sábado, 17 de abril de 2010

Terremoto na China deixou 1.484 mortos, diz agência oficial

Monges tibetanos assistem a cremação em massa de vítimas do terremoto na cidade de Gyegu, na província de Qinghai (Foto: Reuters)
Desastre deixou também mais de 11 mil feridos e 300 desaparecidos.
Neste sábado, monges budistas fizeram cremação em massa de vítimas.


O total de vítimas do terremoto no noroeste da China chegou a 1.484, informou neste sábado (17) uma agência de notícias oficial do país.
O terremoto de 6,9 graus de magnitude atingiu a província de Qinghai nesta quarta-feira (14). Segundo autoridades locais, mais de 11 mil pessoas ficaram feridas e cerca de 300 estão desaparecidas.
Neste sábado, centenas de corpos foram cremados para evitar a propagação de epidemias. Os corpos de homens, mulheres e crianças foram levados em caminhões até o local da cremação, próximo ao epicentro do sismo, e alinhados por monges budistas em uma faixa de 150 metros, sobre leitos de madeira. Centenas de monges entoaram cantos fúnebres no local.
A cremação libertará seus espíritos para que possam ir para o céu", disse Fale, uma mulher tibetana.
Após a visita ao epicentro do terremoto do primeiro-ministro chinês Wen Jiabao, na quinta e na sexta-feira, as equipes de resgate começaram a organizar a ajuda para os 100 mil afetados pelo tremor que não têm o que comer ou beber, em meio a condições climáticas difíceis, com temperaturas muito baixas.
A infraestrutura de Jiegu, principal cidade da região, ficou quase toda destruída. A rede de água potável "ficou paralisada", segundo Xia Xueping, porta-voz dos socorristas.

Assassinado o Rei do Morango



A morte do empresário conhecido como O Rei do Morango, chocou os moradores de Jarinu, interior de São Paulo. Ele foi assassinado no quintal de casa. O laudo da polícia derruba versões contadas pela mulher dele e agora ela está sendo investigada.

Estudo avalia causas e sintomas da chamada depressão “pós-adoção


Depressão pós-parto não é exclusividade de mamães biológicas. Pais adotivos também podem passar por um período turbulento, segundo um estudo realizado pela Universidade de Purdue, nos EUA. A chamada depressão pós-adoção afeta tanto a vida dos adultos como o bem estar das crianças. Em geral, o problema é causado por expectativas não correspondidas e resposta negativa da sociedade.
“As pessoas geralmente ouvem falar de depressão pós-parto após dar luz a um bebê, mas o bem estar emocional dos pais adotivos quando a criança chega em casa não é muito falado”, diz Karen Foli, co-autora do livro “Depressão pós-adoção: superando os imprevisíveis desafios da adoção”, resultado de entrevistas e análise de 21 pessoas que passaram pela experiência. “Neste estudo, a maioria dos pais adotivos que se declararam depressivos após o filho adotivo chegar em casa descreveram expectativas não atendidas ou irreais sobre eles mesmos, as crianças, as famílias ou a sociedade”.
Entre os problemas detectados por Karen, estão a tentativa dos pais em se mostrarem superpais, dúvidas quanto à legitimidade, surpresa se um vínculo com o bebê ou a criança não é facilmente estabelecido. Outros fatores incluem expectativas em relação ao apego da criança pelos pais, acordos mal estabelecidos com pais biológicos e a atitude da sociedade com as famílias adotivas. Há também o cansaço decorrente da espera pela criança e a pressão pelo rigoroso processo de adoção.
“Alguns pais, por exemplo, não anteciparam que a aproximação com seus filhos seria uma luta, ou que os membros da família e amigos não iriam dar o suporte que pais biológicos desfrutam”, explica Karen. “Os sinais e sintomas de depressão incluem humor deprimido, diminuição do interesse ou prazer nas atividades, alteração significativa no peso, dificuldade em dormir ou sono excessivo, sensação de agitação, fadiga, culpa excessiva, vergonha e indecisão”.


Inocentes vítimas de uma sociedade sem amor


Egoísmo, falta de afeto, de comprometimento. Falta de amor. No final de março, o Brasil assistiu à condenação de Alexandre Nardoni e Ana Carolina Jatobá, pela morte da menina Isabella Nardoni, 6 anos, em 2008. Qualquer violação a integridade e a vida de uma criança choca. E causa muito mais comoção e revolta quando e praticada por quem deveria preservá-la.
E assusta muito mais quando é praticada por perto. Como no caso das meninas de 4 e 2 anos, jogadas da ponte em Nova Almeida, em Serra. Pelo próprio pai. Segundo o acusado, não tinha nada contra as pequenas. O "problema" foi a rejeição da ex-mulher. Que, segundo relatos, cansou de sofrer maus tratos.
Na tarde ensolarada desta quinta (14), a família se despediu, para sempre, das inocentes. Em Cariacica, uma mãe é suspeita de trocar a filha de três meses por R$120, um fogão e uma geladeira.
Essas duas tristes realidades marcaram a semana dos capixabas. E repercutiram em todo o país. Então, a vida vale pouco mais de cem reais e dois eletrodomésticos. E quantas vezes a vida vale menos que R$10 (preço de uma pedra de crack)?
Enquanto psiquiatras se incumbem de atestar a sanidade mental do pedreiro que acabou com a vida das filhas, enquanto a bebida, as drogas, o machismo e a violência destroem milhares de famílias, todos os dias, é preciso pensar e viver o amor. E o respeito pela vida humana.
O que significa "ter um filho"? Para muitas pessoas, além de doação, amor incondicional ... Uma dose extra de tarefas, preocupações, responsabilidades. A questão é quando duas pessoas realmente estão preparadas para assumir a maternidade/paternidade. Pois, um filho, é sentimento novo. É vida nova, uma nova vida.
Criança chora, criança quer atenção, criança precisa de educação, criança tem fome. Tem fome de amor. Como pensar a família, atualmente? Já dizem os estudiosos sociais que não importa como é constituída essa família. Se filhos convivem com pais divorciados, se os pais moram juntos, se a mãe ou o pai criam os filhos sozinhos, ou, se são criados por outras pessoas, como os avós. Não importa o "modelo" de núcleo familiar. Importa a inserção do traço do limite.
Mas, em tempos de relações tão superficiais, quantos estão preparados para se doar? Para se comprometer com os filhos, com as pessoas que colocaram no mundo. Afinal, cada um tem a parcela de responsabilidade. Que vai além, muito além, de "dar banho, comida e mandar estudar". Em um país com tantas misérias, para a realidade de boa parte da população, isso pode ate parecer 'muito'. Mas, falta envolvimento. E, geralmente, a responsabilidade recai sobre a figura da mulher. Além de trabalhar fora para sustentar a família, suportar violência física e psicológica, ainda é, cultural e unicamente, responsabilizada pela conduta e criação dos filhos.
Poucos questionam qual o papel do pai nesse contexto. Assim, aos poucos, morrem todos os dias milhares de crianças pelo Brasil - morre a infância. Mas, e quando a violência (física) extrapola a relação "homem x mulher" e se volta contra pessoas ainda mais indefesas: os filhos? Sem contar a violência psicológica que sofrem ao testemunhar agressões.
É preciso pensar políticas publicas mais eficazes, mais acesso a educação e a saúde. Todos têm direito de ter uma família, de ter seus filhos. Mas, temos a obrigação de trazê-los ao mundo, com amor e responsabilidade. Longe dos vícios, da miséria e mais perto do compromisso - tanto do poder publico, quanto dos pais. Quantos editoriais de ES Hoje já abordaram esta triste realidade? Pode até soar repetitivo. Mas, não há como calar diante de tanta violência. E cabe a cada um não permitir que isso se torne "lugar comum".


Pai que matou filhas está em cela separada


O pedreiro Wilson da Conceição Barbosa, 37 anos, - que confessou ter jogado as filhas de 2 e 4 anos da Ponte de Nova Almeida, na Serra - permanece em uma unidade prisional da Grande Vitória.
Segundo o superintendente de Polícia Prisional, delegado Gilson Lopes, Wilson está em uma cela do "seguro" (onde ficam os presos ameaçados de morte), junto com outros internos que cometeram o mesmo tipo de crime.
O delegado disse, ainda, que o pedreiro não sofreu agressões ou represálias dos companheiros de cela. Ele está, inclusive, recebendo tratamento médico.
"Ele está se recuperando das agressões que sofreu por parte da população, ocorridas após o crime", informou o delegado.
A Polícia Civil não divulgou para qual unidade prisional da Grande Vitória, Wilson foi transferido após prestar depoimento à polícia.
Ontem à tarde, o delegado Josafá da Silva, titular da Delegacia de Crimes Contra a Vida (DCCV) da Serra, disse que os depoimentos da mãe das crianças, Ana Lúcia Dortes Correia, 39, da avó paterna, Antônia Conceição Barbosa, 67, e de outras duas testemunhas começam a ser ouvidos a partir da próxima segunda-feira.
Wilson foi indiciado por duplo homicídio qualificado, depois de jogar as duas filhas - Luciene da Conceição Barbosa, 4, e Luciana Dortes Barbosa, 2, - da ponte. Ele não aceitava o fim do relacionamento com a ex-mulher.


