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sábado, 13 de setembro de 2014
A vacinação contra HPV é segura?
Eu fiquei muito preocupada quando ouvi a notícia sobre as alunas da escola de Bertioga que foram internadas no hospital por causa de sintomas como a perda de movimentos e sensibilidade das pernas causados, supostamente, pela vacina contra o HPV.
Para quem ainda não sabe, desde março, a vacina contra o HPV passou a ser distribuída gratuitamente pelo SUS para meninas entre 11 e 13 anos e a segunda fase da campanha começou no dia 1o de setembro. Obviamente, minha primeira reação ao saber do acontecido foi querer saber sobre as meninas. Mas, depois, o impacto que uma notícia como essa pode causar na população ocupou os meus pensamentos como educadora sexual. Fui saber o que as pessoas estavam pensando.
Não deu outra! Como diz o ditado, notícia ruim chega logo. São inúmeros os sites, blogs e canais de notícias que divulgaram o acontecido, e os comentários são exatamente aqueles que eu suspeitava: “e agora, devo vacinar minha filha?”
As escolas serão bastante questionadas por muitos pais até que se esclareça de fato o que aconteceu com a essas garotas. Procurei me assessorar com médicos ginecologistas, neurologistas e imunologistas, e todos foram unânimes: não há nenhum motivo para pânico ou medo de vacinar as meninas.
Segundo a Folha de S. Paulo, a Secretaria Estadual de Saúde está acompanhando de perto os casos das 11 jovens e já descartou qualquer problema com o lote de vacinas utilizado em Bertioga. De acordo com a responsável pelo setor de Imunizações da Secretaria, Helena Sato, a vacinação contra o HPV vai continuar em todo o estado. Ela disse que não há nenhuma associação dos sintomas apresentados pelas adolescentes de Bertioga com a aplicação da vacina, uma vez que o mesmo lote, composto por 320 mil doses, vem sendo aplicado desde o início do mês em estudantes de todo o estado de São Paulo.
O suporte do educador
Quando se fala na prevenção de doenças como hipertensão ou diabetes, as pessoas conversam, buscam informações, trocam receitas de comidas saudáveis, dão dicas de formas de se exercitarem etc. Mas quando a doença está ligada ao sexo, geralmente não há diálogo, há julgamento. A vacinação gratuita contra HPV é uma grande conquista e é triste vê-la posta em risco.
A aids, por exemplo, foi descoberta nos anos 80 e até hoje há quem julgue que ensinar os jovens a se prevenir contra essa doença incurável é incentivá-los a ter relações sexuais. Isso é negar o benefício da informação. O conhecimento é uma das maiores virtudes para evitar os riscos a que todos nós estamos sujeitos na vida sexual. Ah! Como eu ficarei feliz no dia em que me defrontar com amigos trocando receitas de como colocar a camisinha de um jeito mais prazeroso ou dando dicas de práticas sexuais que evitam a possibilidade de infecção… Imaginem que atitude saudável a família dar camisinhas de lembrancinha do aniversário!!! Uma verdadeira festa para os meus olhos!
A vacina contra o HPV está por um triz de cair no conceito popular como algo nocivo. Nós, educadores, temos a obrigação de não deixar que isso aconteça! Como disse, a vacina contra o HPV (papiloma vírus humano) foi uma grande conquista para a prevenção dessa doença, que é uma das principais responsáveis pelos casos de câncer de colo do útero, um tumor frequente na população feminina e a segunda causa de morte de mulheres por câncer no Brasil.
Conseguimos incluir a vacina no calendário nacional de imunizações, mas é preciso continuar falando sobre ela. Não ignore o assunto em sua escola, ao contrário! Converse com os pais e com seus alunos. Traga o tema à tona, perguntando suas opiniões e esclarecendo as dúvidas que aparecerem.
Nova Escola
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