sábado, 31 de julho de 2010

Refugiados...e abadonados

VIDA NOVA
Hossam e Mahmoud (de vermelho), filhos de Huda (foto), se adaptaram bem ao País


Como é a vida dos estrangeiros perseguidos ou sob ameaça de morte que deixaram seus países e se asilaram no Brasil

Quando os Estados Unidos invadiram o Iraque, em março de 2003, Mahmoud Walid Al Tamimi tinha pouco mais de três meses. Sua família resistiu poucos dias em Bagdá, até que homens armados passaram a colar avisos nas portas e a exigir que os moradores abandonassem suas casas. Mahmoud partiu nos braços da mãe, Huda Mobarak Amer Al Bandar, acompanhado do pai, do único irmão e de uma porção de parentes. Durante quatro anos e meio, o grupo permaneceu confinado num campo de refugiados no deserto da Jordânia – e sobreviveu a temperaturas extremas (muito calor durante o dia e muito frio à noite), iminentes ataques de cobras e escorpiões, tempestades de areia e a toda sorte de privações. O futuro começou a mudar quando o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), um braço da ONU, acertou com o governo brasileiro a vinda de mais de 100 cidadãos de origem palestina para o País. Eles foram recebidos com festa no aeroporto, havia faixas de boas-vindas e representantes da comunidade árabe. O ano era 2007.
Cerca de metade do grupo – inclusive a família de Mahmoud – foi abrigada em Mogi das Cruzes, na região metropolitana de São Paulo. A outra parte seguiu para o Rio Grande do Sul. “Fiquei muito feliz em vir para o Brasil. O povo é bom, o clima também e acho que aqui estamos seguros”, afirma Huda. “O problema é que a ONU disse que ia ficar conosco, nos ajudar a conseguir trabalho, a aprender a língua e que teríamos tratamento de saúde. Mas isso não aconteceu.” Huda descobriu da pior forma possível as fragilidades da política brasileira para os refugiados e as mazelas da saúde pública no País. Ela desembarcou grávida de três ou quatro semanas. Aos seis meses de gestação, entrou em trabalho de parto e passou 12 horas – esquecida e gritando de dor – no leito de um hospital. Quando resolveram atendê-la, a criança já estava morta. “Pedi para o médico não jogar o meu filho no lixo. Como eu não sabia falar português direito, disse que queria colocá-lo na areia (enterrar). Depois, desmaiei”, lamenta Huda. Além de perder o bebê, a refugiada perdeu o útero.

O Brasil acolhe, atualmente, 4.294 refugiados de 76 nacionalidades – estrangeiros que foram forçados a abandonar países em guerra ou que eram perseguidos em razão de raça, religião, nacionalidade, grupo social ou opiniões políticas. A concessão de asilo cresceu 24% nos últimos dois anos. “Aceitamos os refugiados, mas não os acolhemos de verdade”, acredita a educadora Carmem Victor da Silva, diretora do Instituto do Desenvolvimento da Diáspora Africana no Brasil. “Garantimos a sobrevivência, mas não uma vida digna.” Com exceção dos palestinos, os refugiados estão espalhados pelo território nacional. Formam uma massa invisível. Um colombiano de 32 anos contou à reportagem de ISTOÉ que pediu atendimento psicológico à Cáritas Brasileira – uma das ONGs responsáveis pela assistência aos refugiados – por diversas vezes. Não conseguiu. “Era como se eu não existisse”, reclama. O rapaz, que vive no interior paulista há quase seis anos, quer deixar o País. “Não arranjo um emprego decente”, lamenta. No fim de 2010, ele terá direito à nacionalidade brasileira. Garante que não irá pleiteá-la. “Quero ir embora”, diz.
Assim como esse colombiano, que afirma ter fugido da guerrilha que assola seu país há 40 anos, muitos refugiados temem se identificar porque têm receio de serem localizados por quem os perseguia ou por medo de acabarem com algum benefício cortado. Palestinos que estiveram em Brasília para se manifestar, pedindo para serem transferidos para o Exterior, tiveram a verba de subsistência suspensa. Cinco conseguiram refúgio na Suécia – um casal com duas crianças e um homem solteiro, na faixa dos 40 anos. Países ricos e com maior tradição de asilo, em geral, contam com uma rede de assistência bem estruturada. Na Suécia, os refugiados têm uma espécie de tutor que os acompanha em todo o processo de adaptação – desde o aprendizado do idioma local e o acesso à saúde até a busca por emprego. No Canadá, a vida escolar das crianças é supervisionada e o suporte pode durar anos. Nessas nações, porém, a população local também recebe essa atenção. “Não podemos colocar os refugiados numa situação de privilégio. Eles têm os mesmos direitos e obrigações que os brasileiros”, afirma Andrés Ramirez, representante do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) no Brasil.

INDEFINIÇÃO
O afegão Ismat espera por refúgio há quatro meses

Cinco adultos e duas crianças da família Orabi, que fora abrigada no interior do Rio Grande do Sul, estão acampados em frente à Embaixada da Palestina, em Brasília, há dois meses. Querem deixar o Brasil. “A grande maioria dos refugiados está integrada, tem trabalho, leva uma vida normal”, alega Ramirez. “É importante sublinhar que nenhum país árabe aceitou o grupo de palestinos. E o Brasil, de maneira muito generosa, os recebeu.” Os refugiados mais velhos, independentemente da nacionalidade, em geral têm maior dificuldade de se adaptar. Aprender a falar português é mais árduo, arranjar emprego também e alguns chegam com a saúde debilitada. Como não há previsão legal para se aposentar, os que não têm parentes correm o risco de ficar sem renda se a verba destinada pelo Acnur terminar. Pelo menos dez idosos e doentes de Mogi das Cruzes recebem um auxílio mensal de R$ 350. Estão em pânico porque, pelo que foi acordado, a ajuda deve acabar em dezembro. “Os que estão bem é porque têm família, uma rede de apoio social ou porque tinham dinheiro antes de vir para o Brasil”, afirma a advogada Sandra Nascimento, consultora autônoma em direitos humanos, que defendeu alguns palestinos na Justiça.

Os pedidos de refúgio são julgados por um comitê.
É exceção o que acontece no caso do italiano Cesare Battisti,
ex-ativista que terá seu futuro decidido por lula


Sandra relata que um de seus clientes vive numa sala sem energia elétrica. Outro, que não foi alfabetizado nem em árabe e está doente, foi hospedado num hotel pago pelo Acnur. Sobrevive da solidariedade alheia e não tem dinheiro para nada. Um terceiro morreu em decorrência de problemas pulmonares, no ano passado. A advogada diz que, apesar de alguns palestinos viverem em condições precárias, a situação dos refugiados vindos de outras partes do mundo pode ser pior. As queixas dos palestinos têm mais visibilidade porque eles estão concentrados em cidades pequenas, enquanto os outros vivem dispersos. “A previsão de ajuda financeira para os palestinos era de dois anos e, em alguns casos, foi prorrogada por mais um. Congoleses e colombianos só a recebem durante seis meses”, afirma Sandra. Esse dinheiro, fruto de doações internacionais, é repassado pelo Acnur às ongs que lidam diretamente com os estrangeiros. “São R$ 300 mensais. Não é suficiente. É apenas um primeiro impulso. Eles têm de procurar trabalho”, diz Cezira Furtim, coordenadora do Centro de Acolhida para Refugiados da Cáritas Arquidiocesana de São Paulo.

APREENSÃO
Colombiano de 32 anos quer ir embora

Entre 35% e 50% dos pedidos de asilo são deferidos pelo governo brasileiro, segundo o Comitê Nacional para os Refugiados (Conare), órgão ligado ao Ministério da Justiça. Mas nove de cada dez pessoas pedem refúgio quando já estão em território nacional. É o caso do afegão Ismat Ullah, 19 anos, que chegou há quatro meses. Ele deixou para trás a mãe e os irmãos. O pai morreu num ataque à bomba. “Brasil, bom”, diz ele, num português de iniciante. Enquanto aguarda o veredicto do Conare, Ismat trabalha como vendedor de calças jeans. Mora na Casa do Migrante, um albergue mantido por padres, no centro da capital paulista. Ali também vive uma congolesa de 15 anos, que espera refúgio. A menina, de trancinhas compridas e muito bonita, veio com o pai e dois irmãos pequenos. “A gente estava no Ituri, uma província do Congo. Lá é assim: tem guerra de um lado, a gente vai para o outro. Quando a gente ouve tiros, pá, pá, pá, tem que fugir”, lamenta. “Lembro que fugimos num sábado. Minha mãe tinha ido com o meu irmão, de 12 anos, ao mercado. De repente, todo mundo começou a gritar. Tivemos que sair correndo porque queriam bombardear a nossa casa. Não deu tempo de esperar ela voltar. Até hoje não sei onde está. Aqui no Brasil estou feliz. Mas tenho uma preocupação: quero ver a minha mãe de novo.”

Solange Azevedo e Julia Moraes (Fotos


Isto É

Casal de babás é condenado por torturar e matar menino de três anos


Um casal de britânicos foi condenado à prisão perpétua por torturar e matar um menino de três anos deixado sob seu cuidado na véspera do Natal de 2008.

Christopher Taylor, 25, e Kayley Boleyn, 19, infligiram mais de 70 ferimentos ao pequeno Ryan antes de sua morte.
A mãe do menino, Amy Hancox, 21, disse que deixava o filho com o casal porque "não estava dando conta" e afirmou que não tinha ideia do abuso sofrido pela criança.
Ryan morreu no dia 24 de dezembro de 2008 de uma lesão no cérebro que levou a uma parada cardíaca.
Christopher e Kayley dividiam uma quitinete em Bilston, no condado de West Midlands, no centro da Inglaterra.
Segundo as evidências apresentadas durante o julgamento, Amy havia deixado Ryan sob os cuidados do casal enquanto ela redecorava sua casa. Pelo serviço, a mãe pagava 20 libras – pouco mais de R$ 50 – por semana.
"Kayley é uma amiga da minha família. Ela nunca demonstrou nenhum sinal de malvadeza", disse a mãe, durante o julgamento na cidade de Wolverhampton.

Agressões
Segundo a juíza do caso, Justice Macur, os dois jovens eram viciados em droga e não conseguiam "tocar a vida" sem a ajuda de álcool e cannabis.
Christopher e Kayley descontaram em Ryan as mazelas de suas vidas e transformaram a vida do garoto em um "inferno", afirmou a juíza.
"Ryan tinha hematomas no crânio, que foram causados por até dez pancadas diferentes, marcas nas pernas e arranhões no rosto", ela disse.
A autópsia também revelou que o menino foi agarrado pelo queixo, estapeado e agredido a socos.
Dois dias antes da morte de Ryan, a mãe tentou entrar à força no apartamento do casal, mas foi impedida por Kayley porque o menino estava cheio de hematomas, afirmou a juíza.
Justice Macur também disse que o casal se divertia assistindo à agonia e ao sofrimento de Ryan.
Christopher e Kayley, que durante o julgamento tentaram colocar a culpa um no outro, foram condenados por assassinato e por submeter uma criança à crueldade. Eles devem cumprir um mínimo de 15 e 13 anos de prisão, respectivamente.
"Tudo o que desejo é ver esses dois trancados pelo resto da vida. Acima de tudo, quero e preciso de uma chance de reconstruir minha vida e deixar meu filho descansar em paz após todo esse longo período", disse Amy.
A polícia disse que não tomará nenhuma ação legal contra a mãe por ter deixado sua criança sob os cuidados do casal.


