. Infelizmente, se o Bruno espirrar, ele vira notícia.

Adolfo ressaltou ainda que em breve o jogador deve voltar a trabalhar no presídio, na fábrica de vassouras.

— Ele já retornou na normalidade da rotina dele, vai poder voltar a trabalhar, está tranquilo.

Histórico

Esta não é a primeira vez que um boato de tentativa de suicídio cerca o goleiro. Em 22 de novembro do ano passado, durante o primeiro julgamento do caso Eliza Samudio, a informação de que o jogador tinha tentado se matar agitou o Fórum Pedro Aleixo, em Contagem, na Grande BH. Com a confusão, os portões do local tiveram que ser fechados até que a informação fosse apurada e a situação normalizada.

O goleiro cumpre pena de 22 anos e três meses de prisão pela morte de Eliza Samudio. Ele foi condenado pelo crime no último mês de março.

R7

Consumidora encontra parte de máquina em suco do McDonald’s


Bebida foi servida no Rio com cano e parafuso plásticos de cerca de 15cm
Doze dias após contato com o SAC, gerente pede desculpas e solicita que cliente leve cano de volta à loja da Rua São José
McDonald’s afirma que já reforçou procedimentos para operação da máquina de sucos

Suco do McDonald’s é vendido com parte de máquina da bebida Foto da consumidora
RIO - Era sexta-feira, 10 de maio. Duas pessoas saíram na hora do almoço para comprar lanches no McDonald’s para toda a equipe. De repente, depois de uns dois goles do suco de laranja, Camila — que prefere não ser identificada pelo sobrenome — nota algo preto boiando na bebida. Abriu a tampa e olhou com mais cuidado: uma peça plástica, tipo um cano, com um parafuso dentro, de cerca de 15 centímetros, disputava espaço dentro do copo plástico transparente com o suco.
— Joguei o suco fora na hora. Havia um cano dentro do copo. Era branco e tinha uma borracha preta. Era uma parte da máquina de suco. Dava para ver. Ele batia no copo. Como o funcionário do McDonald’s não viu? Não percebeu que algo caiu, não sentiu falta do cano? — indaga Camila, que imediatamente tentou contato telefônico com a loja, na Rua São José, no Centro do Rio.


O Globo

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Agressão a crianças em rua movimentada de São Paulo causa revolta


A historiadora Ana Paula Salviatti testemunhou, na tarde da última terça, 21 de maio, a covardia e o descaso de dois homens contra três crianças pobres.

A cena foi vista inicialmente das janelas de um ônibus que transitava pela esquina da Avenida Pedroso de Morais com a Teodoro Sampaio, na zona oeste de São Paulo. Salviatti desceu do coletivo em direção aos agressores. Foi quando um deles agarrou, lançou no meio da rua e xingou uma das crianças.

A discussão estava instalada. Naquele exato momento, tive a plena consciência de que um linchamento público não seria um destino distante das três”, afirma a historiadora no relato ao jornal online do Coletivo Passa Palavra. Os agressores alegavam que as crianças eram bandidas, enquanto a mulher, na tentativa de defender as crianças, rebatia. “Vocês acreditam que pegando uma criança no pescoço no meio da rua, xingando ela, vocês vão incentivar o quê? Essas crianças vão ficar malucas e por muito menos vocês estão cultivando o que assistem na televisão. Eles têm direitos sonegados. Eles têm direito a lazer, cultura e educação, e é tudo o que os três não têm”.

A região onde o caso aconteceu é um dos pontos mais movimentados da cidade. “O que será das três da tarde no Jardim Paulistano ou no Campo Limpo?”, questiona usando exemplos de bairros periféricos.

Leia o relato na íntegra no Passa Palavra. O coletivo é um grupo de orientação anticapitalista, apartidário e independente de poderes políticos e econômicos, formado por colaboradores do Brasil e de Portugal, com a intenção de construir um espaço comunicacional que contribua para a‭ ‬articulação e a‭ ‬unificação prática das lutas sociais.

promenino

Câmara aprova texto-base de projeto que modifica lei de combate às drogas


Proposta prevê medidas como a internação involuntária de dependentes químicos e a ampliação de pena para traficantes

BRASÍLIA — A Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira à noite o texto-base do projeto que altera a Lei de Drogas, permitindo a internação involuntária de dependentes químicos, mas desde que haja autorização da família. Um médico terá que atestar a necessidade de internação. Foi excluído do texto de autoria do deputado Osmar Terra (PMDB-RS) um trecho que permitia a agentes de segurança pública também determinar a internação.

