sábado, 29 de junho de 2013

Crianças catam sururu que abastece quiosques e restaurantes do Recife

Tipo de marisco muito apreciado na culinária do Recife, o sururu é frequentemente pescado por crianças e adolescentes de comunidades ribeirinhas urbanas da cidade

Por Igor Ojeda, da Repórter Brasil para o Promenino
do Recife (PE)

Normalmente é assim. Os ribeirinhos da bacia do Pina, no Recife, saem para pescar o sururu ainda na barriga da mãe. Quem brinca é Ronaldo, morador da comunidade Ilha de Deus, enquanto está na superfície despejando o molusco numa galeia – em seguida, submerge novamente. A brincadeira, no entanto, tem o seu fundo de verdade, como diz o ditado. Hoje com 20 anos, o rapaz começou no ofício aos cinco. Espécie de marisco pequeno, a iguaria é muito comum em mercados, feiras, bares e restaurantes da capital pernambucana. Em geral, é preparada com leite de coco – quando ganha um sabor adocicado – e servida com farinha de mandioca e limão. Seu caldinho, apreciado tanto em restaurantes “finos” quanto em quiosques de praia, é considerado afrodisíaco. “Desde que nasci trabalho com o sururu. Com cinco anos já estava na maré. Chegava a faltar na aula para ir pescar”, conta Ronaldo, que parou de estudar no sexto ano do ensino fundamental.

Quando este mergulha para pegar mais sururu, quem fala é Gustavo*, parceiro de pescaria. Sentado na beira da canoa já repleta de bacias com o molusco, ele mexe freneticamente as pernas, de forma alternada, dentro da galeia – espécie de caixote – mergulhada na água lodosa. “Estou lavando o sururu”, explica o garoto de 15 anos. O movimento repetitivo não é o único desconforto. O contato com a casca fina do marisco causa inúmeras feridas na sola de seu pé. “Não tem jeito, paciência, tem de fazer isso. As feridas a gente lava na maré, que a maré faz sarar.”

Estamos nas proximidades das pontes Governador Paulo Guerra e Engenheiro Antônio de Góes – que ligam a Zona Sul ao Centro e à Zona Norte do Recife –, no meio da bacia do Pina, ecossistema situado em plena área urbana, na parte interna do porto da capital pernambucana, formado pela confluência dos rios Capibaribe, Tejipió, Jordão e Pina. Da Ilha de Deus, Gustavo e Ronaldo remaram bons minutos até um banco de lodo onde era possível pescar o sururu. Em uma das margens, pode-se avistar as casas de alvenaria da comunidade Brasília Teimosa, antiga favela de palafitas que se tornou famosa nacionalmente depois da visita do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva apenas uma semana após sua posse, em janeiro de 2003. No lado oposto, destacam-se edifícios de alto padrão.

Trabalho infantil

A pesca do sururu é uma das principais atividades econômicas das comunidades ribeirinhas dessa área, todas formadas há décadas. E, há décadas, os moradores desses locais começam desde criança a exercer esse tipo de trabalho, normalmente acompanhando os pais, que, por sua vez, não têm condições financeiras de sustentar a família sozinhos. Como acontece em muitos outros casos, na coleta desse molusco o trabalho infantil é naturalizado.

É a maré que determina que horas Gustavo e Ronaldo começam a trabalhar. Tem dias que eles saem às quatro da manhã. Outros, às sete. Os ribeirinhos gostam de aproveitar as marés baixas, pois desse modo o sururu fica mais próximo da superfície. Há vezes, porém, em que é preciso descer a cinco metros de profundidade, sob o risco de faltar fôlego e sentir câimbras. “Já salvei tanto criança quanto gente grande de se afogar”, conta Gustavo. Em geral, dependendo do rendimento, os dois amigos ficam de duas a quatro horas pescando o molusco. Assim que voltam para casa, eles o cozinham e pagam alguém da própria comunidade para catá-lo. “Catar” o sururu significa, na verdade, abri-lo um a um e retirar sua carne. O trabalho, igualmente muitas vezes realizado por crianças, é extremamente desgastante e pode causar feridas nas mãos por conta da casca afiada do pequeno marisco.

