quarta-feira, 2 de maio de 2012

‘A batalha continua’, diz pai de bebê que nasceu com 360 gramas


Após cinco meses internada, Carolina já está em casa, em BH.
Ela deixou o hospital com 47,5 centímetros e 3,365 quilos


Na porta de casa, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, uma faixa dava as boas-vindas à pequena Carolina Terzis, que deixou o hospital nesta quarta-feira (2) após cinco meses de internação, mas ainda respira com ajuda de aparelhos. De acordo com o pai da criança que nasceu com apenas 360 gramas, Thiago Fernandes Parreiras, com a alta da filha, começa uma segunda fase. “A batalha continua. Vencemos essa primeira etapa de sair com ela do hospital, e agora vamos vencer essa outra batalha. A gente vai trabalhar com todo amor e carinho pra ela poder ficar tranquila”.

No momento em que o G1 esteve na casa da família, Carolina passava por uma consulta médica, algo que a partir de agora fará parte do cotidiano da garotinha. No período da noite, os pais contarão com a ajuda do mesmo técnico em enfermagem que acompanhou Carolina durante todo tempo que ela esteve no hospital. “Ele passou com ela, tudo que a gente passou”, disse o pai.

Outro ponto importante, segundo o Thiago, foi o apoio que a família deu. “Houve uma união da família, que fortaleceu os vínculos. Toda essa batalha foi vencida com calma e muita gente ao nosso redor dando força”, finalizou o pai, que no momento contava com o auxílio dos familiares.

História rara na medicina
A história de Carolina é rara na medicina, segundo o chefe do Centro de Terapia Intensiva (CTI) Pediátrico e Neonatal do Hospital Vila da Serra, Marcus Jannuzzi. "Casos de crianças que nascem com menos de 400 gramas e que sobrevivem é uma exceção, uma raridade. Estas crianças podem ter lesões cerebrais, problemas no canal arterial, infecções e problemas na retina. No mundo, há registros de 138 crianças que nasceram abaixo de 400 gramas", falou Jannuzzi.

"Carolina é a criança nascida no Brasil com menor peso [360 gramas]", disse Oswaldo Trindade, outro especialista que acompanhou a recuperação da criança. O médico é coordenador da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do hospital.

Jannuzzi explicou que 60% das crianças que nascem abaixo de 500 gramas têm probabilidade de ter sequelas, como distúrbios cognitivos. Nos próximo meses, Carolina vai precisar passar por avaliações de um neuropediatra e de um fisioterapeuta, segundo o médico, que preferiu não dar detalhes sobre os tratamentos e manteve reserva sobre o risco de possíveis sequelas.

De acordo com a equipe médica, Carolina ficou internada todo este tempo porque precisava respirar com a ajuda de aparelhos, recebia nutrição por sonda e via venosa e, apesar de os órgãos estarem totalmente formados, eles não tinham condições de funcionar normalmente. Por enquanto, ela ainda vai usar aparelho para auxiliar na respiração.

G1

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