O texto prevê ainda atuação de entidades terapêuticas, mas exige que a internação compulsória só seja feita nos estabelecimentos que prestem atendimento de saúde. Ou seja, aqueles que dão apenas atendimento religioso não podem receber pacientes internados involuntariamente.

O projeto aprovado aumenta de 5 para 8 anos de cadeia a pena mínima para o grande traficante integrante de organização criminosa. A pena máxima continua sendo de 15 anos. O texto não inclui o cadastramento de dependentes, que era previsto no primeiro texto do relator da proposta, o deputado Givaldo Carimbão (PSB-AL). Após a votação de todos os destaques no plenário da Câmara, o texto ainda será remetido ao Senado. Os destaques pedem a retirada de trechos considerados polêmicos do projeto. Foi derrubado, por exemplo, o artigo que determinava a inclusão em rótulo de bebidas alcoólicas de advertência sobre malefícios para a saúde dos consumidores. Foram 169 votos contra a advertência e 149 a favor.

Carimbão incluiu no texto, a pedido do PT, o direito a redução da pena para o traficante de “menor potencial ofensivo” — preso primário, detido com quantidade não tão grande de droga. O substitutivo, porém, não definiu qual quantidade de droga caracteriza esse tipo de traficante. Hoje, ele não tem direito às benesses da progressão de regime.

Vagas de trabalho para ex-usuários

Foi aprovado também um capítulo sobre inserção social do paciente recuperado. A proposta de Carimbão destina para a pessoa que está recebendo atendimento de drogas 3% do total de postos de trabalho em obras públicas que ofereçam mais de 30 vagas. Mas o texto prevê que o usuário deve se manter na abstinência no trabalho. Se tiver alguma recaída, perderá o emprego. O governo é contra estabelecimento desse percentual e o PT apresentou destaque para derrubar o artigo.

— Não tem sentido. Até mesmo a recaída é prevista no tratamento. Não se pode vincular estabilidade no emprego à abstinência de droga ou álcool — disse o deputado Paulo Teixeira (PT-SP).

Segundo Teixeira, o PT era contra o aumento da pena mínima para traficante vinculado a organização criminosa. Ele entende que essa medida pode gerar confusão entre quem é usuário ou traficante. O assunto seria objeto de votação em separado.

— É uma medida que vai gerar confusão. Como definir se um grupo de quatro pessoas é traficante ou não. Pode haver quatro pessoas fumando maconha e acharem que são traficantes. E vai o usuário cumprir pena maior que um homicida.

O debate foi intenso. Autor do projeto, Osmar Terra discordou de Paulo Teixeira e afirmou que o objetivo é reduzir locais de boca de fumo:

— Por mim, todo traficante, pequeno ou grande, tem que ser preso. Sem qualquer regalia.

O texto-base aprovado prevê que pessoas físicas que doarem dinheiro para instituições e organizações que atuem no tratamento de viciados poderão abater até 6% do Imposto de Renda. Mas foi apresentado um destaque para derrubar esse artigo.

Osmar Terra, durante seu discurso em favor do projeto, exibiu um saco pequeno de plástico, cheio até a metade, onde dizia ter a quantidade de crack suficiente para o consumo de cinco dias. Mas o saco continha pedaços de giz.


O plenário da Câmara rejeitou a mudança dos rótulos de bebidas alcoólicas, que deveriam conter advertências sobre o malefício de seu consumo. Porém, foi pedida votação nominal.

Internação compulsória causa polêmica

O projeto substitutivo, do deputado Givaldo Carimbão (PSB-AL) para o projeto do deputado Osmar Terra (PMDB-RS), muda o Sistema Nacional de Políticas sobre Drogas (Sisnad) para definir condições de atendimento aos usuários, diretrizes e formas de financiamento das ações.

Durante a votação, a internação involuntária de usuários de drogas, prevista no projeto, causou polêmica entre deputados. O líder do PSOL, deputado Ivan Valente (SP), disse que a medida é repressora, não vai resolver o problema do consumo e vai incentivar a família a internar antes, em vez de lidar com o problema.

