Elisa Pinto de Quadros Sanzi estava presa desde o dia 12 de julho, e foi solta na quinta-feira
RIO - A ideia de buscar asilo político em outro país, estratégia adotada sem sucesso esta semana pela advogada Eloísa Samy, já havia sido cogitada por outra ativista, Elisa Pinto de Quadros Sanzi, a Sininho, como mostram escutas telefônicas feitas com autorização da Justiça na Operação Firewall. Numa conversa em 24 de junho com um outro ativista, identificado como Igor, Sininho demostra medo de ser presa ou assassinada por policiais e fala da ideia de ir para a Inglaterra. Ela ressalta o impacto político positivo da iniciativa:
"Estou pensando em ir para a Inglaterra com o Mohamed para fazer as denúncias sobre o que está acontecendo aqui. Ia ser um processo de caos agora, eu me exilar depois da Copa e antes das eleições. Mas os advogados de São Paulo e daqui (de Porto Alegre) não estão concordando com isso".
Igor demonstra não concordar com a ideia, mas Sininho insiste:
"Exílio, querendo ou não, tem um poder político muito forte. Imagina a pessoa ser exilada agora, seria um poder político forte se eu fizesse isso, se tivesse uma boa campanha internacional. Porque essa perseguição que eu estou vivendo não vai acabar. ... O que quer esse inquérito? Ele vai até onde? Minha vida está virando um inferno, não estou conseguindo trabalhar... É ameaça em cima de ameaça: ameaça de milícia, ameaça de polícia... Se eu não for assassinada por um policial, eu vou ser presa, e aí?"
A conversa segue com o ativista defendendo a ideia de que ela continue no Brasil. Igor ironiza:
"E você sozinha vai denunciar o Estado brasileiro?"
Sininho demonstra irritação na resposta:
"Ah, por favor! Não vou ser eu sozinha. Assim você me tira de idiota. Eu sozinha vou denunciar o estado brasileiro? Realmente, um país democrático, antes das eleições, uma pessoa que está em foco nacional e internacional se exila. Você acha realmente que isso vai passar supertranquilo? Ah, ‘é como se ela estivesse indo na padaria’? Óbvio que não, isso vai ter um apelo!... Vai ser forte, vai dar para usar isso em nosso favor".
No fim da conversa, Sininho reforça sua preocupação com a própria segurança:
"Os caras matam juíza, cara! O que eu sou perante a uma juíza? Eu sou uma merda, um cocozinho! Vou ficar em cana a minha vida ate que ponto? Será que não dá para fazer mais coisa num lugar seguro? Até que ponto vou arriscar minha vida?"
O Globo
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