Bisfenol A passa da placenta para o feto


Estudo inédito mostra que o bisfenol A, uma substância nociva encontrada em alguns plásticos, passa da placenta para o bebê. Os cientistas que estudam essa substância querem que ela seja banida. Veja o que fazer

Um estudo recém-publicado pos pesquisadores japoneses mostra, pela primeira vez, que o bisfenol A, uma substância encontrada em alguns plásticos e nociva para o nosso organismo, passa da placenta da gestante para o feto. O estudo mostrou ainda que o fígado do bebê não é capaz de processar essa substância. O estudo foi realizado com roedores. Segundo os cientistas, o sangue materno e os vasos do feto, nos animais, são separados por duas camadas. No caso do ser humano existe apenas auma, o que levou a equipe a acreditar que isso pode ser ainda mais perigoso.
Vários pesquisas mostram que ele poderia provocar câncer, influenciar na má formação dos órgãos masculinos do feto e ser um dos responsáveis pela puberdade precoce em meninas (o componente imitaria o hormônio feminino estrogênio), e até ser uma das causas da hiperatividade. As pesquisas indicam que o risco seria maior em crianças, porque elas são mais frágeis a esses malefícios. Por isso o bisfenol A foi banido no Canadá, na França, Dinamarca e na Costa Rica.
Nos Estados Unidos o material é proibido apenas nos estados de Chicago e Minnesota, mas a tendência e que o veto se estenda por outros estados. Na última semana a Agência de Proteção Ambiental americana classificou o bisfenol A como preocupante. Isso esquentou a discussão no país, mas ainda não foi suficiente para modificar a legislação e a postura da FDA (agência norte-americana que regula produtos alimentícios e farmacêuticos). Assim como brasileira Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a FDA diz que a quantidade de bisfenol A presente em plásticos (0,6 mg/kg) é segura.
Segundo eles, o componente é completamente eliminado pela urina, sem alcançar a corrente sanguínea. Do outro lado estão os pesquisadores que estudam o impacto dessas substâncias na vida das pessoas. Para eles, não existe nível seguro. Até a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), que é contra o uso de mamadeiras, faz ressalvas. “Os pais devem evitar os produtos com essa substância”, diz Paulo Nader, presidente do Departamento de Neonatologia da SBP.
No Brasil, a discussão só acontece entre os cientistas e passa despercebida pela maioria da população. Mas nos Estados Unidos a procura dos consumidores por mamadeiras com plásticos feitos sem bisfenol A é grande. Por isso lojas infantis adotaram a venda de produtos livres da substância como estratégia de marketing. Esse é o caso da Baby “R” Us que anunciou que só comercializa produtos BPA-free. Mas nem todas as lojas seguem essa tendência, as britânicas Mothercare e Boots, por exemplo, continuam vendendo produtos com bisfenol A em suas lojas presentes em vários países.

Falta informação
A engenheira química Sônia Corina Hess, professora da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, estuda os efeitos nocivos dessa substância há dez anos. No fim de 2008, quando o governo canadense mostrou-se inclinado a proibir a venda de produtos com bisfenol A, ela preparou um parecer técnico reunindo todas as pesquisas que mostravam os riscos à nossa saúde. O documento foi entregue ao Ministério Público, mas não houve discussão.
CRESCER entrou em contato com diversas universidades brasileiras para repercutir as informações. Algumas assessorias de imprensa disseram que não tinham profissionais para falar sobre o tema, outras diziam que os médicos não se sentiam seguros. O médico Paulo Saldiva, chefe do Laboratório de Poluição da USP-SP e um dos maiores especialistas em substâncias nocivas à nossa saúde, tem uma explicação. “Falta no Brasil uma política ambiental que cuide das pessoas. Ela já foi criada no papel, mas não é funcional. Por isso, poucos falam sobre o assunto”, diz.
Não é pelo contato direto com a nossa pele que a substância entra no organismo. Ela é liberada quando o alimento está armazenado em um recipiente feito com bisfenol A. Quando o plástico é aquecido – como no micro-ondas – a liberação é ainda maior. O último estudo publicado, da Faculdade de Saúde Pública de Harvard (EUA), analisou por uma semana o nível de bisfenol A na urina de 77 participantes que tomaram líquidos em garrafas plásticas. O aumento da concentração dessa substância chegou a 69%, considerado um nível alto.

O que você deve fazer
Não pense no quanto você já esquentou a mamadeira, por exemplo, foque no futuro. Substitua o plástico por opções sem bisfenol A (a informação vem na embalagem) ou pelo vidro. Sim, são mais caros, mas valem a pena. Se você não conseguir encontrá-los, já que no Brasil a oferta ainda é modesta, compre plásticos de números 3 ou 5 (a informação vem no fundo da embalagem), que tem menos bisfenol A. Esterilize do jeito você fazia. Depois que a mamadeira esfriar, lave-a em água corrente e seque. Esquente o alimento em outro recipiente e só depois coloque no plástico pois, assim, a transferência de bisfenol A é menor. “Quanto melhor a qualidade do plástico, menor a transferência. Mas mesmo assim não estamos imunes”, diz Saldiva.

Tire suas dúvidas sobre o bisfenol A

Já encontro mamadeiras sem bisfenol A?
Sim, já existem mamadeiras sem bisfenol A, mas dificilmente são encontradas. Grandes empresas do ramo prometem que dentro de 6 meses os pais vão achá-las com mais facilidade. Outra opção é a de vidro. Quando aquecido, o plástico libera uma quantidade maior de bisfenol A.

Devo esterilizar as mamadeiras menos vezes ao dia?
Não é necessário. Basta lavar a mamadeira em água corrente depois de fazer a esterilização.

Quanto tempo o alimento quente pode ficar dentro desse plástico?
No caso dos alimentos, é melhor colocá-los em recipientes de vidro ou então servi-los em pratos de porcelana ou os que não tenham bisfenol A. Se for líquido, não deixe o volume lá dentro por muito tempo - como na hora de preparar a mamadeira da noite com antecedência. Faça a mamadeira e sirva na hora.

E nos berçários: como garantir que eles não aqueçam o líquido dentro da mamadeira?
Infelizmente, não dá mesmo para contar com esse tipo de garantia. Se o bebê não rejeitar o alimento frio, é melhor pedir para servi-lo sem aquecer. Quanto menos calor, e quanto menos tempo o alimento permanecer na mamadeira, melhor.

O plástico do bico da chupeta também é prejudicial?
Não. Esse tipo de plástico é mais duro - e o que daria flexibilidade a ele é o bisfenol A.

Fontes: Anvisa; Fernando Goulart, pesquisador tecnologista em qualidade do Inmetro, no Rio de Janeiro (RJ); Silvana Rubano B. Turci, responsável pela área de vigilância do câncer relacionado ao trabalho e ao ambiente do Inca.

Thais Lazzeri


Uma voz livre sob a burca


Hissa Hilal, uma dona de casa saudita, foi sensação na TV com seus poemas contra o fundamentalismo islâmico

Campeão de audiência da televisão estatal de Abu Dhabi, nos Emirados Árabes, e visto em grande parte do Oriente Médio, Million’s Poet, no ar desde 2006, é uma espécie de versão árabe de American Idol. Trata-se de um programa de calouros, em que o vencedor é escolhido por uma conjunção dos votos do público e do corpo de jurados. Mas os candidatos não cantam: recitam poemas de autoria própria. A poesia desfruta uma inusitada popularidade na cultura dos países árabes, onde muitos sabem de cor seus versos favoritos. O vencedor da edição mais recente do Million’s Poet, encerrada neste mês, foi Nasser al Ajami, do Kuwait, que levou o prêmio máximo de 1,3 milhão de dólares. Mas Hissa Hilal, uma dona de casa saudita de 43 anos, terceiro lugar na final, foi a vencedora moral da competição. Coberta com uma opressiva burca negra, Hissa – que é mãe de quatro filhos e teve de pedir autorização ao marido para participar do show – deu notoriedade internacional ao Million’s Poet ao fazer do programa uma plataforma para atacar o fundamentalismo islâmico e reivindicar mais liberdade no mundo árabe. "Minha poesia sempre foi provocadora. É uma maneira de dar voz às mulheres árabes, silenciadas por aqueles que têm sequestrado nossa cultura e nossa religião", declarou a poeta.
Um dos seus poemas mais incisivos trazia críticas às fatwas, os decretos draconianos expedidos por líderes religiosos como Abdul-Rahman al-Barrak, clérigo da Arábia Saudita que recentemente declarou como infiel (portanto, punível com a morte) toda pessoa que promover a mistura de homens e mulheres no mesmo ambiente. "Eu vi o mal nos olhos das fatwas, em um tempo em que o permitido está sendo retorcido em proibido", recitou Hissa na competição. Por essa ousadia, sites de militantes islâmicos chegaram a ameaçá-la de morte. Mas alguns membros do júri – composto apenas de homens sisudos e bigodudos – elogiaram a coragem da competidora. O público também a aplaudiu com entusiasmo. Pelo terceiro lugar, Hissa levou cerca de 800 000 dólares. Já disse que pretende comprar uma casa nova e buscar um bom médico para a filha autista. A decisão final sobre o uso do dinheiro, porém, caberá a seu marido.



Veja

Justiça suspende julgamento de pai de Eloá


Ministério Público quer que júri seja transferido para Recife.
Justiça ainda não tem data para novo julgamento.

A Justiça suspendeu o julgamento do pai de Eloá Pimentel, Everaldo Ferreira dos Santos, acusado de integrar um grupo de extermínio em Alagoas. O júri estava marcado para acontecer na quinta-feira (22), na cidade de Palmares, em Pernambuco.
Condenado à revelia pela morte do delegado Ricardo Lessa, irmão do ex-governador de Alagoas Ronaldo Lessa, Everaldo passou anos vivendo com um nome falso em um conjunto habitacional em Santo André, no ABC. Ele passou a ser procurado pela polícia depois que apareceu na televisão enquanto a filha era mantida refém por Lindemberg Alves, ex-namorado da garota. A jovem morreu baleada após a Polícia Militar invadir o local, em outubro de 2008.
Em 28 de dezembro do ano passado, Everaldo foi preso após ser encontrado em um sítio nas imediações de um conjunto habitacional em Maceió.
Ele e mais três homens seriam julgados na próxima semana pela morte do advogado José Volemberg Ferreira Lins, assassinado em 1989. O pedido para adiamento do júri foi feito pelo Ministério Público de Pernambuco. Os promotores querem que o júri seja transferido para Recife, já que o suspeito de encomendar a morte da vítima é ex-prefeito de Palmares. Segundo a promotoria, isso afetaria a autonomia dos jurados. A nova data para o júri ainda não foi marcada.


G1

Argentina extradita suspeito de matar família



A Argentina extraditou o foragido da Justiça Armando Fernandes Pita, suspeito de matar há quatro anos a esposa e a filha em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo.Preso pela polícia internacional em 2007, ele foi entregue à Polícia Federal e encaminhado ao 3º Distrito Policial nesta sexta-feira (16).