— Avançamos na luta antimanicomial, em que a internação compulsória precede a análise de uma junta médica, e agora qualquer familiar, com dificuldade de lidar com a droga, vai internar involuntariamente um usuário sem saber se isso é eficiente — ironizou ao comparar à prática de manicômios.

Já o autor do projeto, deputado Osmar Terra, disse que o texto mira em usuários que estão nas ruas sem condições de se reabilitar.

— São pessoas que não têm família, dormem nas ruas, perderam tudo e não conseguem trabalhar, vivendo apenas esperando os próximos 15 minutos para usar a droga — disse.

O deputado Sirkis (PV-RJ) criticou o viés repressivo do projeto, que visa a internar usuários:

— A questão das drogas tem de passar da esfera da segurança para a saúde.

Mas o deputado Weliton Prado (PT-MG) disse que o projeto não prevê a internação, mas o acolhimento dos usuários.

O GLOBO

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Tanques antiaéreos são levados para parque do Exército em Deodoro, Rio


Artilharia antimíssel será usada durante a Copa das Confederações.
Blindados, que chegaram no domingo, também estarão à disposição da JMJ


Nove tanques antiaéreos, importados da Alemanhã, chegaram ao Porto do Rio e para ajudar na segurança durante a Copa das Confederações.

Quatro deles saíram da Região Portuária no final da noite de terça-feira (21). Os tanques foram transportados em carretas pela Avenida Brasil e foram levados para o parque de manutenção do Exército, em Deodoro, no Subúrbio do Rio.

Os veículos militares chegaram na cidade na semana passada. Um foi liberado no domingo (19) e os outros quatros serão liberados na noite desta quarta (22). Quando todos chegarem à Deodoro, serão encaminhados à Marambaia, para serem submetidos a testes de tiro.

Os blindados vão ajudar na segurança da Copa das Confederações e estarão à disposição para a Jornada Mundial da Juventude.

Depois dos eventos, os tanques serão transportados para o Rio Grande do Sul.

G1

terça-feira, 21 de maio de 2013

"Me arrependo de ele não ter ficado pior", diz menina de 12 anos que cortou estuprador


A menina de 12 anos que usou um caco de vidro para se livrar de um homem que tentava estuprá-la em Belford Roxo, na Baixada Fluminense, na manhã de quinta-feira (7), disse não se arrepender de ter reagido, por mais que tenha corrido risco. Segundo ela, a única lamentação é por não ter conseguido machucar mais o agressor.
— O meu arrependimento é de ele não ter ficado pior, porque alguém que faz isso é doente.
A mãe da menina teme pela segurança da filha. A família pensa até em tirar a jovem da escola, com medo de que o suspeito tente ir atrás dela quando for solto.

— Nós estamos muito abalados com o que aconteceu. Não sei o que vamos fazer daqui para frente, se tiro ela da escola, se paro de trabalhar para ficar com a minha filha. Tenho medo de deixar ela sozinha e algo de ruim acontecer.

A vítima estava sozinha em casa quando um rapaz de 19 anos tentou estuprá-la. Segundo a mãe da adolescente, que não quis se identificar, a menina aproveitou um momento de distração do criminoso para atacá-lo com um caco de vidro de um copo quebrado. Inicialmente, a informação era de que ela teria usado uma faca para atacar o suspeito.

— Como ele pediu para minha filha tirar a roupa, ela tirou e pediu para ele tirar a dele também. Quando ele se abaixou para tirar a calça, ela aproveitou, quebrou um copo que estava na estante e foi para cima dele. Foi aí que conseguiu fugir e pedir ajuda.

O homem invadiu a casa da garota depois que o pai dela, um guarda municipal, foi trabalhar. Mesmo após a tentativa de abuso sexual, ele se vestiu e saiu tranquilamente da casa, quando foi espancado pelos vizinhos. Logo depois, policiais militares do Batalhão de Belford Roxo (39º BPM) conseguiram resgatar o homem da fúria dos moradores do bairro do Malhapão.


Após ser atendido em um hospital da região, o criminoso foi encaminhado para a Delegacia de Belford Roxo (54ª DP). Já a adolescente, acompanhada do pai, foi levada para o IML (Instituto Médico Legal) de Nova Iguaçu, também na baixada, para fazer exame de corpo de delito. Apesar do que aconteceu, os pais da jovem disseram que a menina aparenta estar bem.

