sábado, 29 de janeiro de 2011

A bebida da balada

O que se sabe sobre os energéticos e o que os põe sob suspeita médica

Elas são doces, levemente gaseificadas, têm sabor de fruta e prometem energia e disposição. A combinação parece perfeita para quem deseja uma dose extra de ânimo naqueles dias em que o corpo está exausto, mas a noite promete ser longa e agitada. Os energéticos são a bebida das baladas. Não contêm álcool – mas ele é encontrado, em altas doses, no corpo de mais da metade de seus usuários. Um hábito está associado ao outro. É por isso, entre outras razões, que os energéticos estão na mira das autoridades de saúde. Até que ponto eles podem agredir ou ajudar seu corpo?
Um dos mais abrangentes estudos feitos com essas bebidas será publicado em fevereiro na revista científica americana Alcoholism: Clinical & Experimental Research. Pesquisadores de três universidades americanas acompanharam a rotina de mais de 1.000 estudantes universitários. A primeira conclusão é que os jovens que misturam energéticos com álcool relatam se sentir menos bêbados do que de fato estão. O sujeito perde a coordenação motora, fica com os reflexos lentos e tem dificuldade para organizar as ideias, mas acha que está 100%. "Ele acha que está apto para tudo, mas seu estado pode ser descrito como embriaguez desperta", diz Amelia Arria, da Universidade de Maryland, uma das autoras da pesquisa.
A segunda conclusão é uma consequência da primeira. Por mascararem os efeitos de sonolência causados pelo álcool, os energéticos impulsionam o consumo exagerado de bebida. "A pessoa acha que está melhor do que realmente está, por isso bebe ainda mais", diz Amelia. O estudo também revela o que boa parte das pessoas já sabia: os jovens que consomem energéticos em maior quantidade (52 vezes ou mais por ano) são também os que se embriagam mais cedo e com maior frequência.
Energéticos são bebidas que contêm estimulantes cerebrais, como cafeína e taurina, que agem no sistema nervoso, aumentando o estado de atenção do indivíduo. Essas substâncias também estão presentes no café, no chocolate e no refrigerante. Em doses moderadas (uma latinha, que contém 79 miligramas de cafeína, equivale a pouco mais de uma xícara de café) e sem a mistura com álcool, são substâncias que não apresentam riscos à saúde, dizem os especialistas. "Já para diabéticos, idosos e pessoas sensíveis á cafeína, os energéticos podem apresentar risco cardiovascular" diz Sionaldo Eduardo Ferreira, pesquisador da área de Educação Física e Psicobiologia, com ênfase em comportamentos abusivos, da Unifesp.
Mas, da forma como são consumidas, os jovens ultrapassam facilmente o limite recomendado pela Organização Mundial da Saúde, de 200 miligramas. Isso equivale a duas latas e meia. O ator e modelo paranaense Junior Mariano, de 23 anos, diz já ter consumido cinco latinhas de energéticos em uma noite. "Eu misturo com vodca para suavizar o gosto do álcool", diz. "Fica mais gostoso." Ele conta que quando exagera na dose sente o coração acelerado e tem dificuldade para dormir. Algumas marcas tentam associar o efeito da bebida ao de algumas drogas. O fabricante de um energético chamado "cocaine" (cocaína, em inglês) foi obrigado a mudar o nome de seu produto e suspender o vídeo de divulgação do produto. Nele, um jovem aparece cheirando a latinha antes de colocá-la na boca. "Eles tentam passar a ideia do efeito da droga e isso é muito perigoso", diz o pesquisador Bruno Gualano, da Escola de Educação Física e esporte da USP, que estuda a influência da nutrição no desempenho motor.

Luciana Vicária


Época

Reservatório de antiga fábrica vira piscinão na Baixada



Da famosa Praia de Copacabana até lá, são 50 quilômetros. Chegando ao bairro da Taquara, em Duque de Caxias, são mais dez minutos de trilha. Só então chega-se ao que vem sendo chamado de “paraíso da Baixada” — uma escondida represa, de cinco mil metros quadrados, que virou área de lazer nos dias quentes do verão.
Carmem da Cruz, de 46 anos, se refresca sempre no local com o marido, o filho e os vizinhos.
— Mergulhar aqui é uma delícia — diz a dona de casa.
O local foi criado para lavar tecidos da antiga fábrica Nova América. A indústria, uma das maiores do país, com três mil funcionários, entrou em processo de falência nos anos 80 e fechou as portas, em 2005. Desde então, banhistas nadam livremente no lago, que chega a ter 40 metros de profundidade em alguns pontos.
A partir daí, a Cedae passou a ter o direito de captar água da represa, mas não se responsabiliza pela segurança do lugar.
— Aquilo continua sendo de propriedade privada. Por isso, não temos obrigação de cuidar do lago — afirmou o presidente da companhia, Wagner Victer.
Por outro lado, a Prefeitura de Caxias acusa a Cedae de descaso:
— Eles têm, sim, essa responsabilidade. Pessoas estão morrendo afogadas, sendo contaminadas e nada tem sido feito pela companhia, que já foi notificada inúmeras vezes — disse o secretário municipal de Meio Ambiente, Samuel Maia.
Com poucas opções de lazer na Baixada, as crianças são frequentadoras assíduas do “piscinão”. Entre um mergulho e outro, os quatro filhos da doméstica Ana Lúcia Almeida, de 49 anos, contam que adoram ir ao local.
— A gente tenta vir quase todo dia. Me divirto muito — disse Ana Beatriz, de 12 anos.
Luana Alves, de 10 anos, concorda:
— É o paraíso da Taquara!

Extra Online

Gays são agredidos em novo caso na região da Paulista


Um estudante de 27 anos recebeu uma garrafada na madrugada de terça-feira (25)

Um estudante de 27 anos afirmou que ele e um amigo foram vítimas de mais um ataque homofóbico na região da avenida Paulista, na madrugada de terça-feira (25), aniversário de São Paulo. Com esse, são pelo menos cinco casos desde 14 de novembro, quando quatro adolescentes e um jovem de 19 anos cometeram agressões na mesma avenida.
Por volta das 4h, Fábio (nome fictício) e o amigo caminhavam na rua Peixoto Gomide, quase na esquina com a rua Frei Caneca, quando ele levou uma garrafada no olho direito. O estudante conta que não viu os agressores se aproximarem. Ao tomar a garrafada, ouviu o amigo que o acompanhava gritando para que corresse. O outro rapaz levou um soco no peito e notou que um dos agressores tinha a cabeça raspada, outro tinha tatuagens, e que todo o grupo vestia roupas pretas.
Fábio é homossexual e mora na zona oeste. Seu marido está na Alemanha, onde casaram - o país permite a união entre pessoas do mesmo sexo. Ele diz estar convicto de que o ataque teve motivação homofóbica porque as roupas que usa e a entonação da voz indicariam sua orientação sexual. Ele lamenta o fato e diz não compreender a motivação para agressões gratuitas como as que têm acontecido na região da Paulista.
- Não sei se isso é estimulado por comportamento familiar, programas na TV... Não sei interpretar o que acontece na cabeça da pessoa para ter um comportamento desse tipo.
Após a agressão, Fábio correu para um posto de gasolina com sangramento no olho e no rosto. Foi nesse momento que o estudante teve, pela primeira vez naquele dia, o sentimento de desamparo. Não foi atendido pelos funcionários do posto quando pediu água e um pano para limpar a ferida.
O amigo tentou ligar para a polícia, mas não foi atendido. Fábio então procurou a base móvel da Polícia Militar na Paulista, nas proximidades com a rua Haddock Lobo. Ele se queixa que os policiais não chamaram reforço para tentar buscar os agressores.
- Pelo jeito, pensaram que tinha sido uma briga de balada.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


Pesquisadores constatam que região central de Petrópolis tem áreas de risco densamente povoadas


RIO - Poupada pelas enchentes que devastaram localidades de sete cidades da Região Serrana e provocaram a morte, até agora, de 849 pessoas, a parte central da cidade de Petrópolis é considerada uma bomba-relógio. Na sexta-feira, pesquisadores da Coordenação de Programas de Pós-Graduação de Engenharia (Coppe) da UFRJ sobrevoaram os municípios atingidos, constatando que Petrópolis tem áreas de risco densamente ocupadas onde, se tivesse chovido o mesmo volume registrado em outros pontos, a tragédia na serra seria ainda maior. O sobrevoo é parte do levantamento que visa à elaboração de um documento, a ser entregue aos governos federal e estadual, até o fim da próxima semana, com o que pode ser feito em caráter emergencial e também preventivo.
- É uma contribuição da universidade, semelhante ao que já foi feito após as chuvas em Santa Catarina, em 2008, e em Angra dos Reis, em 2010. É uma posição da Coppe sobre prevenção e medidas emergenciais para se evitar um grande número de vítimas - disse o diretor da Coppe, Luiz Pinguelli Rosa.
Para o vice-governador Luiz Fernando Pezão, a avaliação dos pesquisadores da Coppe é corretíssima. Por isso, acrescentou ele, o projeto do governo estadual para a construção de moradias na região tem levado em conta o número de pessoas que precisam ser retiradas das áreas de risco. Um exemplo citado por Pezão é o Vale do Cuiabá, em Itaipava. Lá, são necessários 200 reassentamentos. Mas o estado vai erguer um total de 1.500 casas em Petrópolis para desocupar áreas de risco.
- Estamos fazendo isso em todos os municípios. Ontem (quinta-feira), o governador Sérgio Cabral autorizou a compra assistida de moradias e também indenizações para tirar pessoas de área de risco - disse Pezão.

( MP em Petrópolis quer explicação sobre desativação de estações meteorólogicas )

O professor de engenharia geotécnica Maurício Erlich, que fez o sobrevoo, disse que a mancha de destruição em Friburgo, Teresópolis e Petrópolis é bastante localizada.
- Em alguns locais você vê muita destruição, mas basta olhar para o lado para observas que alguns locais não foram atingidos - explicou.
Segundo o professor, na Região Serrana existe uma tendência a ocorrer concentração de chuvas em determinadas áreas, como se fossem vários microclimas. Em Teresópolis, bairros como Caleme e Campo Grande e a área rural foram castigados, enquanto o Centro ficou intacto.
A importância de ser adotada uma política de prevenção, uma vez que episódios como o ocorrido na Região Serrana podem acontecer outras vezes, foi destacada por Willy Lacerda, professor de engenharia geotécnica da Coppe, que também participou do sobrevoo. Ele recomenda a criação de abrigos, que devem ser construídos em locais seguros, com capacidade para acomodar de 400 a 500 pessoas. O treinamento da população é outra etapa.
- É preciso melhorar, urgentemente, o sistema de alerta - disse Willy Lacerda. - A prevenção deve ser uma política de estado, e o que aconteceu não pode ser esquecido, mesmo depois de dois ou três verões sem chuva.
O professor disse ainda que, para elaborar o estudo da Coppe, os técnicos vão utilizar fotos tiradas na sexta-feira e imagens registradas por satélite antes dos danos causados pelas chuvas.
A prefeitura de Petrópolis não quis comentar a avaliação dos técnicos da Coppe. O prefeito Paulo Mustrangi, por meio de sua assessoria, disse que o município vem realizando estudos em parceria com o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) e a Empresa de Obras Públicas do Estado (Emop). A prefeitura informou também que, desde 2007, a cidade dispõe do Plano Municipal de Redução de Risco de Escorregamentos e Inundações.