Índios saem da escola sem preparo para a universidade

Foto Governo do Amazonas/Divulgação
Índios têm dificuldades para se manter no mercado de trabalho porque falta orientação adequada de professores, dizem especialistas.



Notas baixas em exames do MEC mostram distância entre educação indígena e convencional

As escolas brasileiras não preparam os alunos indígenas para a faculdade – e muito menos para o mercado de trabalho – mostram os resultados do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) e do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), avaliações feitas pelo MEC (Ministério do Trabalho) e divulgadas neste mês. As deficiências estão em diferentes Estados.
A pior escola da cidade de São Paulo no ensino fundamental de 1ª a 4ª série no Ideb é indígena, a Djekupe Amba Arandy, e uma outra está entre as três piores da capital paulista, a Indígena Guarani Gwyra Pepo. A menor nota do Enem em todo o Brasil ficou para uma escola no Amazonas, a Dom Pedro I, em Santo Antonio do Içá. Todas pertencem às redes estaduais de ensino. O número só não foi maior porque poucas escolas indígenas participaram dessas avaliações, já que na maioria dos Estados os governos orientam esses centros a ignorar as provas do ministério.

Universidade
Maria do Carmo Santos Gomite, coordenadora do curso de pedagogia especial da USP (Universidade de São Paulo), voltado para educação escolar do índio, diz que a intenção das escolas indígenas realmente não é preparar o aluno para a universidade.
- A atenção maior é com a preservação da cultura de seu povo, da língua e tradições. Por isso, o português só quando ele [índio] entra na escola, com sete anos. A formação de educadores indígenas é recente, a atenção à escola desse tipo também. Não sabemos se teremos um índio médico daqui a um tempo; podemos ter, mas agora, a prioridade é a sua cultura. Se por um lado os alunos ganharam a possibilidade de continuar os estudos com educadores índios, por outro, a diferença do currículo escolar os deixa atrás se comparados aos alunos das escolas não indígenas. O curso superior da USP, para a capacitação de professores indígenas para dar aulas de 5ª a 8ª série, por exemplo, foi criado há cinco anos. Antes havia apenas o magistério nível médio, que formava educadores de 1ª a 4ª série do ensino fundamental.
Para Roberto Liebgott, vice-presidente do Cimi (Conselho Indigenista Missionário), a integração total dos índios no mercado dificilmente acontecerá “por causa da cultura desses povos”. Ele diz que o nível de evasão entre os índios que fazem faculdade é muito alto, pois os estudantes não conseguem acompanhar o ritmo das aulas, não se sentem parte do ambiente e acabam desistindo antes de pegar o diploma.
- Aqui [no Brasil] se tenta fazer uma mescla entre educação dos povos indígenas com o nosso modelo educacional. Isso jamais vai corresponder à realidade.
A reportagem solicitou ao MEC dados sobre a evasão escolar, mas o ministério informou que não há dados segmentados por contingentes populacionais.

Exames
O Enem e o Ideb foram aplicados para alunos de todo o país e o sistema educacional brasileiro segue os parâmetros desses exames. Ou seja: se não estão alinhadas com o oferecido nos outros centros de ensino, as escolas indígenas formarão alunos com forte defasagem no currículo. Eles chegam à universidade sem base para competir com os colegas no mercado de trabalho porque não conseguem responder às exigências do universo profissional.
Os especialistas ouvidos pelo R7 concordam que as comunidades indígenas não podem ser atendidas por avaliação única. Para Maria do Carmo “é impossível comparar uma criança educada em uma escola com disciplinas voltadas à cultura indígena, com os estudantes de fora das aldeias”. Liebgott concorda.
- A maioria das escolas indígenas está nas comunidades, aldeias. O enfoque [escolar] deve ser diferenciado, a partir dos princípios e dos modelos que cada povo tem com a educação.

Mudanças
Algumas secretarias da educação, como a do Amazonas, estudam a criação de provas específicas para avaliar as escolas indígenas. A de São Paulo diz que esses centros de ensino não participarão mais de exames como Enem e Ideb a partir deste ano por causa das diferenças culturais.
O MEC afirma que tem investido em ações de qualificação, como formação de professores, produção de materiais didáticos próprios e melhoria da infraestrutura. No ano passado, foi realizada a primeira Coneei (Conferência Nacional de Educação Indígena) “com a finalidade de ouvir e dar voz aos povos indígenas, para que eles possam colocar qual e como eles querem a educação escolar para suas comunidades”.

Letícia Casado e Camila de Oliveira




R7

Imagens mostram Mizael entrar no prédio de Mércia 2 dias após sumiço



Suspeito de matar a ex foi ao apartamento dela conversar com pai da vítima.
'Fiquei preocupado com o sumiço dela', conta Mizael.


Imagens gravadas por uma câmera do sistema de segurança do prédio onde Mércia Nakashima morava, em Guarulhos, na Grande São Paulo, mostram Mizael Bispo de Souza, ex-namorado da advogada e principal suspeito de assassiná-la, entrar no local dois dias depois do desaparecimento . Após sumir em 23 de maio, o corpo da vítima foi achado em 11 de junho numa represa em Nazaré Paulista, no interior de São Paulo. Ela morreu afogada.
Procurado nesta sexta-feira (29) pelo G1 para comentar o assunto, o advogado e policial militar aposentado Mizael confirmou que o homem que aparece nas imagens vestido com calça e camisa sociais, gravata, sapatos e um colete, é ele mesmo. Ele disse que foi ao apartamento da ex-namorada no final da tarde do dia 25 de maio para conversar com o pai da advogada, Macomoto Nakashima.
“Ele me ligou avisando do desaparecimento de Mércia naquele dia. Tinha ido ao fórum. Então fui vestido daquele jeito para lá falar com ele porque fiquei preocupado com o sumiço dela, até porque ela morava com o pai nesse condomínio”, disse Mizael. “Fiquei lá por mais de meia hora e pedi até para a gente fazer uma ocorrência para dizer que ela desapareceu, mas ele comentou que a mãe dela já havia feito isso. Eu não matei Mércia. Sou inocente.”

Gravação está com polícia
A gravação de 39 segundos já está com a Polícia Civil de São Paulo. Apesar disso, ela não é considerada fundamental para a investigação porque Mizael foi ao apartamento da ex-namorada a convite do pai da vítima. A visita do ex de Mércia consta também do depoimento dado pelo pai da advogada ao Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Apesar disso, Macomoto disse que Mizael não queria ajudar a procurar sua filha.
As imagens mostram que Mizael chegou ao condomínio da ex por volta das 17h15. Ele aparece subindo dois lances de escada até parar na frente da portaria e entrar quando o portão é aberto. O advogado ainda segura o portão para que uma mulher possa entrar em seguida.
As provas que o DHPP afirmou ter para indiciar Mizael pelo homicídio de Mércia são baseadas em depoimentos e provas periciais. O vigia Evandro Bezerra Silva chegou a acusar Mizael de matar a ex por ciúmes e disse que ajudou o assassino a fugir. Depois, negou essa versão e disse que a deu porque foi torturado. Apesar disso, o vigilante também foi acusado de participar do crime. Agora, ele diz ser inocente.
O Ministério Público vai denunciar os dois suspeitos pelo assassinato de Mércia à Justiça de Guarulhos na próxima segunda-feira (2). Nesse dia, também será pedida a prisão preventiva dos dois. Atualmente, só Evandro continua preso temporariamente. Mizael está solto.
Segundo a acusação, Mércia foi baleada, desmaiou e morreu afogada dentro do próprio carro, que foi empurrado por Mizael para dentro da represa. Um pescador afirmou ter visto o veículo afundar e disse que viu um homem não identificado deixar o automóvel. Afirmou ainda ter escutado gritos de mulher.


G1

A voz das mulheres afegãs

DRAMA Ciclista passa por duas mulheres pedindo esmola em Mazar-e-Sharif, ao norte de Cabul. Opressão do Talibã e de uma sociedade majoritariamente retrógarada fez várias profissionais afegãs caírem na pobreza

Na internet, afegãs relatam os dramas de suas vidas em um momento no qual Estados Unidos e Afeganistão cogitam uma aproximação com o grupo radical Talibã

