32 crianças de até 5 anos morreram por causa de choques elétricos no país em 2015, segundo levantamento da Abracopel
Por Juliana Malacarne - atualizada em 30/03/2016 16h26
A curiosidade indiscriminada das crianças pode levá-las a algumas situações perigosas principalmente perto de objetos relacionados à eletricidade como fios, cabos e tomadas. Em 2015, 32 crianças brasileiras de 0 a 5 anos foram vítimas fatais de acidentes envolvendo eletricidade, de acordo com um levantamento da Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade (Abracopel).
O número representa um aumento de mais de 50% em relação a 2014, quando 20 mortes por choque elétrico nessa faixa etária foram registradas. No geral, porém, os acidentes fatais ligados a eletricidade diminuíram. Em 2014, foram 627 e em 2015, 590, o que ressalta a necessidade de voltar a atenção para a prevenção com as crianças.
Perigo dentro de casa
Dos 32 acidentes fatais com crianças de até 5 anos, 28 aconteceram no ambiente doméstico e apenas 4 na rua, com a criança entrando em contato com fio partido ou poste energizado. Dentro de casa, os maiores perigos são tomadas sem proteção, fios desencapados e, benjamins (Ts).
Para o engenheiro eletricista Hilton Moreno, consultor do Programa Casa Segura e do Procobre, uma das melhores maneiras de proteger os pequenos contra choques elétricos é explicar a eles sobre os riscos da eletricidade e garantir que a casa seja um ambiente seguro. “Os pais devem estar atentos para não colocar coisas atraentes para crianças, como cestas de brinquedos, perto de tomadas”, afirma. “Além disso, vale comprar aqueles protetores de plástico e instalar um DR, Dispositivo Diferencial Residual, no quadro de eletricidade”.
O DR é um dispositivo de instalação obrigatório, segundo normas da ABNT, que desliga a energia em 20 milissegundos quando é detectada uma corrente de fuga à terra, uma espécie de "vazamento" da corrente elétrica. Dessa maneira, é possível evitar que a tomada dê choques elétricos capazes de provocar paralisia ou queimaduras.
Cuidado com os fios
Os pais também devem ficar atentos aos fios, pois, além de apresentarem perigo de enforcamento, podem dar choques. “Quando o fio fica exposto, como no caso de uma extensão, ou gambiarra, ele vai se desgastando com o tempo”, explica Hilton. “É como um cano de água que vai ficando cheio de furinhos, só que, em vez de escapar água, escapa eletricidade. Por isso, é sempre importante manter os fios fora do alcance de crianças, que podem até mordê-los”.
Outra recomendação de Hilton é tirar da tomada todos os aparelhos eletrônicos em caso de tempestade, já que eles podem sofrer sobrecarga. Dependendo da descarga elétrica, os objetos podem até explodir e provocar incêndios, que também são causa de fatalidades. Em 2015, 174 incêndios domésticos relacionados a eletricidade (curto circuito, aquecimento dos fios, etc) foram registrados e fizeram 31 vítimas fatais, de acordo com dados da Abracopel.
Nos incêndios domésticos, o benjamim é um dos principais vilões. Ele permite que vários aparelhos funcionem na mesma tomada, mas pode aquecer a ponto de iniciar um incêndio quando utilizado de forma incorreta. De acordo com o engenheiro eletricista, os benjamins foram feitos para serem usados em eletrônicos, nunca em eletrodomésticos como o chuveiro, a geladeira e o fogão, que têm uma grande demanda de energia.
“Uma boa maneira de perceber se o benjamim não está sobrecarregado é colocar a mão sobre ele quando os aparelhos estiverem em funcionamento”, afirma Hilton. “Se você conseguir ficar com a mão ali por um período indeterminado, tudo bem. Agora, se estiver tão quente a ponto de você só conseguir mantê-la por alguns instantes, é sinal de sobrecarga, e os aparelhos devem ser desligados imediatamente”.
Primeiros socorros
Se mesmo depois de tomar todas as precauções, algum membro da família tomar um choque, a primeira providência é correr até o quadro geral e desligar a energia da casa. Se não for possível, interrompa o contato da vítima com a corrente elétrica usando algum material isolante como um pedaço de pau ou um chinelo de borracha.
O pediatra Renato Mikio Moriya, membro do Departamento Científico de Segurança da Sociedade Brasileira de Pediatria, ressalta que a primeira atitude deve ser ligar para um serviço de emergência, mas, enquanto ele não chega, existem alguns primeiros socorros que podem ser executados. “Se você perceber que alguma parte do corpo da vítima tem queimaduras resfrie somente com água fria abundante e panos molhados”, afirma.
Caso a pessoa esteja inconsciente, aproxime o ouvido da boca dela e observe o movimento do tórax. Verifique também se ela teve parada cardíaca, sentindo a pulsação nos punhos, pescoço ou virilha. Nos casos, em que não há pulso, se possível, faça manobras de ressuscitação cardiopulmonar, compostas por ciclos de 30 compressões cardíacas e duas respirações, até a chegada do socorro.
Fonte: Crescer
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