sexta-feira, 14 de março de 2014

Todo mundo tem o direito de ser feliz

Nova campanha da Saatchi & Saatchi, para a Coordown, apoia mães de portadores da Síndrome de Down


A filial italiana da Saatchi & Saatchi aproveitou um e-mail enviado por uma futura mãe para criar a nova campanha da CoorDown, organização nacional de apoio à Síndrome de Down.
"Que tipo de vida o meu filho vai ter?", perguntou a mulher que estava com medo, pois acabara de descobrir que seu filho iria nascer com a doença genética.
O anúncio, feito especialmente para o Dia Mundial da Síndrome de Down, celebrado em 21 de março, traz 15 portadores da Síndrome de Down para responder a pergunta da mãe, mostrando as alegrias e os desafios que o filho possivelmente enfrentará no futuro.
O filme adota o conceito "Todo mundo tem o direito de ser feliz", a fim de promover a diversidade e integração na sociedade, especialmente na escola e no trabalho.
Este é o terceiro ano de trabalho da Saatchi com a CoorDown. As duas últimas campanhas ganharam 11 Leões em Cannes para a agência.

Com informações do Adweek.

meiomensagem

segunda-feira, 10 de março de 2014

Refrigerante Mineirinho resiste no mercado enfrentando ‘gigantes’ do setor

Criada em 1940 em Ubá, bebida de Chapéu de Couro é fabricada há mais de trinta anos em São Gonçalo

NITERÓI - Existem marcas que conquistam um valor afetivo com consumidores de uma forma que poucas campanhas publicitárias conseguem. Algumas desaparecem e se tornam itens de colecionador. Outras resistem ao tempo e ultrapassam gerações, ganhando cada vez mais fãs. O refrigerante Mineirinho está incluído nesse segundo grupo. Apesar do nome, é um produto tipicamente fluminense. Criado há 74 anos, sua popularidade foi confirmada na edição mais recente da pesquisa “Marcas dos cariocas”, desenvolvida pelo GLOBO em parceria com o Grupo Troiano e publicada em outubro. O Mineirinho ficou em quarto lugar na categoria “refrigerante”, logo atrás de gigantes do setor como Coca-Cola, Pepsi e Guaraná Antarctica.

— Manter-se no mercado não é fácil. Estamos competindo com alguns dos maiores conglomerados industriais do planeta. A concorrência sempre foi muito dura. Prova disso é que o Brasil chegou a ter cerca de 800 fábricas de refrigerante e, hoje, não há mais do que 200. As gigantes não aceitam perder um por cento sequer de seus consumidores. Para nós, atrair esse percentual já seria uma grande conquista — afirma Marco Taboadela, que dirige a empresa ao lado de Roberto Ferah.

'Escondido’ nas prateleiras

Os dois garantem que a bebida pode ser encontrada com facilidade em qualquer cidade do estado. A realidade não é bem assim, mas talvez isso nem seja um problema. Pelo contrário, a relativa dificuldade para achar o Mineirinho acabou criando uma mística em torno do refrigerante. Alguns bares, lanchonetes e supermercados conquistam clientes fieis simplesmente pelo fato de terem Mineirinho nas prateleiras.

A fabricação é feita num parque industrial em São Gonçalo que tem 24 mil metros quadrados e cerca de 300 funcionários. Por questões de estratégia comercial, números da produção não são revelados. Os diretores também desconversam quando perguntados se já receberam ofertas de outras empresas pela marca.

— Existe essa lenda de que a Coca-Cola tenta comprar o Mineirinho. A gente não confirma nem desmente, só achamos muito bom que o nome esteja sendo lembrado pelas pessoas. Isso é sinal de que estamos fazendo sucesso — diz Taboadela.

Outro fato que deixa os empresários orgulhosos é o da bebida não ter um concorrente direto. Enquanto existem refrigerantes com sabores cola, laranja, guaraná, uva e limão de diversas marcas, o Mineirinho é o único feito de chapéu-de-couro. O cultivo da planta, próprio, é feito na cidade de Tanguá.

