sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Imagens e colagens : visão da infância


Me chamo Roseny Luiza Moro , sou pós graduada em educação infantil e alfabetização e atuo a 14 anos como professora na Creche Municipal D. Tunica em São Félix do Araguaia.

Iniciei a atividade com relação ao trabalho infantil cheia de duvidas se conseguiria atingir o objetivo proposto inicialmente junto aos alunos que era deles compreenderem os males que o trabalho infantil provoca no individuo, uma vez serem crianças pequenas situadas na faixa etária entre 05 e 06 anos de idade. Não vou dizer aqui que foi fácil, que foi rápido; na verdade demandou bastante tempo, mudanças de abordagens, paciência. Contudo os resultados foram bastante satisfatórios e confesso que muito me surpreenderam.

Como toda criança gosta de assistir a desenhos, optei por trabalhar em sala de aula o vídeo Vida Maria, para a partir dele começar a debater com a turma seus conceitos sobre trabalho infantil. O tempo todo, durante o debate que estabelecemos , fui provocando-os com perguntas como: O que a menina do filme gostava de fazer? O que a mãe dela fez com ela? O que aconteceu com aquela menina? Como ela estava quando desenhava as letras e como ela ficou com o passar do tempo? Diante dessas e outras provocações os alunos colocaram respostas surpreendentes. Uma das crianças disse que a mãe era muito triste e que a menina também ficou triste. Explorei esta questão ao máximo e eles disseram que a menina mesmo trabalhando quando criança sonhava em estudar, mas depois ficou triste igual a mãe dela. Questionei então: se ela tivesse estudado ela teria ficado triste?

Eles responderam que não e pra minha surpresa disseram que não ia ficar tão triste com o futuro de seus filhos. Nesse momento levantei a seguinte questão: Isso que a gente viu no filme é trabalho infantil? E prontamente responderam que sim. Perguntei ainda se sabiam de algum caso assim e, uma das crianças respondeu: Uai, professora tá sempre passando na televisão. Perguntei então o que eles achavam que faltava para estas crianças e disseram que era estudar, para quando crescer ter um serviço melhor do que de sua mãe e de seu pai. Continuando com a provocação quis saber se só faltava estudar, se não estava faltando outras coisa. Eles então responderam : “Não vimos brinquedos”, “a menina andava descalça”, faltou comida” , “a mãe dela só brigava nunca brincou ou abraçou a menina” .

Depois dessas reflexões , iniciamos uma atividade de colagem . Fizemos 02 cartazes coletivos. Em um cartaz pedi que procurassem e recortassem figuras ou fotos de pessoas tristes e no outro de pessoas felizes. No cartaz da tristeza apareceram adultos puxando aqueles carrinhos de reciclagem, crianças trabalhando na lavoura de cana, puxando agua do poço, pedindo nos faróis, etc. e no cartaz da alegria apareceram crianças fazendo piqueniques com seus pais, estudando, na frente de computadores, correndo com animais etc.

Com este resultado foi fácil perceber que as crianças mesmo em uma idade tão tenra já sabem o que é melhor para elas e o que trará contentamento e satisfação quando forem pessoas adultas e, mesmo que não saibam pontuar verbalmente os males que o trabalho infantil provoca elas apontam de uma maneira bastante poética qual a consequência que uma pessoa levará para a vida toda.

promenino

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