Gustavo e Ronaldo costumam vender o produto “final” no Mercado São José, o mercado municipal da cidade. “Vendemos a seis, cinco reais o quilo. Agora está mais barato. Tem que trabalhar mais”, diz o adolescente de 15 anos, que usa parte do que recebe para comprar roupas e deixa o resto em casa, onde vive com a mãe e duas irmãs, de 12 e 7 anos. “Com o que ganhamos, dá pelo menos para sobreviver.” Para seguir trabalhando, Gustavo abandonou a escola ainda mais cedo que Ronaldo, na quinta série. Mas não é o que quer fazer a vida toda. “Ainda sou adolescente. Quando crescer quero arrumar um serviço melhor. Quero ser jogador de futebol do Sport”, revela o torcedor fanático do time pernambucano.

O decreto presidencial 6.481, de 2008, inclui tanto a coleta de mariscos quanto as atividades em mangues e lamaçais ou que envolvam mergulhos na lista de piores formas de trabalho infantil. De acordo com o documento, além das intempéries climáticas, as crianças e adolescentes que pescam sururu estão expostas a “posturas inadequadas e movimentos repetitivos; acidentes com instrumentos pérfuro-cortantes; horário flutuante, como as marés; águas profundas”. Como resultado, podem sofrer queimaduras na pele, envelhecimento precoce, câncer de pele, desitratação, doenças respiratórias, fadiga, dores musculares nos membros e na coluna, ferimentos, distúrbios do sono e afogamento.

Já meninos e meninas obrigadas a mergulhar em suas atividades laborais, como é o caso da coleta de mariscos, correm o risco de se afogar, terem a membrana do tímpano perfurada e sofrerem de uma série de enfermidades, como embolia gasosa, otite, sinusite e labirintite. O trabalho em mangues e lamaçais, por sua vez, expõe crianças e adolescentes com menos de 18 anos à umidade, cortes e perfurações e contatos com excrementos, situações que podem resultar em rinites, bronquites, dermatites e leptospiroses, entre outras doenças.

Quem “guia” a reportagem é Daiane. Moradora da Ilha de Deus, ela também costumava pescar sururu, “ofício” que igualmente começou a exercer desde pequena. Hoje, aos 20 anos, faz trabalhos de manicure e de diarista e pretende fazer faculdade de engenharia num futuro próximo. “Normalmente, quem vai para a maré é o homem, enquanto a mulher fica na cata, muitas vezes com a ajuda dos filhos. Mas, quando não tem homem, vai a mulher mesmo”, explica. Há alguns anos, quando ainda era adolescente, a jovem participou de uma ação do Centro Dom Helder Camara de Estudos e Ação Social (Cendhec) contra o trabalho infantil na sua comunidade. O resultado, segundo ela, foi muito bom. “Diminuiu a incidência de trabalho infantil na pesca do sururu na Ilha de Deus.” Nos últimos dois anos, além disso, a região foi urbanizada pela Prefeitura do Recife, política que fez melhorar as condições de moradia da população local.

Melhorias que ainda não chegaram para a população ribeirinha do Pina. Na “entrada” da comunidade, no entanto, a realidade é um tanto distinta. Inaugurado em outubro do ano passado, o RioMar Shopping destoa na paisagem. Terceiro maior centro de compras do Brasil, atrás do Shopping Leste Aricanduva, de São Paulo, e do Salvador Shopping, o estabelecimento é destinado em parte ao consumo de alto luxo, com lojas como Hugo Boss, Chanel Fragrance & Beauté, Daslu, e Diesel. Partindo do ponto de encontro no RioMar, conforme Daiane e a reportagem caminham em direção aos manguezais, as casas simples de alvenaria vão dando lugar a apertadas construções de madeiras, e ruas asfaltadas tornam-se ruelas e becos de terra. Espalhadas pelo chão, bacias cheias de sururu. Sob um telhado de zinco, uma mulher descasca o molusco.

