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terça-feira, 24 de janeiro de 2012
Caso Juan: testemunha-chave pede que PMs acusados sejam retirados do auditório em depoimento
Wanderson foi baleado e chegou a ser apontado como traficante pelos policiais
Testemunha-chave e sobrevivente da ação policial que terminou com a morte do menino Juan, em junho do ano passado, Wanderson dos Santos de Assis, de 19 anos, começou a ser ouvido no fim da tarde desta terça-feira (24) na primeira audiência do processo que corre na 4ª Vara Criminal de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. Apesar de negar que tenha recebido uma denúncia concreta, Wanderson pediu que os quatro policiais militares acusados da morte de Juan fossem retirados do auditório do fórum durante seu depoimento.
- Meu temor é do que eles podem fazer. Meu temor é esse.
Wanderson foi baleado e chegou a ser apontado como traficante pelos policiais militares acusados de matar Juan e esconder o seu corpo. Estudante do ensino médio e repositor em uma loja de doces no centro de Nova Iguaçu, o jovem chegou a ficar oito dias sob custódia policial no Hospital Estadual Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias.
Os advogados dos réus fizeram uma reclamação formal ao juiz Marcio Alexandre Pacheco da Silva sobre a retirada dos PMs do auditório argumentando que apenas uma ameaça concreta legitimaria a retirada dos réus e foram criticados pela promotora de Justiça, Júlia Costa da Silva Jardim.
- Não é razoável colocar essa vítima mais uma vez em risco de vida pelo simples deleite dos acusados em ouvir sua narrativa.
O juiz aceitou o pedido do rapaz.
Mãe de garoto morto na ação foi a primeira a depor
A primeira testemunha de acusação a ser ouvida sobre o caso da morte do menino Juan foi Adriana de Souza, mãe de Igor de Souza Afonso, morto aos 17 anos. O rapaz foi baleado no mesmo tiroteio em que Juan foi morto. Ela optou por falar diante dos quatro policias militares presos desde julho do ano passado.
Adriana pouco colaborou com seu depoimento, já que disse não saber nada sobre as circunstâncias da morte do filho e que só soube do envolvimento de Igor com drogas após a sua morte.
Wanderson foi baleado e chegou a ser apontado como traficante pelos policiais militares que são réus no processo sobre a morte do menino Juan. Estudante do ensino médio e funcionário de uma loja no centro de Nova Iguaçu, o jovem chegou a ficar oito dias sob custódia policial no Hospital Estadual Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias.
Usando óculos escuros e chapéu, Wanderson foi encaminhado ao auditório para ouvir a leitura da denúncia antes do início do depoimento das testemunhas. Assim como os parentes de Juan, o jovem e sua família vivem hoje sob o programa de proteção a testemunhas.
Mais cedo, a promotora de Justiça Júlia Costa da Silva Jardim havia pedido que a família de Juan, que vive sob a tutela do programa de proteção a testemunhas, seja ouvida em Brasília. O objetivo é evitar que os pais do menino Juan, Rosineia de Moraes e Alexandre da Silva Neves; seu avô, José Salvador; e seu irmão Wesley Moraes, outra testemunha-chave do crime, fiquem frente a frente com os acusados da morte do menino durante as audiências do processo em Nova Iguaçu.
Todos saíram do Rio dias após o crime e hoje vivem em local desconhecido. Segundo a promotora foi a própria Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República que orientou que a família de Juan fosse ouvida separadamente. O pedido, no entanto, foi negado pelo juiz Marcio Alexandre Pacheco da Silva. O magistrado considerou que, nesse caso, haveria limitações à atuação dos advogados de defesa e que, se for preciso, vai solicitar todo o aparato de segurança necessário para a vinda da família de Juan a Nova Iguaçu com segurança. Pacheco da Silva lembrou ainda que os réus podem ser retirados da sala no momento em que os pais, o avô e o irmão de Juan forem ouvidos.
Por conta do forte calor e do atraso no início da audiência, uma testemunha passou mal e teve que ser retirada do auditório. A expectativa é que 40 testemunhas de acusação e defesa sejam ouvidas nos próximos dias.
R7
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