( Secretaria do Ambiente anuncia implantação de cinco parques fluviais em áreas atingidas pelas enxurradas )

Realizado em convênio com o Ministério das Cidades, o plano tem o objetivo de apoiar atividades de gerenciamento de deslizamentos e inundações para o primeiro distrito. Ele contempla diagnóstico de risco, propostas de ações estruturais e não estruturais em áreas de assentamentos precários. O estudo identificou 102 pontos críticos somente no primeiro distrito. Segundo o levantamento, pelo menos 15 mil moradias foram construídas em áreas consideradas de risco ou alto risco. Bairros como Alto da Serra, Quitandinha, Bingen e Independência foram identificados como os mais críticos.

COLABOROU: Jaqueline Ribeiro


O Globo

Cientistas listam países com maiores chances de protestos violentos

Egito é um dos países que constam da lista, assim como Tunísia

O Irã, a Rússia e o Sri Lanka encabeçam uma lista de países onde é provável que haja uma intensificação de episódios de violência em levantes de civis contra o governo nos próximos cinco anos, elaborada por uma equipe de pesquisadores americanos.
O modelo que prevê cientificamente os países com maior probabilidade de aumento na ocorrência de agitação e confrontos nas ruas foi desenvolvido por dois professores assistentes de Ciência Política da Universidade do Estado do Kansas e um professor da Universidade Binghamton, de Nova York.
O Brasil não faz parte da lista, que inclui a Colômbia, Peru, Equador e até Chile e Argentina na América do Sul, além de México e Honduras no resto da América Latina.
"O Brasil tem um Estado com grande capacidade de conter episódios de violência", disse à BBC Brasil, por telefone, a pesquisadora Amanda Murdie, da Universidade do Kansas.
Os especialistas dizem que até agora a lista já conseguiu indicar alguns dos locais mais suscetíveis à agitação política, como a Tunísia, o Equador, a Irlanda, o Peru e a Itália.
"O que é interessante no nosso modelo é que ele não só prevê a violência em países como Honduras ou Irã, mas também nas democracias ocidentais. Por exemplo, na Irlanda, recentemente, devido à ajuda do Fundo Monetário Internacional (FMI)", afirmou o colega de Murdie na Universidade do Kansas, Sam Bell.

Comparações
A lista não procura determinar a razão por trás dos episódios de violência – esta pode resultar de uma escalada de protestos pacíficos, ser conscientemente organizada por manifestantes civis ou até parte de ação de grupos organizados armados.
Analisando os dados de violência política doméstica em 150 países entre 1990 e 2009, os pesquisadores usaram três critérios para prever possíveis aumentos no nível de violência.
O primeiro deles é o nível de repressão dos Estados, que, para os especialistas, eleva a tensão e motiva os protestos.
O segundo fator é a facilidade de coordenação dos protestos, consideravelmente incrementada pelas tecnologias móveis. Os protestos de 2009 no Irã, que viram a utilização sem precedentes de ferramentas como o Twitter e os telefones celulares, são um bom exemplo disso.
Por último, os pesquisadores levaram em conta a capacidade de cada Estado de evitar a eclosão de violência em protestos através do preparo de seu próprio aparato de segurança.
Bell crê que Irã, Sri Lanka e Rússia estão na lista por razões "fáceis de deduzir".
Na república persa, a insatisfação gerada pelas violações de direitos humanos, combinada com as ferramentas disponíveis para organização de protestos, torna o país um barril de pólvora.
"O Irã é um caso especialmente interessante, porque o país já vivenciou episódios muito violentos de agitação social. Se o nosso modelo estiver correto, poderíamos ver níveis de violência ainda maiores do que há dois anos", avaliou Bell.
Países com o Egito e a Síria, que têm configurações semelhantes à iraniana, também fazem parte da lista.
No caso da Rússia, Bell aponta para um possível efeito contágio dos protestos da a "revolução laranja" - a revolta popular que varreu a Ucrânia de novembro de 2004 a janeiro de 2005 - nas ex-repúblicas soviéticas.
"Há um grande nível de repressão e não faltam ferramentas para os cidadãos se organizarem", explicou o pesquisador.
"Além disso, se houve respeito aos direitos humanos por um curto período após a queda da União Soviética, percebemos nos anos mais recentes uma rápida deterioração dessas práticas dentro da Rússia."
Já o Sri Lanka, nas palavras de Murdie, "é em termos gerais um Estado com poucas capacidades, altos níveis de repressão, e em situações assim basta um leve aumento nos níveis de coordenação da população – digamos, um aumento básico nas taxas de uso de celular ou internet – para tornar o país vulnerável aos distúrbios civis".

Surpresas
Os pesquisadores explicam que esses critérios explicam a inclusão de alguns países desenvolvidos na lista, como a Itália e a Irlanda, cuja menção pode parecer surpreendente.
"A Irlanda não é um caso óbvio", diz Bell. Mesmo assim, recentes protestos que inicialmente eram de natureza pacífica redundaram em violência política, quando o país anunciou a ajuda financeira do FMI no ano passado, observa.
Uma explicação pode estar no acesso dos manifestantes às ferramentas de coordenação, em um momento em que o governo toma medidas duras e aumenta a repressão do Estado.
Situação semelhante ocorre na Itália, que, nas palavras do pesquisador, "não tem um histórico de direitos humanos perfeito, e claramente tem a infra-estrutura disponível para que grupos se organizem e protestem contra o governo".
"Na Irlanda ou Itália, podem não ser grandes episódios de violência, mas ainda assim são episódios violentos. E o que o nosso modelo mostra é que nesses países, havendo tensões, as condições para que grupos se organizem e tenham força contra o governo existem", diz Bell.
Mas os pesquisadores ressaltam que o fato de não constar da lista não é necessariamente um bom sinal para o regime político de um país.
Primeiro, porque o modelo é desenhado para captar aumentos no nível de agitação social de um país – mas este não aparecerá na lista se vier registrando altos níveis de agitação de forma constante no tempo.
"A Grécia pode estar nesse caso", diz Murdie. "O país vivência agitação ou protestos civis desde 2001, e esses níveis de turbulência não vêm caindo."
Além disso, a ausência de fatores de instabilidade dentro de um país não indica um sistema político em harmonia.
A Coreia do Norte e a Arábia Saudita, como outros países do Oriente Médio, simplesmente não entram na lista dos distúrbios porque neles o Estado detém poder total de calar os dissidentes.
"Eles têm usado a repressão de forma que sufocaram a possibilidade de rebelião. Neles, também pode haver baixos níveis de coordenação. Esses países reprimem as suas populações, mas essas populações não têm a capacidade de se comunicar e organizar levantes", afirma a pesquisadora.
Murdie chama atenção para o que diz ser "provavelmente a mais importante conclusão do estudo" – as evidências de que a repressão estatal, em vez em coibir, leva a população a se mobilizar contra o governo.
"Antes, tanto na comunidade política quanto entre os pensadores, havia uma crença de que os abusos de direitos humanos – o uso de assassinatos políticos e ‘desaparições’, por exemplo – teria o efeito de assustar a população e evitar rebeliões", explicou.
"O que descobrimos é que essas ações, em especial aquelas de grande caráter público, como prisões e assassinatos com fins políticos, levam a população civil a se mobilizar e ir para as ruas", esclarece.
"O que esperamos que saia disto é que precisamos de Estados com capacidade, mas também Estados que respeitem os direitos humanos e a integridade física de seus cidadãos."


Pais desafiam Estatuto da Criança e educam filhas em casa em Serra Negra, SP


SÃO PAULO - O Conselho Tutelar de Serra Negra, cidade a 128 quilômetros de São Paulo, denunciou ao Ministério Público da cidade um caso polêmico de evasão escolar. As irmãs Vitória, de 11 anos, e Hannah, de 9, não frequentam a escola por opção dos pais. O norte-americano Philip Ferrara, de 48 anos, e a brasileira Leila Brum Ferrara, de 44, consideram o ensino brasileiro fraco e optaram por ensinar os filhos em casa. No Brasil, essa prática fere o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e a Lei de Diretrizes e Bases (LDB), que determina que as crianças devem frequentar escolas.
O homeschooling é difundido nos Estados Unidos, onde reúne mais de 1 milhão de adeptos, mas proibido no Brasil.
A conselheira tutelar, Sônia Marisa Buzeto Fazolin, que cuida do caso, relata que recebeu denúncia anônima, por volta de outubro do ano passado, de que as meninas não frequentavam escola. Sônia acredita que elas estão há, pelo menos, dois anos fora de instituições de ensino brasileiras.
- A princípio, é um caso de evasão escolar, embora os pais aleguem que fazem o ensino à distância. Isto é permitido para adultos e não para crianças. Os pais têm a mentalidade americana, mas, no Brasil temos outra legislação. No meu entendimento, as meninas deveriam voltar à escola. O Ministério Público vai consultar o Ministério da Educação (MEC) - diz a conselheira.
Segundo informações do Ministério Público, os pais alegam à Promotoria que o ensino das escolas não tem qualidade.
- O ensino dos pais pode até ser melhor, mas o que está em cheque é a lei do Brasil, que diz que criança tem de estar na escola. O Ministério tem de garantir a aplicação de lei. Uma opção para esta família seria as crianças frequentarem a escola e serem ensinadas em casa, uma vez que a mãe não trabalha - diz uma pessoa do Ministério Público que acompanha o caso.
Para Júlio César Torres, doutor em sociologia da Unesp de São José do Rio Preto, dificilmente o casal conquistará o direito de não matricular os filhos em alguma escola. Torres explica que a educação básica é tratada como um direito subjetivo da lei, pois as famílias têm a responsabilidade pela educação dos filhos e o Estado pela escolarização.
- Nos anos de 1990, o Brasil assumiu o compromisso perante às comunidades internacionais: erradicação o analfabetismo e melhorar o nível de escolaridade do brasileiro.
Ele destaca que, hoje, a média nacional de escolaridade é de 7 anos. Contudo, a escolarização básica de uma criança demora 15 anos para ser concluída. Ela precisa passar pela educação infantil (antiga pré-escola), ensino fundamental, que dura nove anos e o ensino médio, mais três anos.
- O Brasil quer e precisa aumentar a média de escolaridade e por isso obriga as crianças a irem à escola.
Torres ressalta que a política educacional adotada pelo MEC aborda temas como o convívio com os pares, no caso crianças de mesma idade, relações sociais e um currículum básico de conhecimento.
- A idéia é que haja um curriculum mínimo no país. As crianças sendo educadas em casa fogem da política educacional. A relação social faz parte da construção das futuras gerações - destaca.
Ele acrescenta que as divergência étnicas, culturais e as desigualdades de gênero e ideologias políticas fazem parte dos temas trabalhados pelo currículum mínimo do Estado.
O sociologista entende que este é um caso isolado e, dificilmente, revela uma tendência e que em outros paises a legislação é mais flexivel. .
- O brasileiro não tem alto grau de escolaridade para educacar os filhos em casa. Quem reivindica isto são, em sua maioria, estrangeiros que veem ao Brasil.
Para Torres, o país trata de alguns diretos como obrigação do cidadão. O programa Bolsa Família é um exemplo, ressalta.
- O Estado entrega dinheiro, mas somente se o filho frequentar escola.
De acordo com ele, esta é uma discussão que já começa a florescer no meio acadêmico.