Brasil e Mundo

segunda-feira, 20 de maio de 2013

LEISHMANIOSE



Especialistas de MSF com experiência na África e na Ásia respondem questionamentos sobre a doença


20 de maio de 2013 - Durante o 5º Congresso Mundial de Leishmaniose (Worldleish), realizado em Porto de Galinhas (PE) de 13 a 17 de maio, especialistas do mundo todo estiveram reunidos para a troca de conhecimentos acerca da doença. Dois profissionais da organização humanitária Médicos Sem Fronteiras (MSF) responderam questões sobre a leishmaniose em entrevista exclusiva ao site de MSF-Brasil. O epidemiologista Raman Mahajan atualmente trabalha com MSF na Índia, como responsável pela administração de sistemas de informação de saúde e pelo desenvolvimento de pesquisas operacionais do projeto; e o Dr. Sakib Burza atua em medicina comunitária, e acumula experiência em países como Sudão, Gâmbia, Palestina, Uzbequistão e Afeganistão. Confira abaixo as perguntas e respostas dos dois profissionais:


1. O que é leishmaniose? E o que é a leishmaniose visceral?
Leishmaniose é um grupo de doenças causadas por infecção por um parasita chamado Leishmania. Não é uma bactéria nem um vírus, mas, sim, um protozoário. Há muitas espécies diferentes de parasitas de Leishmaniose e eles causam estes quatro principais tipos da doença:
- Leishmaniose cutânea, que causa úlceras cutâneas, que, normalmente, formam-se em áreas expostas, como a face, os braços ou as pernas. Geralmente, tais úlceras são curadas em poucos meses, mas deixam cicatrizes.
- Leishmaniose cutânea difusa, que causa lesões cutâneas generalizadas e crônicas, semelhantes àquelas encontradas na lepra lepromatosa. O tratamento é difícil.
- Leishmaniose mucocutânea, que, além de afetar a pele, podem destruir, parcial ou integralmente, as membranas mucosas do nariz, cavidades bucais e da garganta e tecidos do entorno.
- Leishmaniose visceral (LV), também conhecida como calazar, é causada pelas espécies Leishmania donovani, L.infantum, L.tropica ou L.chagasi. No sudeste da Ásia, o L.donovani é o parasita que mais provoca a LV ou calazar. É diferente das outras estirpes de leishmaniose, uma vez que o parasita afeta órgãos internos, causando uma doença sistêmica. Se não for tratada, a LV pode ter uma taxa de fatalidade de até 100% em dois anos.

2. Como as pessoas são infectadas?
As pessoas são infectadas a partir da picada de mosquitos-palha fêmeas que, por terem picado pessoas infectadas ou um hospedeiro animal, transmitem a infecção para outro ser humano.

3. Quais tratamentos MSF usa em cada região em que trabalha?
Na Índia, MSF utiliza diferentes regimes de tratamento, como a dose única de amBisome, uma combinação de amBisome e sete dias de miltefosina e uma outra combinação, de paramomicina e miltefosina.

Em outros projetos na África, MSF usa diferentes tipos de medicamentos, como o estibogluconato de sódio (SSG) e mantém a utilização de AmBisome para casos complicados ou resistentes.

4. Existe alguma conquista recente em termos de pesquisa e desenvolvimento associada ao calazar?
Infelizmente, por ser uma doença negligenciada, o calazar não é beneficiado com pesquisa e desenvolvimento, ainda que haja uma demanda clara por investimentos em diagnóstico, tratamento e prevenção. O teste rápido RK39 é bastante funcional para o diagnóstico primário de VL no subcontinente indiano, mas é preciso desenvolvimento no campo de teste para a África Oriental, dedicando atenção especial ao diagnóstico preciso de pacientes coinfectados com HIV.

Um avanço recente é a dose única de anfotericina B liposomal, que vai melhorar significativamente a adesão ao tratamento.

É preciso urgentemente investimento no desenvolvimento de medicamentos, já que os atuais apresentam desvantagens. Enquanto isso, a avaliação de terapias baseadas na combinação de medicamentos existentes continua sendo uma prioridade. É essencial ressaltar que uma vacina melhoraria significativamente o controle de LV, assim como novos métodos de controle do reservatório animal em áreas endêmicas – coleiras para cachorros, por exemplo – ou prevenção da infecção humana, com a distribuição de mosquiteiros com inseticidas.

