sábado, 12 de abril de 2014

Mesmo com muitos obstáculos, conselheiro tutelar faz a diferença em periferia paulistana

“Predestinado” é o apelido de Valdison Pereira, nascido no Dia do Conselheiro Tutelar, em 18 de novembro de 1982. Na profissão desde 2011, tomou posse no cargo coincidentemente na mesma data. Formado em Direito, Pereira também é coordenador da Comissão Permanente de Acompanhamento de Medidas Socioeducativas dos Conselhos Tutelares, responsável por fazer acompanhamento na Fundação Casa — entidade responsável pelas unidades de internação de adolescentes em conflito com a lei no estado de São Paulo.

Conselheiro tutelar de um bairro de periferia da capital paulista, com mais de 200 mil habitantes e marcado por deficiências nos serviços públicos, Pereira questiona as condições de trabalho do órgão que deve zelar pelos direitos das crianças e adolescentes. “É desumana a falta de estrutura que temos para o tanto de atendimento que fazemos. Tem dia que nem almoçamos ou trabalhamos até 12 horas seguidas”.

O Conselho Tutelar foi criado por meio do artigo 131 do ECA, que o define como um órgão permanente e autônomo; que deve agir sempre que os direitos de crianças e adolescentes forem ameaçados ou violados pela sociedade, pelo Estado, pelos pais, responsável ou em razão de sua própria conduta.

Depois de trabalhar em abrigos e em diversos órgãos da rede de atendimento, como o Centro de Referência da Criança e Adolescente (Creca), Centro de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente (Cedeca) e Centro de Referência de Assistência Social (Cras), Pereira decidiu ser conselheiro tutelar porque quando tentava encaminhar os casos, dificilmente conseguia ou não eram resolvidos. “Eu pensava que os caras não queriam fazer, estavam de má vontade. Aí decidi eu mesmo me tornar conselheiro e fazer acontecer, mas cheguei aqui e vi que era outra realidade”.

Falta “tudo” onde não tem “nada”


Falta de vontade política e infraestrutura são os principais fatores destacados pelo conselheiro para explicar a precarização do trabalho e a pouca efetividade da rede de atendimento, de forma geral. “Isso é o que mais me incomoda”, diz enquanto aponta para sala ao lado, de onde é possível ouvir outros conselheiros em atendimento com as famílias. “As pessoas têm o direito ao sigilo, mas como a gente garante privacidade se não temos o espaço adequado para trabalhar?”, questiona da sala do Conselho Tutelar onde atua, dentro da subprefeitura de São Mateus, bairro da zona leste da cidade de São Paulo.

Apesar da lei federal 12.696, promulgada em julho de 2012, que altera quatro artigos do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e dá direito à cobertura previdenciária, férias anuais remuneradas, licença-maternidade ou paternidade e 13º salário, a luta dos conselheiros pelos direitos garantidos no papel continua. “Ainda hoje, se perguntar para qualquer conselheiro tutelar se ele tem seus direitos sociais trabalhistas, ele vai te dizer que não tem”, revela Pereira. Em São Paulo, uma lei municipal aguarda aprovação para garantir tais direitos.

Somente nos distritos de São Rafael, São Mateus e Iguatemi, o número de habitantes ultrapassa os 400 mil para apenas dois conselhos tutelares. Realidade que contraria a resolução do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda) que determina que a cada 100 mil habitantes deve existir um conselho tutelar. As condições precárias de trabalho daqueles que são a base para fazer funcionar o Sistema de Garantia de Direitos são similares em todo o país. “No distrito do Iguatemi, por exemplo, Fundão, Jardim Limoeiro, que foi onde eu passei os 31 anos da minha vida, não tem nada, pouca coisa mudou. Não tem creche, centro cultural, as escolas que deveriam ser municipais são estaduais, não tem nenhum centro de atendimento ou área de lazer”, relata Pereira.

Mesmo com tantas dificuldades e desafios, o conselheiro percebe algumas melhoras nos últimos três anos e acredita que a rede de atendimento e o Sistema de Garantia de Direitos tenham potencial para funcionar melhor do que hoje. “Precisamos de muito investimento em política pública, atendimento, serviços, projetos, repasse de verbas, principalmente na região em que estamos. Se acabarem as organizações sociais de São Mateus, pode-se dizer que acaba o Sistema de Garantia de Direitos”.