Numa dessas moradias precárias, vive, com a família, Mariana*. “Pego sururu desde os dez anos, para ajudar minha mãe”, diz a garota, hoje com 14 anos. Ela costuma ir com o marido de uma das irmãs e um vizinho, ambos adultos. A tarefa é alternada: às vezes fica incumbida de lavar o marisco pescado na galeia, o que causa feridas nos pés. Outras vezes, ela própria mergulha para buscá-lo. “A água bate no peito”, conta. Por causa do trabalho, a menina parou de estudar na quarta-série. Não chegou a aprender a ler e escrever.

Acompanhada de Daiane e da reportagem, Mariana sobe em uma das canoas ancoradas na beira do mangue e começa a remá-la em direção ao mar, distante alguns quilômetros – no meio do caminho, alguns minutos depois, encontraríamos Gustavo e Ronaldo. Do barco, a visão é ainda mais impressionante. Inúmeras palafitas avançam sobre o rio. Sacos de lixo e entulhos de todo o tipo, e ratos correndo na borda ou até dentro da água compõem a paisagem. Após alguns minutos, o RioMar Shopping surge imponente ao fundo. Mariana liga o motor. “Quando eu pescava, era só no remo. Agora alguns barcos têm motor. O pessoal pagar uns R$ 500 para um morador construir a canoa. O motor custa uns R$ 150”, explica Daiane.

A primeira parada é na Ilha de Deus, onde várias mulheres e algumas meninas estão sentadas catando o sururu. Uma delas é Edlene Maria Alves da Silva, de 45 anos. “Cheguei novinha aqui. E desde que cheguei, trabalho com o sururu. Antes só pescava, depois comecei mais a catar. Mas ainda pesco.” Segundo ela, está cada vez mais difícil sobreviver com a venda do molusco. “Está chovendo muito. O braço de mar aqui é fraco. Quando chove dois, três dias, o sururu morre, porque a água fica salobra, e ele vive mais na água salgada”, lamenta.

A auditora-fiscal Paula Neves, coordenadora do Projeto de Combate ao Trabalho Infantil da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE), lembra que no Recife as crianças e adolescentes não ficam restritas à pesca e à cata do sururu. Muitas o vendem nas praias da cidade. A comercialização de alimentos e outros produtos na orla da capital pernambucana é uma das atividades com maior incidência de trabalho infantil. “Os meninos que trabalham na praia normalmente param de estudar na oitava série. Muitos deles dizem que trabalhando por três ou quatro dias por semana ganham mais do que o pai”, diz Paula.

promenino

Deputado Marco Feliciano participa da Marcha Para Jesus em SP

Pastor foi à 21ª edição do evento e não discursou.
Marcha reuniu multidão na Zona Norte de São Paulo.


Marcha Para Jesus, na Zona Norte de São Paulo, neste sábado (29), sem discursar no evento. O pastor apenas subiu no trio elétrico e acenou para o público. Ele vestia uma camiseta com a frase "Eu represento vocês!", escrita nas costas. A frase é uma resposta às polêmicas que esteve envolvido desde que assumiu a presidência da comissão. Um dos motes usados pelos movimentos de defesa dos direitos dos homossexuais que pedem a saída de Feliciano da comissão é justamente o fato dele não os representar.

Segundo a assessoria de imprensa da Marcha Para Jesus, a presença de Feliciano foi uma "surpresa", já que o deputado não havia confirmado presença até a véspera. Ao chegar, ele foi conduzido ao trio elétrico de onde estava prevista apenas uma oração, feita pelo apóstolo Estevam Hernandes, da Igreja Renascer em Cristo, que preside o evento. Para o palco, só foram programados discursos de autoridades do poder Executivo e os shows de bandas e artistas evangélicos.

Várias das faixas levadas pelos fiéis à marcha apoiavam o projeto de decreto legislativo do deputado João Campos (PSDB-GO) para derrubar a determinação do Conselho Federal de Psicologia (CFP) contra tratamentos pela cura da homossexualidade. O projeto, que ficou conhecido como "cura gay", foi colocado em votação por Feliciano e aprovado na Comissão de Direitos Humanos.

