terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Especialista defende internação “à força” para viciados da Cracolândia


Para Marcelo Ribeiro, grávidas e pessoas com problemas psicológicos devem ser recolhidos

A megaoperação na Cracolândia, região central da capital paulista, que acaba de completar uma semana não tem previsão para acabar e deve passar por várias fases, segundo a Polícia Militar. Na segunda delas, que abrange o tratamento médico e assistencial, a polícia afirmou que poderá haver a internação compulsória de alguns usuários, caso seja necessário. Ouvidos pela reportagem do R7, especialistas disseram concordar com essa medida.

Para Marcelo Ribeiro, doutor em Ciência pelo Departamento de Psiquiatria da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), a internação compulsória [quando não é por espontânea vontade] é válida em alguns casos de vício de drogas, principalmente do crack. Segundo Ribeiro, recolher o usuário da droga “é uma alternativa e deve fazer parte de um menu de opções para ajudar”.

- Em casos onde há um descontrole muito grande, quando a pessoa está tentando parar e não consegue, se está em risco, ou coloca os outros em risco, como os menores de idade, que estão em fase de desenvolvimento e estão se expondo [acho válida a internação].

Apesar de acreditar na internação compulsória como uma alternativa para o dependente químico, Ribeiro diz que ela deve ser de curta duração.

- A internação involuntária deve ser de curta duração. Ela é o momento para tirar do olho do furacão. Eu acho que, nesse sentido, os menores de idade, as grávidas e aquelas pessoas que estão passando por momentos de altíssima exposição, ou que têm uma doença mental associada, que estão perambulando na rua, são candidatas [à internação compulsória].

Abstinência

Ribeiro acredita que é possível tratar o usuário de crack. Segundo o especialista, o primeiro passo para o tratamento é responder a questões e entender o nível da estrutura psicológica do dependente, há quando tempo ele usa a droga, qual a gravidade e, principalmente, qual foi o impacto do crack na vida dele.

- Isso vai junto com uma proposta de garantir uma abstinência, oferecer abordagens sociais capazes de reestruturar a pessoa. Além da necessidade de interromper o uso, eles precisam de reestruturação.

Tratamento

Ângelo José Celante, coordenador do Departamento de Dependência Química da Clínica de Reabilitação Maia Prime, da unidade em Taboão da Serra, na Grande São Paulo, diz que o tratamento para dependentes químicos engloba o trabalho, simultaneamente, de psicólogos e parentes.

- Seria algo como aceitar a doença, entender que ela é crônica, progressiva e fatal, e depois rever seu comportamento. E, o mais importante, é frequentar um grupo, com o lema “Só por hoje”. O lema é vencer o dia a dia.

Celante conta que o tempo de internação varia de acordo com o dependente químico, mas que ele precisa ficar sob os cuidados de especialistas por pelo menos 90 dias. Atualmente, 110 pessoas estão internadas na unidade. No local, são atendidos adolescentes, adultos e idosos.

Cracolândia

Há sete dias, a Polícia Militar faz uma operação na Cracolândia, área na região central de São Paulo conhecida pelo alto consumo de crack. Esta é a primeira fase de um projeto de recuperação dos usuários que se instalaram no centro. Ela deverá ser seguida pela atuação de agentes sociais e de saúde. O objetivo é combater o tráfico de drogas na região, diminuir a criminalidade e recuperar as áreas degradadas. Não há previsão para que a operação acabe.

A prefeitura promete ainda construir um centro para tratamento e alojamento de usuários de drogas, localizado na rua Prates.

R7

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