terça-feira, 25 de setembro de 2012

Sindicância apura caso de autista esquecido em centro de reabilitação


Investigação foi aberta pela Prefeitura de Taboão da Serra, na Grande SP.
Família de adolescente diz que ele vai voltar a frequentar unidade.


A Prefeitura de Taboão da Serra, na Grande São Paulo, informou na manhã desta terça-feira (25) que abriu uma sindicância para apurar o caso do adolescente autista que ficou cinco horas preso em um centro de reabilitação social do Jardim Vitória após ter sido esquecido por funcionários na unidade. O centro de reabilitação, que pertence à Secretaria de Assistência Social, atende 126 pessoas entre jovens e adultos.

Segundo o secretário de Comunicação José Ribeiro Junior, duas funcionárias do centro, uma assistente social e uma orientadora responsáveis pelo fechamento da unidade serão ouvidas. “O responsável será penalizado. Existe um funcionário responsável por levar os alunos até a van. Não sei o que aconteceu, existe conferência de entrada e saída”.

De acordo com o secretário, a van não estava quebrada no fim da tarde desta segunda-feira (24), conforme informou a família da vítima, e levou os demais alunos para casa. Ele informou que, na verdade, as vans que são terceirizadas deixaram de funcionar a partir desta terça-feira, devido a uma negociação entre os perueiros que pedem reajuste para a Prefeitura.

O adolescente autista, de 17 anos, continuará frequentando a unidade mesmo depois do ocorrido, segundo a avó do garoto. “Como não conseguimos que ele fosse matriculado em nenhuma escola, [o centro de reabilitação] é um lugar onde ele consegue se distrair com a banda de música e outras atividades. Se ele não for lá, não terá pra onde ir”, disse a dona de casa Aparecida Creuza Geroldi, 68 anos.

Aparecida, que cuida do neto, conta que era o terceiro dia que o jovem frequentava o centro de reabilitação. Foi ela quem recebeu o telefonema dizendo para buscá-lo. “Uma funcionária ligou por volta das 17h50 dizendo que a van tava quebrada. Vinte minutos depois, a mãe dele já estava no centro, mas encontrou tudo fechado”, conta.

Após várias idas ao local, a família tentou falar a diretora da unidade, mas não conseguiu. “Ficamos desesperados, achamos que algo ruim tinha acontecido. Procuramos por ele até no hospital”, desabafa a avó.

Em nota, a Secretaria de Assistência Social de Taboão da Serra, disse que “este foi um fato pontual e que foge do padrão de excelência com que os deficientes são atendidos há mais de 4 anos nesta unidade. As circunstâncias em que aconteceu o incidente estão sendo apuradas com rigor para que os responsáveis sejam identificados e se tome as devidas providências”.

Caso

Após encontrar as portas do centro fechadas e não conseguir falar com nenhum funcionário da unidade, a família do adolescente ligou para a Polícia Militar e para a Guarda Municipal. Dois guardas foram até o centro de reabilitação. Desconfiados de que o adolescente pudesse estar ainda lá dentro, eles pularam o muro.

“Quando o colega ligou a lanterna e o menino percebeu aquele sinal de luz, ele imediatamente abriu a cortina, se apresentou, em estado assim quase de desespero”, disse Glycon José Bernardes Junior, inspetor da Guarda Civil.

A avó conta que o menino, que não consegue falar, ficou sem tomar o remédio. “Ele estava transtornado, chorando, muito nervoso, quando foi encontrado no banheiro”, disse. Durante as horas em que ficou sozinho, o jovem jogou alguns objetos no chão.

A família registrou ocorrência na Delegacia Central de Taboão da Serra. A coordenadora do centro não estava presente no momento da saída.

G1

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