Em seu twitter, Marco Feliciano postou apenas duas fotos da sua participação no evento.

Público de 2 milhões

A concentração para a Marcha Para Jesus começou cedo, por volta das 6h. Ainda pela manhã, a multidão seguiu em caminhada da Praça da Luz até a Praça Heróis da Força Expedicionária Brasileira, em Santanal. Segundo a organização, 2 milhões de pessoas participaram da marcha. O evento começou às 10h e deve seguir até as 20h, com shows de bandas e grupos gospel.

Fiéis levam faixas para o evento religioso realizado neste sábado (Foto: Letícia Mendes/G1)Fiéis levam faixas para o evento religioso
realizado neste sábado (Foto: Letícia Mendes/G1)

Esta primeira estimativa de público foi dada pelo apóstolo Estevam Hernandes. Para ele, as manifestações populares que aconteceram no país nas últimas semanas podem ajudar a explicar o número. “Acredito que muitas pessoas foram motivadas pelas manifestações a estar marchando também”, disse.

Os participantes levaram faixas para o evento deste sábado. Em uma delas, era possível ler "Cura Gay, uma mentira dos ativistas gays", em referência ao projeto que tramita na Câmara e foi aprovado em 18 de junho na Comissão de Direitos Humanos. O projeto de lei determina o fim da proibição, pelo Conselho Federal de Psicologia, de tratamentos que se propõem a reverter a homossexualidade.

O deputado federal e pastor Marco Feliciano (PSC-SP), presidente da comissão, participou do evento em cima de um trio elétrico. Ele publicou foto em seu perfil no Twitter com a mensagem "Eu represento vocês!" escrita na camiseta, uma resposta a manifestantes que afirmam não serem representados pelo deputado.

Os fiéis levaram outras faixas para a marcha, entre elas uma escrita "Procurando Lula" e outra "Manifestação pacífica tem limite. Fora baderna e vandalismo", essa última em referência aos recentes protestos.

O ex-prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD), esteve no evento na tarde deste sábado. "É uma festa maravilhosa, da cidadania, um presente para São Paulo. Eu, como prefeito, participei de várias edições. É um dia de muita festa", disse.

O tema da Marcha para Jesus deste ano é "Novo Tempo". Entre as bandas e grupos de música gospel que vão se apresentar ao longo deste sábado estão Renascer Praise, Diante do Trono, Aline Barros, Ao Cubo, Inesquecível, Asaph Hernandes, Davi Sacer, Regis Danese, Mariana Valadão, André Valadão, Cassiane, Thalles Roberto, Marcelo Aguiar e Fernandinho.

Mapa interdições Marcha para Jesus 2013 (Foto: Arte/G1)

A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) bloqueou vias da capital paulista para a realização do evento. Confira:

- A Avenida Tiradentes, sentido Aeroporto de Congonhas, teve sua pista local interditada entre a Rua dos Bandeirantes e a Rua Mauá. Também foi bloqueada da pista expressa, entre a Avenida do Estado e o Túnel Tom Jobim;

- A pista central da Avenida Santos Dumont, sentido Praça Campo de Bagatelle, teve seu trânsito desviado para a pista local em direção à Marginal Tietê, no sentido Ayrton Senna;

- O tráfego no sentido Norte-Sul foi desviado pela Avenida Brás Leme, seguindo pelas avenidas Rudge, Rio Branco e Rótula Central, ou para quem se destina à Zona Sul, pelas avenidas Abraão Ribeiro e Pacaembu. No sentido Sul-Norte, o motorista segue pela pista local do eixo, até a Avenida Tiradentes, Rua Pedro Vicente e Avenida Cruzeiro do Sul;

- A Praça Heróis da FEB e a Avenida Santos Dumont ficarão bloqueadas em ambos os sentidos no trecho entre a Avenida Brás Leme e a a Praça Campo de Bagatelle até as 23h deste sábado.

