Foto de outubro mostra fogos durante show da banda de Kiko na Kiss Foto: Arquivo Pessoal / Arquivo Pessoal
Advogado de Kiko diz que material usado pelos músicos era "seguro"
Em 27 de outubro de 2012, um sábado, os mais de mil jovens que participavam da festa dos 500 Dias da Medicina na boate Kiss, em Santa Maria, levaram um grande susto. Um dos sócios da boate, o empresário e roqueiro Elissandro Spohr, o Kiko, gravava um videoclipe da sua banda, Projeto Pantana, quando fogos jorraram do chão rumo à espuma do isolamento acústico do teto. Foram três jatos de fogo.
Três meses depois, em 27 de janeiro de 2013, uma madrugada de domingo, a banda Gurizada Fandangueira fez um show pirotécnico na Kiss que resultou em 238 mortes, um episódio que entrou para a galeria das grandes tragédias do mundo.
Kiko está preso. E a foto da apresentação da banda Projeto Pantana é parte do volumoso inquérito policial que apura as responsabilidades pela morte dos 238 jovens, a maioria universitários.
— Lembro que na hora que o fogo começou houve um princípio de pânico nas pessoas, principalmente entre aquelas que estavam perto da porta. Houve gritaria entre os que estavam na fila, próximo à porta de entrada — relatou Vanessa Vasconcellos, que, na época, era relações públicas da boate.
Ela lembra que logo após o disparo dos fogos, o ar da boate ficou com um cheiro forte, que irritou a garganta de muitas pessoas. Para acalmar a multidão, Kiko gritou, no microfone, que estava tudo sob controle.
Testemunhas garantem que, nos meses seguintes a outubro, o uso de pirotecnias na apresentação das bandas tornou-se comum na boate. Inclusive pela Gurizada Fandangueira, como lembrou Érico Paulus Garcia, que era barman da Kiss, durante uma conversa com Zero Hora, na semana passada.
Em uma entrevista para o Fantástico, da Rede Globo, Kiko disse que desconhecia que a banda iria usar os fogos de artifício. A foto de outubro, em que a banda do empresário aparece usando os fogos na Kiss, e os depoimentos de funcionários no inquérito policial mostram que, nos meses que antecederam a tragédia, havia se tornado uma rotina na boate este tipo de apresentação.
O advogado que defende Kiko, Jader Marques, confirmou que a foto foi tirada durante as gravações do clipe da banda, mas diz que não se tratava de uma festa aberta ao público:
— Tudo foi feito à tarde, fora do horário de funcionamento da boate. Não havia clientes no local. Eram só convidados e amigos. Não era o mesmo material usado pelo músico da Gurizada Fandangueira. Era um material seguro.
A relações públicas, porém, garante que o show foi realizado em um dia normal de festa na boate, por volta da 1h30min da madrugada.
Zero Hora
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