“Acredito no que faço”


O conselheiro declara que sua maior motivação nesse trabalho é a satisfação em transformar a vida das pessoas e conta vários casos em que as famílias dão respostas positivas no atendimento. “Às vezes é um gesto pequeno, de atenção, diálogo e os devidos encaminhamentos. As pessoas voltam para agradecer, as crianças vêm trazer desenho, vemos amor e a gratidão onde não existia”. Além disso, o trabalho se dissemina e as pessoas passam a tomar conta de outras na comunidade, seja na ajuda direta ou com denúncias de vizinhos que maltratam seus filhos ou que precisam de intervenção.
Antes de se tornar conselheiro tutelar, Pereira era concursado, tinha benefícios trabalhistas, trabalhava menos e ganhava mais. Entretanto, não se arrepende de sua escolha: “Eu saí de lá para vir para cá, acredito no que faço e não penso em deixar a área social e de atender pessoas em situação de vulnerabilidade”.

Foi trabalhando na área social que o conselheiro viu sua atuação fazer a diferença e não se enxerga em outro lugar. “Com todas as dificuldades e com todos esses problemas, vejo as coisas acontecendo, se transformando para melhor, isso é o que compensa. Estou contente com o que eu faço, não me arrependo e sou feliz”, finaliza.

promenino

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Brasil tem 11 das 30 cidades mais violentas do mundo, diz ONU

Maceió está na quinta posição da lista da violência, seguida por Fortaleza, na sétima
Levantamento aponta 437 mil assassinatos em 2012; do total, 36% ocorreram nas Américas


RIO - O Brasil tem 11 das 30 cidades mais violentas do mundo. Levantamento do Escritório sobre Drogas e Crime das Nações Unidas com base em assassinatos ocorridos no ano de 2012 aponta Maceió como a quinta cidade em homicídios por cada 100 mil habitantes. Fortaleza está na sétima posição e João Pessoa, em nono. A América Latina desbancou a África como a região mais violenta. Já Honduras é hoje o país com maior número de assassinatos por 100 mil habitantes. O índice registrado naquele país aponta para o que os pesquisadores chamam de "situação fora de controle". O segundo país mais violento é a Venezuela, seguido por Belize e El Salvador.

De acordo com a pesquisa da ONU, foram assassinadas 437 mil pessoas em 2012, das quais 36% nas Américas, a maior parte na Central e na do Sul. O Brasil é o país com mais cidades na lista da violência, seguindo pelo México, com seis - ambos são os países mais populosos da América Latina. Venezuela e Colômbia têm três cidades e Honduras e Estados Unidos, duas. Além de Maceió, Fortaleza e João Pessoa, foram listadas pelo levantamento das Nações Unidas Natal (12ª posição); Salvador (13ª); Vitória (14ª); São Luís (15ª); Belém (23ª); Campina Grande (25ª); Goiânia (28ª); e Cuiabá (29ª).

Para os pesquisadores da ONU, o elevado índice de homicídios na América Latina está ligado ao crime organizado e à violência política, que persiste há décadas nos países latinoamericanos. A maior parte das mortes (66%) foram provocadas por armas de fogo. Os cartéis do narcotráfico mexicanos são citados como responsáveis pela violência também em Honduras, El Salvador e Guatemala, países que integram rotas de distribuição de drogas que têm como destino os Estados Unidos. Já na Venezuela, os assassinatos são atribuídos à violência urbana.

Taxas de homicídios acima de 20 por 100 mil habitantes são consideradas pelos especialistas como graves. Em Honduras, são 90,4 homicídios por 100 mil habitantes. Já na Venezuela, a taxa chega a 53,7; em Belize, 44,7; em El Salvador, 41,2; na Guatemala, 39,9; na África do Sul, 31; na Colômbia, 30,8; no Gabão, 28; no Brasil, 25,2; e no México, 21,5. Países em conflitos têm taxas inferiores às da América Latina, como Iraque, no Oriente Médio, onde o índice registrado é de oito para 100 mil habitantes.

As cidades mais violentas do mundo são: San Pedro Sula (Honduras), Caracas (Venezuela), Acapulco (México), Cali (Colômbia), Maceió; Distrito Central (Honduras), Fortaleza; Cidade da Guatemala (Guatemala), João Pessoas, Barquisimeto (Venezuela), Palmira (Colômbia), Natal, Salvador, Vitória, São Luís, Culiacán (México), Guayana (Venezuela), Torreón (México), Kingston (Jamaica), Cidade do Cabo (África do Sul), Chihuahua (México), Victoria (México), Belém, Detroit (Estados Unidos), Campina Grande, Nova Orleans (Estados Unidos), San Salvador (El Salvador), Goiânia, Cuiabá e Nuevo Laredo.

