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domingo, 25 de março de 2012
Orgulho de construir futuro
Professora ensina meninas detentas com ajuda de jogos de Lego e criação de vídeos
Rio - De bloco em bloco, a professora Sandra Maria Saragoça, 43 anos, ensina meninas infratoras a construir um futuro melhor. Elas cumprem medidas socioeducativas em regime de internato no Colégio Estadual Luiza Mahin, no Educandário Santos Dumont, na Ilha. Ano passado, a educadora foi homenageada pela Comissão de Educação e Cultura do Senado por ter levado o Brasil a conquistar pela primeira vez o prêmio mundial Microsoft de Educadores Inovadores, com o projeto ‘Educação além dos muros’.
Usando peças de Lego, as adolescentes produzem curtas de animação para auxiliar no ensino de Matemática, Ciências e Português. “Estou feliz por ter conseguido conscientizá-las do quanto são capazes”, diz Sandra. Por sua atuação social, ela recebeu a 40ª medalha Orgulho do Rio, concedida por O DIA a pessoas que contribuem para um Rio melhor.
Aplaudida pelas alunas, Sandra, 22 anos de magistério, agradeceu a homenagem, emocionada. “Graças ao reconhecimento e à credibilidade do projeto, conseguimos autorização dos juízes para levar as meninas a outras escolas”.
Em 2009, Sandra teve a ideia de fazer filmes de animação educativos, com a técnica ‘stop motion’ : imagens quadro a quadro de objetos parados, dando a impressão de movimento. Muitas alunas nunca haviam usado computador. A Lego doou 20 mil peças. Prontos os vídeos, conseguiram autorização do juiz para que pudessem exibi-los em outras escolas como palestrantes. “Uma das meninas me abraçou e disse: ‘professora, nunca imaginei que pudesse ensinar alguma coisa para alguém’”.
Cerca de 600 meninas participaram das oficinas em três anos. Muitas são moradoras de ruas ou abrigos, estão em tratamento psiquiátrico e são viciadas em drogas. “É difícil fazer com que se concentrem. Com os filmes, elas aprendem brincando”, diz Sandra, que se emociona nas despedidas: “Uma me disse que se tivesse esse trabalho no abrigo, não faria mais nada de errado.”
Transformações diárias nas alunas
O maior desafio de Sandra é implantar o projeto sabendo que a permanência das internas é temporária. “Isso me frustra por não dar conta de tudo. Tento fazer com que cada dia meu ali dentro possa provocar uma pequena transformação naquelas meninas”, diz a professora.
Sandra acredita que ser professora é ser capaz de mudar a realidade das alunas e fazer com que sonhem com um futuro melhor: “Para muitas delas, que vieram das ruas, foi preciso estar numa prisão para conhecer uma nova vida e ter chance de mudar”.
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