Alugada pela prefeitura, moradia abrigará José e sua família por período mínimo de seis meses
Às oito e trinta desta gelada sexta-feira, o sonho de José Luiz Camboim Moni, que quer ser médico, ganhou novos contornos de realidade. Quando o caminhão alugado pela prefeitura de Esteio estacionou em frente a sua moradia, debaixo da ponte na BR-116, ele, a mãe Tatiana e os irmãos Jorge, 11 anos, e Matheus, 13, já esperavam ansiosos pelo início da mudança.
Após ter sua história contada pela repórter Kamila Almeida e o fotógrafo Tadeu Vilani , uma rede de solidariedade foi formada para impulsionar o estudante, de 15 anos, a aproximar-se do ideal. A prefeitura decidiu doar o aluguel de uma casa, com água e luz, até a família ter condições de comprar a própria habitação.
De pé desde às 6h30min, José e a mãe haviam empacotado quase todos os pertences quando o carregamento começou. Alguns itens que restavam avulsos, Tatiana fazia questão de recolher depressa.
—Vamos gurizada, ajudem! Não vamos deixar o caminhão esperando— gritava, animada, a mãe.
Uma força tarefa de voluntários ajudou no transporte dos objetos pessoais para dentro do caminhão. Em um espaço de quase 40 metros quadrados, eles tinham parte do que uma família precisa para sobreviver: colchão, duas televisões, videogame, jogos, bicicletas, máquina de lavar, cobertas, roupas, alimentos, mesa e, o mais importante, livros. Muitos livros.
— Cuidado, não vai deixar cair na água — dizia José, atento a acomodação do material em uma caixa de papelão.
No lugar onde vai residir a partir de hoje, a família vê um cenário bem diferente do que convivia nos últimos nove meses. O chão úmido de barro foi substituído por um piso de lajota. A rodovia que servia de teto foi trocada por um forro de verdade. Com quatro quartos, banheiro, sala e cozinha amplas, a casa de quase 100 metros quadrados tem churrasqueira, forno à lenha e um pátio repleto de bananeiras, pitangueiras e ameixeiras, onde os irmãos poderão correr a vontade.
De poucas palavras, José expressava no sorriso e nas brincadeiras com o irmão menor a faceirice pela mudança. Perguntado sobre o que faria na casa nova, de pronto respondeu que terá melhores condições de estudar:
— Aqui vou poder ter um computador. Não vou precisar ir mais na lan house — disse, timidamente.
Zero Hora
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