R7

“Perante Deus, já paguei meus pecados”,


Dois anos após condenação, Farah Jorge Farah diz esperar a hora da morte

Farah Jorge Farah, 61 anos, estudante de direito e gerontologia [estudo de questões relacionadas à velhice], diz sentir falta de ternura e carinho. Ele sabe que, se não fosse pelo “ocorrido”, receberia mais abraços e beijos, demonstrações de afeto das quais diz ter saudade.
O “ocorrido” a que ele se refere é o assassinato da ex-amante Maria do Carmo Alves, em 2003, pelo qual Farah foi condenado a 13 anos de prisão pelo esquartejamento e ocultação do fígado e do coração da vítima. A decisão da Justiça, da qual ele apela em liberdade, completa dois anos neste sábado (17). Após quatro anos preso, o advogado de Farah, Roberto Podval, o mesmo do caso Isabella, conseguiu decisão judicial que permite ao condenado ficar solto até que se esgotem todos os recursos.
Não há data para o julgamento da apelação no STF (Supremo Tribunal Federal). Os processos de Farah não têm movimentação desde 2008 em todas as instâncias, segundo consultas processuais dos sites da Justiça.
Desde que o caso veio à tona, Farah passou a ser reconhecido como “estripador” ou “assassino”, rótulos que ele refuta por dar a ideia de “alguém que já cometeu vários crimes”. Apenas uma vez, ele matou e guardou os pedaços do corpo de Maria do Carmo em cinco sacos plásticos no porta-malas de seu do carro.
A reportagem do R7 almoçou com ele no refeitório da USP Leste (Universidade de São Paulo), onde Farah cursa gerontologia, e viu quando ao menos duas jovens apontaram o dedo para o condenado do lado de fora do salão. Na Fuvest, o vestibular da USP, ele passou em 17º, entre os 210 admitidos no curso – o R7 noticiou com exclusividade a entrada dele no campus leste da instituição. Por ter sido aprovado, Farah teve que trancar a faculdade de filosofia que fazia na Unesp (Universidade Federal de São Paulo).
Antes do crime, ele chamava atenção por suas habilidades como cirurgião plástico. Maria do Carmo conheceu Farah quando o então médico removeu uma marca da perna dela. Ele recorda como era respeitado por colegas de profissão e pela família.
– Eu era o grande doutor Farah. Hoje sou apontado como o esquartejador na rua.
Depois do crime, Farah foi expulso de todas as associações que participava. Seu registro no CRM (Conselho Regional de Medicina) foi cassado em 2006. Com voz levemente aguda, Farah diz que é o mesmo homem de antes do crime, salvo pela decadência de seu corpo.
– Depois dos 60 anos, o corpo humano começa a definhar. Eu estou aqui fazendo hora extra no mundo. Estou esperando a hora da morte.
Farah tem uma carteirinha de posto de saúde cheia de registros de consultas. A saúde frágil fica clara já no caminhar. Ele usa uma bengala, porque teve um nódulo retirado das costas e, por isso, perdeu parte do equilíbrio da perna esquerda.
– Eu, não tenho a menor vergonha de admitir, estou usando fraldas desde o ano passado. Meus pais também usaram fraldas um ano antes de morrer.
Farah, que hoje vive sozinho num apartamento da Vila Mariana (zona sul), fica visivelmente agitado quando fala sobre os pais. O hábito de roçar as unhas compridas das mãos umas nas outras fica mais evidente. Mas, longe desse assunto, o ex-médico mistura, com propriedade, filosofia a questões cotidianas. Nas duas horas em que esteve com o R7, Farah citou os iluministas franceses Voltaire e Montesquieu e os pensadores gregos clássicos Platão e Sócrates – a este, chegou a chamar de “titio”. Quando usa um desses nomes difíceis, pede desculpa e diz que não quer parecer “esnobe”.
Os pais de Farah morreram enquanto ele cumpria pena na carceragem do 13º Distrito Policial, na zona norte de São Paulo. Quando soube da notícia, tentou se matar três vezes. Por isso, passou a ser vigiado 24 horas pelos policiais. Quando pensa no que o levou a tentar se matar, Farah diz não querer lembrar. E chora. Para ele, a pena de morte é melhor do que a vida na cadeia, "uma escola de criminosos que não ressocializa ninguém".

O crime
Sobre o assassinato, Farah conta que sua última lembrança foi a luta que travou com Maria do Carmo em seu consultório. Quando fala disso, Farah puxa uma folha da pasta em que carrega. É a notícia de um vereador que surtou e virou catador de papel, em 2007 - história que compara ao seu "surto". Farah e Maria do Carmo começaram uma relação atribulada em 1996, com vários registros de boletins de ocorrência de ameaças.
Diz não ser “anjinho” e que tem culpa. Questionado se a punição é suficiente, Farah tenta desviar do assunto, dizendo que ainda está estudando e não poderia avaliar o caso. Além do curso de gerontologia, o ex-médico está no terceiro ano de direito na Unip (Universidade Paulista). Promete que, “se estiver vivo, um dia vai concluir os todos os cursos” - a rotina se divide entre as faculdades e as consultas médicas.
Questionado mais uma vez sobre a condenação, Farah não altera a voz suave, em ritmo pausado, e vai ao ponto com apenas uma frase.
– Perante Deus, já paguei os meus pecados.
Adventista, Farah não deixou de frequentar os cultos, onde tem amigos. O ex-cirurgião, que também diz seguir alguns dogmas judaicos, afirma não ver incoerência na mistura ecumênica. Apesar de ser apontado nas ruas como "aquele" Farah Jorge Farah, o ex-médico não se intimida e segue em frente com a nova vida. Nas faculdades, diz ter sido discriminado quando os colegas se davam conta de seu passado. Já foi abordado por pessoas indignadas no ônibus e no metrô, mas não deixa de usar o transporte público.
– Aqui as pessoas não abraçam, não beijam. Na cadeia, eu recebia até mais carinho do que aqui fora.


R7

Ordem religiosa defende atuação no Brasil de padre acusado de abuso nos EUA

A ordem religiosa à qual pertence o padre que trabalhou com crianças no Brasil enquanto era acusado de abuso sexual infantil nos Estados Unidos disse nesta sexta-feira à BBC Brasil que não tem conhecimento de outras alegações contra ele.

Mario Pezzotti, que hoje tem 75 anos e vive em Parma, na Itália, estava entre os 30 religiosos que foram mandados a outros países após acusações de pedofilia contra eles, de acordo com levantamento realizado pela agência de notícias Associated Press e divulgado na quinta-feira.
De 1970 a 2003, o religioso trabalhou com crianças da tribo caiapó, no Pará. Em 2008, ele voltou ao Brasil, e depois foi novamente transferido, desta vez para a Itália.
Em entrevista à BBC Brasil, o vigário-geral da Ordem dos Xaverianos em Roma, Luigi Menegazzo, disse que a entidade agiu “conforme as regras” no caso de Pezzotti.
"A congregação agiu segundo as normas que nos deram. Tentamos colaborar todos juntos para o bem de todos, tentando ser claros diante da sociedade e da Igreja. Padre Pezzotti voltou do Brasil já faz tempo e lá não há qualquer acusação contra ele", afirmou.

'Retiro'
Em 1993, Pezzotti foi acusado pelo americano Joseph Callander de abusos e estupro que teriam ocorrido em 1959, quando era aluno em um colégio xaveriano no Estado americano de Massachussetts.
O caso foi encerrado com o pagamento de US$ 175 mil de indenização à vítima.
Procurada pela BBC Brasil, a sede central da Ordem dos Xaverianos, em Parma, disse que Pezzotti está em “retiro espiritual” e não comenta o assunto.
A associação antipedofilia italiana Prometeo pede que o padre seja removido de seu cargo.
"Num momento histórico particular como este, pedimos que Dom Pezzotti seja removido de qualquer cargo pastoral e seja expulso do sacerdócio. É impensável que um sujeito como este possa representar Deus entre os homens", afirmou o presidente da entidade, Massimiliano Frassi.
O vice-diretor de imprensa da Santa Sé, padre Ciro Benedettini, disse à BBC Brasil que o Vaticano não tem controle de tudo o que acontece nas dioceses, e que as transferências de sacerdotes são feitas pelos bispos locais e pelas congregações.
Benedettini reconheceu que não tem conhecimento profundo dos casos envolvendo sacerdotes acusados de ter cometido abusos sexuais contra menores nos Estados Unidos e depois transferidos para vários outros países, entre eles o Brasil.
"A Justiça está seguindo seu curso e vamos ver como os casos vão se desenvolver", afirmou.

Assimina Vlahou


Brasília, 50 anos: Cavaleiros da Cultura já estão no DF


Depois de quase um mês de cavalgada entre Belo Horizonte e Brasília, num percurso de 850 quilômetros Brasil adentro, eis que a comitiva de Cavaleiros da Cultura chega ao Distrito Federal.

Refazendo o percurso descrito por Guimarães Rosa em Grande sertão: Veredas a comitiva chegou hoje, 16 de abril, como planejado. Ao longo do trajeto, foram distribuidos cerca de 120 mil livros para escolas carentes, isoladas em áreas rurais do cerrado. Todos estes volumes, claro, não foram transportados à cavalo, mas o animal, já tradicionalmente utilizado como meio de transporte no interior do país, serviu para atrair a criançada e transmitir um aspecto lúdico ao projeto. E parece que conseguiram: por onde passou a comitiva foi recepcionada com festas e apresentações teatrais realizadas pelos estudantes.

Confira a galeria de fotos da Cavalgada Cultural

A segunda edição da chamada cavalgada cultural, promovida por uma associação sem fins lucrativos apoiada pelo Livreiro e liderada por Carlos Oscar Niemeyer, neto do arquiteto Oscar Niemeyer, teve como objetivo, além de melhorar a educação nos rincões do país (através da doação de livros, materiais escolares e cursos de capacitação de professores), homenagear o cinquentenário da cidade de Brasíla e seus idealizadores. Já para o dia 18 de abril está programada uma cavalgada na Esplanada dos Ministérios, iniciando festejos para 21 de abril, dia do aniversário da Capital Federal.

Reportagem sobre a chegada dos Cavaleiros da Cultura no DFTV.

Gostou da iniciativa e deseja ajudar? Saiba como doar livros. Siga a cavalgada no Twitter.


Romullo Pontes

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Família de padrasto de Sean perde ação para David Goldman


Paulo Lins e Silva se disse prejudicado por declarações do pai do menino. Justiça do Rio negou indenização por dano moral.

A história envolvendo o menino Sean Goldman, enviado sob guarda do pai americano aos Estados Unidos em 2009, a contragosto da família brasileira, tem mais um capítulo na Justiça. O padrasto de Sean, o advogado João Paulo Lins e Silva e seu pai, Paulo Lins e Silva, entraram com uma ação contra David Goldman, o pai americano, pedindo indenização por danos morais. A Justiça do Rio decidiu, no dia 14, negar o pedido.
A decisão é da 13ª Vara Cível do Rio e a ela ainda cabe recurso.
Segundo a ação, a “boa imagem dos advogados” foi prejudicada pela “conduta irresponsável e despropositada” de David, que “envidou esforços no sentido de transformar a vida dos autores em um verdadeiro inferno”.