Após nove anos de ocupação do Afeganistão pelos Estados Unidos e seus aliados, o fim do grupo radical islâmico Talibã não parece mais uma opção factível. Há um consenso entre os líderes da coalizão de que a administração americana e o presidente afegão, Hamid Karzai, terão que fazer acordos com os membros mais moderados da facção para estabilizar o país a ponto de permitir o fim da ocupação. A opção pela negociação é elogiada por analistas e generais, mas é encarada com enorme ceticismo por organizações ligadas aos direitos humanos e, principalmente, pelas mulheres afegãs. Se o grupo radical ganhar espaço político e influência oficial nos rumos do país, as poucas liberdades que as mulheres conseguiram conquistar nos últimos anos estarão em perigo. Em quase todos os períodos da história do Afeganistão, antiga ou recente, as mulheres foram as mais afetadas pelas tragédias vividas pelo país. O governo progressista de Mohammad Daoud Khan (1973-78) foi um dos poucos no qual houve melhorias. Com ele no poder, as mulheres das maiores cidades começaram a entrar no mercado de trabalho e a desfrutar de algumas liberdades. O governo comunista que depôs Khan (em 1978) reprimia comportamentos e rituais tribais e também melhorou a situação das mulheres, tornando compulsória a educação feminina, proibindo casamentos de menores de 16 anos e abolindo o pagamento por noivas. As mulheres ganharam importância como médicas, professoras e até na política, mas a emancipação feminina parou por aí.
Durante os dez anos de ocupação soviética (1979-89), algumas conseguiram manter seus status, mas a chegada ao poder dos mujahedin (“guerreiros santos”) e, depois, do Talibã (1996-2001), colocou fim a qualquer chance de as mulheres terem algum protagonismo na história do Afeganistão. O regime draconiano do Talibã proibiu que as mulheres estudassem e trabalhassem, deixando a prostituição e a mendicância como única alternativa para muitas médicas e professoras. Só após a chegada ao poder do atual presidente, Hamid Karzai (2004), as mulheres conseguiram reiniciar a busca por direitos iguais. Este processo, no entanto, ainda é incipiente. Ao mesmo tempo que é possível ver mulheres na política e no Exército afegão – ainda que lutando contra o preconceito – há garotas sendo atacadas com ácido apenas por insistirem em frequentar uma escola. Outras são mutiladas, como Bibi Aisha, que estampa a já histórica capa da revista Time (imagens fortes) que chegou às bancas dos Estados Unidos na quinta-feira (28). Atos bárbaros como esse, perpetrados pelo Talibã, fazem com que aumente a preocupação com os direitos das mulheres à medida que o governo afegão faz esforços para negociar a paz com indíviduos moderados do grupo.
A palavra de ONGs como Human Rights Watch e Women for Afghan Women é vastamente reproduzida pela mídia. As mulheres afegãs, no entanto, têm pouquíssimas possibilidades de se fazerem ouvir pelo resto do mundo. Uma iniciativa que tem ajudado a modificar esse quadro é o Projeto de Literatura de Mulheres Afegãs (AWWP, na sigla em inglês), fundado pela escritora americana Masha Hamilton em 2009. O AWWP reúne cerca de 45 afegãs, que participam de workshops online ministrados por Masha e outras escritoras, além de poetisas, jornalistas e professoras voluntárias. O contato se dá por meio de conexões seguras na internet, e novas participantes só chegam ao projeto se forem chamadas por amigas que já recebem orientação ou por membros do AWWP que estão no Afeganistão. Os cuidados são necessários para evitar a publicidade excessiva do programa em uma sociedade na qual a subserviência da mulher é parte central do ideário coletivo.
O preconceito é uma das grandes barreiras que as escritoras do AWWP precisam superar para divulgar as histórias de seu cotidiano. "Escrevo em Farah, um província no oeste do Afeganistão com um baixo nível de educação, e muitos homens não gostam que eu escreva e não entendem por que eu faço isso", escreveu no site uma mulher identificada apenas como Seeta. "Eles tentaram me fazer parar, mas eu nunca desisto", diz. Tabasom, que também não usa seu sobrenome, caminha quatro horas até uma cidade grande para conseguir uma conexão com a internet. Ela recebeu um laptop do AWWP e conta com a ajuda do irmão, que caminha com ela sempre que Tabasom deseja publicar textos no site. Se andasse sozinha, ela provavelmente seria castigada pelo Talibã, que ainda controla a província em que ela mora e não permite que uma mulher saia sem a companhia de um homem.
O domínio que o Talibã tem nas duas maiores províncias do sul do Afeganistão – Helmand e Kandahar – é conhecido, mas nos últimos meses pelo menos oito províncias do norte do país estão sob pesado ataque de insurgentes. Na quarta-feira da semana passada (21), insurgentes tomaram um posto policial no distrito de Dahne Ghore, na província de Baghlan, e decapitaram seis policiais. A simples aproximação de integrantes do Talibã das cidades tem feito com que as mulheres das províncias do norte, antes a região mais segura do país, passem a usar a burca com mais frequência. É com os membros moderados deste grupo que os Estados Unidos e o governo do Afeganistão pretendem negociar. “Essas mulheres não sentem que haverá um Talibã moderado que vai preservar seus direitos de estudar, trabalhar ou mesmo de sair de casa para ir ao médico”, disse Masha Hamilton a ÉPOCA (confira a entrevista íntegra).
No site da AWWP, um dos depoimentos mais significativos é intitulado “Caro presidente Obama”. No texto, uma afegã chamada Shogofa faz um apelo para o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. “Aqui todos pensam em política, mas ninguém pensa na vida humana”, diz ela. Shogofa, em um texto que é também um protesto contra a ocupação americana – ainda mais exposta pelos escandalosos documentos divulgados pelo site Wikileaks nesta semana – segue dizendo que o Afeganistão está cansado de guerra e não precisa de armas, mas sim de educação. “Em vez de mandar um exército para matar, envie professores. Mostre ao meu povo como trabalhar unido”, diz.
O desafio dos Estados Unidos, e do resto do mundo, é gigantesco. É preciso conter as pressões para tirar as tropas do Afeganistão, e ao mesmo tempo, fazer florescer no país uma sociedade que não transforme o Afeganistão, novamente, em um buraco negro dos direitos humanos, principalmente das mulheres. Por enquanto, o país claramente não está pronto para ser abandonado. A explicação está nas palavras de Roya, uma das escritoras afegãs do AWWP. “A democracia é uma noiva azarada no nosso país, porque não há bons exemplos. É nossa amiga estranha, pois não sabemos o que ela é de verdade”.
José Antonio Lima

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Professor usa a ciência para modificar a realidade de muitos adolescentes carentes



A falta de estrutura econômica do Brasil e os problemas sociais decorrentes dela são os principais causadores de um cenário, no qual os menos favorecidos perdem grandes oportunidades. O país seguiria com base nesta mesma fórmula se não fosse por brasileiros especiais, engajados em mudar a realidade. No Rio de Janeiro, o médico e professor Leopoldo de Meis se encarrega desta missão, desde 1990. Ele cria chances para adolescentes de baixa renda entrarem em contato com atividades científicas. Acreditando no potencial dessas pessoas, ele idealizou o projeto Jovens Talentosos.
“Me ocorreu que, dentro do Brasil, tem tantos jovens por esses morros afora, por esse interior afora, tanto Picasso, tanto Albert Einstein, tantos Prêmios Nobel perdidos. O problema é tentar pescá-los e puxar. É uma questão de estatística”, conta Leopoldo.
A iniciativa pretendia atrair talentos precoces e despertar neles o interesse pela ciência. O professor Leopoldo começou a mediar à relação entre os candidatos a futuros pesquisadores e os laboratórios. Mas percebeu que precisava de ajuda e recrutou os alunos de pós-graduação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), para que atuassem como monitores. A idéia deu certo. Hoje, o projeto tem subvenção federal e, atualmente, são 24 grupos de jovens talentosos, em 17 universidades pelo Brasil.

Edney Silvestre


Brasileiros

Promotor lista 16 pessoas que podem ser testemunhas de acusação no caso Mércia Nakashima


Nomes foram definidos em reunião com o advogado da família de vítima

O promotor Rodrigo Merli Antunes e o advogado da família de Mércia Nakashima, Alexandre de Sá Domingues, decidiram nesta sexta-feira (30) indicar 16 pessoas como possíveis testemunhas da acusação no processo do assassinato da advogada. A decisão foi tomada depois de duas horas de reunião. O promotor deve oferecer a denúncia contra os suspeitos de cometerem o crime na próxima segunda-feira (2).
A assessoria do Ministério Público Estadual informou que Merli já confirmou o nome de quatro pessoas que serão arroladas como testemunhas. São elas: Márcio e Cláudia Nakashima, ambos irmãos da vítima; um funcionário do posto de combustível que viu Mizael Bispo conversando com o vigia Evandro Bezerra da Silva; e o pescador que diz ter presenciado o momento em que o carro de Mércia foi jogado na represa de Nazaré Paulista, no interior de São Paulo.
Segundo Domingues, pode ser que nem todas as pessoas listadas sejam realmente chamadas a depor na Justiça e eventualmente a participar do júri. A decisão deve ter tomada pelo promotor até segunda-feira.
Ele deve denunciar Bispo, que é ex-namorado de Mércia, por homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, meio cruel e recurso que impossibilitou a defesa da vítima) e por ocultação de cadáver. Já o vigia Evandro Bezerra da Silva será denunciado por homicídio duplamente qualificado (meio cruel e recurso que impossibilitou a defesa da vítima).
A advogada desapareceu no dia 23 de maio e seu corpo foi encontrado em uma represa de Nazaré Paulista, no interior de São Paulo, no dia 11 de junho. Um dia antes, os bombeiros haviam encontrado o carro de Mércia no local.

Investigação
O inquérito foi concluído por Antônio de Olim, delegado responsável pelo caso, na última terça-feira (27). O documento tem cerca de 1.600 páginas e inclui um mapa cartográfico com a movimentação dos suspeitos no dia do crime. Esse trabalho só foi possível com a quebra do sigilo telefônico de Bispo e Silva, que mostrou onde eles estavam quando receberam ou fizeram ligações, e também com dados do rastreador do veículo do ex-namorado de Mércia.
Junto com o inquérito, o delegado já anexou um pedido de prisão preventiva para os dois suspeitos. Na semana passada, o promotor já adiantou que deve concordar com a solicitação. Se acatado o pedido, Bispo e Silva devem ficar presos até o julgamento. Atualmente, somente o vigia está preso no 1º Distrito Policial de Guarulhos.


Buscas pelo corpo de Eliza continuam, segundo delegado



Inquérito sobre o sumiço e suposta morte da jovem foi concluído na quinta.
Delegado relatou três provas de que ela foi assassinada.


As buscas pelo corpo de Eliza Samudio continuam, apesar do encerramento das investigações sobre o desaparecimento e suposta morte da jovem. A informação foi dada pelo delegado Edson Moreira, presidente do inquérito sobre o caso, em entrevista, nesta sexta-feira (30), no Departamento de Investigações (DI), em Belo Horizonte.
O inquérito foi encerrado na quinta-feira (29) e entregue à Justiça nesta sexta. Mesmo sem a polícia ter encontrado vestígios do corpo de Eliza, nove pessoas foram indiciadas por suspeita de envolvimento na morte da jovem. Todos negam participação no crime.
De acordo com relatório divulgado pela polícia, há três provas de que a jovem foi morta. São elas:
1 - o sangue dela encontrado em um dos carros de goleiro;
2 - o resgate do filho de Eliza (que foi encontrado na casa de uma mulher desconhecida, em Ribeirão das Neves, em Minas Gerais); e
3 - a contratação do ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, que, seguindo a polícia, também conhecido como Bola, Paulista, Neném e Russo.

Durante a entrevista coletiva, no DI, Moreira citou outras provas que, segundo ele, mostram que houve homicídio e ocultação de cadáver.
Eliza está desaparecida desde o início de junho. Ela teve um relacionamento com o goleiro Bruno de Souza, e tentava provar, na Justiça, que teve um filho do atleta. Moreira disse que a gravidez "despertou a ira de Bruno" e que ele e os amigos planejaram o assassinato da jovem. A criança tem, hoje, cinco meses de idade, e está com a mãe de Eliza, em Mato Grosso do Sul.

'Garantias'
Para Moreira, o filho de Eliza não seria abandonado porque ele seria fundamental para ela obter o dinheiro que vinha pedindo ao goleiro Bruno. "Ela não deixaria o filho na mão de terceiros, pois a criança seria a garantia de uma pensão alimentícia razoável e duradoura, que asseguraria seu futuro e da própria criança pelos próximos 18 anos, em uma situação tranquila financeiramente, além de probabilidade de participação de programas de TV mediante pagamento de cachês", disse o delegado.
No relatório, a polícia ressalta que, depois que tiraram o bebê da mãe, os amigos de Bruno passaram a chamá-lo com outro nome "na tentativa de apagar quaisquer vínculos de relação com Eliza".
O texto da polícia ainda destaca a contratação de Bola, "um homem com vivência policial preventiva e investigativa, dtoado de conhecimentos de técnicas de combates urbanos e nas selvas, com domínio e manuseio de materiais explosivos". "Claro que tendo uma pessoa experiente, que conhece e sabe como matar e sumir com um corpo, vai ser difícil achar esse corpo. Por isso que optamos pela materialidade indireta, que é importante", falou Moreira.