G1

Como os chimpanzés lidam com a morte


Evidências indicam que esses animais apresentam comportamentos muito parecidos com os humanos em relação à perda de parentes e companheiros

Os Estados Unidos anunciaram nesta quarta-feira a decisão de aposentar 310 chimpanzés que eram utilizados em estudos científicos. Os animais serão levados para santuários ao longo dos próximos meses, restando apenas 50 chimpanzés para uso em pesquisas, que não poderão se reproduzir.

A decisão envolve questões éticas, como todo o caso de uso de animais em pesquisas, que são exacerbadas pela grande proximidade existente entre humanos e chimpanzés. Os estudos mais recentes mostram que as espécies têm mais de 98% do DNA em comum.

A carga genética em comum se manifesta de diversas formas: algumas características anatômicas, o hábito de viver em sociedade, capacidade de usar ferramentas, de aprender com seus companheiros, entre outros fatores. Uma dessas semelhanças, que ainda está em debate na comunidade científica, pode reforçar os argumentos contra o uso desses animais em pesquisas científicas: estudos indicam que chimpanzés têm consciência da morte. O assunto ganhou destaque em 2010, quando pesquisadores da Universidade de Stirling publicaram um artigo em que descrevem a morte da chimpanzé Pansy, em 2008.

Conforto de familiares — Pansy tinha mais de 50 anos, idade avançada para um chimpanzé. Quando começou a sentir dificuldades para respirar e deitou-se, estavam ao seu lado sua filha Rosie, já adulta, e sua melhor amiga, Blossom. Pansy e Blossom haviam chegado juntas ao parque zoológico em que viviam (o Blair Drummond Safari and Adventure Park, na Escócia) trinta anos antes, e criado seus filhos juntas. Blossom ficou ao lado da amiga e segurou sua mão em seus momentos finais.

Quando os pesquisadores do zoológico perceberam o que estava para acontecer, ligaram câmeras no local e decidiram não interferir. As imagens obtidas mostram os outros chimpanzés ao lado de Pansy, acariciando-a e segurando sua mão. Após sua morte, seus companheiros chacoalharam seus braços e se aproximaram do rosto dela. Abriram sua boca e a inspecionaram, como se quisessem se certificar de que ela estava morta.

Alguns minutos depois, Chippy, filho de Blossom, que havia se aproximado do grupo, atinge o peito de Pansy com as duas mãos em punho. Aos poucos eles se afastam, com exceção de Rosie, que continua ao lado da mãe por algumas horas. Os três chimpanzés têm uma noite inquieta, trocando de posição com muito mais frequência do que o normal. Na semana seguinte todos estavam mais silenciosos, comeram pouco e se recusaram a se aproximar do local onde Pansy havia morrido, que os cuidadores já haviam limpado.

O caso de Pansy foi uma das poucas mortes naturais de chimpanzés observada por pesquisadores e contou com particularidades que permitiram seu estudo, como a colocação de câmeras no local e a decisão de não remover imediatamente o corpo de Pansy. O relato do ocorrido, escrito pelos pesquisadores, foi publicado no periódico Current Biology

Perda dos filhos – A mesma edição do periódico, de abril de 2010, trouxe outro artigo sobre o assunto. A pesquisadora Dora Biro, da Universidade de Oxford, e sua equipe observaram a morte de cinco chipanzés de um grupo das florestas de Bossou, Guiné. Entre os animais, mortos por uma doença respiratória, estavam dois filhotes – Jimato, com um ano de vida, e Veve, com dois. As mães carregaram os corpos de seus filhos por semanas após sua morte (por 68 e 19 dias, respectivamente). Elas espantavam os insetos de perto deles, os acariciavam e até permitiam que outros filhotes "brincassem" com eles.

Analisando as imagens descritas, muitos pesquisadores apontam paralelos com atitudes humanas – como o velório e o luto, no caso de Pansy. As evidências, porém, não são suficientes para que se possa afirmar o que ocorre de fato com esses animais. A particularidade da situação, que não pode ser reproduzida de forma controlada e testada cientificamente, dificulta conclusões sobre o assunto.