Campanha teria prejudicado participação em congresso
De acordo com o texto da a ação, a campanha feita por David, chamada Bring Sean Home (Traga Sean para casa) atacava de maneira “direta e agressiva” a Justiça brasileira e a família Lins e Silva.
Na ação, os autores alegaram que a campanha de David teria prejudicado suas carreiras profissionais e que Paulo teria tido cancelada sua participação em um congresso em Buenos Aires, na Argentina.
A família pediu que David se abstivesse de divulgar ofensas aos dois num prazo de 48 horas.

Não há provas de que David foi responsável
No entanto, o texto da decisão da Justiça diz que não há qualquer prova de que David foi o responsável pelo cancelamento da palestra que o advogado faria no evento de Buenos Aires, mas sim porque os organizadores entenderam faltar isenção ao palestrante por estar vivenciando um caso concreto relativo ao conteúdo de sua palestra.

Autores são condenados
A juíza da ação, Ledir Dias de Araújo, registrou ainda que “grande parte das manifestações externadas pelo réu (David) constam de decisões judiciais. Assim, não se tratam de manifestações aleatórias ou de opiniões pessoais, mas embasadas em fontes. Quanto ao dano moral, este é o sofrimento humano, a dor, a mágoa, a tristeza imposta injustamente a outrem". E disse ainda que “no caso, não se vislumbra qualquer prática do réu (David) que possa ter acarretado dano moral aos autores (João Paulo e Paulo Lins e Silva), já que o mesmo não praticou qualquer ação ilícita capaz de ofender a moral dos autores, tendo apenas exercido seu direito de manifestação, não se vislumbrando qualquer excesso.
Os autores da ação foram condenados ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios fixados em 20% sobre o valor dado à causa.
O G1 entrou em contato com o advogado que defende a causa, mas ele não retornou à ligação da redação.


Jovens de bairro carente lançam grife de camisetas em SP

Jornalista especialista em etiqueta e comportamento Cláudia Matarazzo posa com criação da grife (Foto: Divulgação/Prefeitura SP)

Ideia surgiu em projeto da Prefeitura em Cidade Tiradentes, na Zona Leste.
Estampas de roupas foram criadas por alunos de curso de grafite.

Jovens de Cidade Tiradentes, bairro da Zona Leste de São Paulo, irão lançar a grife “CT Cohab Wear” no próximo sábado, 24 de abril, no Mercado Mundo Mix, feira que já revelou importantes nomes da moda. As camisetas foram criadas por adolescentes que frequentam as aulas de grafite da Estação da Juventude, um projeto da Prefeitura de São Paulo que oferece cursos para 180 jovens entre 15 e 23 anos.
O objetivo do projeto “CT Cohab Wear”, segundo a Subprefeitura de Cidade Tiradentes, é combater dois problemas: a influência da criminalidade sobre os jovens e o desemprego entre a população da região, que chega a 20%. A intenção é vender as camisetas da marca a preços adequados ao orçamento dos jovens que vivem no bairro.
A grife também pretende gerar renda e revelar talentos entre os jovens que fazem cursos na Estação da Juventude. O projeto recebe o apoio da jornalista especialista em etiqueta e comportamento Cláudia Matarazzo e do organizador do Mercado Mundo Mix, Beto Lago, entre outros nomes. Eles posaram com as camisetas da grife para a divulgação do trabalho.

Serviço
Lançamento da grife “CT Cohab Wear”
Data: 24 e 25 abril, das 12h às 21h
Local: Avenida Paulista, 735 - Metrô Brigadeiro


Juiz que soltou maníaco de Luziânia diz que laudos não apontaram problemas psicológicos


O magistrado disse que Adimar Jesus da Silva apresentava “polidez e coerência”

O juiz Luiz Carlos de Miranda, que autorizou que Adimar Jesus da Silva - o maníaco de Luziânia (GO) - deixasse a cadeia, disse nesta sexta-feira (16), em Brasília, que os laudos psicológico e psiquiátrico não apontaram que ele tinha doença mental ou precisaria de acompanhamento psicológico.
- A avaliação psiquiátrica verificou que o apenado não demonstrava possuir doença mental nem precisava receber tratamento com medicamento. Já o laudo psicológico atestou que Adimar tinha bom comportamento dentro do sistema prisional e que ele sempre se apresentava com polidez e coerência, assumiu a prática do crime anterior e entendeu a gravidade do que cometeu.
Antes dos exames psicológico e psiquiátrico, realizados em 2009, Adimar fez um exame criminológico em 2008 que teria apontado indícios de psicopatia. Miranda foi questionado porque não pediu outros exames, já que os resultados dos exames criminológico, psicológico e psiquiátrico eram conflitantes.
- São exames diferentes e feitos em momentos diferentes, por isso não podem ser comparados. O laudo criminológico não pode apontar psicopatia porque não é feito para isso. Este exame simplesmente pede o laudo psicológico e psiquiátrico. Todos os trâmites do processo foram cumpridos e a lei foi executada. Infelizmente, só se conhece um psicopata depois que ele comete uma tragédia como esta.
Miranda disse ainda que sempre há o risco “de a pessoa cometer outro crime no futuro, em qualquer caso”.
- Infelizmente, quando esses meninos começaram a sumir todos nós sofremos, quem está fora do tribunal e quem está dentro também.
O juiz substituto e os seus colegas do tribunal defenderam a decisão de conceder a progressão de regime a Adimar. Ele ainda disse que fez “cumprir a lei” ao permitir a saída do maníaco da prisão.
Apesar disso, o magistrado afirma que se emociona com o caso e que, quando Adimar confessou os crimes, quis saber quem tinha assinado a decisão da progressão da pena.
- Eu fui procurar saber quem havia assinado a decisão. Infelizmente, tinha sido eu. Eu sigo e segui os princípios da legislação. Ela é falha? Sim, é falha.
O pedreiro Adimar Jesus da Silva confessou ter matado e estuprado seis jovens em Luziânia depois de passar a gozar de regime aberto em dezembro do ano passado. Ele cometeu os crimes entre dezembro e janeiro.
Miranda é juiz substituto da Vara de Execuções Penais do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e, ao lado de outro juiz, decide o destino de 8,5 mil presos no sistema carcerário do Distrito Federal (DF). Todos eles são atendidos por nove psicólogos e dois psiquiatras.


Juiz anula primeiro casamento gay da América Latina


Código Civil argentino não contempla casamento entre pessoas do mesmo sexo

Um juiz argentino anulou o casamento de gays ocorrido em dezembro, o primeiro da América Latina. O magistrado Marcos Meillien declarou nulo o enlace entre Alex Freyre e José María di Bello na província de Terra do Fogo por decreto do governo local. O juiz se amparou no Código Civil, que não contempla o casamento entre pessoas do mesmo sexo. A anulação ocorre quando deputados argentinos debatem vários projetos de lei para autorizar o casamento entre pessoas do mesmo sexo


Zero Hora

Crianças que apanham podem se tornar agressivas


Segundo estudo feito nos Estados Unidos, bater nas crianças só mostra a elas que a violência pode ser a solução de problemas

Disciplinar crianças pequenas é uma das responsabilidades mais difíceis para os pais, e não há quem discorde disso. Mas bater nos filhos, ou usar qualquer outro tipo de punição corporal, para discipliná-los está longe de ser um senso comum. A ciência acaba de mostrar que, definitivamente, a violência física dirigida às crianças não é saudável. Pesquisadores da Universidade de Tulane descobiram que, dos quase 2.500 jovens por eles estudados, aqueles que sofreram muitas agressões aos três anos de idade tinham mais propensão de ser agressivos aos cinco. A pesquisa só comprova o que já foi descrito em pesquisas anteriores sobre as armadilhas do castigo corporal. Uma delas, feitas por um grupo da Universidade de Duke, revelou que crianças que foram agredidas quando tinham 12 meses obtiveram as menores pontuações em testes cognitivos aos três anos.
A pesquisa foi a primeira a levar em conta variáveis que normalmente associam a surra e o comportamento agressivo posterior. Os pesquisadores consideraram fatores como negligência materna, violência ou agressão entre os pais, estresse e depressão materna, o uso de álcool e drogas pela mãe e se a mãe pensou em abortar durante a gravidez. Cada um desses fatores contribuiu para o comportamento agressivo de crianças aos cinco anos, mas não explica todas as tendências à violência nessa idade.
"As probabilidades de uma criança ser agressiva aos cinco anos são 50% maiores se ela tiver sido agredida (fortemente) mais de duas vezes no mês anterior", diz Catherine Taylor, líder do grupo. O estudo, que saiu nesta segunda-feira (12) na publicação Pediatrics, mostra que, além dos fatores mais evidentes, que influenciam o comportamento violento, bater nas crianças continua a ser sua mais forte causa.
Entre as mães estudadas, quase metade (45,6%) não relatou palmadas no mês anterior, 27,9% relataram uma ou duas vezes no mês e, 26,5%, falaram sobre espancamento por mais de duas vezes. Comparadas com as crianças que não foram agredidas, aquelas que foram espancados estão mais propensas a desafiar, a querer a satisfação imediata de seus desejos e necessidades, a se frustrar facilmente e fazer birra e a atacar outras crianças.


Bater na criança pode provocar muito mais medo do que entendimento. Isso quer dizer que a agressão não terá o efeito corretivo que os pais gostariam. Mesmo que a criança pare de fazer birra depois de levar umas palmadas, não significa que entendeu o motivo para não continuar agindo daquela maneira. E, pior, poderá seguir tal modelo de agressividade para resolver seus problemas.
Para as crianças entenderem o que e por que elas fizeram algo errado, os pais precisam se esforçar muito. Para tanto, é preciso usar uma estratégia que envolve negar à criança qualquer atenção, elogio ou interação por um determinado tempo (ou seja, os pais devem ignorá-la). Esses momentos de silêncio forçam a criança a se acalmar e aprender a pensar sobre suas emoções, em vez de agir cegamente.
"Estou animado com a idéia de que agora existem dados que podem balizar os médicos quando eles compartilham a sua preocupação com os pais sobre a punição corporal contra as crianças", diz Jayne Singer, do Hospital da Criança de Boston, que não tem envolvimento no estudo. Segundo disse Jayne à revista Time, a pesquisa "leva em conta a maioria dos fatores de risco mais comuns que as pessoas tendem a relacionar à violência". De acordo com a médica, o estudo dá mais credibilidade, adiciona mais dados e força ao argumento contra o uso de castigos corporais.
Segundo a Academia Americana de Pediatria (AAP), bater na criança pode resolver o problema de mau comportamento no curto prazo, mas torna-se menos eficaz a longo prazo ao se lançar mão da agressão repetidas vezes. Essa atitude também torna mais difícil a disciplina entre as crianças mais velhas. Como o estudo mostra, investir um pouco de tempo ensinando a criança por que motivo seu comportamento é errado pode dar a ela maior autoconhecimento e autocontrole, principalmente quando for mais velha.


