sábado, 25 de fevereiro de 2012

Eliana Tranchesi, empresária que comandou a Daslu, morre em São Paulo


Um dos principais nomes do mercado de luxo brasileiro, ela lutava contra um câncer. Após condenação envolvendo um esquema de sonegação de imposto, a Daslu acabou falindo, e a marca foi vendida no ano passado

A empresária Eliana Maria Piva de Albuquerque Tranchesi morreu na madrugada desta sexta-feira (24), aos 55 anos. Conforme informou a coluna de Bruno Astuto, ela estava internada no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, e foi vítima de complicações causadas por um câncer. O enterro ocorreu na tarde desta sexta-feira, no Cemitério do Morumbi.

A empresária, que comandou por muitos anos a Daslu - butique multimarcas que abrigou um dia as grifes mais luxuosas do mundo em um portentoso prédio neoclássico na Marginal Pinheiros, em São Paulo -, lutava contra o câncer há seis anos. Em agosto de 2006 ela passou por uma cirurgia para retirar um tumor do pulmão. Três anos depois, descobriu que a doença voltara. A Daslu, ícone do consumo no país, foi fundado pela mãe de Eliana, Lucia Piva, há 53 anos.

Eliana descobriu a doença meses depois de estourar a Operação Narciso, da Polícia Federal. Os investigadores descobriram o mecanismo usado pela Daslu para subfaturar produtos de grife vindos do exterior. Numa das cargas apreendidas, a Receita Federal encontrou camisas de seda pura e sapatos de couro da italiana Gucci com valores declarados de R$ 12 e US$ 3,95 (cerca de R$ 9), respectivamente. As peças custam cerca de R$ 2 mil. Com a manobra, o valor dos impostos se tornava irrisório. O rombo detectado pela Receita, somado aos juros e multas, chegava perto de R$ 1 bilhão. Em 2005, ela foi detida pela primeira vez e passou 12 horas na delegacia prestando esclarecimentos.

As investigações desencadeadas pela Operação Narciso levaram à condenação da empresária, em 2009, a 94 anos e seis meses de prisão pelos crimes de formação de quadrilha, fraude em importações e falsificação de documentos. A sentença proferida pela juíza da 2ª Vara Federal de Guarulhos, Maria Isabel do Prado, também condenou o irmão de Eliana, Antonio Carlos Piva de Albuquerque, diretor financeiro da Daslu na época dos fatos, e Celso de Lima, dono da maior das importadoras envolvidas com as fraudes, a Multimport. A juíza determinou a prisão dos três, que, posteriormente, conseguiram habeas corpus. Eliana aguardava a decisão sobre um recurso para anular do julgamento.

Com o escândalo de sonegação de impostos, a Daslu perdeu muitos clientes e entrou em dificuldades financeiras. No ano passado, a marca acabou sendo comprada.

Época

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