Taxa média de homicídios global é de 6,2 por 100 mil/hab

Segundo o estudo da ONU, cerca de 750 milhões de pessoas vivem em países com as maiores taxas de homicídio do mundo, o que significa que quase metade de todos os homicídios acontece nos países onde moram apenas 11% da população mundial. Europa, Ásia e Oceania, onde estão cerca de 3 bilhões de pessoas, as taxas de homicídios são consideradas relativamente baixas.

A taxa média de homicídios global é de 6,2 por 100 mil habitantes, mas o Sul da África e a América Central registraram mais de quatro vezes esse número, 30 e 26 vítimas por 100 mil habitantes, respectivamente, os números mais altos do mundo. Enquanto isso, com taxas cerca de cinco vezes menores do que a média global, Ásia Oriental, sul da Europa e Europa Ocidental registraram os níveis mais baixos de homicídio em 2012. Ainda de acordo com a pesquisa, os níveis de homicídios no norte da África, na África Oriental e em partes do sul da Ásia estão aumentando em meio à instabilidade social e política. Já a África do Sul apresenta tendência de queda das taxas de homicídio: os assassinatos caíram pela metade, de 64,5 por 100 mil habitantes em 1995 para 31 por 100 mil habitantes em 2012.

Os homicídios ligados ao crime organizado, gangues e facções representam 30% de todos os assassinatos da América, em comparação com menos de 1% na Ásia, Europa e Oceania. Ainda que picos de homicídio estejam muitas vezes ligados a este tipo de violência, a América tem níveis de homicídio cinco a oito vezes maiores do que a Europa e a Ásia desde a década de 1950, aponta a ONU.

ONU confirma dados sobre violência divulgados por ONG mexicana

A pesquisa da ONU confirma dados sobre violência apresentados em levantamento elaborado pela ONG mexicana Conselho Cidadão para Segurança Pública e Justiça Penal AC divulgado em março deste ano. Segundo a pesquisa mexicana, o Brasil é o país com mais municípios no ranking: 16; e Maceió a quinta cidade mais violenta do mundo. O México aparece em segundo, com nove. Apenas sete cidades da lista não estão na América Latina: quatro dos Estados Unidos (Detroit, Nova Orleans, Baltimore e Saint Louis) e três da África do Sul.

O levantamento leva em conta a taxa de homicídios por grupo de 100 mil habitantes no ano passado. De acordo com a ONG, foram levantados dados disponibilizados pelos governos em suas páginas na internet e consideradas só cidades com mais de 300 mil. Essa foi a quarta edição do ranking. Dos 16 municípios do Brasil no ranking das cidades mais violentas do mundo, seis vão receber jogos da Copa do Mundo: Fortaleza, Natal, Salvador, Manaus, Recife e Belo Horizonte.

As brasileiras da lista mexicana

Maceió (5ª colocada) - 79,76 homicídios por 100 mil habitantes; Fortaleza (7ª) - 72,81; João Pessoa (9ª) - 66,92; Natal (12ª) - 57,62; Salvador (13ª) - 57,51; Vitória (14ª) - 57,39; São Luís (15ª) - 57,04; Belém (16ª) - 48,23; Campina Grande (25ª) - 46; Goiânia (28ª) - 44,56; Cuiabá (29ª) - 43,95; Manaus (31ª) - 42,53; Recife (39ª) - 36,82; Macapá (40ª) - 36,59; Belo Horizonte (44ª) - 34,73 e Aracaju (46ª) - 33,36.

O Globo

quarta-feira, 9 de abril de 2014

Carta de uma mãe com Alzheimer para a sua filha

“Querida filha,
Ouve com atenção o que tenho para te dizer. O dia em que esta doença se apoderar totalmente de mim e eu não for mais a mesma, tem paciência e compreende-me. Quando eu derrubar comida sobre a minha roupa e me esquecer como calçar os meus sapatos, não percas a tua paciência.
Lembra-te das horas que passei a ensinar-te essas mesmas cois…as.

Se ao conversar contigo repito as mesmas palavras e tu já sabes o final da historia, não me interrompas e ouve-me. Quando eras pequena tive que te contar mil vezes a mesma historia para que dormisses.

Quando fizer as minhas necessidades em mim, não sintas vergonha nem fiques brava, pois não me posso controlar. Pensa em quantas vezes, quando eras uma menina, te limpei e te ajudei quando tu também não te podias controlar.

Não te sintas triste ao ver-me assim. É possível que eu já não entenda as tuas palavras, mas sempre entenderei os teus abraços, os teus carinhos e os teus beijos.