Pais aprovam novas regras que dão poder a mestres


Ministério Público dará ‘consultoria’ a diretores em casos de transgressão grave

Rio - Diretores e professores da rede municipal já contam com dois importantes aliados para garantir o cumprimento pelos alunos do novo Regimento Escolar, que entrou ontem em vigor: o Ministério Público, que funcionará como uma espécie de consultor para casos mais graves de desobediência, e os pais dos estudantes, que aprovaram as normas. O regimento, entre outras medidas, proíbe as chamadas ‘pulseiras do sexo’, bonés e aparelhos eletrônicos nas escolas, como antecipou ontem o ‘Informe do DIA’.
O objetivo é devolver aos mestres a autoridade perdida. Eles terão respaldo, por exemplo, para reter por dois dias o celular do aluno que usar o telefone em sala de aula. “Queremos resgatar a autoridade dos professores”, explicou a secretária municipal de Educação, Cláudia Costin, acrescentando que os educadores serão responsáveis por observar o cumprimento das determinações. A direção poderá decidir até pela transferência do aluno que insistir na transgressão.
Mãe de três estudantes da rede municipal em Olaria, Andrea Santos, 35 anos, elogiou as regras. “Muitos pais não entendem quando o professor toma o celular do aluno, mas esses aparelhos atrapalham a concentração”, diz Andrea, que também se preocupa com as pulseirinhas. “Até meu filho de 5 anos disse que queria. Conversei em casa, expliquei que não era bom usar a pulseira e entenderam”, contou. José Ricardo Moreira, pai de aluna de 12 anos, já faz a filha cumprir as regras: “Ela não usa celular na sala nem essa pulseira da moda. Nós conversamos com ela. As normas são ótimas. Precisam do apoio dos pais”. O professor de História Marcos Amorim lembra que o exemplo precisa vir também dos mestres: “Temos que desligar o celular também”. Ontem, em escolas municipais na Tijuca, Maracanã e Praça da Bandeira, embora estivessem acostumados com esse tipo de recomendação, os alunos se assustaram ao saber, pelos professores, que a desobediência às regras poderá resultar na perda temporária dos objetos pessoais. “Ninguém quer ouvir sermão em casa”, diz a estudante da Escola Municipal Martin Luther King, na Praça da Bandeira, Dominique Lima, 14.
O celular é o item proibido mais polêmico. As amigas Aline Abel, 13, Adriana Brito da Silva, 12, Keitura Suane, 13, usam por recomendação dos pais. “Minha mãe quer poder falar comigo a qualquer hora. Deixo o celular para vibrar em cima da mesa”, conta Aline. E o estudante V., 17, admite usar o MP5 que ganhou dos pais para colar nas provas. “Gravo partes da matéria aqui e escuto na hora da prova. Ninguém percebe”, confessa o menino, que também usa as pulseirinhas do sexo.
Professora da Faculdade de Educação da Uerj e ex-diretora de escola municipal, Bertha do Valle diz que, para ser eficiente, o regimento preciso vir com empenho dos pais e ações pedagógicas pertinentes. “É preciso que as escolas tenham diálogo com alunos e que pais ajudem na aplicação dessas medidas”, diz.

Registro policial para transgressões graves
Segundo o coordenador da Promotoria da Infância e Juventude, Roberto Medina, a orientação à direção em transgressões graves — alunos com armas de fogo, agressões físicas ou depredação da escola — é registrar o caso na delegacia. “Nossa recomendação é que o jovem seja submetido a medidas socioeducativas cabíveis”, explicou o promotor, que elogiou o regimento: “Vai ajudar diretores e professores a agir”.
Moda entre crianças e adolescentes, as pulseiras são um perigoso jogo — cada cor corresponde a um ato sexual que deve ser cumprido quando o acessório arrebentar — e viraram caso de polícia. Em março, uma menina de 13 anos foi estuprada no Paraná por quatro rapazes que arrebentaram as pulseiras dela. No último dia 5, em Manaus, a morte de duas adolescentes teve como suspeita o uso de pulseiras coloridas.
Uma das jovens, de 14 anos, foi encontrada morta em um quarto de hotel com seis pulseiras coloridas que, segundo a polícia, foram arrebentadas pelo autor do crime. A outra possível vítima, também adolescente, foi esfaqueada na noite da Sexta-feira Santa, no bairro Valparaíso, também em Manaus. Ao lado do corpo da menor, foram encontradas duas pulseiras arrebentadas.
No Rio, escolas particulares têm pedido aos pais que não deixem seus filhos usarem as pulseiras.

Anna Luiza Guimarães


Descoberta sanguessuga da Amazônia que vive em narina humana


Cientistas anunciaram a descoberta de uma nova espécie de sanguessuga que tem a tendência de viver em narinas humanas.

Segundo os pesquisadores, ela pode entrar nos orifícios do corpo de pessoas e animais e aderir às membranas mucosas.
Eles deram à nova espécie o nome de Tyrannobdella rex, que significa "sanguessuga rainha tirana".
A criatura, que vive em áreas remotas do alto Amazonas, foi descoberta em 2007, no Peru, quando uma espécie foi retirada do nariz de uma menina que tinha se banhado em um rio.
Renzo Arauco-Brown, da Escola de Medicina da Universidade Cayetano Heredia, em Lima, extraiu a sanguessuga do nariz da garota e enviou a amostra para um zoólogo nos Estados Unidos.
Mark Siddall, do Museu Americano de História Natural, em Nova York, reconheceu rapidamente que se tratava de uma nova espécie. Segundo ele, a criatura tinha algumas características muito incomuns, como uma única mandíbula, oito dentes grandes e genitália minúscula.
A líder do estudo, Anna Phillips, uma universitária ligada ao museu, disse: "Nós achamos que a Tyrannobdella rex é parente próximo de outra sanguessuga que entra na boca de gado no México."
Uma análise de DNA revelou também uma "relação evolucionária" entre sanguessugas que vivem em regiões distantes. Isto sugere a existência de um ancestral comum, que pode ter vivido quando os continentes estavam unidos em uma única extensão de terra chamada Pangaea.
Siddall explicou: "As espécies mais antigas desta família de sanguessugas compartilhavam a Terra com os dinossauros, há cerca de 200 milhões de anos."
"Alguns ancestrais do nosso T. rex podem ter vivido no nariz de outro T. rex", afirmou, em uma referência o dinossauro Tiranossauro rex.
A pesquisa foi divulgada na revista científica online PLoS One.
Os cientistas acreditam que podem existir até 10 mil espécies de sanguessuga. Já foram descobertas entre 600 e 700.


Mãe antecipa parto para atender desejo de filho com doença fatal


Uma mulher na Grã-Bretanha deverá se submeter a um parto induzido três semanas antes do previsto para atender a um pedido do filho de oito anos que tem câncer.

Pierce White-Carter tem um neuroblastoma, um tipo agressivo de câncer que afeta, principalmente, as células do sistema nervoso periférico. Um tratamento de quimioterapia fracassou e os médicos acreditam que ele tenha poucas semanas de vida.
No topo da lista de coisas que o menino quer fazer antes de morrer está segurar o novo irmão ou irmã nos braços.
O parto induzido da mãe de Pierce, Rebecca White, de 27 anos, está programado para ocorrer dentro de duas semanas.

'Dignidade'
Os pais de Pierce decidiram suspender a quimioterapia depois de informados de que o tratamento não estava surtindo efeito.
"Nós decidimos que é melhor que ele morra com um pouco de dignidade", disse White à BBC.
"Nós conversamos com ele sobre isso e ele disse que aguentou o suficiente, que não quer mais. Está cansado."
Para a mãe, Pierce não é apenas um filho, mas seu "melhor amigo".
"Eu e ele fazíamos tudo juntos. É duro saber que não vamos poder fazer isso por muito tempo."
White disse que os médicos concordaram com o parto prematuro e receitaram esteroides para garantir que os pulmões do bebê - o quinto filho do casal - estejam formados.
Pierce, recentemente, riscou um dos itens de sua lista do que fazer antes de morrer ao atuar como mascote de seu time favorito de rugby, Huddersfield Giants.


Esquecer causa da tristeza pode piorar sentimento, indica estudo


Pessoas com memória ruim sentem-se tristes mesmo quando esquecem o que as deixou assim --sugerindo que emoções e memória não são tão conectados quanto se pensava--, mostra um novo estudo realizado nos Estados Unidos.
Justin Feinstein, neurocientista da Universidade de Iowa, mostrou uma compilação de trechos comoventes de filmes, incluindo "Forrest Gump - O Contador de Histórias", a cinco pessoas incapazes de formar novas memórias devido a danos no hipocampo (região do cérebro importante para a formação da memória). Dez minutos depois, a equipe do pesquisador avaliou as memórias desses pacientes e as de um grupo de cinco pessoas com funções cerebrais normais.
Os que sofriam de amnésia sentiram uma tristeza hesitante mesmo que tivessem dificuldades para lembrar os mais simples detalhes dos trechos, enquanto aqueles com memória normal sentiram-se bem.
"Estou surpreso que a emoção tenha durado tanto nos pacientes com problemas de memória", afirma Feinstein.
A explicação pode estar na habilidade de guardar e processar eventos emocionais, que "alivia alguns sentimentos ruins ou a maioria deles ", de acordo com Todd Sacktor, do Downstate Medical Center, em Nova York.
A equipe de Feinstein também apresentou aos dois grupos diversos clipes bem-humorados e encontrou uma relação similar de respostas, apesar de haver uma diferenciação menos explícita entre os dois grupos. "A tristeza dura mais", diz o pesquisador.
Os resultados evidenciam a importância de se manter o respeito com pessoas que sofrem de Alzheimer e outros problemas de memória, continua o neurocientista. Mesmo que essas pessoas não se lembrem de terem sido vítimas de um comportamento insensível, elas podem sentir-se estressadas --e por mais tempo do que os outros.
Também é possível que o uso de terapia para bloquear memórias ruins em pessoas com síndrome de estresse pós-traumático na verdade prejudique a recuperação, diz Feinstein. "Ao não ter aquela memória, você pode prolongar o sofrimento emocional."

New Scientist


Folha Online

Rapaz que esquartejou inglesa tenta matar colega de cela em GO


Outro detento está internado com perfuração do pulmão.
Ele cumpre pena de 21 anos por esquartejar Cara Marie em 2008.


