Os primeiros testemunhos entre as 600 crianças e jovens encontrados em um internato do México
confirmam as denúncias sobre maus-tratos, abusos sexuais e cárcere
privado cometidos no local, situado na cidade de Zamora, estado de
Michoacán, informou nesta quarta-feira (15) a promotoria.
Um dia após a operação policial, a promotoria divulgou detalhes dos
relatos de 12 jovens vítimas de abusos no orfanato "A Grande Família".
Os testemunhos narram agressões físicas, castigos em um cubículo sem
água ou comida, alimentos podres e com baratas e abuso sexual, revelou à
imprensa Tomás Zerón, diretor da agência de investigação criminal da
promotoria.
Algumas crianças revelaram que foram forçadas a fazer sexo oral por
maiores não identificados, e um relato cita um funcionário do orfanato
que "pagou por atos sexuais" com um menor, disse Zerón.
Uma jovem com mais de 18 anos disse que foi mantida contra sua vontade
no orfanato para ser abusada sexualmente por um dos administradores que,
quando soube que ela estava grávida, a agrediu para "provocar um
aborto", revelou o funcionário.
Fernando Román, um jovem que viveu durante 11 anos no orfanato, disse à
AFP que sofreu severos castigos durante sua permanência no local, mas
estimou que há exagero em certas acusações.
"Se você se comportasse, tudo ia bem", mas o roubo de sapatos novos era
punido com "três dias sem comer" e a tentativa de fuga, "com uma semana
preso no banheiro sem alimentos".
Nesta quarta-feira, a promotoria revisou o número de crianças e jovens
encontrados na véspera no internato: 607; sendo 438 menores e 159
maiores, além de 10 indivíduos cuja idade não pode ser determinada
devido ao "alto grau de desnutrição", precisou Rodrigo Archundia,
titular da vice-promotoria especializada no crime organizado.
As forças federais foram ao orfanato, que funcionava há 40 anos no
município de Zamora, após a denúncia de cinco pessoas de que o
estabelecimento retinha crianças à força.
Na operação, que teve o apoio do Exército, as autoridades encontraram
crianças sequestradas, adultos com idades entre 18 e 40 anos privados de
sua liberdade e menores de idade - entre eles bebês de entre dois meses
e três anos - que viviam em condições de abuso e insalubridade.
G1
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