Crime premeditado
Moreira acredita que o crime foi premeditado e que o goleiro Bruno usou o período de folga, durante a Copa do Mundo, para executar o plano.
As investigações se basearam no primeiro depoimento dado por um adolescente que foi detido na casa de Bruno, no Rio de Janeiro. Depois, o menor mudou suas versões e chegou a desmentir toda a história, de acordo com o advogado dele, Eliézer Jônatas de Almeida Lima.
O delegado disse que o adolescente "ainda é o único que esteve presente no início ao fim do caso". "A polícia calçou cientificamente o depoimento do menor. As provas científicas que temos, o GPS, o sangue dele e da Eliza [em um carro de Bruno] e a descrição do Bola, que tem uma falha na arcada dentária superior. Por último, a descrição da morte de Eliza, por asfixia”, disse Moreira.
O pai de Eliza Samudio, Luiz Carlos Samudio, foi até o Departamento de Investigações, nesta tarde. Ele chorou durante a entrevista do delegado. "Não vou descansar enquanto não encontrar Eliza. Essa é a próxima etapa", disse ele, ao deixar o prédio. O advogado Sérgio Barros da Silva, que defende Luiz Carlos, disse que o cliente ficou "feliz com o trabalho da polícia".

Histórico
Na entrevista desta tarde, Moreira disse que, durante 40 dias, trabalharam no inquérito cinco delegados, 20 agentes e dez peritos. Ele apresentou uma linha do tempo sobre o suposto sequestro e a possível morte de Eliza Samudio.
O relato começou com o inquérito sobre a suposta agressão sofrida por Eliza, no ano passado. Ela procurou a polícia, no Rio de Janeiro, e afirmou que foi obrigada a tomar substâncias abortivas. Exames feitos pela polícia fluminense foram considerados inconclusivos.
De acordo com Moreira, em maio, o menor e Luiz Henrique Ferreira Romão, amigo de Bruno conhecido como Macarrão atraíram Eliza para o Rio de Janeiro prometendo que iriam acertar o valor da pensão e que Bruno ainda daria um apartamento para ela, em Belo Horizonte, para que o filho fosse criado perto da família do goleiro.

Inquérito
O inquérito tem oito volumes, com cerca de 1.600 páginas e três anexos. O goleiro Bruno de Souza, Luiz Henrique Ferreira Romão (Macarrão), Flávio Caetano de Araújo; Wemerson Marques de Souza, Dayanne Souza (mulher de Bruno), Elenilson Vitor da Silva, Sérgio Rosa Sales (primo do atleta) e Fernanda Gomes de Castro (amante do goleiro) foram indiciados por homicídio, sequestro e cárcere privado, ocultação de cadáver, formação de quadrilha e corrupção de menores.
O ex-policial Marcos Aparecido dos Santos foi indiciado por homicídio qualificado, formação de quadrilha e ocultação de cadáver.
De todos os indiciados, Fernanda é a única que está em liberdade. A polícia informou, nesta sexta, que pediu a prisão preventiva dela.
A prisão temporária dos outros suspeitos foi decretada no início de julho. Todos estão presos na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Também nesta sexta, a polícia pediu a prisão preventiva dos oito suspeitos, com o objetivo de prorrogar a permanência deles na cadeia.

*(Com informações da Globominas.com)


G1

Polícia do Rio investiga se menina em coma foi atendida por falso médico


A polícia do Rio investiga a possibilidade que uma menina de cinco anos --alvo de uma longa disputa judicial entre os pais--, internada em estado grave desde a semana passada, tenha sido atendida por um falso médico no hospital RioMar, na Barra da Tijuca, zona oeste. A reportagem não conseguiu falar com a direção do hospital.
Segundo o delegado Luiz Henrique Marques Pereira, da DCAV (Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima), a suspeita surgiu depois de o médico --cujo nome e carimbo aparecem no terceiro prontuário de atendimento da criança-- ter afirmado em depoimento que nunca trabalhou no RioMar. Exame grafotécnico verificará se a assinatura no prontuário foi feita por outra pessoa.
Em depoimento anterior, o pai da menina, o serventuário André Marins, afirmara que a menina havia sido levada ao RioMar por três vezes após apresentar convulsões. Na última, foi liberada ainda desacordada --segundo o pai, o médico explicou na ocasião que ela estava sedada.
Como a menina não acordou mais, o pai a levou para outra clínica, em Jacarepaguá. De lá, ela seguiu para o hospital Amiu, em Botafogo, onde está internada em coma profundo desde a semana passada.
"A gente sempre desconfiou da atitude desse médico [que a liberou desacordada], e ontem [anteontem] foi possível localizá-lo, mas ele diz que não atendeu a menina", disse Marques. "Além de um possível erro de outros médicos, a gente passa a investigar a possibilidade de exercício irregular da medicina."
O delegado diz, porém, que a menina também pode ter sido vítima de maus tratos, como acusa a mãe, a médica Cristiane Ferraz.
Laudo preliminar do IML indica que uma mancha encontrada nas nádegas dela pode ser fruto de uma queimadura térmica ou química que teria ocorrido nos últimos 30 a 45 dias. Nesse período, a criança estava com o pai, que nega qualquer agressão.
O delegado diz, porém, que ainda é preciso esperar pelo laudo conclusivo. Exames que poderiam explicar a origem do edema cerebral da criança não puderam ser realizados devido ao estado delicado da saúde dela.

Denise Menchen


Receita vai aceitar parceiro gay no IR


Casais do mesmo sexo poderão declarar o companheiro ou a companheira como dependente na declaração do Imposto de Renda.

Para isso, entretanto, será preciso comprovar que os parceiros vivem em união estável. A novidade está no parecer nº 1503/2010 da Procuradoria-Geral da Fazenda, que já foi aprovado pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, e é resultado
de uma consulta feita por uma servidora pública que desejava incluir sua companheira (que é isenta no IR) como sua dependente.
Com a decisão favorável à servidora, abre-se precedente para outros casais homossexuais que estão na mesma situação. De acordo com o princípio da isonomia (igualdade perante a lei) de tratamento, a legislação prevê a inclusão de companheiros heterossexuais de uniões estáveis como dependentes no Imposto de Renda.
Portanto, o mesmo deve ser garantido aos parceiros homoafetivos. “A afirmação da homossexualidade da união, preferência
individual constitucionalmente garantida, não pode servir de empecilho à fruição de direitos assegurados à união heterossexual”, justifica o documento emitido pela Procuradoria.

Outros casos
Em junho: foi reconhecido o direito do recebimento de benefícios previdenciários a pessoas em união homossexual estável. Em 2008: o STJ (Superior Tribunal de Justiça) foi favorável à inclusão de um companheiro do mesmo sexo no plano de saúde do parceiro.



eBand

Pais e filhos a caminho da escola


Pacificação estreita o laço entre família e escola. Antes temerosos, responsáveis são estimulados a participar do aprendizado e até se animam a voltar a estudar

Rio - Por mais de 30 anos, o livreiro Moisés da Silva Marques, 61, torrou todo o dinheiro do material escolar dos 10 fi lhos, cinco deles então pequenos, na cocaína e outras drogas que alimentavam seu vício. Sofreu três overdoses e ficou oito anos atrás das grades por assalto à mão armada. Há seis anos livre das drogas, Moisés hoje só pensa em passar uma borracha no passado e reescrever sua vida. É ele quem leva pelas mãos as filhas menores, Janaína, 10 anos, Ludmila, 10, Dayane, 6, e Luiza, 5, ao Ciep Presidente João Goulart, no Cantagalo, Ipanema. O extraficante ainda se aproximou dos agentes da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da comunidade, para aprender a tocar teclado.
O quinto capítulo da série ‘Educação em Tempos de Paz’, que O DIA vem publicando desde domingo, mostra que, como Moisés, muitos pais e fi lhos estão retornando à escola, após a pacificação. Na maioria dos casos, a transformação não aparece na forma de números, mas salta aos olhos dos educadores. “Muitos pais não vinham às reuniões porque deviam ao tráfi co e não podiam ser vistos. Já na última reunião os pais tiveram que ficar em pé. Faltou cadeira para todo mundo”, comemora Mônica Zucarino, diretora do Ciep Presidente João Goulart.
A mudança mais visível desses novos tempos ocorreu no Peja, o ensino noturno frequentado por adultos. “Ninguém se arriscava a ir à escola à noite. O aprendizado era capenga. Como o aluno iria estudar sem saber se na volta para casa seus familiares estariam vivos?”, recorda Andrea Rangel, diretora da Escola Municipal Alphonsus de Guimaraens, na Cidade de Deus. Com a chegada da UPP, em fevereiro de 2009, colégios do bairro tiveram de aumentar as turmas para atender a todos. “Cheguei a fazer num só dia mais de 100 matrículas para a noite”, lembra Andrea. Depois de 15 anos longe dos cadernos, B., 29 anos, foi uma das que voltaram a estudar. Sentia necessidade de poder acompanhar os filhos nos deveres de casa. Mãe de dois adolescentes, B., que não quis se identifi car temendo a volta do tráfico, pretende concluir o Ensino Médio e prestar vestibular para Matemática. “Deixar os meninos em casa era perigoso e estudar à noite, também. Por isso acabei parando na 5ª série do Ensino Fundamental. Meu marido também faz planos de concluir o Ensino Médio”, anima-se B.
O fim da presença de trafi cantes armados dentro e fora das escolas possibilitou, ainda, o aumento da carga horária. “Muitas vezes, por causa da guerra do tráfi co, tínhamos que liberar os alunos às 20h e até cancelar as aulas do noturno. Hoje as atividades vão até as 22h”, lembra a diretora da Alphonsus de Guimaraens. A escola foi uma das que alcançaram a meta no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) para 2009. Tirou 4,4, numa escala de 0 a 10, no principal indicador da qualidade do ensino brasileiro, medido de dois em dois anos pelo MEC.
A pacificação também trouxe de volta mães educadoras, como Sheila Prates, 34 anos, Jaqueline da Silva Conceição, 31, e Denise da Silva Barros, 38. Há cerca de um ano, elas ajudam a cuidar de crianças e jovens em escolas da Cidade do Deus e do Jardim Batan, em Realengo. Todas recebem R$ 100 por 12 horas mensais para gastos com lanche e transporte. “Antes da UPP, o clima era muito tenso. Não podia nem sair de casa para buscar meus fi lhos. Hoje não se escutam mais tiros nem vemos bandidos armados. A ronda escolar é constante, e eu não saio mais do colégio”, afirma Sheila, mãe de três alunos da Escola Municipal José Pereira Clemente, na Cidade de Deus. Ter filhos matriculados é o principal requisito para participar do programa nas Escolas do Amanhã. “Eu me sinto mãe de 40 crianças ao mesmo tempo”, frisa Jaqueline.

“Várias vezes usei o dinheiro do material escolar para comprar cocaína. Hoje levo minhas fi lhas à escola de cabeça erguida” Moisés Foto: Alessandro Costa / Agência O Dia

Pais presentes, notas altas
A presença efetiva da família no ambiente escolar ajuda diretamente o desempenho escolar de crianças e jovens. É o que aponta pesquisa do Ministério da Educação, a partir do cruzamento das notas em Português e Matemática com as respostas ao questionário socioeconômico do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica, o Saeb. Estudantes cujos pais se interessam pelo estudos têm notas mais altas. O exame foi aplicado a 300 mil estudantes do 5º e 9º ano do Ensino Fundamental e 3º do Ensino Médio das redes pública e privada. Os alunos do 5º ano que declararam que sempre veem a mãe lendo obtiveram média 20 pontos maior em Língua Portuguesa (172,6 contra 152,6). No caso dos pais que cobram a lição de casa, os alunos tiveram, em média, 14 pontos a mais do que os outros (159,6 a 173,9) em Matemática. “O acompanhamento familiar, o apoio do Estado com a política de pacifi cação e o trabalho da escola são fundamentais para o desenvolvimento dos alunos”, afi rma a psicóloga Joviana Quintes, do Centro Latino-americano de Estudos da Violência e Saúde, da Fundação Oswaldo Cruz.