O detento Mohammed D’Ali dos Santos, de 22 anos, foi autuado em flagrante por tentativa de homicídio, na noite desta quarta-feira (14), em Aparecida de Goiânia (GO), após tentar matar o colega de cela com cerca de 10 facadas. Ele cumpre pena de 21 anos de reclusão, em regime fechado, no Presídio Estadual Odemir Guimarães, por esquartejar a inglesa Cara Marie Burke em julho de 2008, em Goiânia.
A Polícia Civil informou que o motivo da tentativa de homicídio teria sido ciúmes, de acordo com depoimento preliminar que Mohammed prestou à polícia, no 2º Distrito Policial de Aparecida de Goiânia. Na declaração, ele teria dito que a vítima tinha enviado uma mensagem para sua namorada, por meio de um aparelho celular.
A namorada de Mohammed, uma cabeleireira de 21 anos, teve um filho com ele em 23 de março de 2009. A gravidez aconteceu durante uma visita íntima no Núcleo de Custódia de Aparecida de Goiânia (GO), onde ele ficou preso até a data do julgamento. A criança nasceu prematura em uma maternidade particular na capital goiana.
Mohammed teria dito que, caso o colega de cela consiga sobreviver, que vai tentar matá-lo novamente. Para evitar novos problemas disciplinares com Mohammed, Nélio Coelho, assessor geral da Superintendiência do Sistema Penitenciário (Susep) de Goiás disse que vai transferir o agressor para o Núcleo de Custódia de Aparecida de Goiânia. "Ele deverá ficar isolado em uma cela e receber punições pelo ocorrido, pois cometeu uma falta grave."
Coelho informou que foi instaurado um processo disciplinar para avaliar a conduta de Mohammed e uma sindicância apara investigar a presença de um celular e uma arma branca na cela.

Histórico violento
“Ele vendeu uma moto e comprou um revólver para me matar. Tenho medo dele porque meu irmão não sabe controlar o sentimento de raiva”. Foi dessa maneira que Mohammed foi descrito pelo irmão mais velho, Bruce Lee dos Santos, durante o julgamento dele pela morte e esquartejamento de Cara Marie Burke.
"O pai dele foi esquartejado", disse Jane Lúcia Souza Oliveira, tia de Mohammed durante depoimento no julgamento dele no ano passado. "O pai dele, que era policial, saiu para pescar e nunca mais voltou. O corpo dele foi encontrado esquartejado. Até hoje o crime não foi resolvido. Naquela época, Mohammed tinha apenas 2 anos", disse a tia.


G1

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Francisco Cembranelli - A nova face da Justiça


Quem é, como vive e o que pensa o promotor do caso Isabella

Durante o julgamento do casal Nardoni, que no dia 29 de março foi condenado pelo assassinato da menina Isabella, o promotor Francisco Cembranelli, de 49 anos, lia frases de depoimentos anteriores do réu, Alexandre, antes de formular suas perguntas. A tática foi irritando o advogado de defesa, Roberto Podval, que pedia que o promotor indicasse de onde vinham as informações. A certa altura, Cembranelli respondeu com ironia à insistência do oponente, que reagiu: “Faça o que é sua obrigação e não seja bobo”, disse Podval, contrariado. Dilacerar a defesa é uma arte que Cembranelli pratica com gosto.
Por trás do verniz de austeridade que sua fala enérgica aparenta, o promotor esconde um espírito zombeteiro. O sarcasmo que usa ao enfrentar advogados de defesa foi aperfeiçoado nos 1.078 julgamentos com júri de sua carreira – uma média de mais de 50 embates anuais. Com cerca de 1,80 metro de altura, magro e elegante, Cembranelli teve uma ascensão fulgurante na profissão. Ele começou em 1988, no Ministério Público de São Paulo: foi designado para substituir um colega em férias no Tribunal do Júri de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo. “O único lugar para onde não queria ir era o júri”, diz Cembranelli. “Eu era muito tímido, não tinha desenvoltura nem para chegar nas meninas.” Um fracasso na estreia seria um dano irrecuperável para um promotor novato e acanhado. Estudou o processo e pediu ajuda a um amigo promotor do júri. Acompanhou julgamentos conduzidos por colegas experientes. Quando chegou sua vez, venceu por 5 votos a 2.
O entusiasmo daquela vitória faria com que descobrisse sua primeira paixão: o tribunal de júri. “Eu trabalhava 14 horas por dia. Quando não estava no tribunal, assistia ao júri de colegas tarimbados, para anotar os argumentos.” Em menos de três anos, Cembranelli ocupava o cargo de promotor de 3ª instância, o mais alto na profissão antes de se tornar procurador de Justiça. Nem os familiares acreditavam numa carreira tão vitoriosa. “Eu perguntava para o pai dele: como esse menino vai se virar no júri se ele não abre a boca?”, conta Ana Cembranelli, a mãe de Francisco.
Calado e tímido desde a infância, ele tinha um motivo para ser mais reservado que a maioria dos garotos: o acidente que, aos 2 anos de idade, deixou uma marca definitiva em seu rosto. A família morava em Leme, no interior paulista, e havia uma construção vizinha a sua casa. Era o domingo de Carnaval de 1963 quando Francisco viu um cão filhote e correu atrás dele até a obra. No caminho, tropeçou e caiu dentro de uma piscina que estava cheia de cal. Sua mãe até hoje se emociona ao lembrar do acidente: “Por um mês o levamos três vezes por dia ao médico para evitar que ele perdesse a visão...”. Apesar de ter ficado com o olho esquerdo mais fechado que o outro, Cembranelli é o único da família que não usa óculos.
Filho do meio entre dois irmãos (o mais velho médico, o mais novo artista plástico), Francisco não queria seguir a carreira do pai, Sylvio Glauco Taddei, que era delegado quando conheceu Ana Cembranelli. Desquitado e com uma filha do primeiro casamento, Sylvio se tornou promotor público em 1966. Francisco lembra do som da máquina de escrever sendo martelada nas madrugadas que o pai varava trabalhando. Uma situação que ele não queria repetir. “Meu filho dizia que aquela vida não era para ele, que não tinha nascido para usar gravata e colarinho apertado”, diz Ana.

‘‘Nós o levávamos três vezes por dia ao médico para que não
perdesse a visão’’ ANA CEMBRANELLI, mãe do promotor

Louco por praia e surfista inveterado na adolescência, Francisco queria estudar oceanografia. “Só não prestei porque não havia faculdade em São Paulo”, diz ele. Em 1976, com 15 anos, mudou-se com a família para a capital paulista. Como as dificuldades geográficas o impediam de estudar a biologia marinha, optou pelo Direito e entrou na FMU. Se na carreira jurídica orgulhou o pai, no futebol o decepcionou. Sylvio era palmeirense fanático, mas teve de engolir o filho tornar-se santista aos 8 anos. Eram tempos de Pelé e de um Santos multicampeão. O menino já usava a retórica para persuadir o pai a levá-lo aos jogos.
Na vida pessoal, Cembranelli somou outro paradoxo: apaixonou-se por uma defensora pública, durante um julgamento no Fórum da Penha, na Zona Leste de São Paulo. Ela defendia e ele atacava. Foi em 1992. O jovem promotor, já uma estrela do Ministério Público, encontrou Daniela Solberguer, nomeada pelo Estado para defender os réus pobres. No primeiro embate, ela ganhou. “Depois ele me procurou na garagem do fórum para me dar os parabéns”, conta Daniela. “Começamos a conversar e percebemos que tínhamos afinidades além do campo profissional.” No segundo embate, Francisco ganhou. Não houve um terceiro. Os encontros frequentes entre os dois fora dos tribunais a levaram a pedir transferência – para evitar que os embates profissionais seguissem causando brigas entre eles. Casaram-se em 1996 e têm dois filhos, de 9 e 10 anos. “Hoje eles entendem nossas profissões, mas quando eram pequenos perguntavam: ‘Por que o papai pede para prender e a mamãe pede para soltar?’”, diz Daniela.
Nesta semana, Cembranelli vai ficar distante do caso Isabella pela primeira vez em quase dois anos. Pretende viajar para o exterior com a mulher para descansar, tomar bons vinhos e relaxar. Fez questão de escolher um hotel com esteira – é maratonista, corre mais de 10 quilômetros todas as manhãs. Nos dois anos em que esteve à frente do caso Isabella, a rotina do casal mudou. O promotor, acostumado a estudar os processos em que vai atuar apenas na semana do júri, reservou uma sala da casa em que moram em Alphaville (subúrbio de luxo em São Paulo) para guardar tudo relacionado ao caso: são 28 volumes só do processo. Com tantas aparições na mídia, Cembranelli virou ídolo popular. Durante os passeios da família, em cinemas e shoppings, as pessoas param o promotor para cumprimentá-lo. Em uma missa realizada em memória de Isabella, na semana passada, Cembranelli foi ovacionado por quase 500 pessoas que estavam na igreja. Apesar do assédio, ele afirma que seu ego não se insuflou e nega pretensões políticas: “Passei a vida inteira sem isso. Não preciso da fama para trabalhar”.
Publicado em 01/04/2010

Vítimas de abuso fazem protesto na Alemanha

Manifestantes decoraram cruz com bonecas; cartaz com os dizeres "Em nome de Deus" faz provocação à Igreja

Protesto coincidiu com conversação entre o chefe da Igreja Católica no país e a ministra da Justiça para discutir o escândalo

Cerca de 200 alemães criados em abrigos, muitos dos quais abusados durante a infância em instituições dirigidas pela Igreja, marcharam por Berlim nesta quinta-feira (15) com faixas para chamar a atenção sobre a situação das vítimas.
O protesto coincidiu com as conversações entre o chefe da Igreja Católica na Alemanha, o arcebispo Robert Zollitsch, e a ministra da Justiça Sabine Leutheusser-Schnarrenberger para discutir o escândalo que abalou a Igreja.
"Dizemos: apareçam, façam os políticos acordarem para o fato de que estamos aqui", disse Dirk Friedrich, porta-voz do "Ehemalige Heimkinder". O grupo é formado por pessoas que passaram por uma série de abrigos, incluindo instituições dirigidas pela Igreja.
Alguns manifestantes seguravam cartazes e faixas com frases como "Abram os arquivos"; uma mulher segurava um cartaz que dizia "Tive de comer vômito".
Uma manifestante levava um crucifixo com bonecas pregadas a ele. Do lado, um boneco gigante vestido de freira segurava um crucifixo numa mão e um grande bastão na outra.
A questão é particularmente delicada na Alemanha porque o papa Bento 16, ex-cardeal Joseph Ratzinger, é alemão e era arcebispo de Munique na época em que um padre de sua arquidiocese, que estava em tratamento para abuso sexual, voltou ao trabalho.
O Vaticano negou que ele tenha se envolvido nessa decisão. O irmão do papa, o reverendo Georg Ratzinger, também admitiu ter dispensado punição corporal.
O grupo das ex-crianças de abrigo, que exige um pedido de desculpas e indenização, diz que há muito tenta fazer os políticos ouvirem os relatos de abuso, mas até agora não fizeram nada.
"Sabemos da escala das feridas espirituais e físicas há décadas e estamos surpresos da súbita promoção em torno do abuso sexual. Temos falado sobre isso há anos, mas ninguém se interessou", disse Friedrich.
Mais de 250 católicos alemães denunciaram supostos casos de abuso, ocorridos principalmente em escolas décadas atrás, somando-se aos escândalos em países como Irlanda, EUA e México.
Leutheusser-Schnarrenberger havia acusado a Igreja de não cooperar e demonstrar pouco interesse em esclarecer os casos. Zollitsch havia exigido que ele retirasse as declarações.
No entanto, na reunião de quinta, os dois concordaram em trabalhar juntos para lidar com o problema.
"Os dois lados concordaram que é prioridade da Igreja Católica e das autoridades governamentais - em cooperação estreita entre si e com as vítimas - tentar esclarecer totalmente os casos do passado de abuso sexual nas instituições da Igreja", afirmaram.