Extra Online

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Bebê que sobreviveu à morte da mãe em acidente está em estado grave

O médico Fabrício Figueiredo foi o primeiro a socorrer o bebê, ainda na rua
(Foto: Bernardo Tabak/G1)


Segundo hospital, no entanto, ele tem grandes chances de ficar bem.
'Não me considero herói', diz médico que deu primeiros-socorros à criança.

Está em estado grave o bebê que sobreviveu à morte da mãe na manhã desta sexta-feira (28). Ele nasceu de 7 meses depois que a mãe foi atropelada e ficou imprensada entre dois ônibus na Rua Cardoso de Moraes, em Bonsucesso, no subúrbio do Rio de Janeiro. O menino, que pesa 1 kg, está internado na UTI do Hospital Geral de Bonsucesso, mas segundo a diretoria do hospital, tem grandes chances de ficar bem.
“Pela experiência que eu tenho, e pela confiança na minha equipe, há uma grande chance desse bebê sobreviver, e bem”, afirmou a diretora do hospital. O bebê está internado na UTI neonatal, em estado muito grave, mas estável, e pesa apenas 1 kg. “Nós já conseguimos salvar crianças que nasceram com 650 gramas, e ficaram bem. O maior agravante foi o trauma que esse bebê sofreu, devido às circunstâncias do acidente”, complementou.
A mãe atravessava a rua, fora da faixa de pedestres, quando foi atropelada. Com os ferimentos da impacto, o bebê foi expulso da barriga.
Médico conta como socorreu bebê
O médico Fabrício Carlos Miranda Figueiredo, que socorreu a criança, estava chegando ao trabalho, quando soube do acidente. “Estava na fila do elevador do consultório, quando um rapaz me perguntou se eu tinha visto o acidente. Eu disse que não sabia, mas, não sei por que, decidi ir ao local”, contou ele.
“Quando me deparei com a situação, comecei a fazer os procedimentos. O bebê ainda estava ligado à mãe pelo cordão umbilical”, recorda Figueiredo. “Amarrei o cordão umbilical com um barbante, joguei álcool em uma tesoura e cortei. Eu ia pedindo para as pessoas me trazerem as coisas, e, de alguma forma, arranjaram o que eu precisava”, lembra o médico.

'Não me considero herói', diz médico
Logo depois, o bebê e a mãe foram levados por uma ambulância do Corpo de Bombeiros. A mãe não resistiu aos ferimentos e morreu antes de chegar ao hospital. “Eu trabalho no resgate da Linha Amarela e já havia feito dois partos lá. Um deles foi dentro da ambulância, tranquilo. Mas o outro foi dentro de um Chevette, e muito mais trabalhoso. Mas nada se compara ao que ocorreu hoje”, conta Figueiredo.
Após ver a criança na incubadora da UTI neonatal, o médico falou com um sorriso no rosto, do lado de fora do hospital. “Ele está deitadinho. Tem o tamanho de uns dois palmos, não mais do que isso. Está tudo dando certo, e espero que continue assim”, disse Figueiredo.
“A atitude dele foi heroica e extremamente importante para que o quadro do bebê não se agravasse ainda mais”, afirmou a diretora do hospital. O bebê deve ficar internado por, pelo menos, dois meses. “Não me considero um herói. Quem trabalha com saúde tem a obrigação moral de ajudar. Herói é o Super-Homem”, disse Figueiredo. “Vou tirar uma foto desse médico guerreiro”, disse uma senhora que acompanhava a entrevista.


Concurso premia melhores fotos de pássaros ameaçados

Vencedora na categoria de pássaros ameaçados, a foto de Quan Min Li mostra um Íbis-do-japão em pleno voo. As fotos serão compiladas em uma livro também chamado "As Aves Mais Raras do Mundo".


Fotógrafos de todo o mundo participaram do concurso Os pássaros mais raros do mundo.
A ideia do concurso é chamar atenção para aves que correm risco de extinção.

Na categoria de aves migratórias sob grave ameaça, a vencedora foi esta foto de David Boyle, que mostra dois periquitos-de-ventre-laranja, da Tasmânia.

O objetivo do concurso era reunir o maior número de fotos das 566 espécies ameaçadas, de todas as partes do mundo.

Na mesma categoria, quem ficou em 2º lugar foi um brasileiro. Sávio Freire Bruno fotografou um pato-mergulhão, que corre risco de extinção, com seus filhotes.

O brasileiro Sávio Freire Brunofoi um dos premiados, na categoria "Extinto na natureza ou sob grave ameaça", com uma imagem de um pato-mergulhão.

Martin Hale ficou em 5º lugar na categoria de pássaros ameaçados com esta imagem de dois mergansos, espécie de patos mergulhadores que se alimentam exclusivamente de peixes.


Escrever é melhor que digitar


É o que mostrou uma pesquisa norueguesa. A explicação é simples: escrever envolve muitos sentidos e, por isso, facilitaria o aprendizado e a memorização do que é escrito. Confira

Na sala de casa, você abre o notebook para checar alguns e-mails. Seu filho logo vê a tela e quer brincar, apertar, desenhar. O contato das crianças com teclados acontece cada vez mais cedo e ganha espaço no dia a dia.
Pensando nisso, cientistas noruegueses resolveram estudar a diferença de aprendizado entre crianças que escrevem à mão e aquelas que digitam. A pesquisa, feita na Universidade de Stavang, mostrou que o primeiro é melhor porque envolve muito mais sentidos que o digitar, o que facilita o aprendizado.
O estudo foi feito com dois grupos de alunos. O primeiro escreveu o alfabeto à mão, enquanto o segundo digitou. Ao final do trabalho, os pesquisadores perguntaram se eles lembravam o que havia escrito e o primeiro grupo se saiu melhor.
A explicação dos cientistas é simples. Segundo eles, partes diferentes do cérebro são ativadas quando lemos as letras digitadas e quando reconhecemos as letras escritas a mão. ”Ao escrever, os movimentos envolvidos deixam uma memória na parte sensorial e motora do cérebro, que ajuda a reconhecer as letras e cria uma conexão entre leitura e escrita”, explica Anne Mangen, professora do Centro de Leitura da Universidade.
O papel dos pais e da escola é incentivar todas as áreas do cérebro da criança, principalmente durante a alfabetização. “Ela precisa aprender a segurar o lápis, a desenhar a letra que não está pronta, a ter o domínio do traço. Antes de escrever, ela vai passar o dedinho nas letras em texturas diferentes para perceber sinestesicamente a diferença entre elas, até os menor detalhe entre P e o R, por exemplo", diz Raquel Caruso, psicomotricista do EDAC – Equipe de Diagnóstico e Atendimento Clínico. "Tudo isso é muito diferente do simples apertar o botão no teclado, que já está ali, pronto.”


Japão registra recorde de furtos feitos por idosos em lojas


Um relatório anual divulgado pela polícia no Japão revelou que o número de furtos em lojas atribuídos a idosos atingiu um nível recorde no país no ano passado.

Segundo o documento da Agência Nacional de Polícia, 26,1% dos acusados de furtos em lojas detidos em 2010 tinham mais de 65 anos.
Um total de 27.362 idosos nessa faixa etária foram presos em 2010 sob acusação de furto em lojas, um número quase igual ao de adolescentes.
De acordo com a polícia, este recorde representa uma tendência constante nos últimos anos.
Quando a polícia iniciou este tipo de registro em 1986, o número de aposentados presos foi de 4.918. Desde então, este número aumentou, chegando a 10 mil em 1999 e 20 mil em 2004.

Alimentos e roupas
Em 2010 a maioria dos idosos furtou alimentos ou roupas em vez de objetos mais caros, segundo a agência.
Uma autoridade da polícia informou ao jornal Mainichi que os aposentados não furtam apenas por uma questão financeira, mas "também devido a um sentimento de isolamento, peculiar à idade".
A sociedade japonesa está passando por um rápido processo de envelhecimento e sua economia continua enfrentando dificuldades.
Mais de 20% da população do país tem mais de 65 anos, um número que deve aumentar para cerca de 40% em 2050.
Nas últimas décadas as residências japonesas mudaram. Tradicionalmente três gerações de uma mesma família moravam em uma única casa, mas esta estrutura mudou.
Muitos jovens se mudaram para as cidades maiores para encontrar emprego, e os idosos acabaram morando sozinhos.
Os aposentados que querem trabalhar têm dificuldade em encontrar um emprego devido à crise econômica.


O "Homo sapiens" terá começado a espalhar-se pelo mundo muito mais cedo, há 125 mil anos

Estes machados encontrados na Península Arábica têm 125 mil anos e levaram os cientistas a uma nova hipótese (Universidade de Tübingen)

E se, há uns 125 mil anos, muitas dezenas de milénios antes de se lançarem à conquista da Europa e do resto do mundo, vindos do seu berço africano, os primeiros humanos modernos tivessem começado por atravessar um estreito braço de mar para se instalarem em terras que hoje fazem parte dos Emirados Árabes Unidos? Uma equipa internacional de arqueólogos, liderada por Hans-Peter Uerpmann, da Universidade Eberhard Karls de Tubingen, sugere precisamente isso, com base em escavações realizadas na localidade de Jebel Faya, a uns 50 quilómetros do Golfo Pérsico. Os seus resultados são publicados sexta-feira na revista "Science".