Desejo-te o melhor para a tua vida com todo o meu coração.tua mãe!”

Eu comovi-me com as palavras desta mãe. Espero que vos tenham inspirado.

Beijinhos,
Até já

Mónica

amulherequemanda

segunda-feira, 7 de abril de 2014

Já basta!!!!!

Preciso da ajuda de todos vocês em nome daqueles que não podem se defender sozinhos. Preciso que vocês reverberem e amplifiquem esta denúncia nas redes sociais porque esta vai ser a luta dos cavaleiros que não esqueceram seu compromisso de amor e lealdade a seus animais contra o poder do dinheiro e da influência, que trata esses animais como cifras e objetos.

Na manhã deste sábado, 05 de Abril de 2014, dois cavalos morreram eletrocutados nas dependências da Sociedade Hípica Brasileira (SHB) e outros dois estão feridos em estado grave devido a um acidente com uma instalação elétrica precária. Os animais participariam do evento de abertura do calendário hípico da Feerj e foram alojados em baias improvisadas com fiação elétrica exposta. Cavalos, como os responsáveis pela SHB e pela Feerj certamente sabem, são animais irracionais e curiosos que não entendem o que é eletricidade e que representa perigo. Um deles mordeu o fio que pendia solto em sua baia, causando o curto circuito que vitimou os animais. Essa crueldade, esse descaso com a vida e segurança de seres vivos, não aconteceu nas ruas, não aconteceu em uma favela. Aconteceu na zona sul carioca, em um clube de elite e por isso tende a ficar impune.
Nós que vivemos com cavalos, sabemos que acidentes acontecem e é nossa responsabilidade para com esses animais que estejamos alertas para evitar esse tipo de fatalidade. Acontece que um acidente que se repete a cada ano não é mais um acidente. É descaso, é crime ambiental porque deixar fiação elétrica pendendo dentro de uma baia é nada além de negligência e desleixo. Quando você conhece um risco e o assume, existe o dolo não a fatalidade. A SHB expôs voluntariamente esses animais à dor e morte.

Expõe frequentemente e impunemente. Em 2013, durante o concurso de aniversário da SHB, cavalos também foram eletrocutados no mesmo cenário, sob as mesmas condições. O que aconteceu hoje foi uma tragédia anunciada, da qual a administração da SHB e a federação que deveria zelar prioritariamente pelo bem estar dos animais envolvidos em suas provas tentam se esquivar, como é de costume. Só no ano de 2013, um animal morreu de exaustão em uma prova chancelada da Feerj na SHB, outro teve uma parada cardíaca também por exaustão e outros foram eletrocutados com graus diversos de gravidade e agora, graças ao profundo descaso que estas instituições têm pelos seus cavaleiros e cavalos, dois tiveram uma morte dolorosa. Animais amados por seus donos, animais que deram a seus cavaleiros o melhor de si, seu esforço e confiança.

A Feerj, como sempre, alega que não pode fazer nada, embora conste do seu estatuto postura muito diferente. A SHB tentará novamente abafar este novo, reincidente, episódio de maus tratos e negligência. Cavaleiros e amazonas do Rio de Janeiro temem retaliações dentro dos órgãos a que estão filiados. Por eles, amigos e companheiros das pistas, pessoas decentes e honestas que amam seus animais, e pelos cavalos, que foram tirados de nós dessa forma brutal, eu peço a ajuda de vocês e vou ser sincera em meu apelo: não é a primeira vez que tentamos responsabilizar tanto a Feerj quanto a Sociedade Hípica Brasileira pelo que acontece em suas dependências e competições, e repetidas vezes, esbarramos no profundo silêncio com que nossas denúncias são recebidas devido ao poder da influência de seus membros. Quantos cavalos mais morrerão na SHB vítimas de exploração, maus tratos e descaso até que sua administração seja responsabilizada? Para que a morte brutal desses animais não esbarre novamente nesta barreira de silêncio e normalidade erguida em torno dessas instituições, é preciso que a denúncia alcance o maior número possível de pessoas, que lote as caixas de entrada de jornalistas e ouvidorias. Este é o meu pedido de ajuda, e estes são os animais que perderam a vida por causa do descaso da Sociedade Hípica Brasileira e da Federação que deveria protegê-los. “Não podemos fazer nada”, disse a Federação Equestre do Estado do Rio de Janeiro. Mas eu posso. E farei.

Isso é por eles e é só o começo, Sociedade Hípica Brasileira e FEERJ - Federação Equestre do Estado do Rio de Janeiro. Por eles
. — com Suzete Zete.
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