— Nossa matéria-prima é uma erva tipicamente brasileira, com diversas propriedades medicinais. Apesar disso, ao contrário de algumas marcas que se vendem como grandes fontes de energia mesmo não tendo nada além de açúcar, sempre deixamos claro que vendemos um refrigerante, não um remédio — diz Ferah, destacando também que a bebida é livre de sódio.

O Mineirinho foi também um dos primeiros refrigerantes vendidos em embalagem PET, a partir de 1989. A Coca-Cola, por exemplo, só adotou esse modelo em 1991. Os diretores da marca dizem que inovação é um fator primordial para a empresa continuar existindo.

— Não queremos ser lembrados como algo nostálgico, uma marca presa ao passado. O Mineirinho está mais vivo do que nunca. Nosso grande sonho é levar a bebida para fora do estado e ganhar o país — diz Taboadela.

Relação íntima com a região

A história do Mineirinho começou, de fato, em Minas Gerais. A empresa foi fundada em 1940 na cidade de Ubá, mas, em 1946, foi transferida para o Ponto Cem Réis, em Niterói.

— Ficamos na cidade até 1979. A demanda começou a crescer, e o espaço ficou pequeno. Tínhamos também o problema recorrente de falta d’água. A solução foi construir um parque industrial no bairro Barro Vermelho, em São Gonçalo, onde permanecemos até hoje. A fórmula da bebida é a mesma desde 1946 — garante Ferah.

O Globo

Mãe soube da morte do pequeno Alex pelo Facebook

Digna Medeiros quer que madrasta seja presa por não denunciar tortura contra o menino de 8 anos, assassinado pelo pai por "gostar de lavar louça"

Pouco depois das oito da noite do último dia 17, Digna Medeiros se preparava para dormir. Já havia colocado o caçula de oito meses na cama e foi ver “as novidades” no Facebook. A mensagem de uma sobrinha fez desabar a mulher de 29 anos. "Tia, vem para cá porque aconteceu um negócio com meu primo. Alex bateu tanto no seu filho que ele morreu", dizia a mensagem. Em Mossoró, no Rio Grande do Norte, Digna explodiu em um grito de dor e raiva. Ela estava, então, a 2.500 quilômetros do Rio de Janeiro, onde o filho de 8 anos passara a viver com o pai, Alex André Moraes Soeiro, na favela da Vila Kennedy.

Soeiro foi preso horas depois. E admitiu que batia frequentemente no pequeno Alex Medeiros para “ensinar o menino a ser homem”. O fato de Alex gostar de lavar louça, brincar com maquiagem e ser delicado foi o motivo da última surra. O pequeno Alex, acusado de ser afeminado, apanhava sem chorar.

O menino que havia viajado para o Rio ansioso para conhecer o pai e descobrir se eram parecidos — afinal, tinham o mesmo nome — morreu devido a uma hemorragia interna provocada pela dilaceração do fígado. O corpo magro de Alex, com sinais de desnutrição, era coberto por cicatrizes, manchas roxas, edemas e escoriações. No laudo do Instituto Médico Legal, ao qual o site de VEJA teve acesso, a perita Áurea Maria Tavares Souza identificou lesões na face, nas pernas, nos joelhos, no punho, nos braços, nos antebraços, nos cotovelos, nas pernas, nas costas, no tórax, na região cervical e próximo ao ouvido esquerdo.

Sem querer acreditar no que havia lido, Digna chorou e gritou enquanto tentava, em desespero, falar por telefone com Soeiro. "Senti uma dor imensa no corpo inteiro. Não conseguia me manter de pé, não conseguia pensar, nem reagir. Eu só implorava a Deus para que Ingrid estivesse enganada", disse. Ingrid não havia mentido.

O crime bárbaro chocou a favela, onde vivem 120.000 pessoas. A notícia correu a cidade e ganhou destaque nos jornais locais e nas emissoras de TV. A crueldade de Soeiro rendeu imediatamente o apelido de “monstro” na favela.

Menino inteligente e carinhoso, Alex nasceu no Rio Grande do Norte. Meses depois do nascimento, a família se mudou para o Rio de Janeiro. O casamento de Digna e Soeiro terminou antes que Alex completasse um ano. Com o bebê, ela voltou para Mossoró. Em maio de 2013, grávida do quarto filho, ela pediu que Soeiro cuidasse de Alex. Àquela altura, Digna não conseguia administrar o cotidiano dos filhos. Segundo conta, as dores da quarta gravidez — depois de três cesarianas — a impediam de levar a criança ao colégio, o que já tinha motivado uma visita do Conselho Tutelar de Mossoró a sua casa, cobrando cuidados com a educação do menino.