Maria Luisa Barros


O DIA ONLINE

Acesso à água é um novo direito humano


Nações Unidas aprovaram resolução que considera o acesso a água potável e saneamento um direito fundamental, do qual estão ainda privadas cerca de 884 milhões de pessoas

O acesso à água é "essencial para usufruir do direito à vida". Por isso, a Assembleia Geral das Nações Unidas reconheceu o acesso a água limpa e saneamento como um direito humano fundamental, aprovando uma resolução apresentada pela Bolívia por 122 votos a favor e 41 abstenções.
Todos os anos morrem cerca de 1,5 milhões de crianças com menos de cinco anos por doenças relacionadas com a falta de acesso a água potável e saneamento. Para além disso, adianta a ONU, há 884 milhões de pessoas com difícil acesso a água própria para beber, enquanto 2600 milhões não têm condições de saneamento.
A resolução agora aprovada apela aos países para que intensifiquem os esforços no sentido de disponibilizar água e saneamento a todos os cidadãos. China, Rússia, Alemanha, França, Espanha ou Brasil votaram favoravelmente, mas entre os países que se abstiveram estão Estados Unidos, Reino Unido e Canadá.
Londres justificou a sua abstenção ao considerar que a resolução não define com clareza o alcance do novo direito nem as obrigações que resultam da resolução.
A jurista portuguesa Catarina Albuquerque, que está a trabalhar como especialista independente sobre esta questão, deverá apresentar um relatório no Conselho dos Direitos Humanos em Genebra, no próximo ano. O representante norte-americano na Assembleia Geral da ONU, John Sammis, considerou que o texto agora aprovado "não reúne o consenso de todos os países e pode mesmo minimizar o trabalho que está a decorrer em Genebra", adiantou a BBC. Também o representante do Canadá considerou o texto "prematuro", uma vez que se aguarda um relatório sobre o assunto.
No entanto, vários activistas dos direitos humanos congratularam-se com a decisão. "Esta é uma conquista muito significativa por estabelecer o acesso a um bem elementar para a sobrevivência", disse ao PÚBLICO Pedro Krupenski, director executivo da Amnistia Internacional em Portugal. "É importante que se tome consciência de que a água é um bem escasso e fundamental para evitar o controlo do acesso."
Ainda que não seja de esperar a rápida democratização da acessibilidade, Krupenski considera que "há uma tomada de consciência dos líderes do mundo". O resultado imediato, diz, "é a satisfação de ter mais um direito humano tão fundamental".
Na semana passada, a Amnistia Internacional em Portugal tinha enviado uma carta ao ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, a apelar para que a resolução da ONU reconhecesse o direito à água como parte do direito a um padrão de vida adequado estabelecido na Convenção Internacional sobre os Direitos Económicos, Sociais e Culturais. Portugal votou favoravelmente a resolução.

Isabel Gorjão Santos




Conselho Regional de Medicina cassa registro de Roger Abdelmassih


Médico é acusado de 56 crimes sexuais contra seus clientes. É a primeira condenação imposta ao especialista em reprodução in vitro

O Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) cassou por unanimidade o registro profissional do médico Roger Abdelmassih. Trata-se da primeira condenação imposta ao especialista em reprodução in vitro, que responde na Justiça criminal a 56 acusações de estupro contra ex-pacientes. Embora caiba recurso da decisão, o próprio médico já havia "renunciado" à profissão.
Em junho deste ano, Abdelmassih protocolou no Cremesp o primeiro pedido de cancelamento de seu registro. Na sexta-feira (23), 30 minutos antes do início do julgamento, o órgão recebeu novo requerimento de exclusão do registro e suspensão da sessão. O ofício, assinado por advogados e Abdelmassih, dizia que, ao julgá-lo, o Cremesp estaria se rendendo ao "clamor popular, provocado pela imprensa sensacionalista". O pedido foi indeferido.
Em seu voto, o relator do processo pontuou todas as acusações que pesavam contra Abdelmassih, registrou as alegações do médico - entre elas que as pacientes tinham alucinações provocadas pela ingestão de um anestésico usado no tratamento - e decidiu pela cassação. Ao todo, o Cremesp instaurou 51 processos contra Abdelmassih - um para cada suposta vítima de abusos. As apurações prosseguem em relação aos outros 50 casos.
"O doutor Roger já tinha pedido a exclusão de seu nome dos quadros da medicina. Me parece uma decisão inócua e que caracteriza a perseguição do Cremesp", disse o criminalista José Luís Oliveira Lima, que defende Abdelmassih.


quinta-feira, 29 de julho de 2010

Francesa admite ter sufocado oito filhos recém-nascidos e é indiciada por homicídio


RIO - A francesa Dominique Cottrez admitiu nesta quinta-feira ter sufocado os oito bebês, todos seus filhos, que foram encontrados mortos nos últimos dias no vilarejo de Villers-au-Tertre, no norte da França. Segundo o procurador da comuna de Douai, Éric Vaillant, a mulher, de 46 anos, foi indiciada pelos crimes e pode ser condenada à prisão perpétua.
- Ela afirmou que não queria mais ter filhos e disse que não queria consultar um médico para utilizar meios contraceptivos. Ela estava perfeitamente consciente de estar grávida em cada um dos casos - assinalou o procurador em entrevista coletiva. Ao prestar depoimento, Dominique contou que o marido não soube que ela estava grávida de nenhum dos oito filhos.
O excesso de peso da mãe, que segundo a imprensa francesa tem cerca de 130 quilos e trabalha como auxiliar de enfermagem, teria contribuído para esconder a gravidez. Ela tem ainda outras duas filhas, de cerca de 20 anos, que também moram no vilarejo e foram interrogadas.
A imprensa francesa trata o caso como um dos maiores de infanticídio da história do país. Apesar de o procurador ter explicado que apenas autópsias poderão confirmar a data do nascimento das crianças, acredita-se que elas tenham morrido entre 1989 e 2006.
O pai das crianças, Pierre-Marie Cottrez, tem 47 anos e é vereador da câmara municipal do vilarejo, de apenas 700 habitantes. Ele teve sua libertação ordenada, mas poderá ainda ser indiciado por não ter denunciado os crimes e por posse de cadáveres, de acordo com o procurador.
O casal foi detido na quarta-feira, depois que, enquanto faziam obras no jardim, os novos donos de uma casa em Villers-au-Tertre encontraram, no último sábado, dois esqueletos em sacos plásticos enterrados. A casa já havia pertencido à família da mãe dos bebês.
Interrogada pela polícia, Dominque admitiu que havia outros seis corpos, também em sacos plásticos, escondidos na garagem de sua atual casa.
O casal é descrito pelos moradores como pessoas "comuns, solícitas e educadas", que não indicavam nenhum comportamento anormal. Dominique Cottrez passará por um exame psiquiátrico.


Criança grávida que morava com homem de 28 anos já está na casa dos pais


Namorado da garota de 12 anos foi preso, em São José do Xingu, acusado de estupro de vulnerável.

A menina de 12 anos que morava com o homem acusado de estupro em São José do Xingu (distante 931 quilômetros da capital mato-grossense) já está na casa dos pais, em Santa Cruz do Xingu (944 quilômetros de Cuiabá).
De acordo com as informações da polícia, depois da prisão de R.M.A. (28) pela acusação de estupro de vulnerável e posse de entorpecentes, o Concelho Tutelar municipal levou a garota, que está grávida de dois meses, para fazer exames médicos em Confresa (1.160 quilômetros da capital) e depois encaminharam a criança para a casa dos pais.
R.M.A. foi preso nesta segunda-feira em flagrante, na casa dele. Encaminhado a delegacia, o suspeito teria confessado aos policiais que mantinha relações sexuais com a adolescente. Ainda de acordo com as informações da polícia, o suspeito teria confessado que ele e a menina se conheceram em Santa Cruz do Xingu e haviam fugido da cidade há cerca de 6 meses para morarem juntos.
O acusado, que já tinha passagens pela polícia por tráfico de drogas, foi autuado em flagrante pelos crimes de estupro de vulnerável e posse de entorpecente e encaminhado para a Cadeia Pública de Vila Rica (1.276 quilômetros de Cuiabá).
Somente pelo crime de estupro de vulnerável, o preso pode ser condenado a uma pena que varia entre 08 e 15 anos de prisão, de acordo com a última alteração do Código Penal. O crime de "estupro de vulnerável" é caracterizado pela prática de qualquer ato libidinoso com pessoa de idade igual ou menor a 14 anos, ou com pessoa de qualquer idade que não tem o necessário discernimento, ou não pode oferecer resistência ao ato.


Promotor dá parecer contrário a liberdade de Bruno e contesta lista de testemunhas


Defesa chama Zico, Adriano e até Eliza para depor

O promotor Eduardo Paes, da 1ª Vara Criminal do Rio de Janeiro, deu parecer contrário nesta quinta-feira (29) ao pedido de liberdade feito à Justiça pela defesa do goleiro Bruno Fernandes, preso sob suspeita de envolvimento no sumiço e morte de sua ex-amante Eliza Samudio. Além de se manifestar contra a liberação do goleiro, Paes entregou uma contestação à Justiça da lista de 16 testemunhas listadas pelo advogado Ércio Quaresma, que defende o jogador.
- Entreguei hoje [a contestação e o parecer]. Ele [advogado] arrolou pessoas que não têm ligação com o caso. Até a própria Eliza, demostrando mau gosto e achincalhe à família da vítima.
No processo sobre sequestro e agressão em outubro de 2009 contra a ex-amante do atleta, Eliza, a defesa indica, além da própria jovem, que está desaparecida desde o início de junho e é considerada morta pela Polícia Civil de Minas Gerais; o pai dela, Luiz Carlos Samudio, que vive em Foz do Iguaçu (PR); Zico, que é diretor de futebol do Flamengo; Patricia Amorim, que é presidente do clube; e os atacantes Wagner Love e Adriano.
A 1ª Vara Criminal de Jacarepaguá recebeu o pedido de liberdade de Bruno e encaminhou para que o promotor desse seu parecer sobre a solicitação.
De acordo com o promotor, no pedido de liberdade o advogado do goleiro pede o endereço de amigas e do pai de Eliza, o que, para ele, representa perigo para essas testemunhas. Ele diz que Bruno é perigoso e não pode ser solto.
- Escrevi 31 laudas onde justifico que ele é perigoso. Ele [advogado] pede o endereço de amigas e do pai de Eliza. É de estranhar. Porque, se o Bruno é libertado põe em risco [essas pessoas].
Paes também diz que o fato de o advogado chamar Adriano, que atualmente joga na Itália, pode ser uma tentativa de atrasar o processo, já que o jogador teria de ser ouvido por meio de precatórias enviadas àquele país.
-Isso faria o processo demorar.
Eliza lutava para que Bruno reconhecesse a paternidade do filho dela, que nasceu em fevereiro. Ela o havia denunciado ainda quando estava grávida por agressão e tentativa de aborto.
Bruno, a ex-mulher dele, o melhor amigo e outras cinco pessoas estão presas há quase um mês suspeitas do desaparecimento da jovem. Um menor de 17 anos, primo de Bruno e que revelou detalhes do suposto crime, está detido. Ele já mudou a versão quatro vezes. Todos alegam inocência.
O bebê de Eliza está com a avó materna no Mato Grosso do Sul.