O debate sobre como e quando os primeiros homens modernos emigraram de África e se espalharam pelo mundo vem de longe. Há quem diga que houve uma única vaga de migração e quem diga que houve várias. Mas seja como for, os dados conhecidos até aqui indicavam que o êxodo tinha acontecido há mais ou menos 60 mil anos. Quanto à rota seguida por aqueles emigrantes até a Europa e Ásia, também aí havia consenso: através do Vale do Nilo e do Médio Oriente.
O que os cientistas encontraram agora na Península Arábica são ferramentas que, segundo eles foram fabricadas com tecnologias semelhantes às utilizadas pelas populações de "Homo sapiens" que viviam no Leste de África, mas diferentes das tecnologias originárias do Médio Oriente. Isso não seria problemático se elas tivessem menos de 60 mil anos de idade. Mas acontece que, quando foram datadas (pela técnica dita de luminescência), revelaram ter... 125 mil anos.
Ou seja, estas ferramentas — pequenos machados e lâminas de pedra, entre outros — parecem contar uma história diferente. Uma história de emigração directa, há muito mais tempo, de África para a Arábia — e daí, dizem os cientistas, para o Crescente Fértil e para a Índia. Porém, nem todos os especialistas concordam com esta interpretação.
“Os humanos ‘anatomicamente modernos’ — como nós — emergiram em África há uns 200 mil anos e a seguir povoaram o resto do mundo”, diz em comunicado Simon Armitage, da Universidade de Londres e co-autor do trabalho. “Os nossos resultados deveriam estimular uma reavaliação da maneira como nós, os humanos modernos, nos tornamos uma espécie global.”
Os cientistas analisaram ainda as condições climáticas que reinavam na região há uns 130 mil anos, durante o último período interglaciar, para ver se a passagem de África para a Arábia teria sido fácil. E de facto, concluíram que o estreito de Bab al-Mandab, que separa a Península Arábica do Corno de África, tinha naquela altura pouca água devido ao baixo nível do mar, permitindo a passagem em segurança sem grandes problemas.
E mais: a Península Arábica era então uma região muito mais húmida, com vegetação abundante, com lagos e rios — muito mais acolhedora do que hoje. “Em Jebel Faya”, salienta Armitage, “a datação revela uma visão fascinante, na qual humanos modernos emigraram de África muito mais cedo do que se pensava, ajudados pelas flutuações globais do nível do mar e pelas mudanças climáticas.”

Uma voz dissonante
Num artigo jornalístico que acompanha na revista "Science" a publicação dos resultados da datação das ferramentas de Jebel Faya, surge uma voz dissonante entre os comentários entusiastas de vários especialistas. Paul Mellars, arqueólogo da Universidade de Cambridge, diz que, quanto a ele, apesar da descoberta das ferramentas ser importante e a datação bem feita, as conclusões estão erradas.
“Não há qualquer indício aqui que sugira que foram feitas por humanos modernos, nem de que eles vinham de África”, declara. E salienta que, ao contrário do que afirmam os autores da descoberta, não fica excluída de forma convincente a hipótese de se tratar de ferramentas fabricadas pelos Neandertais — ou até pelo "Homo erectus", antepassado dos humanos modernos que se sabe ter emigrado de África para Ásia há cerca de 1,8 milhões de anos.
Hans-Peter Uerpmann, um dos líderes da equipa que fez as escavações em Jebel Faya, concede que para “poder ter a certeza absoluta” de que as ferramentas foram fabricadas pelo Homo sapiens, vai ser preciso encontrar ossos fossilizados. Várias equipas de arqueólogos já declararam que tencionam lançar-se nessa procura.

Ana Gerschenfeld


P - Público PT

Seis estudantes morrem carbonizados em acidente no Agreste.


Tragédia aconteceu entre a zona rural do município de Girau do Ponciano

Seis adolescentes carbonizados e outros três feridos. Esse foi o saldo de um grave acidente, registrado no início da tarde desta quinta-feira (27), na zona rural do município de Girau do Ponciano, Agreste de Alagoas. A tragédia aconteceu depois que um caminhão colidiu contra um poste, que teve sua rede de alta tensão derrubada sobre um ônibus escolar que estava parado há cerca de 15 metros do local.
O desastre aconteceu no povoado Canafístula do Cipriano, zona rural da cidade. Os estudantes tinham saído de outro povoado, conhecido como Alecrim e estavam seguindo para a Escola Estadual José Enoque de Barros, que fica numa rua de barro.
“Um caminhão-pipa bateu contra um poste e os fios caíram. Lamentavelmente a rede de alta tensão foi jogada sobre o transporte escolar, que carregava cerca de 30 estudantes. Quando a fiação cedeu, seis adolescentes foram eletrocutados e morreram carbonizados, já que o ônibus também pegou fogo. Três outros adolescentes também foram feridos , receberam os primeiros socorros e foram conduzidos para a Unidade de Emergência de Arapiraca”, explicou o sargento Moraes, do 3º Batalhão da Polícia Militar.
Os seis adolescentes mortos foram identificados como Gleysiane Rodrigues Nolasco, 18 anos, Claudivânia Silva Santos, 18, Natânia Lúcia da Costa, 17, Tairla Benedita dos Santos, 13, Thaíse Benedita dos Santos, 15, e Erinaldo Henrique Cavalcante, 17. O Instituto de Identificação foi acionado para realizar perícia no local e o IML já está no local para recolher os corpos.

Motoristas fugiram
Segundo o militar, os motoristas do caminhão e do ônibus fugiram do local sem prestar quaisquer tipos de atendimento às vítimas. O condutor do transporte coletivo prestava serviços à Prefeitura de Girau do Ponciano.
O acidente foi registrado por volta das 14h de hoje.


quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Mulher denuncia outras agressões cometidas por delegado suspeito de bater em cadeirante


Olga Marino diz que ex-titular do 6º DP de São José dos Campos tentou matá-la

Damásio Marino, o delegado suspeito de agredir um cadeirante em São José dos Campos, cidade a 97 km de São Paulo, já havia sido denunciado anteriormente à Corregedoria da Polícia Civil por uma tentativa de homicídio. Os documentos que comprovam a denúncia foram entregues ao R7 pela suposta vítima: a mulher dele, Olga Marino, que embora não viva mais com o ex-titular do 6º Distrito Policial de São José dos Campos, ainda é casada com ele "no papel".
Durante uma longa entrevista, Olga contou que seu caso - registrado em 2009 - ainda está sem solução. Segundo ela, no final daquele ano, os dois estavam com o relacionamento de 17 anos bastante desgastado. Ela contou que sabia que, na época, seu marido mantinha um relacionamento extraconjugal com uma advogada (que continua com Damasio até hoje e está grávida dele).
Em setembro, ainda de acordo com Olga, os dois teriam brigado e Marino teria chegado a efetuar um disparo com sua pistola calibre .40 contra ela. A discussão teria começado após Marino chegar de um churrasco. Olga diz que seu marido só errou os disparos porque estava bêbado. Os dois estavam sozinhos na residência no momento da confusão.
- Fiquei trancada em um quarto, esperando a fúria dele passar.
Ela conta ter tido dificuldade para registrar o caso nas delegacias da cidade e para contratar um advogado porque "todos temiam Damásio". Mesma assim, a mulher conseguiu registrar a denúncia, inclusive com relatos de testemunhas que disseram ter ouvido o disparo.
Olga afirma, entretanto, que esta não foi a primeira vez que Damásio a agrediu. Antes do disparo, ela conta que já tinha sido alvo de socos e pontapés de seu marido. A dificuldade em relatar os casos à Polícia Civil era constante, diz. Funcionária pública licenciada, Olga atribui ao álcool parte do comportamento agressivo que Marino apresentava quando os dois moravam juntos.
- Ele é inteligente, batalhador, veio de família humilde. É uma pessoa boa. Se eu disser outra coisa, vou estar mentindo. Agora, quando bebe... não sei o que acontece. Eu não bebo. Mas ele se transforma depois de tomar uma 'pinguinha'.
De acordo com a mulher, enquanto moravam juntos, Damasio bebia diariamente. Outro elemento que ajudava o delegado a ficar agressivo, do ponto de vista de Olga, era sua arma. Ela diz que bastava uma simples discussão com um flanelinha para ele mostrar o revólver e fazer ameaças.

Acusações infundadas
Em contato com o R7 por telefone - na noite da quarta-feira (26) -, o advogado de Damasio Marino, Luiz Antônio Lourenço da Silva, classificou nossa ligação como “extremamente oportuna”. Ele disse ter saído, por volta das 18h30 da quarta, da sede da Corregedoria da Polícia com o pedido de arquivamento do processo movido pela mulher do delegado. Segundo Silva, “apuração preliminar sobre os fatos fizeram com que a Corregedoria pedisse o arquivamento em função das discrepâncias entre as lesões que ela diz ter sofrido do marido e o laudo do IML.” Além disso, segundo Silva, todas as testemunhas do caso – arroladas pela própria Olga – teriam desmentido o que foi afirmado pela mulher.
- As testemunhas simplesmente dizem não saber de nada [...] Peguei hoje, mas o relatório [da Corregedoria] está datado do dia 21 [de janeiro]. Isso mostra que o crédito que estão dando a essa pessoa é o mesmo dado ao cadeirante [ em referência a Anatole Magalhães Macedo Morandini]. Vocês terão um surpresa logo. As acusações são extremamente infundadas.
Silva disse ainda que está trabalhando no processo de separação de Olga e Damasio Marino e que “está uma guerra, justamente porque ela quer todos os pouquíssimos bens do casal”:
- Eles já se separaram, de fato, há algum tempo. Ele já tem outra noiva, que está grávida e estava com ele no dia do evento com o cadeirante.
Questionada sobre o caso, a Secretaria da Segurança Pública informou apenas que "houve uma acusação de lesão corporal registrada junto à polícia, mas a vítima (Olga Marino) não entrou com processo na Justiça. A apuração da Corregedoria já foi concluída e aguarda a apreciação de delegado corregedor de São José dos Campos".