Veja

MP denuncia homem que estuprou e engravidou a filha


O Ministério Público do Rio ofereceu denúncia, por estupro e atentado violento ao pudor, contra um homem acusado de ter abusado sexualmente da filha, que tinha 5 anos quando os fatos se iniciaram, em 2001. Ele obtinha as relações sexuais e os atos libidinosos mediante violência presumida e grave ameaça.
A denúncia foi feita pela promotora Maria de Lourdes Féo Polonio, titular da Promotoria de Justiça de Investigação Penal da Comarca de Petrópolis. No dia 24 de fevereiro deste ano, a vítima deu à luz uma menina, e o laudo de exame de DNA apresentado nos autos, confirmou a paternidade do pai da menina.
Segundo o MP, o homem dizia à filha que, caso ela contasse a alguém o que estava acontecendo, prejudicaria toda a família. A menina só teria entendido que sofria abusos quando assistiu, pela televisão, ao caso de um pai fora do Brasil que manteve a filha presa e teve relacionamentos sexuais com ela.



Extra Online

Cinco são presos em 3 Estados por tráfico de mulheres


Mulheres eram aliciadas em 7 Estados

Pelo menos cinco pessoas já foram presas na manhã desta quinta-feira ( 15) durante a Operação Atenéia, da Polícia Federal (PF), acusadas de envolvimento com o tráfico de mulheres e meninas para prostituição. A investigação aponta que a quadrilha aliciava mulheres e meninas nos Estados de Tocantins, Pará, Maranhão, Ceará, Bahia e São Paulo e as levava para bordéis em Minas Gerais e Mato Grosso do Sul. Segundo estimativa da corporação, desde o início do ano passado mais de 80 garotas foram exploradas.
Os mandados de prisão e de busca e apreensão expedidos pela 2ª Vara Criminal de Araguaína, no Tocantins, e foram cumpridos nas cidades mineiras de Frutal e Uberlândia, em Aparecida do Taboado e Paranaíba, no Mato Grosso do Sul, e na cidade tocantinense, distante 376 quilômetros ao norte de Palmas. Segundo a PF, a principal articuladora do grupo é a dona das casas de prostituição e seu filho é o encarregado de falsificar os documentos e auxiliar a mãe na administração dos bordéis e de suas "gerentes".
A quadrilha aliciava adolescentes em portas de escolas, praças, lanchonetes e mulheres em bares e boates. As vítimas dos aliciadores têm em comum o fato de serem muito pobres, morarem em locais miseráveis, sem perspectivas de ascensão social ou profissional. Para algumas mulheres eram oferecidos empregos e para outras, a prostituição era proposta abertamente.
Para as menores, geralmente enganadas, falsificavam documentos com o objetivo de despistar as autoridades durante a viagem e não levantar suspeitas dos frequentadores nos bordéis. As propostas sempre envolviam ganho fácil e, como atrativo, já davam passagens, alimentação e dinheiro até Minas ou Mato Grosso do Sul. Os aliciadores ganhavam um porcentual por cada garota que conseguiam para o bando.
Nos locais de "trabalho", a quadrilha fazia dívidas de alto valor em nome das garotas e mantinham vigilância sobre elas e proporcionavam agressões morais e até mesmo físicas para mantê-las no local. A PF suspeita que a organização possa estar envolvida no assassinato de um de seus integrantes.
Ele deu informações sobre o paradeiro de uma das vítimas aliciadas para a mãe dela. Além disso, forneceu informações


Salvador e Aracaju decretam emergência por causa da chuva


SALVADOR, SÃO PAULO - As cidades de Aracaju e Salvador decretaram situação de emergência por conta das fortes chuvas. O decreto da Prefeitura de Salvador foi publicado em edição extra do Diário Oficial do Município. As aulas foram suspensas em toda a Região Metropolitana da capital baiana. Na noite de quarta, duas crianças morreram num deslizamento de terra na Vila Canária, em Salvador. De acordo com vizinhos, as crianças estavam dormindo quando a terra derrubou uma parede da casa, que foi abaixo e caiu sobre a cama. Os vizinhos tentaram socorrer as vítimas, mas quando as crianças foram retiradas dos escombros já estavam mortas. Na Bahia, 26 cidades estão agora em emergência e outras 40 devem editar o decreto nos próximos dias. Em Sergipe, são 17 cidades atingidas pelos temporais e 3.700 pessoas estão desabrigadas.
No bairro de Águas Claras, cinco pessoas ficaram feridas em outro desabamento. A Defesa Civil pede aos moradores de 540 áreas de risco que deixem suas casas. O embarque de caminhões e ônibus está suspenso no ferry-boat entre Salvador e Itaparica.
Chove na Bahia desde quinta-feira da semana passada. O tempo segue chuvoso no litoral e no Sul do estado. São 25 cidades em situação de emergência. Outras 20 podem decretar emergência.
Em Santo Amaro da Purificação, no Recôncavo Baiano, o Rio Subaé transbordou e está dois metros acima do nível do mar. Cerca de 200 casas foram invadidas pelas águas.
Na BR-324, um pedaço do acostamento caiu no km 614 e parte da pista foi interditada pela Polícia Rodoviária Federal. Se a chuva continuar, a pista pode ser totalmente interditada.


Lauro de Freitas - Foto da internauta Dirleia Machado

O município de Lauro de Freitas está bloqueado. O Rio Ipitanga, que corta a cidade, transbordou desde a tarde de ontem. Segundo a Defesa Civil do município, a maré está baixa, mas mesmo assim está impossível drenar o volume de água do rio.
Nesta quarta, o jogo entre Vitória e Goiás, que aconteceria no Estádio Manoel Barradas (Barradão) em Salvador, teve de ser cancelado por causa das fortes chuvas. O campo inundou e a partida foi transferida para quinta.
A chuva também alagou metade da pista da Estrada do Coco. O mar segue agitado e em algumas localidades, como a colônia Rio Vermelho, a pesca está suspensa.
A chuva forte deixou a situação em Lauro de Freitas ainda mais complicada. Desde a manhã de ontem, a prefeitura oferece aos moradores dos pontos mais atingidos resgate por barco. O principal acesso a Vilas do Atlântico, em Lauro de Freitas, ficou interditado pela água.
Segundo dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), em apenas 15 dias já choveu 356,3mm na capital baiana, índice pluviométrico superior ao total estimado para todo o mês de abril (326,2mm).

Ajuda aos desabrigados
A Prefeitura de Salvador instituiu por decreto o Auxílio Emergencial aos Desabrigados e Desalojados da Chuva, destinado a quem teve imóveis condenados ou destruídos pela chuva. De acordo com a Prefeitura, cada parcela do auxílio corresponderá ao valor de R$150,00. O benefício só será concedido às famílias após apresentação de laudo elaborado por técnicos da Defesa Civil.
Com o estado de emergência decretado, a Prefeitura agora espera o reconhecimento da situação de emergência por parte do governo federal e a liberação de recursos para o trabalho de recuperação dos danos causados pelas chuvas.

O Globo

Mulher agredida pelo marido por duas horas seguidas leva roupas e biscoitos para acusado na cadeia no Espírito Santo


VITÓRIA - Três dias depois de ser espancada durante duas horas seguidas e mantida em cárcere privado pelo marido, a dona de casa Marciele Gonçalves Martins, 25 anos, foi visitar seu agressor na prisão. A vítima, que também foi alvo de uma faca arremessada pelo companheiro, compareceu a unidade policial em Cariacica acompanhada da mãe e da irmã do marido, Fabiano Francisco dos Santos, 33 anos.
No Departamento de Polícia Judiciária (DPJ), Marciele entregou ao preso um malote com roupas e pacotes de biscoitos. Segundo funcionários do local, ela procurou se informar se o crime era afiançável e quais são os procedimentos para soltura em casos como o do companheiro.
Marciele apanhou no último domingo: "Ele me bateu em todos os cômodos. Primeiro foi no meu quarto, onde chegou a amarrar meus pés. Só soltou porque viu minha filha tentando sair de casa para pedir socorro. Depois fomos para o quarto da nossa filha, onde ele me colocou encostada na parede e arremessou a faca de cozinha dizendo: 'vou jogar, onde pegar, pegou'. Apanhei até debaixo do chuveiro, na água fria. Meus filhos ficaram desesperados. Os vizinhos não se metem, eles têm medo dele", contou na ocasião.
O comerciante chegou a proibir a mulher até de comer. "Fiquei das 16 horas de domingo até às oito desta segunda-feira apenas com um copo de água da torneira. Foram 16 horas de fome e de medo", contou Marciele Gonçalves.
Não foi a primeira vez que Fabiano bateu na mulher. No domingo, ela disse que apanhou por seis anos e nunca havia denunciado o marido, porque ele sempre prometia mudar. Nos últimos três anos, segundo Marciele, ele havia se tornado evangélico e nunca mais havia batido nela, até o último domingo.
Os dois estão casados há 10 anos e têm dois filhos, uma menina de 10 anos e um menino de 6. As crianças assistiram toda a briga do casal, que teria começado porque o comerciante estaria com ciúmes da mulher. Motivação negada por ele.
Marciele diz que saiu com a filha para dar uma volta no bairro, de moto, e ficou apenas meia hora na rua.
- Ficamos apenas meia hora na rua, quando ele apareceu me levando para casa, achou que eu tinha demorado muito. Estava com ciúmes de mim. Estava achando que eu tinha ido me encontrar com outro homem - disse a dona de casa.
Marciele fugiu na manhã de segunda-feira, depois que esperou o marido dormir. Mesmo com dores, se movimentando com dificuldade, a dona de casa contou que, ao vê-lo dormir, reuniu forças para fugir. Para isso, pegou os únicos R$ 10,00 que tinha.
Quando os policiais chegaram para prender Fabiano ele estava bem tranquilo, assistindo à televisão na sala. E chegou a desafiar a polícia, garantindo que desconhecia lei que fosse o prender.
Na delegacia, ele foi autuado pelo crime de violência doméstica, lesão corporal e cárcere privado.