Como lidar com os distúrbios mentais na infância


João*, de 8 anos, não sorria para os familiares, não gostava de contato social e era agressivo com os pais. Conheça a história da mãe que teve de aprender a amar seu filho
Os craques santistas Neymar, Paulo Henrique Ganso e Robinho são os três ídolos de João*, de 8 anos. Assim como muitos garotos da sua idade, ele adora futebol e toda semana se reúne com os coleguinhas de escola para jogar uma "pelada". "Sou meia-atacante", diz orgulhoso. Na vida de João, porém, o esporte é mais que uma paixão ou divertimento. É uma forma dele se socializar e superar as dificuldades de um grave transtorno de desenvolvimento que já trouxe muita preocupação para sua mãe, a engenheira química Cláudia*.
O filho tão desejado por Cláudia nasceu em um parto complicado. Por causa disso, ele teve de ficar internado durante dez dias antes de ir para casa com a mãe. Conforme crescia, João demonstrava um comportamento pouco comum: não sorria para os familiares, não gostava de contato social, era agressivo com os pais sem motivo, não reagia afetivamente e não falava. Para a família, tudo aquilo parecia natural, coisa de criança. Até que, ao completar 1 ano e 8 meses, ele passou a frequentar um berçário. No ambiente escolar, ficou evidente que havia algo de errado: João batia nas outras crianças, não gostava das professoras e evoluía de modo incompatível com a sua idade. Os profissionais do berçário recomendaram então que Cláudia procurasse ajuda médica.
Levado a um psicólogo, foi constatado que João apresentava traços de uma criança autista, apesar de não ter autismo. O diagnóstico: Transtorno Global do Desenvolvimento. Sob o nome, estão incluídos graves distúrbios emocionais e transtornos relacionados à saúde mental infantil. "Os problemas dessas crianças não vêm necessariamente de uma debilidade intelectual nem de uma debilidade física", afirma Maria Cristina Kupfer, professora do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (IP-USP) e estudiosa da psicose e autismo infantis há mais de vinte anos. "Seus problemas vêm de uma falha precoce no estabelecimento da relação com os outros."
Isso quer dizer que, para crianças como João, a construção do psiquismo voltado para o convívio social não se fez convenientemente. Nosso psiquismo (ou nossa personalidade) é construído para ser um instrumento de relação com os outros, uma espécie de porta aberta para o mundo. "A falha nesse processo é resultado das dificuldades, acidentes, entraves ou impasses ocorridos durante o processo de estruturação subjetiva da criança", diz a psicanalista Enriqueta Nin Vanoli, da equipe multidisciplinar da Associação Serpiá (Serviços Psicológicos para a Infância e Adolescência), de Curitiba (PR).
A análise do histórico de vida de João pode ajudar a entender como o problema se desenvolveu. Cláudia conta que o fato do menino não corresponder aos carinhos que recebia ainda bebê, evitar o seu olhar e não esboçar nenhum tipo de sentimento criou uma barreira entre ambos. Ela sonhara com um modelo ideal de criança a que João não correspondia. A frustração impedia uma proximidade, uma relação genuína de mãe e filho. "Era como se o João fosse uma criança qualquer. Apesar de estar ao seu lado fisicamente sempre, não conseguia me aproximar emocionalmente. Ele cresceu isolado de mim", afirma. Cláudia acredita que o problema no parto, de certa forma, criou uma ferida psicológica que marcou o garoto. "A verdade é que eu também tinha dificuldade de amar meu filho, talvez pelo meu histórico familiar. Cresci num ambiente em que as pessoas eram muito fechadas. Costumava me julgar uma pessoa carinhosa, mas dar carinho é diferente de dar amor."
O relato de Cláudia revela dois elementos que os especialistas costumam notar em casos em que o Transtorno Global de Desenvolvimento é diagnosticado. Em primeiro lugar, há uma enorme dificuldade para os pais aceitar o não-olhar dos filhos, interpretado como falta de afeto por parte da criança. Em segundo lugar, o problema sempre envolve o menor e o adulto responsável por sua criação, ou seja, ele não pode ser concebido como um fenômeno que acontece com somente uma pessoa. “É preciso tomar cuidado, porém, para não culpar os pais, porque são coisas que não costumam passar pela consciência deles”, diz Jussara Falek Brauer, professora aposentada e coordenadora do Laboratório de Estudos e Pesquisas Psicanalíticas dos Distúrbios Graves na Infância do IP-USP. “A criança pode estar respondendo a algo de errado que está na mãe e que, às vezes, nem a própria mãe sabe que tem. Só por meio de análise é possível descobrir o que está acontecendo.”
Um estudo epidemiológico feito em 2008 pelo pesquisador americano Myron Belfer mostrou que até 20% das crianças e adolescentes sofrem de algum transtorno mental grave. Se for considerado o espectro autístico, pode-se falar em uma criança em cada 150, de acordo com a agência Centers for Disease Control e Prevention (ou CDC), do departamento de saúde e serviços humanos dos Estados Unidos. A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta uma taxa de 12% a 29% de prevalência de transtornos mentais na infância. De forma geral, a incidência de distúrbios como o de João é maior em meninos do que em meninas. Diagnosticar problemas psiquiátricos em crianças, no entanto, costuma ser difícil. "A partir de seis meses de idade, uma criança já pode mostrar sinais de autismo, como o não-olhar para a mãe, mas isso isoladamente não quer dizer que ela vá se tornar autista", afirma Maria Cristina. "É muito perigoso pegar um rótulo e colocar num bebê, porque ele vai procurar responder àquilo que todo mundo está falando que ele tem", diz Jussara.
Daí a necessidade de um diagnóstico feito por profissionais especializados. "Um bom acompanhamento médico é fundamental. Ele envolve um trabalho que deve considerar uma série de fatores, além da sutileza e singularidade de cada caso", diz Enriqueta. Foi o que aconteceu com João. Após a primeira consulta médica, ele já começou um tratamento que buscava reatar o diálogo perdido com os outros. Sua mãe também passou a se consultar com a mesma psicóloga responsável pelo acompanhamento do filho. "Nas sessões, eu aprendi como superar as minhas dificuldades de relacionamento com ele", afirma Cláudia.
Trabalhar a mãe e a criança com o mesmo profissional, mas em sessões individuais, é um dos segredos para o sucesso do tratamento. "Esse trabalho conjunto vai na direção da reconstituição da história familiar. A partir dele, tenta-se desfazer o emaranhado que cria problemas para a criança", afirma Jussara. A experiência da professora da USP mostra que 90% dos 105 menores que atendeu ao longo de sua pesquisa clínica na universidade deixaram de apresentar os sintomas que os levaram ao médico pela análise e correção do que havia de errado entre mãe e filho.
Seis anos após o início do tratamento, João leva hoje uma vida normal. Ele vai a uma escola comum – João está na segunda série do ensino fundamental de um colégio particular de São Paulo – , estuda inglês e, além de futebol, pratica natação e capoeira. Agora, convive bem socialmente, não se isola mais, gosta de conversar e qualquer dificuldade que tem recorre à ajuda da mãe. "Ele aprendeu a expressar muito bem o que sente. O distanciamento que existia antes acabou", diz Cláudia. Como João demorou para desenvolver seu lado social, o menino ainda apresenta algumas reações que não são adequadas, como querer exclusividade quando está brincando com um amiguinho.
Para mudar comportamentos como esse, ele frequenta duas vezes por semana a Associação Lugar de Vida, dedicada ao tratamento e à escolarização de crianças psicóticas, autistas e com problemas de desenvolvimento. Localizado no Butantã, na zona oeste de São Paulo, o Lugar de Vida iniciou suas atividades em 1990 como um serviço do Departamento de Psicologia da Aprendizagem, do Desenvolvimento e da Personalidade do IP-USP. Lá, João participa de Grupos de Educação Terapêutica (GETs) com outras crianças. Há dois focos de trabalho nos GETs: o primeiro compreende atividades como movimentação em brinquedos de grande porte, corridas, jogos de pátio com regras simples, encenação de pequenas peças, aprendizado de músicas e escuta de relatos de histórias – atividades, em geral, de cooperação grupal para o desenvolvimento do laço social; o segundo foco é na escrita e compreende atividades para o desenvolvimento do desenho, do grafismo e da superação das dificuldades de alfabetização. Para os pais, há uma reunião uma vez por semana em que eles podem conversar sobre os problemas dos filhos com a mediação de uma psicóloga. Nos encontros, compartilham suas dúvidas, obtêm esclarecimentos e trocam experiências."É bom participar desse tipo de reunião porque a gente percebe que não está sozinha nisso", afirma Cláudia.
Contar com o auxílio de bons profissionais e abraçar o problema para superá-lo – sem buscar um culpado – foram os principais elementos para a melhora do filho, segundo Cláudia. “Se o pai e a mãe não estão ali para ajudar, nada adianta. No começo, eu e meu marido ficamos muito atormentados com o que estava acontecendo, e juntos conseguimos enfrentar a situação”. A mãe coruja diz que João já sabe o que quer ser quando ficar mais velho: jogador de futebol do Santos, seu time do coração. O menino que antes não sabia se relacionar se apaixonou por um esporte em equipe e ensinou sua mãe a amá-lo.

* Os nomes foram trocados para preservar a identidade do menor e da mãe

Eliseu Barreira Junior


Perna achada no Tietê passa por DNA em SP para saber se é de Eliza



Perna esquerda, com esmalte rosa, foi achada em 3 de julho em Botucatu.
Delegado de SP ligou para o de MG, que sugeriu exame genético no IC.