"Não sou santa"
Olga, que tem 48 anos, também responde a processos criminais. A mulher conta que a atual companheira de seu marido fez uma denúncia contra ela por sequestro, mas afirma que seria incapaz de cometer tal crime. Olga já foi condenada a pagar R$ 300 a uma entidade beneficente por causa de ameaças feitas contra a então amante de seu marido, em 2009.
- Olha moço, não sou santa também. Tentei defender meu casamento com todas as minhas forças.
Em outro processo, Olga foi condenada a comparecer mensalmente no Fórum de São José dos Campos. Entre os documentos que a reportagem obteve, não aparecia a descrição do crime pelo qual Olga foi punida neste caso.
Durante o processo de separação, Olga diz Damasio, um dia, levou todos os bens que eles tinham para uma outra residência. Ela ainda assina o sobrenome Marino.
Segundo ela, o processo de separação - iniciado por Damasio - está parado porque ele não comparece às audiências porque teme a divisão de bens. Os dois foram casados sob o regime de comunhão parcial de bens, que prevê que tudo o que foi adquirido pelo casal depois do casamento deve ser compartilhado.
Depois do caso da suposta agressão ao advogado Anatole Magalhães Macedo Morandini - durante uma briga por uma vaga de estacionamento no último dia 17 de janeiro - Olga voltou a ser chamada para prestar depoimento na Corregedoria de São José dos Campos.
Após o depoimento, Olga disse que encontrou no pátio de sua casa uma carta escrita com letras recortadas de revistas e coladas em uma folha de caderno. No bilhete supostamente enviado a ela, há uma ameaça, caso ela volte a comparecer na Corregedoria.


Flagrado fumando narguilé com alunos é professor



Imagens foram gravadas no ano passado, em colégio em Limeira. Segundo Unicamp, docente poderá ser afastado apenas após investigações.

O homem que aparece fumando narguilé com adolescentes em um vídeo divulgado nesta semana é professor, informou nesta quinta-feira (27) a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). A gravação foi feita no fim do ano passado em uma sala de aula do Colégio Técnico de Limeira (Cotil), em Limeira, a 151 km de São Paulo. O nome do docente não será divulgado, segundo a instituição.
As imagens mostram um grupo composto por menores e o professor em uma roda, dividindo cigarros e o narguilé (espécie de cachimbo d’água que funciona com fumos especiais com sabores diferentes). A venda deste objeto é proibida para adolescentes em São Paulo desde 2009.
A mãe de um rapaz de 15 anos que aparece nas imagens denunciou a prática. Segundo ela, todos os que aparecem no vídeo são menores. A mulher, que não quis que seu nome fosse divulgado, descobriu as imagens no computador de casa. "Foram os alunos que combinaram com o professor. Agora eu não sei de quem partiu isso, e quem que autorizou”, afirmou. A escola fica dentro de um campus da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Os alunos estudam em período integral e têm aulas do ensino médio e técnico.



Para o promotor de Justiça Nelson Peixoto, houve duas infrações no caso – contra a lei antifumo e contra o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). "Isso, evidentemente, não é o que se espera de uma instituição de ensino. Sobretudo quando os pais desconhecem e quando há uma proibição estadual até por lei, legal, da lei antifumo, de consumo desse tipo de substância no interior de instituição cultural de ensino.”
"A gente não acredita, não espera que isso vá acontecer com o seu filho. A gente procura dar uma boa educação, acha que está cheio de drogas nas ruas, mas você imagina que dentro da escola seu filho vai estar protegido. E não foi o que aconteceu", disse a mãe que fez a denúncia.
A diretoria da escola já foi chamada pelo Ministério Público para dar explicações. Uma sindicância foi instaurada para investigar o fato e aplicar as medidas disciplinares previstas nos estatutos da instituição. A assessoria da Unicamp disse que o professor só será afastado do cargo, se for o caso, após o fim das investigações, que não têm prazo para ser concluída.


Repórter News

Polícia flagra festa de aniversário de 18 anos com bolo de maconha na BA


Segundo a polícia, 22 pessoas foram detidas e liberadas em Arraial d'Ajuda.
Bolo estava decorado com chocolate, folhas do entorpecente e cerejas.

Policiais civis e militares encerraram uma festa de aniversário de uma menina de 18 anos, na madrugada desta quarta-feira (26), em Arraial d'Ajuda, em Porto Seguro (BA). O motivo da interrupção foi que o evento estava sendo regado a bebidas alcoólicas, cocaína e um bolo de chocolate com maconha. O confeito estava decorado com folhas da droga e cerejas. Vinte e duas pessoas foram detidas, levadas para a delegacia da cidade e liberadas em seguida.
De acordo com o delegado Rafael Zanini, a aniversariante teria recebido o bolo de presente de uma amiga. "Recebemos uma denúncia de perturbação do sossego e uso de drogas em uma festa realizada na praia, na areia mesmo. Quando chegamos, o bolo já tinha sido consumido e por isso não conseguimos apreendê-lo, mas ainda assim conseguimos encontrar porções de cocaína, maconha e muita bebida alcoólica."
O delegado afirmou que a festa de aniversário começou na noite de terça-feira (25) e aconteceu em um barracão entre as praias do Delegado e Apaga Fogo. "A cabana foi montada na praia, em espaço público e aberto. Quando os policiais chegaram, muita gente ainda conseguiu escapar pela orla mesmo. Pedimos apoio da Polícia Militar para prender as pessoas. No momento, cerca de 50 pessoas estavam no evento", disse Zanini.
Das 22 pessoas detidas, dez eram menores de idade e 12 eram adultos, segundo o delegado. "Em depoimento, apenas uma adolescente nos disse que tinha consumido maconha. A faixa etária dos convidados era de 17 a 25 anos, sem contar com os pais da aniversariante", disse Zanini. "Apreendemos as máquinas de fotografia e celulares de alguns dos convidados, que tinham a foto do bolo da festa de aniversário", afirmou.
O delegado registrou o caso em um Termo Circunstanciado de Ocorrência. "Interpretei como apologia ao crime e uso de drogas, auxílio ao consumo de drogas e crimes relacionados ao ECA [Estatuto da Criança e do Adolescente]. Todos foram ouvidos e liberados."


Professora é condenada a 12 anos de prisão por abusar de aluna


RIO - A professora de matemática Cristiane Teixeira Maciel Barreiras , de 33 anos, que manteve relações sexuais com uma aluna de 13 anos da Escola Rondon, em Realengo, foi condenada a 12 anos de prisão por estupro de vulnerável, conforme antecipou o colunista Ancelmo Gois nesta quinta-feira. Segundo a sentença do juiz Alberto Salomão Júnior, da 2ª Vara Criminal de Bangu, na Zona Oeste do Rio, Cristiane não poderá recorrer da decisão em liberdade, como pleiteava a defesa .
Segundo o juiz, a autoria e materialidade do crime ficaram totalmente comprovadas pelos depoimentos da professora e da aluna. Na denúncia, oferecida pelo Ministério Púbico estadual, Cristiane Barreiras foi acusada de praticar a conduta delituosa por mais de 20 vezes.
"Causa geral de aumento de pena, por força da continuidade delitiva, levando em conta o reiterado e impreciso número de vezes que a conduta delituosa foi cometida, alcançando o patamar de 12 anos de reclusão, que torno definitiva à míngua de outras moduladoras. O regime para o cumprimento de pena é o inicialmente fechado. Não poderá apelar em liberdade, porquanto se afiguram presentes os motivos ensejadores da custódia cautelar da ré, ora reforçados pela presente condenação", diz o juiz na sentença.
Em entrevista ao G1 , o advogado de Cristiane, Ronaldo Barros, afirmou que pretende recorrer da decisão:
- A pena veio menor do que se previa. De qualquer forma, vamos recorrer para tentar diminuir isso. Ela confessou o crime e a gente acha que teria o direito a responder o processo em liberdade.
Cristiane foi absolvida, por falta de provas, do crime de satisfação de lascívia mediante presença de criança ou adolescente. A acusação de que a acusada manteve relações sexuais com a aluna na presença de outra menor de idade foi negada pela professora e pelas adolescentes.
"Encerrada a instrução criminal, a existência da materialidade delitiva em questão restou duvidosa. No decorrer da instrução criminal, a prova colhida não permite a prolação de um decreto condenatório em desfavor da imputada", explica da a sentença.
A professora terá que pagar as custas e taxa judicial do processo.


Queniana enfrenta fama de 'amaldiçoada' após ter 6 pares de gêmeos


A maioria das mulheres teria dificuldades em lidar com seis pares de gêmeos, mas para a queniana Gladys Bulinya isso é ainda mais complicado – em seu país, muitas pessoas creem que o nascimento de gêmeos é uma maldição.

Sua família não quer mais contatos com ela e até seu marido a deixou após o nascimento do sexto par de gêmeos, temendo que ela estivesse amaldiçoada.
Bulynia, de 35 anos, vive sozinha com 10 de seus 12 filhos em uma casa de sapé de um cômodo a poucos quilômetros do lago Victoria.
Sentada em frente à pequena casa no vilarejo de Nzoia, ela conta que seus primeiros filhos, John e James, nasceram em 1993.
Ela explica que ficou grávida quando ainda era uma estudante secundarista, mas seu namorado era jovem demais para se casar com ela. Sua família então ordenou que ela deixasse os bebês no hospital local para adoção.
Eles explicaram a ela que o povo Bukusu, ao qual sua família pertence, acredita que os gêmeos trazem azar e que, a não ser que ao menos um deles morra, isso significa morte certa para um ou para ambos os pais.
A tradição Bukusu de eliminar o segundo gêmeo não é mais praticada, apesar de casos ocasionais de infanticídio ainda serem registrados em áreas rurais do oeste do Quênia.

Expulsão
Por sorte, diz Bulynia, quando o pai de seu namorado soube que os gêmeos haviam sido abandonados, ele os tomou e vem cuidando de ambos desde então. Ele é de um grupo étnico diferente, os Kalenjin.
Mas seus problemas não acabaram aí. Cinco anos depois ela se apaixonou e se casou com um professor de escola primária.
Ela vivia com a família do marido quando deu à luz seu segundo par de gêmeos, Duncan e Dennis.
Temendo que ela trouxesse a eles um mau agouro e que alguém da família morresse, seus sogros a expulsaram de casa.
“Fui colocada em um mototáxi com meus gêmeos e mandada para a casa do meu pai”, conta ela.
Sua família, porém, teve pouca simpatia por ela. Novamente temendo que ela estivesse amaldiçoada, seus pais não permitiram que ela ficasse na casa da família.
Em vez disso, eles rapidamente arrumaram um novo casamento para ela, com um homem 20 anos mais velho.
O homem concordou porque já não esperava se casar em sua idade.
Mas outros gêmeos vieram. “Mercy e Faith nasceram em 2003, Carren e Ivy em 2005, e Purpose e Swin em 2007”, conta Bulyinia.
Mas foi a chegada de Baraka e Prince, no ano passado, que levou o marido a deixá-la.
“Eu agora tenho que fazer vários trabalhos para alimentar meus dez filhos, porque eu não sei onde ele (o marido) está, e mesmo se ele estivesse por perto, estaria muito velho para trabalhar”, diz.

