Régis inácio surpreende os veranistas com a ideia que adota desde o último verão
A boa ideia de Régis custou a ele menos de R$ 2. Pode ser mais barata do que um milho ou do que um coco. Mas não importa o comparativo que seja feito. Em qualquer situação, é como se os 20 cestos de lixo, adquiridos pelo comerciante a R$ 1,99 cada, espalhados pela praia, não tivessem preço.
Desde o último verão, Régis Inácio, 30 anos, surpreende os veranistas que frequentam a área em frente ao seu quiosque na orla de Capão da Canoa. Tudo começa com uma boa varrida na areia no início da manhã e se encerra com lixeiras forradas à noite. Nenhum canudo, nenhuma espiga e nenhuma lata no chão.
— Percebo que os veranistas têm preguiça de levar os resíduos até as lixeiras perto dos quiosques. Então, para não terem desculpa, espalhei esse monte de cestos na praia. Assim ela fica mais limpa — explica o comerciante, como quem não dá grande valor à própria iniciativa.
Só que quem recebe a praia do jeito que ela deveria sempre estar — limpa — reconhece que a atitude, apesar de simples, gera uma onda de respeito à natureza que se propaga com intensidade.
— É como se cada cesto desses intimidasse os mais relapsos. Sentada aqui, é possível ver que o pessoal se levanta, dá dois passos e deposita os restos no local adequado. Essa iniciativa educa, e a lição aprendida volta para a casa com os veranistas — acredita Nádia Bassegio, 40 anos, professora em Lajeado.
Os despejos acumulados nas pequenas lixeiras são recolhidos, três vezes ao dia, e separados pelos garçons em reservatórios que levam as inscrições: lata, coco e orgânico. Durante a noite, a coleta seletiva passa, leva o conteúdo e a orla está preparada mais uma vez para as delícias praianas. Os funcionários de Régis poderiam achar que é trabalho a mais e se queixar da nova responsabilidade que assumiram. Mas nenhum dos 10 atendentes reclama. Muito pelo contrário.
— No final do verão o seu Marino (pai do Régis) pega a grana acumulada com a venda das latinhas e faz um baita churrasco para a galera que trabalha aqui. É para comemorar a temporada e a praia limpa — vibra o atendente Andrei Matos, 19 anos.
A prática do quiosqueiro, que vai além das responsabilidades previstas no momento em que recebeu a autorização ambiental da prefeitura, torna-se exemplo a ser seguido por todos os veranistas e demais comerciantes que se espalham pelas praias gaúchas. E o argumento é simples:
— Não dá para só tirar proveito da natureza. Nós, quiosqueiros, ganhamos a vida nessa areia e nesse mar. Quem vem de férias, também relaxa e aproveita as belezas daqui. Então, o mínimo que podemos fazer é preservar a praia. Assim, no próximo verão, ela estará nos acolhendo mais uma vez — conclui Régis.
Zero Hora
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