Uma perna encontrada no Rio Tietê, em Botucatu, no interior de São Paulo, será submetida a um exame de DNA para que o seu material genético seja comparado com o de Eliza Samudio, ex-amante do goleiro Bruno, que está desaparecida desde junho. De acordo com o delegado titular Celso Olindo, da Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de Botucatu, a análise será feita no Instituto de Criminalística (IC) da capital paulista a pedido do delegado Edson Moreira, da Polícia Civil de Minas Gerais, responsável por apurar o sumiço da modelo e atriz.
Bruno e mais sete pessoas estão presos por suspeita de envolvimento com os supostos sequestro e morte de Eliza. Mesmo sem ainda ter encontrado o corpo, o delegado Moreira afirma que a mulher foi assassinada. Depoimento inicial de um adolescente dizia que ela foi morta e esquartejada. A defesa do goleiro nega os crimes e diz que ela está viva.
Olindo afirmou ao G1 que telefonou na quarta-feira (28) à tarde para Moreira e lhe contou que a perna esquerda, cortada na altura do joelho, achada no dia 3 de julho, é aparentemente de uma mulher de pele branca. As unhas estavam pintadas com esmalte rosa.
Antes disso, o delegado paulista já havia disparado um e-mail para o Centro de Operações da Polícia Civil (Cepol) e para o Departamento de Inteligência da Polícia Civil (Dipol) com informações sobre a perna, como localização e características do membro. O pé mede 23,5 centímetros. Confira abaixo a íntegra deste e-mail e uma das fotos da perna, os quais o G1 teve acesso.
“Conversei com o delegado Edson e enviei as fotos para ele analisar. Ele não descartou a possibilidade de a perna ser de Eliza, mas disse que essa hipótese é remota. Mesmo assim, solicitou que eu pedisse um exame para comprovar ou descartar isso”, falou Olindo.
A reportagem não conseguiu localizar o delegado Moreira, de Minas, para comentar o assunto.
Segundo Olindo, nenhuma pessoa no estado de São Paulo procurou a Polícia Civil de Botucatu para saber da perna achada no Rio Tietê, próximo a Ponte do Jaú, na Rodovia SP-191.
A análise do DNA da perna achada no Tietê será feita a partir de uma parte do osso que foi guardada pela polícia. “A perna foi enterrada num cemitério de Botucatu, mas o seu material genético foi preservado para esses exames”, disse Olindo. Ele afirmou que irá fazer ainda nesta quinta-feira (29) uma requisição para a realização do teste no IC.
Independentemente do teste que será feito pelo IC na perna, o delegado Olindo pede para quem tiver informações que ajudem a identificar a quem ela pertença ligar para o telefone: (14) 3882-0888.

Corpo carbonizado
Não é a primeira vez que a polícia paulista tenta ajudar a mineira com informações que possam ajudar a elucidar o desaparecimento de Eliza. Recentemente, um corpo carbonizado encontrado em Cachoeira Paulista, no interior de São Paulo, também foi submetido a exame de DNA para que o material genético fosse comparado com o da ex-amante de Bruno. O laudo divulgado na noite de quarta pelo IC descartou a possibilidade de o corpo ser da mulher. O exame revela que os ossos analisados são de um homem.


G1

Profissionais despreparados deixam crianças expostas a agressões


Enquanto o Brasil discute se palmadas para educar os filhos são um direito dos pais ou não, os responsáveis por proteger as crianças de agressões mal conhecem a lei que atualmente precisam cumprir. O desconhecimento do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), há 20 anos em vigor, é uma constante nos conselhos tutelares.
"A falta do conhecimento do Estatuto é uma realidade nacional", afirmou o presidente do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda), Fábio Feitosa, referindo-se ao domínio do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) por parte dos conselheiros tutelares.
"Tem conselheiro que não sabe ler e nem conhece o ECA", completa o presidente do Conselho Municipal da Criança e do Adolescente de São Paulo, João Santo. Ele considera desnecessária a "lei da palmada" - texto enviado pelo Executivo, no dia 14 de julho, ao Congresso Nacional, que prevê a proibição de qualquer tipo de castigo físico a crianças -, e diz que o entendimento da lei é mais urgente do que a modificação da mesma. Para Santo, o papel do Estado é garantir que a criança não seja espancada, e não "entrar nestas minúcias do tratamento da família".
A secretária da Mesa Diretora do Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente do Rio de Janeiro, Eliana Rocha, concorda com a avaliação de João Santo. "O sistema de garantia de direito, de 20 anos para cá, mudou muito e tem de ter pessoas capacitadas para fazer estas mudanças", diz. Conhecer o ECA é um "desafio", segundo Eliana, por isso a necessidade de uma educação permanente e contínua para os conselheiros tutelares.
Enides Lima, conselheira tutelar da unidade da Sé, região central de São Paulo, confirma que não teve de provar conhecimento sobre o ECA para se candidatar ao cargo. Segundo ela, o único documento pedido foi um termo comprovando experiência de um ano com crianças ou adolescentes. "Se todos os conselheiros conhecem o ECA eu não sei, mas deveriam", afirma.
Daniel Moraes, do Conselho de Guaianases (zona leste da capital paulista), conta que, além de não conhecer o ECA, existem conselheiros que desconhecem até a Constituição. "Eles entram crus, aprendem durante os três anos (de mandato) e tentam reeleição para colocar em prática o que aprenderam. Tem conselheiros muito mal preparados", diz. A deficiência na qualificação do profissional é a mais grave, mas não é a única carência destes órgãos responsáveis pelos direitos do menor, segundo Fábio Feitosa. Ele observa que o Brasil tem hoje conselhos tutelares em 98% do território nacional. Porém, "muitos deles não têm espaço físico nem para atender as crianças, não têm computadores, são completamente sem estrutura".
Entre os conselhos das cinco regiões de São Paulo entrevistados pelo Terra, a reclamação de falta de computadores foi unânime. Em média, cada conselho tem uma máquina que funciona. "Aqui falta tudo", reclama Claudia Lima, do Conselho Tutelar da Freguesia do Ó, zona norte de São Paulo. Segundo ela, "falta gente bem mais capacitada para trabalhar", já que a região tem 600 mil habitantes, e os cinco conselheiros atendem cerca de 50 pessoas por dia.

Capacitação não saiu do papel
Com o Fundo dos Diretos da Criança e do Adolescente, o Conanda investiu em 21 Estados para a qualificação profissional dos conselheiros tutelares. É o projeto Escolas de Conselho, que deveria oferecer cursos específicos sobre o ECA. Mas as aulas até hoje nunca aconteceram. "Em agosto, discutiremos o porquê as escolas não saíram do papel", diz Fábio Feitosa.

Lei aumenta rigor sobre castigos físicos
A preocupação da conselheira tutelar do distrito Aricanduva de São Paulo, Maria Aparecida dos Santos, é de que a aprovação da "lei da palmada" traga mais complicação ao trabalho de sua categoria. Ela teme que aumente o número de denúncias levianas. "Já aparecem muitas denúncias sem fundamento pelo 181 (disque-denúncia). Com esta lei, você imagina o que vai acontecer". O projeto de lei prevê que qualquer tipo de castigo físico seja proibido.
De acordo com o presidente do Conanda, resolver as questões de qualificação profissional e infraestrutura para o desenvolvimento do trabalho são "mais importantes e urgentes" do que a aprovação do projeto de lei contra qualquer tipo de castigo degradante à criança ou adolescente, até para que a sua aplicação funcione.

O projeto
O projeto da "lei da palmada" surgiu de um compromisso internacional do Brasil com as Nações Unidas, explica a subsecretária de Promoção dos Direitos da Criança e do Adolescente da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República, Carmen Oliveira. A organização recomendou a todos os países signatários da convenção sobre os direitos da criança a criação de um marco legal de proibição dos castigos corporais.
Conforme Carmen, "o projeto acrescenta e define melhor o que são maus tratos", já que há uma imprecisão no Código Civil que proíbe castigos imoderados, porém, não classifica o que seria moderado. "Existe uma distorção de que a gente esteja proibindo o beliscão ou a palmada. Nós estamos chamando a atenção da sociedade que existem outras formas para educar a criança e o adolescente, como a conversa", afirma Carmen. Com experiência de sete anos em tratamento de adolescentes da Febem em Ouro Preto, o pedagogo Antônio Carlos Gomes da Costa pensa diferente. O especialista afirma que "a única maneira de se estabelecer limites é pela punição". Segundo ele, que se declara "totalmente contra" o texto do projeto, não existe organização que não coloque o castigo como meio de controle. "Se não seguir as regras no trânsito, você leva multa, no trabalho, é despedido", exemplifica.
Vencedor do Prêmio Nacional de Direitos Humanos em 1998, Gomes da Costa sustenta que estas repreensões não criam traumas na criança ou adolescente. "A primeira coisa é dar o exemplo de conduta, a segunda é o diálogo, a terceira, a advertência cordial, depois a severa, e depois a contensão física", enumera o pedagogo.
Carmen, entretanto, acredita que "certamente isso não aconteceria no caso da Isabella Nardoni, onde a menina gritou, gritou, gritou, e nenhum vizinho acudiu, talvez, ainda com o pressuposto de que, no que diz respeito a quatro paredes de uma família, ninguém deva se meter".

Thaís Sabino

Militar resgata filhote de cão chutado como bola no Afeganistão

Um filhote de cachorro com apenas alguns dias de vida foi resgatado por uma militar britânica no Afeganistão que o viu ser chutado como uma bola de futebol por um grupo de crianças.

Segundo a médica militar Sarah Marriott, de 30 anos, o cão era do tamanho de sua mão quando ela o resgatou, há seis meses, durante uma patrulha a pé na província de Hellmand.
Ela diz que o dono do filhote havia pedido aos meninos que o afogassem, porque ele não o queria. Em sua descrição, as crianças tratavam o cachorro como um brinquedo.
A soldado diz que quando o encontrou, o cão estava em um estado tão precário que ela achou que ele não conseguiria sobreviver.
Marriott levou o cão à sua base e conseguiu recuperá-lo graças a uma dieta de mingau de aveia e apresuntado enlatado, além de muito carinho.
Transporte
Após seis meses de tratamento, ela conseguiu que a organização de proteção dos animais Nowzad Dogs o transportasse de avião para a Grã-Bretanha.
O filhote foi batizado de Reorg, que é um jargão militar para descrever uma sessão de análise de uma operação após sua execução.
Reorg foi levado à Grã-Bretanha no compartimento de carga de um avião, ao custo de 3.500 libras (cerca de R$ 9.600) e está em quarentena em um canil na região de Devon, no oeste do país.
Assim que o cachorro for liberado da quarentena, Marriott pretende entregá-lo a parentes para que cuidem dele.

MP contesta lista de testemunhas do goleiro Bruno

RIO - O Ministério Público do Rio de Janeiro informou, nesta quarta-feira, que vai contestar a lista de testemunhas apresentadas pela defesa do goleiro Bruno no processo do suposto sequestro e lesão corporal contra Eliza Samudio em outubro de 2009. Entre as testemunhas, os defensores do atleta indicaram a própria Eliza (considerada morta pela polícia de Minas); o pai dela, Luiz Carlos Samudio; o atual diretor de futebol do Flamengo, Zico; a presidente do clube, Patrícia Amorim, e os jogadores Vágner Love e Adriano, ambos morando no exterior.
Segundo o promotor Eduardo Paes, a defesa não indiciou o motivo pelo qual relacionou "pessoas que nada tem a ver com o caso", como jogadores que estão fora do país. Para ele, seria uma tentativa de procrastinar o processo:
- Ele (o advogado de defesa) não alegou nada. Estou questionando esse rol de testemunhas.
Também nesta quinta-feira, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) confirmou que foi aceito o pedido de quebra de sigilo telefônico de Bruno e Macarrão. O Ministério Público havia solicitado o procedimento para os aparelhos utilizados por Bruno e Macarrão nos dias 12 e 13 de outubro.
Em outubro do ano passado, Eliza, que estaria grávida do jogador, afirmou que fora agredida por Bruno, seu amigo Luiz Henrique Romão, o Macarrão, e mais duas pessoas, e obrigada a ingerir um líquido abortivo . Um exame de urina, concluído somente oito meses depois, quando Eliza já havia desaparecido, indicou a presença de substâncias que podem ser encontradas em remédios abortivos e plantas.
O desembargador Júlio Cezar Gutierrez, da 4ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) negou liminares em pedidos de habeas corpus para Flávio Caetano Araújo, Elenílson Vitor da Silva e Wemerson Marques de Souza, o Coxinha, presos por suspeita de envolvimento no sequestro e morte de Eliza.
Apesar de os habeas corpus serem nominais aos três amigos de Bruno, o goleiro e outros suspeitos constavam nos pedidos como interessados e seriam beneficiados caso a medida fosse concedida. A Justiça mineira já negou 14 habeas corpus em favor do goleiro.
Ao todo, oito pessoas estão presas, suspeitas de envolvimento no crime, além de um primo do atleta, de 17 anos, que foi apreendido após confessar sua participação no caso.