Ração de milho
Algumas das crianças mais velhas frequentam a escola local. As meninas de cinco anos se revezam para cuidar de Baraka e Prince, de cinco meses, enquanto sua mãe está fora cuidando de jardins ou lavando roupas para os vizinhos.
Dennis, de 11 anos, recebeu uma bolsa para frequentar uma escola privada próxima, enquanto seu irmão gêmeo, Duncan, cuida da criação de gado de um professor aposentado.
Duncan recebe uma ração mensal de milho como pagamento por seu trabalho, e isso é o que alimenta o resto da família.
Apesar de ajudar a família com a bolsa a Dennis, a diretora da escola St Iddah Academy critica a mãe.
“Esta senhora deveria ter feito uma esterilização após descobrir que os homens a estavam usando e descartando”, afirma Margaret Khanyunya.
Bulynia diz que não se arrepende de nada e que considera seus filhos como “uma bênção de Deus”.
Mas ela admite que passou, sob relutância, por uma esterilização, por não poder lidar com mais nenhuma criança. “Foi contra o desejo de minha igreja”, conta.
“Sou católica. Quando tomei a decisão, pedi o perdão de Deus. Estou segura de que Deus entende e vai me perdoar por fazer isso”, disse.
O que realmente a deixa contrariada, ela diz, é a ausência de seus gêmeos mais velhos, hoje com 17 anos.
Ela chora ao relatar seu último encontro com os filhos, há dois anos, quando eles foram circuncidados, em uma cerimônia que marca o rito de passagem da adolescência à vida adulta.
Na cerimônia, cada pai precisa entregar o filho para os anciões da comunidade fazerem a circuncisão.
“Fui convidada ao evento e me pediram duas vezes para apontar meus filhos entre o grupo de 30 garotos”, diz.
“Nas duas vezes apontei para os garotos errados, e meu coração ainda aperta a cada vez que penso naquele dia.”

Murilo Telewa


Casais que falam de forma parecida têm mais chances de dar certo


Estudo mostra que pessoas que falam de forma parecida são mais compatíveis

Geralmente, as pessoas tendem a ser atraídas – e até casam – com pessoas que lembrem delas mesmas em termos de personalidade, valores e aparência física, mas o jeito como elas falam também é importante, revelou um estudo publicado na revista científica Ciência Psicológica.
A pesquisa mostrou que pessoas que falam de forma parecida são mais compatíveis. O estudo foi feito a partir das chamadas “palavras de função”, termos que mostram como as outras palavras se relacionam. São termos difíceis de explicar, mas que usamos todo o tempo, como “um”, “ser”, “alguma coisa”, “que”, “vai”, “dele” e “e”.
A forma como usamos essas palavras fazem parte de nosso estilo ao escrever e ao falar, explica James Pennebaker, da Universidade do Texas, coautor do estudo.
– As palavras de função requerem habilidades sociais para ser usadas. Por exemplo, se estou falando sobre um artigo que vai ser publicado e, logo em seguida, faço alguma referência ao "artigo”, você e eu sabemos o que isso significa. Mas alguém que não fazia parte da conversa não vai entender.
Pennebaker e sua equipe examinaram se os estilos de falar e de escrever que casais adotam durante uma conversa ajudam a prever futuros comportamentos de namoro e a longa duração de um relacionamento. Para isso, eles realizaram duas experiências nas quais um programa de computador comparou os estilos na linguagem dos parceiros.
Na primeira, pares de estudantes universitários tinham encontros de quatro minutos enquanto suas conversas eram gravadas. Quase todos eles falaram sobre os mesmos assuntos, como, por exemplo, "De você vem?", "Você gosta da universidade?" e "O que estuda?".
Todas as conversas soaram mais ou menos como se fossem as mesmas, mas análises de textos revelaram diferenças acentuadas na sincronia da linguagem. Os pares cujas pontuações no estilo de conversa combinavam e estavam acima da média tinham quatro vezes mais chances de desejar contatos futuros do que aqueles cujos estilos de conversa estavam fora de sincronia.
Um segundo estudo revelou o mesmo padrão em bate-papos diários entre casais que estavam namorando havia dez dias. Quase 80% dos casais cujos estilos de conversa combinavam ainda namoravam três meses depois, em comparação com cerca de 54% dos casais cujos estilos não combinavam.
O que as pessoas dizem umas às outras é importante, mas como elas dizem pode ser ainda mais revelador. Pennebaker explica que elas não têm consciência quando estão sincronizando suas conversas. O cientista acrescenta que “o que é maravilhoso sobre isso é que na verdade não tomamos uma decisão, ela sai de nossa boca”.


SP: Marido mantinha mulher em cárcere no porão de casa há 16 anos


SÃO PAULO - João Batista Groppo e sua companheira Maria Aparecida Furquim foram presos em Sorocaba, cidade a 97 quilômetros da capital, acusados de manter em cárcere privado uma mulher de 64 anos. A vítima, Sebastiana Aparecida Groppo, era mulher de João Batista, com quem ele havia se casado há 40 anos. O acusado disse que a mulher era mantida no porão da casa porque apresentava problemas mentais.
Policiais da Delegacia da Mulher foram até o local após uma denúncia anônima. O porão tem 12 metros quadrados e fica nos fundos da casa. As paredes apresentavam muita umidade e bolor. A vítima foi encontrada sobre uma cama de concreto, sem roupas e protegida apenas com uma coberta. Cadeados na portas impediam que Sebastiana tivesse acesso a outros cômodos da casa. No único bocal de luz, não havia lâmpada. Segundo João Batista, o cômodo ficava sem luz para evitar desperdício de energia.


- Se ficar com luz, fica acesso o tempo todo. E eu não tenho condições de manter isso - disse João Batista aos policiais.
A delegada da Mulher, Jaqueline Coutinho, disse que em 21 anos de profissão nunca viu uma situação tão degradante.
- A mulher era mantida num ambiente sujo e sem ventilação. É a primeira situação de cárcere privado tão aviltante que vejo em 21 anos. Todos os direitos humanos foram alijados. Nem um animal ficaria numa situação tão degradante como estava esta vítima. Ele disse que decidiu aprisionar a própria a mulher alegando que ela tinha problemas mentais - disse a delegada.
João Batista e sua companheira foram autuados por cárcere privado. A pena para este tipo de crime varia de 2 a a 8 anos de prisão.
A mulher foi levada por guardas municipais ao Hospital Regional de Sorocaba onde será medicada.


quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Papel central das mulheres na luta contra o Holocausto é relembrado em evento no Rio



Papel central das mulheres na luta contra o Holocausto é relembrado em evento no Rio
26 de janeiro de 2011 · Eventos UNIC Rio, Últimas notícias

“Holocausto nunca mais”. Esta foi a frase mais vezes ouvida e repetida por todos os participantes durante um evento realizado no Palácio do Itamaraty, nesta quarta-feira (26/1), que marcou o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto. Cerca de 350 pessoas lembraram a data, que faz parte do calendário oficial das Nações Unidas e é comemorado todo dia 27 de janeiro, desde 2006.
O tema deste ano – “As mulheres e o Holocausto: coragem e compaixão” – fez justiça às milhões de mulheres e meninas que resistiram à barbárie nazista durante o holocausto, afirmaram diversos convidados da mesa. A cerimônia foi fruto de uma parceria entre o Centro de Informação das Nações Unidas para o Brasil (UNIC Rio) e a Federação Israelita do Estado do Rio de Janeiro (FIERJ).
Na ocasião também foi aberta a exposição “Des-humanize-se”, organizada pelo Instituto Hillel – organização de jovens judeus presente em vários países do mundo. A mostra reúne fotos, textos, vídeos e instalações inspirados nos campos de concentração de Auschwitz-Birkenau, concebida por jovens judeus.
O ator Milton Gonçalves foi o mestre da cerimônia e lembrou que a Assembleia Geral da ONU instituiu o Dia em 2005 [http://www.un.org/holocaustremembrance/docs/res607.shtml] e falou sobre o doloroso processo de libertação dos sobreviventes do mais famoso dos campos de concentração nazistas, de Auschwitz.
Milton leu o relato de uma das sobreviventes: “Estas imagens era reais. Eu as vi, cheirei, toquei. Eram muito reais”. E concluiu: “O holocausto foi um acontecimento sem precedentes”. O ator citou algumas das mulheres sobreviventes dos campos de concentração e ressaltou o papel delas no episódio. “Com as vozes que surgem negando o holocausto, cabe a nós relembrar a data”, ressaltou. A cerimônia contou com a presença de diversas personalidades públicas e representantes de comunidades judaicas, bem como outros grupos que foram perseguidos durante o holocausto – como os ciganos, os homossexuais e os negros.

Após a barbárie, uma luz de esperança

O Diretor do Centro de Informação das Nações Unidas para o Brasil (UNIC Rio), Giancarlo Summa, afirmou que o Dia tem o objetivo de honrar todas as vitimas do Holocausto e observou que o 27 de janeiro foi escolhido por ser o aniversário da libertação do campo de concentração de Auschwitz, em 1945. Naquele mesmo ano, lembra, alguns meses depois, no fim da Segunda Guerra Mundial, a ONU foi criada num clima de esperança. “E esperança é aquilo que a ONU representa até hoje: uma força a favor da democracia e da liberdade, uma luz de esperança para a dignidade humana, os direitos humanos, as aspirações humanas”, afirmou Summa.
Segundo Summa, a ONU foi criada também para impedir que o crime absoluto da “Shoah” pudesse se repetir. “No melhor sentido, a Organização das Nações Unidas foi fruto do sofrimento e da tragédia humana. O papel da Organização continua sendo o de erguer a voz em defesa dos direitos humanos. Proteger os inocentes. Falar em defesa daqueles que, de outro modo, não seriam ouvidos. Oferecer ajuda àqueles que necessitam”, afirmou. “Sem memória, não é possível construir um futuro de justiça e de paz. Por isso a ONU instituiu o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto. Por isso a ONU apoia a criação de Comissões da Verdade em todos os países que sofreram o arbítrio de ditaduras militares”.


Veja mais em:
UNIC Rio de Janeiro

Descaso com donativos é flagrado em Nova Friburgo, na Região Serrana



Roupas foram jogadas no chão por caminhão da Secretaria de Educação.
Prefeitura vai abrir inquérito administrativo para apurar o caso.