"Conversei com Alex e expliquei que depois que o irmão nascesse ele voltaria para me ajudar. Ele foi tranquilo porque queria conhecer o pai. Ele sabia que tinha o mesmo nome do pai e vivia me perguntando coisas sobre ele", conta, acrescentando que Soeiro pagou a passagem aérea do filho.

A convivência no Rio entre o menino amável, acostumado a ajudar a mãe nas tarefas de casa, e o pai desempregado, que havia cumprido pena por tráfico de drogas, foi trágica. Na tarde de 17 de fevereiro, o garoto foi levado desacordado pela madrasta Gisele Soares para a Unidade de Pronto Atendimento (Upa) da Vila Kennedy. Apesar de a madrasta afirmar que Alex havia desmaiado de repente, os médicos não tiveram dúvidas de que ela estava mentindo: a criança estava morta e os sinais dos maus tratos repetidos eram evidentes.

Os sinais da violência no corpo do menino chocaram a equipe do Conselho Tutelar de Bangu, na Zona Oeste, que acompanhou o caso. "Trabalho há três anos no Conselho Tutelar de Bangu e nunca tinha visto tanta covardia. O corpinho do menino estava todo marcado. Não há duvidas de que ele vinha sendo espancado há meses. Ele levou uma pancada tão forte que provocou o rompimento do fígado. Esse tipo de ruptura acontece em vitimas de acidentes de carro que sofrem forte impacto", disse ao site de VEJA o conselheiro Rodrigo Coelho.

Duas semanas depois da perda do filho, Digna não consegue apagar a imagem de Alex com o rosto desfigurado. O menino foi sepultado no dia 19, no cemitério do Murundu, em Padre Miguel, na Zona Oeste do Rio. "Eu beijava o rosto no meu filho e pedia baixinho para que ele acordasse. Implorei para que ele abrisse os olhinhos", conta a mãe.

Digna por pouco não chegou para o enterro do filho. Ela desembarcou no Rio no dia 19 e foi direto para o IML para tentar ver o filho. Lá, soube que o corpo havia sido liberado. Acompanhada pelo conselheiro, Digna chegou ao cemitério dez minutos antes do sepultamento e viu Gisele, a madrasta, e Ailton, um irmão de Soeiro. "Ninguém soube que meu filho seria sepultado. Nenhum parente ou amigo estava lá. Eles fizeram tudo escondido".

Soeiro teve a prisão temporária decretada. Ele está preso no Complexo de Gericinó, em Bangu. A madrasta, que morava com o suspeito e outras quatro crianças, prestou depoimento e foi liberada. Digna quer que ela também seja presa. “Se ela tivesse denunciado as agressões, que aconteciam na casa dela, meu filho estaria vivo”, diz.

A mãe do menino diz que não desconfiava que ele estava sendo espancado pelo pai, a quem, depois da tragédia, passou a chamar de monstro. Desde maio, segundo afirma, só falou duas vezes com o filho. Digna afirma que o celular de Soeiro deixou de funcionar no ano passado — ela não sabe dizer quando perdeu contato telefônico com o ex-marido. "Eu falava com Ailton, tio do meu filho, e ele dizia sempre que estava tudo bem. Eu pedi diversas vezes o número do celular da Gisele, para tentar falar com meu Alex, mas Ailton dizia que não tinha. Algumas pessoas me culpam, dizem que eu larguei meu menino, mas não é verdade. Deixei meu filho com o pai e pretendia buscá-lo", diz Digna.

Nesta segunda-feira, Digna volta para Mossoró, onde mora com o caçula e o marido. Ela tem ainda outros dois filhos: um menino de três anos, que mora com os avós paternos, e um garoto de 15, que mora com o pai, no Rio. "Tudo o que eu queria era acordar desse pesadelo e voltar com meu filho para casa. Meu mundo desabou", diz.

VEJA
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