5. Há algum tipo de vacina para a doença?
A natureza do ciclo de vida do parasita e o fato de que a cura e a recuperação protegem os indivíduos de uma nova infecção indica que pode ser possível desenvolver uma vacina contra a LV. Até o momento, no entanto, o progresso no desenvolvimento de uma vacina contra as diferentes estirpes de leishmaniose tem sido limitado.

6. Como o calazar pode ser prevenido?
Por meio de cuidados higiênicos, da pulverização das casas e do diagnóstico antecipado, além de tratamento.

As estratégias atuais baseiam-se no controle dos reservatórios e vetores, bem como no diagnóstico e tratamento precoces. O mosquito-palha é suscetível aos mesmos inseticidas que o vetor da malária e a pulverização das casas e abrigos de animais tem se mostrado efetiva na Índia. Outro componente é o controle do ambiente, que envolve o revestimento de buracos nas paredes das casas e alterações no estilo de vida, como afastar-se do local em que ficam os animais. O uso de mosquiteiros com inseticidas pode também prevenir a LV e outras doenças vetoriais, como a malária. No entanto, há pouca evidência de que os mosquiteiros de fato protejam a população, já que sua efetividade está associada aos hábitos de sono da população e aos hábitos dos vetores locais.

7. O calazar ocorre da mesma forma em todos os lugares do planeta? Quais são as diferenças?
As infecções ocorrem da mesma forma por todo o planeta, mas as manifestações clínicas podem variar sensivelmente de um lugar ao outro. Por exemplo, as espécies de parasitas diferem entre si, bem como as formas de transmissão, envolvendo animais ou não.

A LV é causada por duas espécies, L.donovani ou L.infantum, dependendo da região geográfica. A L.infantum infecta, principalmente, crianças e indivíduos imunodeficientes, enquanto a L.donovani infecta grupos de todas as idades.
Há um número estimado de 500 mil novos casos de Leishmaniose Visceral e mais de 50 mil mortes relacionadas à doença a cada ano, uma letalidade superada apenas pela malária, entre as doenças parasitárias. É comum que a LV não seja reconhecida nem reportada. A maioria dos casos, mais de 90%, ocorre em apenas seis países: Bangladesh, Índia, Nepal, Sudão, Etiópia e Brasil. A imigração, a ausência de medidas de controle e coinfecção com HIV são os três principais fatores que levam ao aumento da incidência de LV. A doença afeta comunidades pobres, geralmente localizadas em regiões remotas e rurais. Normalmente, é endêmica em países das regiões menos desenvolvidas do mundo (como o Nepal), ou nas regiões mais pobres do planeta.

8. Além do HIV, há algum outro tipo de coinfecção relacionado ao calazar?
O calazar é uma doença imunossupressora, o que faz com que a pessoa infectada fique extremamente suscetível a outras infecções. As mais comuns são a malária e, muito frequentemente, a tuberculose (TB). Também devido aos sintomas clínicos, os pacientes estão, por muitas vezes, desnutridos.

9. Os governos de Bangladesh, da Índia e do Nepal chegaram a apresentar um plano para eliminar a doença até 2015. Esse plano ainda existe? É uma perspectiva realista?
Apesar das dificuldades para controlar a LV no mundo, há diversos fatores específicos que fazem com que a erradicação da doença seja factível no subcontinente indiano: os fatores biológicos incluem o ciclo em que os seres humanos são os únicos reservatórios e o mosquito-palha da espécie Phlebotomus argentipes o único vetor, novos e mais efetivos testes para diagnósticos e medicamentos são acessíveis e podem ser utilizados em campo. O mais importante, no entanto, é o forte comprometimento político e a colaboração entre os países.

A iniciativa para eliminar a LV foi lançada em 2005 com a assinatura de um memorando entre os países citados. A meta era alcançar o objetivo em 2015, com a redução da incidência anual de calazar para menos de 1 em cada 10 mil pessoas em nível distrital ou subdistrital e reduzir a taxa de fatalidade. No entanto, a evolução do cenário está paralisada por diversos motivos e a erradicação da doença pode não ser alcançada em 2015.

10. Qual tratamento é utilizado no Brasil?
De acordo com as diretrizes estabelecidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), os regimes de tratamento recomendados para a LV causada pelo L.infantum na América do Sul são à base da anfotericina B liposomal, antimoniais pentavalentes e o deoxicolato de anfotericina.

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