Na cidade de Nova Friburgo, na Região Serrana do Rio, atingida pela enxurrada do último dia 11, uma equipe da Rádio CBN registrou um flagrante de descaso com os donativos. Segundo moradores, roupas doadas foram despejadas no chão por um caminhão da Secretaria de Educação de Nova Friburgo.
As imagens foram gravadas na localidade Floresta, no distrito de Conselheiro Paulino. Muita gente tentou aproveitar as peças espalhadas na calçada. Tudo ficou revirado.
A prefeitura informou que vai abrir inquérito administrativo para apurar o caso e se ficar comprovado que o motorista descarregou as doações, ele será demitido.
O número de mortos pelas chuvas que atingiram a Região Serrana do Rio de Janeiro no início do mês chega a 820, de acordo com as prefeituras das cidades afetadas pela tragédia.


G1

Novo gel de plaquetas reconstrói mama após retirada de tumor


Tratamento permite conservar o formato do seio

Cirurgiões do hospital Germans Trias i Pujol, em Barcelona, na Espanha, desenvolveram um gel de plaquetas que restitui o volume da mama após a extração do tumor, colocado no mesmo ato cirúrgico e permite conservar o formato do peito.
A técnica, elaborada em colaboração com o Banco de Sangue e Tecidos da Universidade Autônoma de Barcelona (UAB), é pioneira no mundo e já foi aplicada em 50 mulheres com bons resultados, como informa o centro por meio de um comunicado.
O tratamento é fruto de um projeto de pesquisa liderado pelo cirurgião Joan Francesc Julián e constitui uma nova tecnologia aplicada à cirurgia que não requer reconstruções posteriores, nem a colocação de próteses mamárias para atenuar o vazio gerado pela extração de um tumor.
Segundo os médicos, as plaquetas são obtidas do sangue de um doador e com elas é elaborado um gel com uma consistência similar à da mama, que restitui o volume e regenera paulatinamente as fibras de colágeno perdidas. Embora circulem pelo sangue, as plaquetas não são células, mas fragmentos celulares e mesmo sendo de um doador, não geram rejeição do receptor. Além disso, contêm fatores de crescimento e imunomoduladores que aceleram a reparação e regeneração do tecido.
Atualmente, sete de cada dez mulheres que têm câncer de mama precisam de uma tumorectomia ou extração do tumor, enquanto três de cada dez precisam de mastectomia, que representa a extração total do seio.
No caso da tumorectomia, até agora não se reconstruía a mama no momento da extração do tumor, mas posteriormente, e uma vez surgida uma deformidade se recheava a área com ácido hialurônico e gordura da paciente, mas nem sempre com os resultados esperados.
A nova tecnologia foi patenteada pelas três instituições envolvidas no projeto, o hospital e o instituto Germans Trias, a Universidade Autônoma de Barcelona e o Banco de Sangue e Tecidos.






Ainda que estradas, avenidas e palácios levem seus nomes, os bandeirantes eram mais assassinos do que heróis desbravadores.

Estátua de Borba Gato, na av. Santo Amaro (zona sul de SP); trajes nobres não eram realidade dos bandeirantes

Ainda que estradas, avenidas e palácios levem seus nomes, os bandeirantes eram mais assassinos do que heróis desbravadores.
É o que mostram os relatos sobre esses responsáveis pelo frutífero negócio de trazer índios do interior do país para a escravidão no século 17.
Segundo o relato de jesuítas, "na longa caminhada até São Paulo, chegam a cortar braços de uns [índios] para com eles açoitarem aos outros". Mais: "matam os velhos e crianças que não conseguem caminhar, dando de comida aos cachorros".
Nomes como Raposo Tavares, Fernão Dias e Domingos Jorge Velho com frequência apareciam associados à violência e a assassinatos.
Não foi apenas moral a ilusão criada sobre os bandeirantes, porém. Até suas roupas são retratadas de maneira errada. Não usavam, por exemplo, botas, nem que o destino fosse muito longe: o próprio Jorge Velho foi descalço de São Paulo ao Piauí.
A aparência corpulenta e a pele alva das pinturas também não são reais.
"A maioria era filho de branco com índia, com a pele mais escura", diz Manuel Pacheco, da Universidade Federal da Grande Dourados. "A alimentação era restrita. O bandeirante gordo dos quadros é muito improvável."
Esse mito dos bandeirantes foi consolidado após décadas de "marketing". A imagem heroica foi incentivada com a ascensão dos cafeicultores paulistas à elite econômica do Brasil, no fim do século 19. A partir de 1903, essa orientação foi incorporada à política, e o governo estadual passou a bancar obras de arte que apoiassem essa aura mítica.
Com o passar dos anos, o mito foi sendo incorporado a outros grupos, que queriam se associar a essa imagem de coragem. Entram aí os constitucionalistas de 1932, o governo Vargas e até a ditadura militar.
RICARDO MIOTO
SABINE RIGHETTI
GIULIANA MIRANDA

Estilo de educação das 'mães tigresas' da China causa polêmica


Um livro gerou polêmica nos Estados Unidos e na Europa por sugerir que os chineses têm mais sucesso na criação de seus filhos do que povos ocidentais por serem muito mais rígidos.

A professora de direito americana Amy Chua, filha de imigrantes chineses, é a autora de Battle Hymn of the Tiger Mother (“Hino de Batalha da Mãe Tigresa”, em tradução livre), livro em que relata a tentativa de criar suas filhas à "moda chinesa".
Amy impôs várias restrições às suas filhas para que tivessem um desempenho escolar excepcional. Entre outras coisas, as meninas eram proibidas de ver TV, jogar videogame e escolher suas próprias atividades extracurriculares.
Além disto, eram obrigadas a tocar piano ou violino e a ser as melhores alunas em todas as disciplinas da escola, exceto em Educação Física e Drama.
"Mesmo quando os pais ocidentais pensam que estão sendo rígidos, eles normalmente não chegam perto de ser mães chinesas", disse a professora, em artigo publicado no Wall Street Journal.
"Para ser bom em algo, é preciso trabalhar, e as crianças nunca querem fazer isso por conta própria", afirmou Amy. "Os chineses acham que a melhor maneira de proteger os seus filhos é prepará-los para o futuro, fazendo-os ver do que elas são capazes."
O texto causou polêmica entre leitores e especialistas. Muitos viram nas opiniões de Amy a defesa de uma "superioridade" de pais chineses sobre os ocidentais, além de condenarem a falta de liberdade dada às crianças.
A professora se defendeu, afirmando que seu livro "não é um guia de como fazer as coisas; é uma memória, a história da jornada da nossa família em duas culturas" (o pai das filhas de Amy é judeu).

Prática consagrada
Segundo o correspondente da BBC em Pequim Michael Bristow, ser extremamente rígido com crianças, determinando o que elas podem e não podem fazer em seu tempo livre, é uma prática consagrada e dificilmente contestada na China.
Muitos pais chineses acreditam que, sem esta filosofia, seus filhos não conseguirão entrar em uma boa universidade, o que eles veem como algo vital para garantir um emprego bem remunerado, afirma Bristow.
"Nós temos que nos adaptar ao sistema, o sistema não se adapta a indivíduos", disse à BBC a chinesa Meng Xiangyi, mãe de Ni Tianhao, um menino de 7 anos.
Ela afirma que largou o emprego para supervisionar a educação de seu filho, com o objetivo de colocá-lo na Zhongguancun Nº 2, uma das mais prestigiadas escolas primárias de Pequim.
Meng e sua família se mudaram para uma área mais próxima do colégio. Ela diz que se obrigou a fazer contatos com funcionários da escola, além de pagar cerca de 100 mil yuans (R$ 25 mil) à instituição em taxas extras.
Todo este esforço teve resultado: Ni conseguiu ingressar no Zhongguancun Nº 2, considerado uma porta de entrada para as principais universidades chinesas.
Embora pareça se enquadrar no estilo "mãe tigresa", Meng não se considera muito rigorosa. "Eu não o faço chegar a 100%. Se ele alcançar 90% ou acima disto, estou satisfeita."

Felicidade
"O maior problema na China é que os pais estão cada vez menos dispostos a permitir que seus filhos sejam crianças", disse à BBC o professor e especialista em comportamento de pais Yang Dongping, do Instituto de Tecnologia de Pequim.
"Elas (as crianças) não têm uma infância feliz - tudo se trata de estudar, fazer provas e ter aulas particulares."
Yang afirma que este estilo de lidar com os filhos se desenvolveu em parte devido à tradição chinesa de enfatizar o aprendizado acadêmico. Para ele, esta filosofia limita a criatividade e a imaginação dos jovens.
Além disto, a política do país em permitir apenas um filho por casal - para conter o crescimento demográfico excessivo - também é considerada um problema, por colocar muita pressão sobre filhos únicos.

BBC Brasil

Santa Catarina tem 59 municípios em emergência e mais de 25 mil expulsos de casa


No total, 69 cidades e mais de 900 mil pessoas foram afetadas pelos temporais

A Defesa Civil de Santa Catarina informou que subiu para 59 o número de municípios em estado de emergência no Estado. De acordo com o último boletim do órgão, divulgado nesta terça-feira (25), mais de 25 mil pessoas foram expulsas de casa pelas chuvas. A cidade de Mirim Doce, no Vale do Itajaí, decretou situação de calamidade pública.
No total, 69 cidades e mais de 900 mil pessoas foram afetadas pelos temporais em Santa Catarina. Segundo a Defesa Civil, 23.997 pessoas estão desalojadas (pessoas que tiveram suas residências atingidas e foram para casa de parentes ou amigos), 1.926 desabrigadas (pessoas que necessitam de abrigo temporário) e 630 foram deslocadas (pessoas obrigadas a migrar da região que habita para outra).

Mortes
A Defesa Civil divulgou que cinco pessoas morreram por causa das chuvas que atingem Santa Catarina desde segunda-feira (17). A primeira morte aconteceu em Jaraguá do Sul, no norte do Estado. Um homem, de 42 anos, morreu após ser atingido por um raio, na tarde de quarta-feira (19). Em Florianópolis, um menino de oito anos estava as margens da cachoeira e foi levado pela força das águas, na sexta-feira (21).
No sábado (22), o órgão divulgou a morte de um bebê de três meses, em Massaranduba. A família da criança se preparava para deixar a residência, quando foi surpreendida por um deslizamento de terra. A criança morreu vítima de soterramento.
A morte de uma turista italiana também foi confirmada no sábado. Na tentativa de atravessar uma ponte na região de Vargem Grande, seu carro caiu no rio. Outro vítima foi um homem, de 38 anos, encontrado morto em uma obra em Canasvieiras, provavelmente atingido por um raio.

Minas Gerais
A Defesa Civil informou que subiu para cem o número de municípios que decretaram situação de emergência por causa das chuvas que atingem Minas Gerais. De acordo com o último boletim do órgão, divulgado nesta terça-feira (25), 17.681 pessoas estão desalojadas e 2.628 estão desabrigados.
As últimas cidades a decretarem a situação no Estado foram Ipuiuna e Inimutava. Ao todo, 1.324.430 pessoas foram afetadas pelas chuvas.


