Lista de espera para vaga em Cmeis de Goiânia tem 5 mil pessoas.
A mãe de Pedro é uma das 5 mil pessoas que esperam por vaga em uma dos Centros Municipais de Educação Infantil (Cmeis), em Goiânia. A família mora no Setor Faiçalville, região oeste da capital. Pedro é responsável pela alimentação da irmã e por todos os outros cuidados que ela necessita. "Também faço mamadeira e tento fazê-la dormir, mas ela é complicada e demora muito", conta. O garoto confesso que gostaria de jogar bola quando chega da escola, mas que por conta da situação, precisa ficar com o bebê.
Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), toda criança com até seis anos tem direito a creche. O conselheiro tutelar Osmar Borges informa que já advertiu algumas mães que deixam os filhos sozinhos em casa por negligência. Mas ele explica que compreende a situação e diz que vai tentar buscar uma solução para o problema.
“Vou pedir à Secretaria de Educação que atenda essas mães. Caso contrário, vamos representar diretamente na Justiça por descumprimento da lei federal 8.069, no artigo 54, que fala que é direito das crianças ter creche”, afirma.
A mãe de Pedro admite que sabe do perigo em deixar os filhos sozinhos. Contudo, cobra da prefeitura o atendimento que a filha precisa e tem direito por lei.
"O mais revoltante é saber que tem gente conseguindo vaga porque conhece gente dentro da Secretaria [Municipal] de Educação. Não conheço ninguém lá dentro. então minha filha não vai ter vaga na creche?", questiona. "Não é justo. trabalho o dia inteiro e cuido dos meus filhos sozinha. Não sei mais a quem recorrer", desabafa.
Por meio de nota, a assessoria de imprensa da Secretaria Municipal de Educação (SME) informou ao G1 que o Ministério Público acompanha periodicamente a fila de espera e que há prioridade somente em casos determinados pela Justiça.
Outro caso
No Jardim Caravelas, na região sudoeste da capital, a família da costureira Erica Regina convive com o mesmo problema. Com a renda de R$ 800 por mês, ela não consegue pagar uma creche para as filhas. Por isso, no período de férias, as meninas de oito e nove anos é que cuidam das irmãs menores, de dois e quatro.
Antes de sair de casa, a mãe prepara um lanche e coloca em cima da mesa. Porém, na hora do almoço, são as meninas que têm de mexer no fogão. “Fico preocupada. Comprei celular para elas e ligo toda hora. Trabalho longe e não sei se pode acontecer alguma coisa. Para mim, é difícil", diz Erica.
De acordo com a diretora de administração escolar da Secretaria Municipal de Saúde, Clarismene Paula Domingos, até o final do mandato da atual prefeitura, em 2016, a previsão é de que pelo menos 81 Cmeis devem ser construídos na capital.
Segundo ela, cinco unidades já deveriam estar prontas, mas as obras atrasaram porque a empresa vencedora da licitação, em 2010, não concluiu as obras, pois decretou falência, abandonando o trabalho. Os centros agora devem ficar prontos no final do mês de setembro deste ano.
G1
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