terça-feira, 13 de setembro de 2011

Distúrbios da diferenciação sexual: como definir o sexo da criança?



Um recém-nascido com hermafroditismo, um distúrbio da diferenciação sexual (DDS), é um problema urgente que deve ser resolvido de modo rápido e preciso. O cirurgião pediátrico, Uenis Tannuri, do Hospital Santa Catarina, explica que, definida a linhagem (feminina ou masculina), a cirurgia reparadora apresenta resultados estéticos muito bons. Mas como definir o sexo da criança nestes casos?


De acordo com Uenis, o hermafroditismo ocorre quando há uma ação na diferenciação sexual da criança. Em outras palavras, o bebê pode nascer com os dois órgãos sexuais bem formados (hermafroditismo verdadeiro); pode nascer geneticamente como do sexo masculino (cromossomos XY), embora os órgãos sexuais externos não se desenvolvam completamente (pseudo-hermafroditismo masculino); ou nascer geneticamente como do sexo feminino (cromossomos XX), embora o clitóris se desenvolva excessivamente, adquirindo um formato semelhante a um pênis (pseudo-hermafroditismo feminino).

Cirurgia reparadora deve ser feita até os 2 anos de idade

“Para definir o sexo da criança, o primeiro sinal é o exame clínico, logo ao nascimento. Em seguida são realizados exames no laboratório, muito específicos, para determinar a linhagem do bebê”, explica Tannuri. Estes exames irão investigar o cariótipo, os cromossomos do bebê, que irão definir geneticamente se é um menino (XY) ou uma menina (XX). “Definida a linhagem, não há necessidade de esperar a criança crescer para se investigar a orientação sexual. A cirurgia deve ser feita entre 1 ano, até 2 anos de idade”, diz.

Após a cirurgia a criança deve ser acompanhada por outros profissionais. Além do pediatra, caso haja a necessidade de terapia hormonal, é o endocrinologista quem deverá indicar o tratamento.

Por que meu filho nasceu assim?

Uenis explica que as causas da DDS são diversas. “Podem ser metabólicas ou genéticas. A ingestão de drogas pela mãe durante a gestação também pode ter ação direta na diferenciação sexual da criança”, diz.

No hermafroditismo verdadeiro, geralmente o bebê é geneticamente da linhagem feminina, embora desenvolva genitais masculinos. As causas para que isto ocorra ainda são pouco conhecidas.

Um dos casos mais comentados foi o da atleta sul-africana Caster Semenya, campeã dos 800 metros no Mundial de Berlim, em agosto de 2009. De acordo com o jornal australiano The Sydney Morning Herald, exames realizados durante a competição indicaram que a fundista é hermafrodita: ela não possui ovários, apesar de na aparência externa apresentar órgão sexual feminino, e tem testículos internos “escondidos”, que produzem grande quantidade de testosterona.

“Com relação ao comportamento da criança, é um assunto extremamente complexo. No entanto, recomendo a cirurgia levando para uma determinada linhagem, e aos pais, que apoiem seus filhos em tudo. O mais importante para os pais é dar todo o apoio necessário à criança”, conclui Tannuri.

Marina Teles

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