Especulações — Hipóteses não faltam. Quando escreveram o artigo sobre Pansy, os autores sugeriram que o ataque de Chippy ao corpo poderia tanto significar uma tentativa de ressuscitá-la como a frustração em decorrência da perda. Sobre os chimpanzés de Bossou, os autores do estudo afirmam que não se pode ter certeza de que as mães soubessem que os filhos estavam mortos, pois continuaram cuidando deles durante algum tempo como se estivessem vivos. Para outros cientistas, a hipótese mais provável é a de que aquelas mães precisavam de um período de contato maior para aceitar a perda dos filhos.

Cada vez mais a ciência encontra semelhanças entre os humanos e seus parentes próximos, os chimpanzés. Além da proximidade genética, estudos mostram que eles são capazes de aprender códigos, têm senso de justiça, fazem guerras, têm consciência de si e transmitem conhecimentos, formando aquilo que chamamos de cultura, que pode inclusive variar de um grupo de chimpanzés para outro.

Apesar das poucas evidências registradas até hoje, a suspeita de que chimpanzés e seres humanos reagem de modo parecido à morte apoia a decisão tomada pelo governo americano de reduzir a quantidade de cobaias. De qualquer forma, os estudos ajudam a explicar as origens evolutivas do luto.

Trauma e depressão


Em 2010, Martin Brüne, professor de psiquiatria da Universidade Ruhr de Bocum, na Alemanha, foi convidado por uma fundação holandesa para tratar chimpanzés que sofriam distúrbios psiquiátricos após terem sido abandonados por laboratórios onde serviam de cobaias para pesquisas científicas. Separados muito cedo da mãe, infectados com doenças, e isolados de qualquer contato com outros animais, esses chimpanzés apresentam problemas de relacionamento e comportamentos anormais, como automutilação, movimentos repetitivos e regurgitação – sintomas que podem ser comparados aos vistos entre humanos que sofrem de depressão, ansiedade e síndrome do stress pós-traumático. Cinco animais participaram de um tratamento experimental com antidepressivos, e apresentaram melhoras consideráveis.

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Veja

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Mulher morta a marteladas estava casada há menos de um mês; marido é o principal suspeito

A bancária Talita Juliane Peixoto Paiva, de 24 anos, foi encontrada morta a marteladas, na manhã dessa terça-feira, no apartamento onde morava, na Rua Souza Franco, em Vila Isabel, Zona Norte do Rio. O principal suspeito pelo crime é o marido dela, Mario Henrique Rodrigues Lopes, de 28 anos, com quem Talita estava casada há menos de um mês.

Talita, que era bancária, foi encontrada morta no seu apartamento, em Vila Isabel.

De acordo com o delegado Alan Duarte, da Divisão de Homicídios (DH), Mario foi visto por uma vizinha deixando o apartamento do casal, na madrugada de terça, após uma intensa discussão com Talita. Ele acabou capturado por policiais do 19º BPM (Copacabana). Mario estava num táxi na Avenida Atlântica, em Copacabana, e se desentendeu com o motorista, que acionou a polícia. Após a descoberta de que Mario era procurado pela morte da esposa, ele foi levado para a DH. Totalmente transtornado, foi encaminhado para o setor de psiquiatria do Hospital Municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, onde permanece custodiado.

No Facebook de Talita, há várias fotos do casamento da jovem, que tem pouco menos de um mês

Talita e Mario se casaram no início deste mês, mas estavam juntos há dois anos. Os vizinhos relataram na DH que o casal não costumava brigar, mas no dia do crime ouviram muitos gritos de Talita, inclusive dizendo que chamaria a polícia. Depois de um tempo, a gritaria parou, e Mario deixou o prédio. Foram os próprios vizinhos que, desconfiados de que algo poderia ter acontecido, chamaram a polícia.

O prédio na rua Souza Franco, em Vila Isabel, onde Talita morava.
O enterro de Talita está previsto para as 13h desta quarta-feira, no Cemitério do Catumbi, na Zona Norte do Rio.

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