O principal suspeito de ser o "sommelier" do bando é Davi Tavares Meira, morador de classe média de Niterói. De acordo com as investigações, o surfista viajava para São Paulo, pelo menos três vezes por mês, para testar a qualidade das drogas, principalmente a maconha hidropônica, o carro-chefe da quadrilha. O bando se especializou em vender drogas com alto grau de pureza. Por causa disso, o preço era mais alto do que o das drogas adquiridas por outros traficantes, que compravam de bandidos em favelas.
Quadrilha negociava direto com fornecedores
De acordo com as investigações, o controle de qualidade das drogas era levado tão a sério, que, além da atuação do "sommelier", os integrantes do grupo comentavam que eles eram como vendedores de carros importados - portanto, tinham que apresentar um produto de qualidade. Segundo o delegado assistente da Subsecretaria de Inteligência, Carlos Abreu, os bandidos tinham funções bem delimitadas.
- Era uma quadrilha muito bem organizada. Eles negociavam as drogas diretamente com os fornecedores, sem passar por traficantes de favelas. Assim, eliminavam uma etapa - explicou o delegado.
Em sua página no site de relacionamentos Orkut, Davi tem fotos dele com colegas e está, em boa parte delas, ao lado de crianças. Ele demonstra que gosta de praias, cães e de perigo. Há fotos dele pulando de penhascos para cair no mar. No seu perfil, há ainda uma frase em destaque: "Os fracos nunca perdoam. O perdão é uma virtude dos fortes."
Além de Davi, outros três integrantes da quadrilha estão foragidos: a Justiça já expediu contra eles mandados de prisão temporária (válidos por 30 dias). A Draco e a Subsecretaria de Inteligência estão com equipes de buscas no Rio e fora do estado para capturá-los. Todos os integrantes do grupo responderão a inquérito por tráfico de drogas e formação de quadrilha.
Polícia pede informações pelo Disque-Denúncia
Segundo Abreu, o apoio do Ministério Público e do Judiciário foram cruciais para a prisão, até sexta-feira, de 16 integrantes do bando em Búzios, Macaé e Niterói, além de cidades em São Paulo e Espírito Santo.
A polícia espera que, a partir da divulgação da foto de Davi, o Disque-Denúncia (2253-1177) passe a receber informações sobre o esconderijo do "sommelier", além de outros integrantes da quadrilha.
De acordo com as investigações, o bando tinha fornecedores em São Paulo e Mato Grosso do Sul. Apontado como um dos principais articuladores do esquema, Pedro Cerqueira Magdalena, o Gordo, de 27 anos, era o encarregado de negociar com os fornecedores. Ele teria obtido os contatos com traficantes de morros do Rio. Pedro foi preso durante uma operação feita pela polícia na quarta-feira, numa casa alugada por ele em Búzios. O local, segundo policiais, era usado como base da quadrilha.