sábado, 17 de março de 2012

Cinco brasileiros são presos na Espanha por exploração sexual


Uma das quadrilhas aliciava mulheres pobres brasileiras

MADRI - Cinco brasileiros que participavam de rede de de exploração sexual de mulheres foram presos na Espanha. Os criminosos atuavam em Navarra, Madri e Andaluzia. No total, a polícia espanhola prendeu 22 pessoas e indiciou oito, com idades entre 23 e 59 anos, em operação que desarticulou as três quadrilhas.

As máfias se dedicavam a prostituição, tráfico de mulheres e de drogas e aos casamentos de conveniência. Em Navarra, a operação chamada de “Arrieros” começou em junho de 2011, quando, durante uma inspeção rotineira da polícia a um clube de prostituição, uma das garotas de programa denunciou o que ela vinha sofrendo desde 2009, quando chegou à Espanha. A máfia, com uma organização hierarquizada, estava dividida entre os que captavam mulheres pobres no Brasil e na República Dominicana, com falsas promessas de trabalho; os que compravam as passagens de avião - sempre voos com várias escalas-; e os que se encarregavam dos trâmites de documentos. Além de cinco brasileiros, foram detidos três dominicanos e cinco espanhóis.

A organização proporcionava às mulheres a quantia suficiente de dinheiro para que pudessem mostrar no aeroporto, ao desembarcar na Espanha, dizendo que viajavam a turismo. Os traficantes davam, para as mulheres, um endereço falso, em Zaragoza (Aragão). Ao não encontrar nada, elas ligavam para seu contato na Espanha, e marcavam de se encontrar. Eram levadas, então, a um apartamento, onde ficavam sabendo da dívida que haviam contraído e que deveriam saldá-la prostituindo-se.

A partir desse momento, passavam a trabalhar em boates de Navarra, no norte da Espanha, durante mais de 12 horas seguidas, fazendo apenas uma refeição por dia. Se não cumprissem as estritas regras, eram multadas. A máfia, visando maiores rendimentos, também arranjava casamentos de conveniência - para que as vítimas não tivessem o risco de serem deportadas - entre as prostitutas e espanhóis, aos quais pagavam 1.500 euros.

Durante a operação, foi encontrado, também, um laboratório para adulterar, embalar e distribuir drogas, além de terem sido confiscados 250 gramas de cocaína, documentos, computadores, e 11 mil euros.

Trancadas em boate sem energia elétrica

Em Navalcarnero, a 31 quilômetros de Madri, em outra operação policial, desta vez apelidada de “Zen”, foram descobertas mulheres que eram ameaçadas, coagidas, insultadas e agredidas pelos donos de uma boate, onde cerca de 30 prostitutas - entre elas, brasileiras - eram confinadas. O casal detido - um espanhol de 42 anos e uma dominicana de 25, conhecida como ‘Mami’-, quando ia embora do clube noturno, às 5h da madrugada, fechava as mulheres em seus quartos e desligava a corrente elétrica, bloqueando as portas, já que só podiam ser abertas com cartões eletrônicos. As mulheres não viam a cor do dinheiro dos programas, já que ‘Mami’ confiscava tudo, como estratégia para que continuassem trabalhando para o casal. O filho do espanhol detido foi indiciado, por suposta participação.

Obrigadas a prostituir-se 24 horas por dia

Já em Estepona e em San Pedro de Alcántara, cidades da província de Málaga, na Andaluzia, houve sete detidos, todos espanhóis, por tráfico de pessoas, exploração sexual e tráfico de drogas, como consequência de uma investigação policial iniciada há um mês. Neste caso, muitas das mulheres sabiam que se prostituiriam - ligavam, como resposta a anúncios, e eram entrevistadas pessoalmente - mas não sabiam as condições. Brasileiras, chilenas, nicaraguenses, paraguaias e espanholas eram forçadas a trabalhar 24 horas seguidas, durante períodos de 21 dias. Elas eram obrigadas a dormir vestidas, porque a qualquer momento, atendendo a demanda dos clientes, eram acordadas para serví-los. As prostitutas recebiam, semanalmente, a metade do valor cobrado pelo programa. A outra metade ficava com os donos das boates. O pagamento, às vezes, era feito em cocaína, em vez de dinheiro.

O Globo

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