Insensibilidade e descaso até na morte dos nossos policiais



A árdua missão policial fielmente desempenhada e tão cobrada pela sociedade brasileira continua sendo incompreendida por muitos. Os caminhos tortuosos e espinhosos seguidos pelas policias parecem ser intransponíveis e intermináveis.
Infelizmente há ainda uma tradição arraigada no âmago do povo em generalizar que a Polícia é ineficiente e corrupta, que os nossos policiais são ignorantes, irresponsáveis, arbitrários e criminosos, por isso muitos até torcem pelo nosso fracasso.
Para boa parte da população policial é sinônimo de bandido, de algo imprestável, um reles ser do submundo da sociedade e pouco se importam com os seus problemas, ou seja, são tais pessoas insensíveis na vida e até na morte dos nossos policiais.
Quando morre um policial na maioria dos países desenvolvidos ocorre um verdadeiro desfile de despedida pelas principais avenidas da cidade em agradecimento aos seus relevantes serviços prestados à sociedade, com o seu caixão exposto em caminhão do Corpo dos Bombeiros, sirenes e batedores dos carros policiais ligados, seus colegas trajando farda de gala, com a presença dos chefes de Polícia, Prefeito, Governador e demais autoridades, além da cobertura da imprensa local. A população pára tudo o que está fazendo e aplaude homenageando a passagem do féretro do herói morto com muita comoção.
A viúva e seus filhos nunca são desamparados pelo Estado, muito pelo contrário, além da pensão justa relativa ao próprio digno salário do morto, ainda recebem bons seguros de vida que obrigatoriamente são feitos pelo poder público e, quando morrem em serviço defendendo o povo, aí é que esses valores duplicam.
Entretanto, quando morre um policial aqui no nosso País, mesmo em serviço, defendendo a sociedade dos criminosos não aparece autoridade alguma, somente a presença dos seus familiares, amigos ou colegas de profissão e, em ocasiões especiais os chefes de Polícia. Imprensa só de quando em vez faz a cobertura do evento fúnebre.
Até o próprio povo se impacienta e se chateia quando os colegas do policial morto querem lhes prestar uma condigna última homenagem, como foi um caso recente ocorrido aqui na nossa região em que um policial civil ao interferir num assalto fora abatido pelos marginais e, no seu cortejo fúnebre bem organizado com a Polícia Militar parando o trânsito até o cemitério, escutei perfeitamente de um motorista apressado que estava numa rua paralela sem poder passar por alguns instantes e que falou em alto e bom som: QUANTA PALHAÇADA. ATÉ NA MORTE ELES ATRAPALHAM O TRÂNSITO!... Outros motoristas, motociclistas ou transeuntes apenas assistiam com semblante alheio, raivoso, indiferente ou insensível o cortejo passar “atrapalhando o trânsito” e atrapalhando os seus preciosos tempos...
Nossos policiais e seus familiares não são apenas abandonados, desprezados e renegados por grande parte da sociedade, são de igual modo, tratados em descaso pelo Poder público. Em vida são humilhados e desvalorizados profissionalmente com salários não condizentes com a importância do cargo. Na morte, além dos desprezos citados, os herdeiros que possuem direitos aos seus baixos salários transformados em pensões são até diminuídos com a perda de certas gratificações, fato que também ocorre quando os policiais são feridos em batalha contra o crime e ficam inválidos para o resto das suas vidas. De pronto perdem logo o adicional noturno e a gratificação de periculosidade, quando o certo, por uma questão de gratidão e justiça era incorporar tais gratificações nas suas pensões.
O policial vê mais sofrimento, sangue, problemas e alvoradas do que qualquer outra pessoa. Trabalha independente das condições de tempo ou de lugar, mas a sua maneira de ver a vida em proteção da sociedade continua a mesma apesar dos percalços na sua caminhada. Na maioria das vezes é entristecido por conta das desilusões encontradas, mas no fundo é um forte, sempre esperando por um mundo melhor.
A sociedade brasileira precisa confiar mais na sua Polícia. Tem que ver e sentir a Polícia à luz do valor da amizade, pois os nossos policiais lutam o morrem por ela em busca paz social, enquanto que, por sua vez, o poder público deve ver a Polícia como valorosa instituição pagando salários dignos aos seus membros, como já ocorre em raros Estados da Nação, assim valorizando e respeitando-os na vida e na morte.

Autor: Archimedes Marques (delegado de Policia no Estado de Sergipe. Pós-Graduado em Gestão Estratégica de Segurança Pública pela UFS) archimedes-marques@bol.com.br

Síndrome de alienação parental


A síndrome de alienação parental surge principalmente no contexto das separações judiciais conflituosas e das disputas pela guarda dos filhos e consiste em um processo de programação mental exercido pelo genitor guardião sobre a consciência do filho, objetivando o empobrecimento ou até mesmo o rompimento dos vínculos afetivos com o não-guardião, que passa a ser odiado pelo filho manipulado.
Na verdade, expedientes desse tipo sempre existiram, mas é na sociedade moderna que ganham corpo e visibilidade, em razão da aceitação legal e social do divórcio, e também porque atualmente os pais têm uma maior conscientização quanto à corresponsabilidade parental na educação dos filhos. O pai de hoje não se contenta em ser apenas um pagador de pensão ou um visitante de final de semana. Ele quer agir de maneira que “pai” signifique mais do que uma palavra vazia de conteúdo, para que venha a agregar os profundos afetos que a paternidade responsável desperta. E, realmente, é assim que deve ser e é assim que a lei quer, tanto que a convivência familiar foi alçada à categoria de direito constitucionalmente garantido às crianças e adolescentes.
É incontroverso que os filhos precisam de ambos os pais para a estruturação saudável de sua personalidade. Negar à criança a presença de um dos genitores nessa fase implica condená-la a uma amputação psíquica de consequências imponderáveis.
E o que a síndrome de alienação parental faz é isso. Através das influências do genitor guardião (pai ou mãe), o filho fica tão “envenenado” que acaba por rejeitar o genitor não-guardião, muitas vezes de forma irrecuperável. O próprio filho se engaja no processo de afastamento, transformando-se em uma peça desse jogo perverso, distanciando-se afetivamente de um genitor amoroso, por conta de uma falsa compreensão da realidade. Sendo submetido a níveis insuportáveis de tensão e com a relação paterno-filial esfumada, o filho sofre prejuízos psíquicos severos, que variam desde o surgimento de doenças psicossomáticas até o cometimento de suicídio.
Além disso, se a síndrome não for adequadamente identificada e tratada, pode ainda perdurar por várias gerações, em uma repetição incessante e nefasta de modelos de educação e de construção de afetos assimilados durante o processo de manipulação.
Dada a gravidade dessa situação, é preciso que todos os profissionais que lidam com as famílias em ruptura — advogados, juízes, promotores de justiça, psiquiatras, psicólogos e assistentes sociais —, estejam atentos para a existência da síndrome de alienação parental, a fim de que, aos primeiros sintomas, possam intervir de modo a fazer cessar esse processo de desafeição, através de medidas como fixação de visitas (monitoradas ou em locais públicos, se as particularidades do caso exigirem), advertências dirigidas ao alienador, encaminhamento dos pais a tratamento psicológico ou psiquiátrico, arbitramento de multa (caso descumprida a visitação judicialmente regulamentada), inversão da guarda, suspensão ou destituição da autoridade parental.
Sobrevindo os primeiros sinais da síndrome, é imprescindível que o filho alienado não se afaste do não-guardião, mesmo que, a princípio, o filho não queira essa aproximação. A maior pesquisa realizada até hoje sobre as relações paterno-filiais após o divórcio (Clawar e Rivlin) concluiu que em 90% dos casos em que os tribunais decidiram aumentar o contato com o alienado, problemas psicológicos e educativos existentes antes da medida foram reduzidos ou até suprimidos. O mais curioso é que metade dessas decisões foram tomadas mesmo contra a vontade dos menores.
O grande desafio é saber detectar quando a síndrome está efetivamente presente ou quando a repulsa do filho é justificada. A rejeição ao não-guardião pode ser fruto da programação mental exercida pelo alienador sobre o filho, mas pode também refletir a conduta inadequada do próprio não-guardião. Assim, se o genitor alienado for um abusador, por exemplo, o rechaço do filho é mais do que justificado e, dessa forma, o caso não é de síndrome de alienação parental, mas de recusa legitimada.
Sabe-se que hoje, infelizmente, uma estratégia comum utilizada pelos genitores alienadores é a falsa denúncia de abuso sexual. Todavia, não se pode perder de vista que, se existem as falsas denúncias de abusos (sexuais, psicológicos, físicos), também existem as falsas denúncias de síndrome de alienação parental.
Como se vê, a questão não é simples, merecendo ser enfrentada com coragem e muita cautela pelos operadores do direito e profissionais da saúde, pois o que está em jogo nesses casos é a higidez psicológica de centenas de crianças e adolescentes, vitimados todos os anos por essa crueldade representada pela síndrome de alienação parental.
Lutar contra a síndrome é uma obrigação de todos nós. Não cabe apenas ao poder público, mas a toda a sociedade, velar pela observância de direitos fundamentais que a Constituição Federal assegura às crianças e adolescentes, tais como o direito ao respeito, à convivência familiar, à dignidade.
Por uma sociedade melhor e mais humana é que temos, todos, o dever indeclinável de contribuir para que os nossos menores possam vivenciar amplamente aquilo que está na essência da organização familiar, que é o amparo, a solidariedade, o afeto e, sobretudo, a liberdade de amar e ser amado, tanto pela mãe, quanto pelo pai.

Raquel Pacheco Ribeiro de Souza


Revista Jus Vigilantibus
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