sábado, 11 de agosto de 2012

Acusados de matar juíza no Rio esperam júri popular um ano após crime

Julgamento de cinco réus deve começar nos próximos meses

Na noite deste sábado (11) faz um ano que a juíza Patrícia Acioli foi assassinada ao chegar em casa, em Niterói, na região metropolitana do Rio de Janeiro. Desde então, sua família, amigos e colegas de magistrado aguardam a condenação dos acusados pela sua morte: 11 policiais militares. Os PMs estão presos, sendo que dois deles estão em uma penitenciária federal. O juiz Peterson Barros Simão, titular da 3ª Vara Criminal e presidente do Tribunal do Júri de Niterói, definiu em dezembro do ano passado que os acusados irão a júri popular, mas, advogados de defesa de seis réus tentam reverter a decisão.

A família da juíza acompanha de perto o processo e aguarda ansiosamente a condenação dos acusados, segundo o primo de Patrícia, Humberto Nascimento Lourival. Ele afirma que a violência do assassinato — a juíza levou 21 tiros — torna mais difícil a para a família superar o trauma.

— Vamos continuar acompanhando o caso na Justiça. Para a mãe da Patrícia é mais complicado, pois ela não quer ficar cara a cara com os assassinos da própria filha. Minha tia ainda está muito abalada, pois Patrícia era uma filha muito presente.

O advogado da família da juíza e assistente do Ministério Público na acusação, Técio Lins e Silva, explica que o processo tem seguido um bom ritmo, considerando que em apenas três meses o juiz do caso decidiu que os policiais vão a júri popular. Nesse período, os 11 réus prestaram depoimento e mais de cem testemunhas foram ouvidas. De acordo com denúncia do Ministério Público, o assassinato seria uma represália às investigações feita pela juíza contra PMs que forjavam autos de resistência – quando há morte em confronto e o policial alega legítima defesa.

— Em dezembro, o juiz pronunciou que os 11 réus iriam ao Tribunal do Júri. Todos recorreram, mas a decisão foi confirmada. Seis, dentre eles o ex-comandante do Batalhão de São Gonçalo e o tenente Daniel Benitez, decidiram apelar novamente, e aguardam o posicionamento do STJ [Superior Tribunal de Justiça]. Enquanto isso, o processo foi desmembrado e cinco réus podem ser julgados ainda em setembro.

Representante do Ministério Público no processo da juíza Patrícia, o promotor Leandro Navega, também afirma que os acusados que não recorreram serão julgados ainda este ano.

— O processo tem andado bem no judiciário, mas por envolver onze réus é preciso respeitar os prazos processuais. Os advogados da defesa que recorreram ao STJ tentam apenas distanciar o crime do júri, mas os jurados de Niterói serão coerentes e justos.

O promotor prefere não adiantar a estratégia da acusação, mas garante que as provas técnicas são incontestáveis. Lins e Silva lembra que a polícia conseguiu imagens que comprovam que Patrícia foi seguida desde o momento que saiu do fórum até em casa, além de ligações telefônicas que mostram o posicionamento dos acusados no dia do crime e a frequente comunicação entre os acusados. Além disso, a acusação vai usar as confissões de dois policiais, apesar de um deles ter voltado atras no seu depoimento, o que não mudará a estratégia da Promotoria. Uma missa em homenagem a magistrada será realizada às 11h deste sábado (11), na Catedral Metropolitana, no centro do capital fluminense. À tarde, a ONG Rio de Paz fará uma manifestação, das 18h às 18h30, na praia de Icaraí, na altura da rua Miguel de Frias, em Niterói. O primo da juíza, que está escrevendo um livro sobre o crime, disse que “a família agradece as homenagens prestadas à Patrícia, mas o prêmio maior é ter os culpados condenados”.

R7

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