Chuvas no Rio

vídeo acima slideboom


Envio o relato que escrevi como voluntária nos esforços de socorro às vítimas nas áreas mais afetadas de Teresópolis, dias após as chuvas que assolaram a região.

17 de janeiro de 2011

Nunca vi nada igual. Posse, Caleme e Campo Grande praticamente soterradas. Um rio caudaloso onde não havia rio, um campo de pedras onde antes ficava uma fileira de casas, dois metros de lama por quilômetros e quilômetros vale abaixo.
Olhando pra cima, uma geografia violenta: a montanha sucumbiu à chuva e partiu-se em dois. O barranco estatelou-se no chão do vale, e a encosta de cá agora é côncava. Uma poeira fina e alaranjada recobre cada folha que restou.
Fincados no lodo: pedregulhos do tamanho de carros, carros virados de cabeça pra baixo, toras atravessando telhados. Muitas casas parecem intactas, só que a linha da água nas paredes está mais alta do que a das portas. Outras moradias ficaram escondidas sob camadas de lama tão pegajosa que, quando piso numa área molhada, é preciso duas pessoas para soltar a galocha.
No final do vale, o rio novo se despeja pela porta de um motel, atravessa o que ficou dos quartos e sai pelos fundos. Fora o borbulho da água, há apenas um silêncio medonho, entrecortado pelo barulho dos helicópteros que sobrevoam o vale (e não pousam).
O caminho, a pé, é difícil, e nós o percorremos debaixo de um sol a pino, mas não temos escolha. Postes e árvores foram arrancados do solo e carregados feito gravetos pela enxurrada. Presos entre as raízes, os detalhes mais difíceis: um pote de condicionador, fotos de uma moça sorridente e muito grávida, uma fantasia do Homem-Aranha. E, por todo o vale, aquele cheiro indescritível. Devíamos ter trazido máscaras, mas estão em falta aqui na serra.
O número de mortos é, sem dúvida, muito maior do que as estimativas atuais. As escavadeiras ainda nem chegaram aos lugares por onde andamos: sobre a pista de lodo e entulho que a avalanche deitou no vale, sobre casas e ruas soterradas. Pompéias.
E a prefeitura, lá no centro da cidade? Apaixonada pela própria burocracia, exigindo cadastro de quem distribui e documento de quem recebe (mas muitos perderam tudo, inclusive carteira de identidade), bloqueando a Cruz Vermelha e atrapalhando a distribuição de donativos. Um monopólio doentio.
Desabrigados e órfãos ainda sobrevivem sem assistência adequada do estado, e o socorro foi praticamente terceirizado. As igrejas, as ONGs que surgiram ao longo da semana, os mações e as associações-- estão todos fazendo um belo trabalho, mas a coordenação entre os grupos ainda é fraca. A sociedade civil pode preencher algumas lacunas deixadas pelo estado em tempos de emergência, mas a organização desses esforços depende de um centro eficaz e inteligente. A assistência, onde ela existe, permanece fragmentada.
No Pedrão, onde (até ontem) eram acolhidos os desabrigados: milhares de pilhas de roupas sobre as arquibancadas. Tudo meticulosamente organizado. Do lado de fora, sob uma tenda, crianças arrebentadas por correntezas estão sendo cadastradas, cadastradas, cadastradas.
Homens vagam pelo estacionamento com o olhar perdido, mulheres esperam na porta do ginásio pedindo fraldas e camisetas. Voluntários e funcionários alocam os mantimentos com afinco, mas têm pouca informação. Para onde estão sendo enviados os desabrigados? "Não sabemos informar." E as famílias que não conseguem chegar aqui, recebem esta ajuda? "Não sabemos informar."
Dentro do trailer no pátio, assistentes sociais e voluntários preenchem maços de fichas. Famílias atordoadas recitam as suas perdas. Os parentes viram nomes, as casas viram endereços, rotinas viram profissões. Vidas transformam-se em dados. Na parede, um cartaz feito a mão:
"Todo voluntário deve cadastrar-se com a T___.". Perguntamos pela T___. "Não veio hoje." Veio ontem? "Também não." Outro cartaz: "Encaminhamento para abrigos." A mesa embaixo, desocupada.

Na saída, uma senhora, aos prantos, vê que temos celular e nos pede para tentar localizar o filho desaparecido. Ela tira do bolso um papel dobrado, mas o número de contato foi borrado pela chuva, e não conseguimos descifrar a sequência.
Resolvemos bater à porta do secretário. Ninguém é capaz de nos mostrar uma lista dos abrigos. Precisam de psicólogas? Subimos a serra com seis! Todas prontas para atender as crianças órfãs, qualquer pessoa que precise de ajuda. Ninguém da prefeitura fornece informações. "Vamos marcar reunião para amanhã, e depois avisamos." Algumas das voluntárias, impedidas de atender as vítimas e temendo a chuva forte que se aproxima, voltam pro Rio.
Por toda a cidade: caminhões do exército levam soldados sem pás nem máquinas adequadas. Moradores de máscara cirúrgica procuram corpos em zonas interditadas pela defesa civil. Alguns grupos de policiais vagam pela cidade, abanando as mãos, enquanto voluntários têm que driblar as autoridades para entregar água, soro e feijão de moto ou a pé.
A situação na serra é bem pior do que tinha imaginado. Já trabalhei em campos de refugiados e zonas pós-conflito. E repito: nunca vi tamanha destruição. Nem, devo acrescentar, tanto descaso por parte de um governo que dispõe dos recursos materiais e humanos necessários para, no mínimo, organizar os esforços e donativos oferecidos por um batalhão de voluntários.

3 pensamentos avulsos:
- O que aconteceu não é surreal: é real. O lodo, as crianças, os abrigos estão lá. Não é a cólera de deus, não é cenário de filme, não é campo de guerra, não é o Haiti. É a serra fluminense, e parte dela foi destruída, e ainda está sofrendo terrívelmente.
- Se não canalizarmos a atual onda de solidariedade para exigir mudanças a longo prazo, ano que vem estaremos lá de novo, estarrecidos com novas perdas e com a nossa própria incapacidade (falta de vontade? apatia coletiva? amnésia seletiva?) de aprender com os erros do passado. Mais uma vez.
- Os sentimentos mais úteis no momento são: a fúria e a esperança. O resto é comodismo.

Adriana Erthal Abdenur
Professora de Desenvolvimento Internacional na Columbia University em Nova York e voluntária em Teresópolis da ONG Salve a Serra.

Sou grata aos valentes amigos do Salve a Serra e Minhaajudasuacasa, que estão fazendo um trabalho tão bonito e tão desesperadamente necessário.

Adriana Erthal Abdenur, Rio de Janeiro (RJ)


Revista Piauí

Alcoolismo aumenta entre as mulheres


Doença pode ser herança materna

Pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde aponta que 10,5% das mulheres brasileiras consomem bebidas alcoólicas em excesso. Os dados, que foram obtidos por meio da VIGITEL (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), mostram que os números de 2008 superam os registros dos anos anteriores, quando os indicadores não chegaram aos 9%.
As mudanças sociais que ocorreram na última década têm sido um dos motivos para o aumento do número de mulheres que sofrem com o problema do alcoolismo ou dependência química. Apesar da incidência do alcoolismo ser maior entre os homens, que atualmente representam 2/3 dos casos no país, o crescimento dos registros de abuso alcoólico pelo público feminino é preocupante. As mulheres desenvolvem problemas de saúde relacionados à bebida com mais facilidade do que as pessoas do sexo oposto, mesmo consumindo menores quantidades de álcool por um período de tempo mais curto.
O alcoolismo aumenta a predisposição para adquirir doenças como hepatite, cirrose, hipertensão, cardiopatias, pancreatite, câncer na boca, garganta, cordas vocais e esôfago, além disso as mulheres dependentes ficam mais suscetíveis ao câncer de mama e distúrbios emocionais.
O maior problema é que muitas mulheres não procuram ajuda. O motivo é que em nossa sociedade prevalece o mito de que o alcoolismo é sinônimo de fraqueza moral. Para a mulher, isso representa o comprometimento de seu papel como mãe e esposa. Por isso é tão difícil admitir que a ajuda é necessária, o que só faz piorar a situação.
Mas não só quem faz a ingestão excessiva do álcool corre riscos de saúde. Algumas crianças nascem com anormalidades físicas, mentais e comportamentais devido à dependência de suas mães durante a gravidez. A autora do livro recém-lançado “Um passado que vive – Transmissão Familiar do Alcoolismo Feminino”, a pesquisadora e psicóloga brasileira Ana Beatriz Pedriali acompanhou 62 mulheres alcoólatras e não alcoólatras na sua tese de doutorado e concluiu que, além do fator genético, o comportamento e as relações familiares são determinantes para o vício.
A psicóloga relatou que entre as alcoólatras, pelo menos uma em cada cinco era filha de uma mulher também viciada em álcool. “Há uma transmissão do comportamento, da violência e dos conflitos. Ao há registro desse fenômeno em homens”, enfatizou.
Ana Beatriz mencionou ainda que a maioria das mulheres dependentes tinha uma relação conflituosa com mães e avós. “Elas reproduzem o mesmo comportamento com as filhas. São mulheres que aprendem a resolver problemas bebendo”, completou.

Tratamento adequado é fundamental para a recuperação
Para o tratamento da doença é necessário acompanhamento profissional em clínicas de recuperação. No Brasil, a grande maioria das clínicas é especializada no tratamento do público masculino e, quando diferente, mistura homens e mulheres no mesmo ambiente. Mas o tratamento fica comprometido, porque é preciso fazer um trabalho mais profundo, abordando questões relacionadas à vida pessoal e familiar, como casamento, filhos, conquistas e derrotas específicas das mulheres.
A deficiência nessa área já foi constatada e já existem algumas clínicas para o tratamento exclusivo de mulheres.

Como detectar a doença?
O alcoolismo, também conhecido como "síndrome da dependência do álcool", é uma doença caracterizada pelos seguintes elementos:
•-Compulsão: uma necessidade forte ou desejo incontrolável de beber;
•-Perda de controle: a inabilidade frequente de parar de beber uma vez que a pessoa já começou;
•-Dependência física: a ocorrência de sintomas de abstinência, como náusea, suor, tremores, e ansiedade, quando se para de beber após ter passado um grande período bebendo;
•-Tolerância: a necessidade de aumentar a quantidade de álcool para sentir-se "alto".

Kirna Mota Nascimento

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