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segunda-feira, 5 de novembro de 2012
Juiz repreende advogada e mãe de Cepollina por abordagem em júri
Magistrado solicitou que Liliane Prinzivalli fizesse perguntas diretas.
Justiça julga Carla Cepollina por morte de coronel Ubiratan Guimarães.
O julgamento da advogada Carla Cepollina, acusada de matar o coronel Ubiratan Guimarães, começou na tarde de segunda-feira (5) com o juiz que preside o júri repreendendo a advogada de defesa, Liliana Prinzivalli, por uma suposta tentativa de influenciar testemunha no interrrogatório. A defensora Liliana é mãe da ré.
O julgamento ocorre desde 16h20, no Fórum Criminal da Barra Funda, na Zona Oeste de São Paulo. A advogada Carla Cepollina é acusada de ter matado o coronel quando ele era seu namorado, em setembro de 2006. Carla sempre negou o crime.
Logo no começo do júri, a defesa de Carla Cepollina dispensou as cinco testemunhas que havia convocado. Com isso, os jurados irão acompanhar apenas os depoimentos de três testemunhas, todas de acusação.
Primeira testemunha
A primeira pessoa a ser ouvida foi a pianista Odete Campos, vizinha do coronel, de 85 anos. Ela contou aos jurados que, no dia do assassinato, ouviu um barulho "estridente", semelhante ao de uma pilha de pratos caindo ou ao de uma pedra jogada na janela.
Entretanto, após ser questionada pelo promotor se era barulho de tiro, ela disse que não se lembrava dos fatos. Ela afirmou se recordar que o barulho teria ocorrido à noite, quando ela assistia a uma novela.
Ainda na opinião de Odete, o prédio era seguro. A advogada de defesa questionou se Odete se lembrava de invasões à garagem do edifício e a pianista disse que não se recordava.
A mãe de Carla foi interrompida ao menos três vezes pelo juiz por sua abordagem à testemunha. O magistrado pediu que Liliana fizesse perguntas diretas e não fornecesse informações que pudessem influenciar o relato da pianista.
Durante uma sequência de perguntas na qual Liliana dá a entender que a morte teria ocorrido no domingo, e não no sábado, dia 9 de setembro de 2006, o promotor Calsavara e Liliana se desentenderam. "Eu não estou mentindo. Quem mente é o senhor", afirmou Liliana.
Após a testemunha ser ouvida, foi realizada a primeira pausa no julgamento.
Previsão
A previsão inicial era que o julgamento durasse cinco dias, segundo estimativa do promotor João Carlos Calsavara. O promotor afirmou que defenderá a tese de homicídio triplamente qualificado, por motivo torpe, fútil e recurso que impossibilitou a defesa da vítima.
Ubiratan foi assassinado na noite de 9 de setembro de 2006 em seu apartamento, nos Jardins, em São Paulo. Segundo o Ministério Público, Carla atirou no namorado motivada por ciúmes. A advogada atendeu a um telefonema de uma delegada da Polícia Federal que era um "affair" de Ubiratan, segundo a acusação. O tiro atingiu o abdômen do coronel. A arma usada seria da própria vítima, um revólver calibre 38, e jamais foi encontrada.
Ciúmes
"A acusada se mostrou na situação uma mulher ciumenta e que estava querendo pautar a vida do coronel. E isso que desencadeou todo o crime", afirma Calsavara. Segundo o promotor, Carla chegou naquela noite a trocar uma mensagem passando-se por Ubiratan com a delegada. ]
Ele destaca ainda traços de possessividade no caráter da advogada e que ela passou a decidir coisas da vida do coronel. “Ela comprava alimentos, remédios, trocou as chaves dias antes, a empregada ela que arrumou”, afirma Calsavara. A expectativa é que ela possa pegar pena de até 30 anos de prisão.
Testemunhas
A oitiva das testemunhas será a primeira etapa do julgamento e deverá ocupar os primeiros dias do júri. Em seguida, Carla Cepollina será ouvida. Apenas depois os advogados vão expor suas teses aos jurados e estes decidirão pela condenação ou absolvição de Carla.
Segundo o Ministério Público, a delegada é a principal prova do crime. Ela foi convocada como uma das cinco testemunhas de acusação. Poderão estar presentes também dois delegados, uma moradora do prédio e um perito que realizou um teste sonoro no apartamento. A defesa também arrolou testemunhas.
Arquivamento
O Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), que investigou o crime, resolveu indiciar Carla pela morte. Entretanto, no dia 30 de outubro de 2008 o processo foi arquivado pelo juiz Alberto Anderson Filho.
Em sua decisão, o magistrado entendeu que não havia provas suficientes para indiciá-la. Em junho de 2010, a Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo decidiu que a advogada fosse submetida a júri popular.
Ubiratan foi o comandante da invasão do presídio do Carandiru, na Zona Norte de São Paulo, em 1992, quando 111 presos foram mortos pela Polícia Militar. O coronel chegou a ser condenado pela Justiça a 632 anos de prisão, mas foi absolvido pelo órgão especial do TJ-SP. À época de sua morte, Ubiratan era deputado estadual. Seu corpo foi encontrado por assessores no dia 10 de setembro, um dia após o assassinato.
G1
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