O Globo

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Hamas exige mais pudor em lojas de lingerie na Faixa de Gaza


Movimento islãmica afirma que houve reclamação de 'pessoas comuns'.
Semana passada, mulheres foram proibidas de usar narguilés em público.


O grupo islâmico Hamas, que governa a Faixa de Gaza, deu ordens para que as lojas de lingerie tenham maior pudor na exibição de suas vestimentas.
Uma semana depois de proibir que mulheres usem narguilés em locais públicos, a polícia dirigida pelo Hamas deu ordens às lojas de lingerie feminina que retirem manequins pouco vestidas e cartazes com roupas íntimas provocantes.
"Essas medidas aconteceram após reclamações e pressão das pessoas comuns. Tem a ver com a preservação de nossas tradições", disse o porta-voz da polícia Ayman Al-Batniji na quarta-feira.
Líderes do Hamas negaram repetidas vezes qualquer intenção de impor a lei islâmica na Faixa de Gaza, onde habitam 1,5 milhões de palestinos.
Mas a polícia do Hamas interrompeu um show de hip-hop no território e tentou -- sem sucesso -- forçar advogadas no tribunal e estudantes do sexo feminino a usarem roupas muçulmanas tradicionais, medida que incitou uma reação do público.
As medidas de recato são amplamente vistas pelos palestinos na Faixa de Gaza como tentativas de tranquilizar as facções islâmicas mais conservadoras que acusaram o movimento de ser incapaz de preservar a lei islâmica Sharia.


Mônica Bergamo: Avós de Sean terão audiência nos EUA para pedir visitas ao menino


Foi agendada para o dia 31 de agosto a audiência dos avós do garoto Sean Goldman nos Estados Unidos na ação em que pedem direito de visitar o neto. A informação é da coluna Mônica Bergamo publicada na edição desta quarta-feira da Folha
Desde que ele foi entregue ao pai americano, David Goldman, no fim de 2009, por decisão da Justiça brasileira, o casal não consegue ver a criança. No mês passado, a avó materna do garoto, Silvana Bianchi, disse que conversou com o neto pelo telefone nos dias 11 e 22 de junho. Na ocasião, ele falou apenas em inglês.
A criança é alvo de uma disputa judicial que culminou com sua mudança para os Estados Unidos há seis meses. Desde que foi morar com o pai, em dezembro de 2009, Sean conversou seis vezes com a família brasileira, sempre por telefone. A última conversa durou 16 minutos, segundo Silvana.
Sean morava com os pais, Bruna e David, nos Estados Unidos. Em 2004 Bruna, filha de Silvana, trouxe o filho para o Brasil, com autorização do pai, mas decidiu não voltar mais. Com a morte de Bruna, durante o parto da segunda filha, em 2008, o padrasto de Sean, João Paulo Lins e Silva, passou a disputar com David a guarda do menino. Em 24 de dezembro, por ordem judicial, Sean foi entregue ao pai, com quem mora nos EUA.


Levantamento vai analisar situação de crianças e adolescentes em abrigos


Governo quer reduzir o tempo de permanência nestes locais

A situação de 14.429 crianças e adolescentes que estão em 1.488 unidades de acolhimento em todo o país será detalhada em um diagnóstico que começa a ser elaborado nesta terça-feira (27) pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ). O objetivo é reduzir o tempo de permanência nos abrigos para garantir a reintegração à família biológica ou a adoção, se for o caso.
Até o final de outubro, os juízes responsáveis pelas coordenadorias estaduais de Infância e Juventude realizarão audiências para verificar a situação pessoal e processual de cada criança e adolescente acolhido no país, assim como os locais que recebem esses meninos e meninas.
A medida está prevista no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que estabelece que a revisão deve ser feita a cada seis meses, mas ainda não é cumprida em todo o país. “Para o juiz que já faz o controle completo, essa é uma medida que não faz diferença. Ela é direcionada àqueles que não seguem o estatuto, especialmente os juízes que atuam sozinhos em uma comarca decidindo ações de todas as áreas e não têm meios de fazer o controle”, afirma o vice-presidente para Assuntos da Infância e Juventude da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), Francisco Oliveira Neto.
As crianças e os adolescentes não serão os únicos ouvidos: parentes e profissionais que trabalham nos abrigos, como psicólogos e assistentes sociais, também passarão pelas audiências. Apesar do prazo final para encerramento das revisões ser um só, cada juiz coordenará o calendário nas unidades de acolhimento sob sua jurisdição. O CNJ lança o projeto oficialmente na tarde de hoje em uma unidade de acolhimento na cidade de Luziânia (GO).


Jornale

Ao som de saxofone, pai de Rafael encerra missa de 7º dia do filho



Filho da atriz Cissa Guimarães morreu atropelado na terça-feira passada.
Polícia fez nesta madrugada uma reconstituição do acidente.

A missa de sétimo dia de Rafael Mascarenhas, de 18 anos, filho da atriz Cissa Guimarães com o músico Raul Mascarenhas, foi encerrada na noite desta terça-feira (27) com o pai do jovem, que morreu atropelado na semana passada, tocando uma música que fez para o filho ao saxofone.
Esse sax era dele, eu mesmo mandei pra ele, mas ele escolheu outro instrumento (Rafael tocava guitarra). Que o meu anjo esteja no céu. É muita emoção, muita dor. Eu agradeço todo o apoio. É duro", disse Raul já do lado de fora da igreja.
A saída dos convidados da Igreja Nossa Senhora da Paz, em Ipanema, na Zona Sul do Rio, foi ao som da música "Canção da América", de Milton Nascimento.
Entre os presentes estavam os atores Carolina Dieckman, Rodolfo Bottini, Antônio Grassi, Patricia Pillar, Patrycia Travassos, Lilia Cabral, Teresa Seiblitz, Samara Filippo, Ana Beatriz Nogueira, Marieta Severo, Renata Sorrah e Bel Kutner.
"Foi emocionante, reconfortante e muito triste também. Acho que esta deve ser a maior dor do mundo", disse, chorando, a atriz Zezé Motta.



Também muito emocionada, a atriz Maitê Proença destacou que o momento agora é dos pequenos gestos. "Um carinho, um afago, uma palavra... é assim que se leva. Tinha um milhão de amigos da Cissa na cerimônia. É muita gente que quer se manifestar. E ela recebeu esse conforto. Foi muito bonito".
Lucinha Araújo, mãe do cantor e compositor Cazuza — morto em 7 de julho de 1990, em consequência de complicações por causa da aids — também prestou solidadiedade à Cissa Guimarães.
"A única coisa que eu tenho a dizer é que duas décadas não mudam nada. Daqui a 20 anos a dor vai ser igual. Só quem perdeu um filho, entende", destacou Lucinha, que conversou com a atriz pouco depois da missa.
"Cissa perguntou: 'Como é que você aguentou? Me conta!' E eu respondi: 'Eu não aguentei'. Depois ela me pediu: 'Vai na minha casa todos os dias?' E eu respondi que sim. Por covardia, não estava querendo ir, mas mudei de ideia", contou Lucinha.
Durante a cerimônia, os irmãos João e Thomaz Velho também fizeram homenagens. “Estive no Leblon e lembrei de você. O Rio não é mais o mesmo sem você. Estou aprendendo muito com esse vazio que ficou. Que onde você estiver tenha carinho, amparo, amor e música, porque a música aqui agora é o silêncio”, disse emocionado Thomaz.
Durante a missa, os irmãos do jovem leram uma prece e foram distribuídos santinhos com a foto de Rafael e a mensagem "Amor, Rafa". “Prometo que vou tomar muito vento na cara por você, prometo cuidar da mamãe por aqui. Se cuida aí cara”, continuou Thomaz.
João Velho começou o discurso pedindo desculpas por não ter conseguido escrever nada, mas logo lembrou de um momento ao lado do irmão: “Eu sempre chamava ele de ‘prego’, e ele levava isso a sério. Rafael, você é um homem sábio, maravilhoso. Você é a ovelha branca da família”.
A atriz Cissa Guimarães chegou pouco depois das 19h. Ao longo da missa, ela recebeu abraços e o carinho de amigos e parentes. A atriz chorou abraçada a cantora Fafá de Belém, mãe de Mariana Belém, que era irmã por parte de pai de Rafael.
O caçula da atriz, filho do saxofonista Raul Mascarenhas, morreu atropelado na madrugada do dia 20 quando andava de skate com amigos no Túnel Acústico, que estava com trecho interditado para manutenção naquela madrugada.

Investigações
De acordo com a delegada-titular da 15ª DP (Gávea), Bárbara Lomba, um dos dois jovens que estavam com Rafael teria contado que dois carros estavam em um "pega" dentro do túnel, trafegando em alta velocidade. O Siena preto que atingiu Rafael Mascarenhas estaria com os faróis apagados, segundo ele.
Rafael Bussamra, que confessou ter atropelado o jovem, e o motorista do outro carro negaram que estivessem em alta velocidade. Na madrugada desta terça-feira (27), seis envolvidos no caso participaram de uma reconstituição do atropelamento. O trabalho nos túneis Acústico e Zuzu Angel, que ligam a Gávea a São Conrado, na Zona Sul do Rio, durou mais de cinco horas.
Além de Rafael Bussamra, os três rapazes que estavam com ele e dois amigos do músico, ambos skatistas, participaram da reprodução simulada. Dois irmãos do músico também acompanharam as investigações.

PMs são acusados de propina
Os policiais militares que interceptaram o motorista envolvido no atropelamento do músico e o liberaram não foram chamados para participar da reconstituição. Eles são suspeitos de cobrar R$ 10 mil de propina.
Em depoimento, Roberto Bussamra, pai de Rafael Bussamra, contou que o filho foi coagido a pagar propina para os policiais. Segundo a delegada Bárbara Lomba, a investigação sobre a propina paga aos policiais ficará a cargo da Polícia Militar, que já está apurando os fatos.

Advogado diz que atropelador pediu socorro
O advogado de Rafael Bussamra disse na segunda-feira (26) que seu cliente parou para prestar socorro após o acidente. Segundo Spencer Levy, foi nesse momento que os policias militares Marcelo Leal e Marcelo Bigon chegaram ao local do acidente, dentro do Túnel Acústico.
“Os PMs encostaram ao lado do carro do Rafael dizendo que ele tinha que ir para a delegacia. Os policiais nem se preocuparam em saber como estava o Rafael Mascarenhas”, contou Levy. “Os PMs falaram: ‘Você já ligou e o socorro está vindo. Agora, temos que ir para a DP’”, complementou o advogado.


G1
Verbratec© Desktop.