SÃO PAULO e SALVADOR - Após mais de quatro horas de cirurgia, os médicos retiraram quatro - duas no coração e duas no pulmão - das dezenas de agulhas espalhadas pelo corpo do menino de dois anos que está internado no Hospital Ana Neri, em Salvador (BA). Uma das agulhas havia transfixado o coração, provocando endocardite, uma infecção no órgão, detectada por causa da febre que o garoto teve durante a madrugada. A outra havia perfurado o pulmão. Participaram da intervenção cinco médicos, entre eles cardiologistas e pediatras. Boletim médico será divulgado neste sábado.
(Leia também: No Maranhão, criança de 2 anos vive com cinco agulhas pelo corpo )
Segundo a assessoria de imprensa do hospital, além da cirurgia desta sexta-feira, os médicos pretendem fazer outras duas operações para retirar agulhas, em dias ainda a serem definidos: uma no abdômen e uma terceira na coluna cervical.
O que preocupa mais os especialistas não é a quantidade de agulhas, mas a localização delas.
- A trajetória da agulha no coração indica que houve intenção de atingir um órgão vital - disse o diretor médico do Hospital Ana Néri, Roque Aras.
A mãe dele, segundo os médicos, não tem percepção da gravidade da situação do filho.
As agulhas foram colocadas pelo padrasto da criança, por vingança .
Nesta quinta-feira, o padrasto do menino, que confessou ter colocado as agulhas , deu detalhes sobre o crime. Roberto Carlos Magalhães, 30 anos, disse que comprava as agulhas e entregava a Angelina Capistana Ribeiro dos Santos, de 47 anos. A orientação para introduzir agulhas na criança teria sido dada por uma mulher que se diz mãe de santo, Maria dos Anjos do Nascimento, de 56 anos. Angelina nega e diz que está sendo acusada injustamente. Os três tiveram prisão preventiva decretada.
- A criança permanecia consciente e chorava muito - disse o delegado responsável pelo caso, Hélder Fernandes Santana.
O ritual teria sido feito porque Magalhães queria se vingar da companheira, a mãe do menino, com quem vivia há seis meses. Ele disse que levava o menino para a casa de Angelina, onde as agulhas eram introduzidas. O garoto era ainda obrigado a beber a água que tinha sido usada para lavar as agulhas. O padrasto disse que as agulhas foram introduzidas num período de um mês.
Os três acusados tiveram prisão decretada e serão indiciados por tentativa de homicídio. O menino, porém, corre o risco de morrer e poderá ter de passar o resto da vida com algumas das agulhas no organismo.
Além dos órgãos vitais, os médicos devem retirar agulhas do abdômen. Apenas as que não ameaçam a vida da criança devem ser mantidas, para evitar o risco de alguma complicação.
Professora do departamento de cirurgia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), a médica Simone de Campos Vieira Abib contou que já atendeu uma criança que sobreviveu a um caso semelhante.
Mas a médica afirma que, se o objeto estiver perto de um grande vaso ou órgão, deve ser removido. Ela ressalta que é preciso avaliar o dano que as agulhas causaram, não necessariamente a presença delas no corpo.
- É possível que a retirada delas seja muito mais traumática. É preciso mover tecidos até chegar à agulha, o que danifica as estruturas na tentativa de achá-la dentro de um músculo, por exemplo. Não é só puxar - afirma.
O Globo
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Segundo a assessoria de imprensa do hospital, além da cirurgia desta sexta-feira, os médicos pretendem fazer outras duas operações para retirar agulhas, em dias ainda a serem definidos: uma no abdômen e uma terceira na coluna cervical.
O que preocupa mais os especialistas não é a quantidade de agulhas, mas a localização delas.
- A trajetória da agulha no coração indica que houve intenção de atingir um órgão vital - disse o diretor médico do Hospital Ana Néri, Roque Aras.
A mãe dele, segundo os médicos, não tem percepção da gravidade da situação do filho.
As agulhas foram colocadas pelo padrasto da criança, por vingança .
Nesta quinta-feira, o padrasto do menino, que confessou ter colocado as agulhas , deu detalhes sobre o crime. Roberto Carlos Magalhães, 30 anos, disse que comprava as agulhas e entregava a Angelina Capistana Ribeiro dos Santos, de 47 anos. A orientação para introduzir agulhas na criança teria sido dada por uma mulher que se diz mãe de santo, Maria dos Anjos do Nascimento, de 56 anos. Angelina nega e diz que está sendo acusada injustamente. Os três tiveram prisão preventiva decretada.
- A criança permanecia consciente e chorava muito - disse o delegado responsável pelo caso, Hélder Fernandes Santana.
O ritual teria sido feito porque Magalhães queria se vingar da companheira, a mãe do menino, com quem vivia há seis meses. Ele disse que levava o menino para a casa de Angelina, onde as agulhas eram introduzidas. O garoto era ainda obrigado a beber a água que tinha sido usada para lavar as agulhas. O padrasto disse que as agulhas foram introduzidas num período de um mês.
Os três acusados tiveram prisão decretada e serão indiciados por tentativa de homicídio. O menino, porém, corre o risco de morrer e poderá ter de passar o resto da vida com algumas das agulhas no organismo.
Além dos órgãos vitais, os médicos devem retirar agulhas do abdômen. Apenas as que não ameaçam a vida da criança devem ser mantidas, para evitar o risco de alguma complicação.
Professora do departamento de cirurgia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), a médica Simone de Campos Vieira Abib contou que já atendeu uma criança que sobreviveu a um caso semelhante.
Mas a médica afirma que, se o objeto estiver perto de um grande vaso ou órgão, deve ser removido. Ela ressalta que é preciso avaliar o dano que as agulhas causaram, não necessariamente a presença delas no corpo.
- É possível que a retirada delas seja muito mais traumática. É preciso mover tecidos até chegar à agulha, o que danifica as estruturas na tentativa de achá-la dentro de um músculo, por exemplo. Não é só puxar - afirma.
O Globo