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quinta-feira, 27 de setembro de 2012
Recém-nascido achado em mochila foi morto pela mãe, diz delegada
Para polícia, criança que encontrou o recém-nascido morto é irmã dele.
Exame revelou que mãe da menina de 6 anos esteve grávida recentemente.
A delegada titular da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) de Aparecida de Goiânia, Myrian Vidal, divulgou nesta quinta-feira (27) que as investigações sobre o caso de um recém-nascido encontrado morto dentro de uma mochila no Setor Buriti Sereno, em Aparecida de Goiânia, há uma semana, apontam que a criança foi morta pela própria mãe. Esta mulher seria uma moradora da região e também a mãe da menina de 6 anos que encontrou o corpo. Segundo a própria delegada, a suspeita confirma ser a mãe do recém-nascido, mas nega tê-lo matado.
Myrian Vidal explicou que o perito do Instituto Médico Legal (IML) responsável por este caso afirmou que o bebê, do sexo masculino, nasceu vivo e morreu por asfixia. “Provavelmente causada pela utilização de um saco plástico, já que não foi detectada lesão interna”, conta. A conclusão final de que a mãe da menina que encontrou o corpo também era a mãe da vítima ocorreu na quarta-feira (26), quando a mulher se submeteu a uma ultrassonografia.
“O médico que fez o exame confirmou que o útero dela estava dilatado e que ela teria estado grávida e dado à luz recentemente”, diz Myrian. Segundo a delegada, no início, a mulher – que tem 35 anos e já é mãe de sete filhos – negou tudo, mas depois confessou que havia mantido a gravidez em segredo da família e dos amigos.
As investigações preliminares já apontavam que a mãe do recém-nascido seria uma moradora da região. Para confirmar esse dado, várias mulheres da vizinhança foram intimadas a depor. “No dia em que a suspeita se apresentou na delegacia, foi possível perceber que ela caminhava com dificuldade. Também descobrimos que a mochila em que o bebê estava pertencia à filha da suspeita, a menina de 6 anos que encontrou o corpo”, revela a delegada.
Gravidez ocultada
Segundo Myrian Vidal, depois de negar por algum tempo, a suspeita confessou a gravidez secreta. A mãe teria dito ainda que, como o bebê nasceu morto o colocou na mochila e pretendia levá-lo para mais longe, mas não conseguiu se afastar muito de casa.
A suspeita afirmou à polícia que os primeiros sete filhos, com idades entre 19 anos e 6 anos, são frutos de um relacionamento anterior e que esse bebê encontrado morto seria de um ex-namorado. De acordo com a polícia, ela relatou que ficou com vergonha dessa nova gravidez e tentou encontrar o ex para contar. Como não o localizou, escondeu a gestação.
“Ela continua dizendo que a criança nasceu morta, mas o fato de não contar a ninguém, de não fazer enxoval, são indícios que já havia a vontade de matá-lo se o pai não aparecesse”, avalia a delegada. Myran Vidal aponta que a mulher tem entrado em contradição em seus depoimentos. “Embora diga que o bebê nasceu morto, ela também declara que o deixou perto para que outra pessoa o encontrasse e o ajudasse”, revela.
Psicóloga
A mãe do bebê encontrado morto está passando por uma avaliação psicológica que vai atestar se ela estava passando por alguma depressão ou transtorno que a levasse a matar o próprio filho, ou se o crime foi premeditado.
Se a primeira hipótese for confirmada, ela poderá ser indiciada por infanticídio, com pena prevista de até seis anos de reclusão. A segunda alternativa é a de homicídio qualificado, que pode resultar na condenação de até 30 anos de prisão.
Para Myrian Vidal, trata-se de um caso de homicídio qualificado. “Até o momento, as circunstâncias em que a criança foi encontrada e todos os detalhes levam a essa conclusão. Ela fala que a criança já nasceu morta, mas escondeu a gravidez, não fez enxoval ou falou da morte do bebê”, ressalta.
Liberdade
Apesar das opiniões da delegada, a suspeita responderá pela morte do filho em liberdade, pois não houve flagrante e a titular da DPCA não viu necessidade de solicitar à Justiça a prisão da mulher. "Ela tem endereço fixo e não tentou fugir", afirma.
Myrian Vidal afirmou ao G1 que a mulher esteve na delegacia até o início desta tarde, pouco antes das 13h. A delegada disse que o médico que a examinou na quarta confirmou que há restos de placenta no útero da suspeita. Ele recomendou que a mulher retornasse ao hospital para fazer uma curetagem e evitar o surgimento de uma infecção. "A apesar disso, após passar pela psicóloga, ela preferiu ir diretamente para casa. De acordo com o médico, o procedimento deve ser feito ainda nesta semana", diz a delegada.
A menina de 6 anos,que encontrou o corpo do próprio irmão recém-nascido, e os outros filhos da suspeita estão sendo acompanhados pelo Conselho Tutelar.
G1
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