sábado, 12 de dezembro de 2015

Os rios que carregam esperança para o Doce

Cursos d’água limpos são fonte de renovação e de espécies para áreas destruídas pelo desastre Mulher fotografa córrego que deságua no Rio Gualaxo do Norte: águas transparentes perto de toda a destruição causada pela tragédia da Samarco - Marcia Foletto/27-11-2015

RIO — Num bosque que sobrevive em meio às encostas desmatadas corre um riacho. Coisa pequena, nem nome oficial tem. Mas se tornou joia na terra devastada pelo maior desastre ambiental do Brasil. Com águas transparentes, ele é um instante de natureza a menos de cinco quilômetros do arruinado distrito de Bento Rodrigues, em Mariana. Voluntários que ajudam pessoas afetadas gostariam que se chamasse Esperança. Pois é nos rios limpos como ele que especialistas depositam as esperanças de recuperar a Bacia do Doce.

Ela não está morta. Mas precisa de sangue novo, da água dos afluentes não afetados. Não basta deixar jorrar. É preciso proteger, desassorear e monitorar rios como o Piranga, o Gualaxo do Sul e o Santo Antônio, afluentes estratégicos para a salvação do Rio Doce devido à qualidade das águas e da biodiversidade. O trabalho já era necessário antes de 5 de novembro. Agora é vital.

O córrego da esperança, no distrito de Santa Rita Durão, deságua perto do lugar onde foi encontrado o corpo de uma das vítimas da tragédia. Como elas, também desaparece sob a lama de rejeitos. Despeja a água limpa.


O Gualaxo do Norte consegue fácil a classificação de rio mais destruído do Brasil. Seu leito é lama de rejeitos. Não há vida. A cor é o ocre da oxidação do minério de ferro. As pedras ejetadas pela barragem se misturam a metais pesados e agrotóxicos.

— Ele já tinha todo tipo de poluição por mineração e agricultura antes do desastre. E não tem mais vida — explica o consultor ambiental Fábio Vieira, autor de numerosos trabalhos sobre a Bacia do Rio Doce, inclusive do guia de peixes da região.

Vieira diz que no Gualaxo do Norte a destruição é de 100%. A tsunami revirou um rio que já acumulava metais pesados como chumbo, arsênio, manganês e mercúrio, de muitos anos de mineração de ouro.


— Ele foi o primeiro a ser atingido e será o último a ser recuperado — destaca.

O Gualaxo do Norte despeja seu fardo no Carmo, que ao se juntar ao Piranga forma o Doce. Segundo Vieira, o Rio Doce precisa de remédios diferentes ao longo dos cerca de 800 quilômetros até o mar. A zona crítica vai do local do rompimento da Barragem de Fundão, na região acima de Bento Rodrigues, até a represa de Candonga, que reteve boa parte dos rejeitos. Ao longo de cerca de 100 quilômetros, a lama serpenteia os fundos de vales. Lá, córregos como o riacho sem nome de Santa Rita Durão continuarão a despejar suas águas limpas em vão por muito tempo.

— Do Gualaxo do Norte a Candonga está o horror. Essa área é crítica para intervenção direta — frisa Vieira.

DEZ ÁREAS CRÍTICAS

Eduardo Figueiredo, do Comitê da Bacia do Rio Doce, concorda.


— Candonga é um marco divisor. Nessa região é preciso intervenção intensa, retirar a lama, recuperar leito e margens de rios — afirma Figueiredo.

Espécies de peixes que vivem na Bacia do Rio Doce - Editoria de Arte

Uma análise do comitê da Bacia do Rio Doce antes do desastre já havia mapeado dez áreas críticas para a recuperação do Doce, diz Figueiredo:

— Nos últimos três anos, o Doce teve recordes seguidos de escassez hídrica. Já havia gravíssimo assoreamento. A situação era péssima. Some a isso o desastre e veja o tamanho do desafio para a recuperação.

A receita para isso não mudou. Mudaram a urgência e o tamanho do problema.

— É necessário proteger e recuperar nascentes, conter a erosão — acrescenta.

A dinâmica do desastre ainda está em curso, observa Marcos Freitas, coordenador geral do Instituto Virtual Internacional de Mudanças Globais:

— Teremos que ver como os rejeitos se distribuirão pelos rios. O problema precisa de intervenção agora e de planos de médio e longo prazo.

Fonte: O Globo


domingo, 6 de dezembro de 2015

Motivação da morte de avó e neta, em Caxias do Sul, levanta dúvidas

Duplo assassinato motivou protesto na tarde deste domingo

Foto: Felipe Nyland / Agencia RBS

Com a prisão do principal suspeito de ter assassinado Simone Maria Almeida da Costa, 40 anos, e a neta dela Emili Eduarda Costa dos Santos, dois, a Polícia Civil concentra esforços para esclarecer as dúvidas que cercam o crime. O homem está recolhido num presídio desde o início da última sexta-feira, e só deve ser ouvido a partir de segunda-feira. Ele é ex-namorado da mãe de Emili, Camila Eduarda da Silva, 21.

Supostamente, a motivação das mortes tem a ver com o fim do relacionamento que o suspeito mantinha com Camila. A mulher afirma que ele não aceitava o rompimento. Simone e Emili foram foram assassinadas a facadas na madrugada de domingo, 29 de novembro, no bairro Fátima Baixo.

Confira algumas perguntas que só devem ser esclarecidas nos próximos dias pela polícia:

Quem foi assassinada primeiro?

Não está confirmado. A princípio, imagina-se que Simone tenha sido golpeada primeiro, logo após abrir a porta da cozinha para o autor do crime. Em seguida, o assassino pegou Emili, que dormia num quarto.

Qual a motivação dos crimes?

A principal hipótese é de que o homem tramou um plano para reatar o relacionamento com a mãe de Emili: sem mãe e filha, Camila só teria ele com quem buscar amparo. Essa suposição é sustentada por pessoas que conviviam com o casal durante e após o fim do relacionamento. Inicialmente, o plano funcionou. Logo após os assassinatos, Camila buscou apoio com o ex-namorado. Ela sequer imaginava que esse ex-companheiro era suspeito de ter cometido o crime. Ele esteve no velório e também postou fotos de Emili no Facebook. A jovem ficou na casa do homem até quarta-feira, dia 3 de dezembro, quando foi levada para outro local. Com o sumiço repentino, o ex-namorado ficou abalado e passou a procurá-la pela cidade, levantando mais suspeitas. A partir de um reconhecimento e outras provas, o homem teve a prisão temporária decretada pela Justiça.

Por que os vizinhos dizem que não viram nada nem relataram qualquer informação à polícia?

Por medo.

O matador agiu sozinho?

A princípio, sim. Não se descarta que outras pessoas tenham se envolvido para acobertar os assassinatos.

Como o matador entrou na casa?

Presume-se que pela porta da cozinha, provavelmente aberta por Simone, que conhecia o suspeito preso. Uma suposição é de que ele telefonou para Simone antes do crime.

Existem outros suspeitos?

Não. A investigação está concentrada no ex-namorado. Apesar das evidências, isso não quer dizer que outras pessoas não possam ser investigadas.

Quais os próximos passos?

O suspeito deve ser ouvido nesta semana. Informalmente, negou envolvimento. A polícia espera resultado de perícias nos objetos colhidos na casa do suspeito para apontar se há sinais de sangue, por exemplo. Novas testemunhas serão ouvidas nos próximos dias. Não há prazo para a conclusão do inquérito.

Fonte: Zero Hora

ATENÇÃO!!!!!

Verbratec© Desktop.