domingo, 30 de junho de 2013

MSF celebra diretrizes estabelecidas pela organização voltadas para países em desenvolvimento

30 de junho de 2013 - A organização humanitária internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF) saudou, hoje, as novas diretrizes da Organização Mundial de Saúde (OMS) para o tratamento de HIV e pediu que os avanços sejam rapidamente implementados, beneficiando tanto as pessoas quanto os resultados dos programas em países em desenvolvimento. MSF também enfatizou a necessidade de maior apoio internacional. As recomendações da OMS incluem a antecipação da terapia antirretroviral (TAR) para pessoas que vivem com HIV, melhores protocolos para prevenir a transmissão do HIV de mãe para filho e monitoramento regular e mais efetivo da “carga viral” das pessoas infectadas, para garantir que o tratamento esteja dando certo.

“Começar o tratamento para HIV mais cedo faz uma grande diferença – mantém as pessoas mais saudáveis e também ajuda a prevenir a propagação do vírus nas comunidades. Mas precisamos de apoio político e financeiro para garantir que essas recomendações sejam implantadas rapidamente”, afirmou o Dr. Unni Karunakara, presidente internacional de MSF.

O uso do monitoramento da “carga viral” para garantir que os medicamentos antirretrovirais estejam mantendo o vírus suprimido é outro avanço essencial nas recomendações. A carga viral funciona melhor quando associada a um suporte robusto à adesão ao tratamento, e traz múltiplos benefícios, tanto para os pacientes quanto para os provedores de tratamento.

“Não há maior motivação para as pessoas se manterem em tratamento do que saber que o vírus está ‘indetectável’ em seu sangue”, disse o Dr. Gilles Van Cutsem, coordenador médico de MSF na África do Sul. “O teste da carga viral é a forma ideal para manter as pessoas em tratamentos de primeira linha e saber quando passá-las para os medicamentos de segunda linha. Portanto, já é hora de torná-lo disponível em países com uma grande prevalência da doença. Com essas novas diretrizes, nossa meta coletiva deveria ser, agora, ampliar sem desorganizar: alcançar mais pessoas, mantê-las em tratamento e com uma carga viral indetectável”.

Com as novas diretrizes da OMS, o número de pessoas agora elegíveis para tratamento aumentará substancialmente.

“Essas novas recomendações de tratamento são ambiciosas e necessárias, além de viáveis”, afirmou o Dr. Karunakara. “Agora não é a hora de sermos desencorajados, mas de avançarmos com o que sabemos que funciona para conseguirmos o melhor tratamento possível para a maioria das pessoas o quanto antes. Os países devem implementar essas novas orientações e acelerar o tratamento sem atraso. Por isso, é fundamental que se mobilize o apoio internacional para permitir que eles assim o façam, incluindo o financiamento dos programas para tratamento de HIV por governos doadores e pelo Fundo Global”.

As agências doadoras, tal como o Fundo Global de Combate à Aids, Tuberculose e Malária e o programa PEPFAR, do governo estadunidense, precisam apoiar a implementação imediata das novas diretrizes como uma estratégia prioritária. O Fundo Global está realizando sua conferência trienal de reaprovisionamento neste ano, em que os compromissos de doadores devem refletir as metas de ampliação da oferta de tratamento.

A experiência de MSF no tratamento de HIV em países em desenvolvimento desde 2000 mostra que, por meio de estratégias de tratamento adaptadas – combinadas com políticas favoráveis –, a ampliação da oferta de cuidados de qualidade a um grande número de pessoas é possível. Os medicamentos precisam ser de fácil ingestão e terem preços acessíveis; o monitoramento do tratamento é essencial e precisa estar associado a um aconselhamento efetivo para pessoas com problemas relacionados à adesão ao tratamento; e as pessoas precisam ser encorajadas a assumir maior protagonismo na administração de seus tratamentos. Por exemplo, uma estratégia que MSF implementou em Moçambique para simplificar o atendimento e ajudar às pessoas a se manterem em tratamento consistiu na formação de pequenos grupos, dos quais um membro a cada mês, ao fazer exames de monitoramento, encarrega-se de pegar o refil de medicamentos para o grupo inteiro. Esse modelo não só simplifica a oferta de cuidados às pessoas, mas também libera a equipe de saúde para concentrar esforços em casos mais graves.

Mas, por meio de seu trabalho, MSF também se depara com muitas das pessoas que continuam privadas de tratamento, e uma atenção especial precisa ser despendida para garantir que esses países não sejam negligenciados.

“Em locais como a República Centro-Africana, a República Democrática do Congo, Guiné e Mianmar, é como se o relógio tivesse parado há mais de dez anos, com um número vergonhosamente alto de pessoas morrendo por falta de acesso a tratamento. Há também uma necessidade de ampliar a cobertura de populações vulneráveis, como de regiões rurais e pobres em países com alta prevalência”, afirma o Dr. Van Cutsem. “A comunidade internacional não pode permitir que descaso com as pessoas em necessidade de tratamento de HIV continue em contextos de instabilidade, onde os sistemas de saúde são fracos ou a vontade política é escassa”.


Atualmente, MSF oferece tratamento de HIV para 285 mil pessoas em 21 países.

Médicos sem Fronteiras

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