terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Promotor diz que vai avaliar pedido de exumação de Marcos Matsunaga


Cosenzo diz que terá que se posicionar sobre pedido de defesa de Elize.
Intenção, segundo TJ, é confirmar causa da morte de diretor da Yoki.


A defesa de Elize Matsunaga pediu, nesta terça-feira (11), a exumação do corpo do empresário Marcos Matsunaga, assassinado em maio deste ano. O promotor José Carlos Cosenzo disse que vai se posicionar sobre o pedido antes da decisão do juiz. “Ainda não decidi se concordo ou não com esse pedido de exumação. Mas, terei que avaliar e me posicionar para que depois não aleguem que o Ministério Público está cerceando a defesa”, diz o promotor José Carlos Cosenzo.

Segundo a assessoria do Tribunal de Justiça, o juiz Adilson Paukoski Simoni, do 5º Tribunal do Júri de São Paulo, só vai dizer se aceita o pedido dos advogados de Elize após receber o parecer do promotor e do assistente de acusação.

De acordo com a assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça de São Paulo, a defesa apresentou o pedido de exumação nesta terça durante a audiência de instrução do caso. O argumento para a solicitação seria a confirmação da causa da morte de Marcos.

Um laudo divulgado em junho, que fez parte do inquérito policial do caso, apontou que Marcos foi decapitado quando ainda estava vivo. Segundo os peritos, a morte ocorreu por choque traumático, causado pela bala, e asfixia respiratória por sangue aspirado devido à decapitação. Na ocasião da divulgação do laudo, porém, seu resultado já havia sido questionado pelo advogado de defesa de Elize, Luciano Santoro.

O advogado entende que Elize pode pegar uma pena de no máximo dez anos. A exumação solicitada poderá ser chave para que Elize não seja condenada pela qualificadora de meio cruel caso fique comprovado que Marcos morreu em razão do disparo na cabeça e que já estava morto quando foi esquartejado. A assistente da defesa, Roselli Soglio, afirmou que em casos de traumatismo craniano causado por um tiro de pistola 380 a morte acontece em poucos segundos.

Para o promotor José Carlos Cosenzo, o crime foi premeditado, por motivo financeiro - Marcos era diretor da empresa de alimentos Yoki. Ele espera que ela seja condenada a 30 anos de prisão por homicídio triplamente qualificado – motivo torpe (vingança movida por dinheiro), utilização de recurso que impossibilitou a defesa da vítima e meio cruel (esquartejamento).

Depoimentos
A audiência de instrução do caso, que precede a um eventual julgamento da ré Elize, começou no início da manhã desta terça e terminou por volta das 13h30, segundo o TJ-SP. A babá da filha do casal, Mauriceia José Gonçalves dos Santos, foi ouvida entre 11h10 e 13h30.

De acordo com o Tribunal, a pedido da babá, Elize foi retirada do local da audiência e encaminhada para a carceragem do Fórum durante o seu depoimento. A saída da ré teria ocorrido porque a babá disse ter medo de Elize.

Segundo o promotor José Carlos Consenzo, a babá afirmou que Marcos tratava Elize como princesa.

Os depoimentos de Nathália Vila Real, apontada como amante de Marcos Matsunaga, e Elize Matsunaga também deveriam ter ocorrido, mas foram adiados para janeiro de 2013. Segundo o Tribunal de Justiça, o depoimento delas deve ocorrer às 10h do dia 30.

Segundo o advogado Roberto Parentoni, que defende Nathalia, ela não foi avisada da audiência e por isso não compareceu. Como Elize precisaria ser ouvida somente após todos as demais testemunhas, seu depoimento foi também adiado, apesar de ela ter comparecido ao fórum.

O advogado de Nathália afirma que ela quer falar para tirar um "peso das costas", reafirmar que nunca foi prostituta e que tinha um relacionamento amoroso com o diretor da Yoki. "Minha cliente quer tirar esse peso das costas. Ela está sendo ameaçada", disse, sem dar detalhes das ameaças.

Segundo a assessoria de imprensa do TJ-SP, somente após concluída a fase de instrução, o juiz deverá decidir se submeterá Elize a júri popular pelo crime de homicídio e ocultação de cadáver. Caso seja pronunciada pelo juiz ela será submetida a júri popular. Sete jurados a julgarão em uma data ainda a ser marcada pelo magistrado.

O crime
Além de usar uma pistola para dar um tiro na cabeça de Marcos, a mulher também usou uma faca para esquartejá-lo, colocar as partes do corpo em sacos plásticos dentro de malas, e jogá-las na Grande São Paulo. Os pedaços foram encontrados no dia 27 de maio.

A viúva, que inicialmente negava a autoria do crime, confessou o assassinato e está presa desde 5 de junho. Segundo declarou à Polícia Civil, ela matou o marido após uma discussão sobre a descoberta da infidelidade de Marcos, na qual respondeu a uma injusta provocação do empresário, que a teria agredido com um tapa na cara.

O advogado de Elize, Luciano Santoro, disse ao chegar ao Fórum da Barra Funda nesta terça-feira que ela quer ser interrogada para contar ao juiz como tudo ocorreu. Ele reafirmou que se trata de um crime passional, sob forte emoção, após ela ter sido agredida por Matsunaga. Para a defesa, ela deve responder por homicídio simples e ocultação de cadáver. Santoro afirma que sua cliente vinha sendo humilhada há meses e queria se separar do marido.

Gravação
Outra prova que a defesa pretende usar para corroborar a tese de que a bacharel vinha sendo ameaçada é uma gravação feita pela Polícia Militar. Vinte e cinco dias antes do crime, Elize havia telefonado para o serviço de emergência 190 da PM para denúncia Marcos por ameaça.

Durante um crise conjugal, Matsunaga tentou reconquistar Elize. O G1 teve acesso ao depoimento de testemunhas e à troca de e-mails entre o casal Matsunaga. As mensagens que constam no processo foram trocadas durante o período em que o empresário e a bacharel em direito estiveram separados provisoriamente.

Bastidores da crise conjugal
No período de aproximadamente um mês antes do crime, Elize e Marcos viviam uma crise por suspeita de traição. Após ligar para polícia e relatar ter sido ameaçada, Elize deixou o apartamento do casal e se refugiou em um hotel em São Paulo com a filha e a babá Mauriceia; depois seguiu com elas para a Bahia e Paraná.

Enquanto esteve longe de Marcos, Elize pensava no divórcio, ao ponto de consultar uma advogada que a orientou a contratar um detetive para flagrar a traição do marido. Mas após receber a tradução de ‘Because You Loved Me’ (Porque Você Me Amou), interpretada pela cantora canadense Celine Dion, e o buquê de flores com o pedido de reconciliação, desistiu de seguir com o rompimento.

Mesmo assim, ela manteve os serviços do detetive que gravou o diretor da Yoki com sua amante, a garota de programa Nathalia. Quando conheceu Marcos, Elize também havia trabalhado como prostituta.

G1

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