Após perder o filho, Fernando Diniz se tornou um ativista contra os acidentes
RIO - Naquele fim de noite, em março de 2003, o engenheiro Fernando Diniz estava inquieto. A mulher já tinha ido se deitar, e o filho, Fabrício, de 20 anos, estava demorando para chegar em casa. Não era para ele demorar tanto. O rapaz tinha saído com amigos para brincar de jogos eletrônicos no shopping Downtown e prometera retornar cedo. Já havia até telefonado dizendo que estava voltando. E o shopping era tão perto do apartamento da família, ali nas imediações da Praça do Ó, na Barra da Tijuca. Diniz foi para a varanda tentar ver o filho chegando de carro. Mas nada. Tomou, então, a decisão que resultaria na pior notícia que já recebeu na vida: tentou localizar Fabrício pelo telefone celular. Foi assim que descobriu o verdadeiro significado do que ele chama de "uma noite tenebrosa". Fabrício nunca chegou em casa.
Na semana retrasada, oito anos depois, o mesmo engenheiro se via às voltas com a burocracia da prefeitura para conseguir um espaço onde possa erguer um monumento às vítimas do trânsito. Ele queria que tudo estivesse pronto até o dia 21 de novembro, quando, como acontece em todo o terceiro domingo de novembro, por determinação da Organização Mundial de Saúde (OMS), marca-se a passagem do Dia Mundial em Memória das Vítimas de Trânsito.
Não vai dar tempo. Mas nem por isso Diniz vai deixar o domingo passar em branco. Hoje, o engenheiro é o criador e presidente da organização não governamental Trânsito Amigo. Alguma coisa ele há de fazer para que vítimas, como Fabrício, não sejam esquecidas no dia dedicado a elas. Tem sido assim desde aquela "noite tenebrosa".
— Fiquei perdido na primeira semana — relata agora Diniz. — Mas, na ocasião, fui entrevistado por uma repórter do GLOBO, Maria Elisa Alves. Quando li a reportagem, vi uma frase minha que soava como clichê: "Vou transformar meu luto em luta". Mas acreditei naquilo. Resolvi lidar com a ausência do meu filho de uma forma produtiva. Fui de encontro ao trânsito que tinha ceifado a vida dele. Trabalho em prol de um trânsito mais justo e mais humano.
Três semanas depois da morte de Fabrício, Diniz estava com uma turma de amigos do filho, todos vestindo camisetas com a foto do rapaz estampada na frente, divulgando a campanha Amigo da Vez nos bares do Downtown. Era uma ação de impacto. Os integrantes do grupo pediam que o dono do bar tocasse uma fita com hits do momento produzida por eles. No meio da fita, a música era interrompida pelo som de um acidente de automóvel. Um locutor, então, anunciava: "Este acidente ainda não ocorreu." Para evitá-lo, a turma pedia aos frequentadores que escolhessem um amigo que não tinha bebido para dirigir o carro que os levaria de volta para casa. E que assim procedessem sempre: a cada saída, elegendo um "amigo da vez".
Desde então, ele sabe que deve agir em vez de esperar uma ação do governo para diminuir o número de acidentes no trânsito.
— O mundo inteiro começa a tomar providências a respeito. Nós estamos na contramão do processo. Depois do novo Código de Trânsito Brasileiro, de 1998, passou-se a usar cinto de segurança nos bancos da frente. Os motoristas sabiam que, se não o fizessem, seriam multados. Mas, hoje, caso houvesse um número suficiente de fiscais de trânsito, como seria feita a fiscalização se os carros andam com insulfilm (película aplicada nos vidros que escurece o interior dos automóveis)? O Brasil possui 60 milhões de veículos. Até 2020, a frota de motocicletas vai superar a de automóveis. Como fiscalizar isso tudo? A frota aumenta 10% ao ano, e o número de fiscais não aumenta. Eu subo a serra no fim de semana para minha casa em Secretário e vejo os postos da Polícia Rodoviária abandonados. Não há uma ação do governo contra o trânsito irresponsável. O governo fez as pessoas comprarem carros, mas não ensina como utilizá-los. Hoje, todo mundo tem carro. Mas é uma geração que não viu seus pais dirigirem. Não teve em casa a educação para o trânsito.
Não era para Fabrício sair naquela noite. Na manhã seguinte, bem cedo, ele deveria estar pronto e em jejum de 12 horas para fazer um exame de sangue. Ele prometeu ao pai que não iria beber, nem comer nada. E cumpriu o prometido. Só queria passar um tempo com alguns amigos e a namorada. Não queria nem dirigir. Foi por isso que, depois de procurar pela internet a companhia dos colegas de sempre, acabou aceitando a carona de um rapaz que nem era tão amigo assim. Ele só estava na turma há uns dois meses.
De acordo com dados do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), o total de veículos no Brasil mais que dobrou em dez anos e atingiu a marca de 64.817.974 em dezembro do ano passado, o que significa um aumento de 119% no período. Foram mais de 35 milhões de carros que chegaram às ruas em dez anos.
Aos 64 anos, Fernando Diniz divide seu tempo entre o trabalho na Petrobras e a dedicação à ONG. Em nome dela, ele faz palestras e participa de seminários, sempre contando sua experiência pessoal e emitindo sua opinião sobre como a legislação deveria agir com responsáveis por acidentes de trânsito. E não deixou que o que restou de sua família (ele ainda tem uma filha, Fernanda, hoje com 26 anos) interrompesse a vida após a morte de Fabrício. Em seu cartão de visitas, pode-se ler a máxima "Prosseguir é preciso".
— Nós, vítimas, não podemos ficar detidos em casa entre quatro paredes. Através da dor, você cresce. Eu e minha mulher percebemos que precisávamos trazer outras vítimas de trânsito para junto de nós. Elas também deviam estar sofrendo. Criei a Trânsito Amigo em memória de Fabrício, mas ela pertence à sociedade.
— Comecei só com a vertente da solidariedade. Se as vítimas são católicas, eu chamo para rezarmos o terço juntos (Diniz tem sempre um terço no bolso direito da calça). Mas isso é pouco. Eu preciso de mais.
O "mais" de Fernando Diniz é mudar a legislação. Ele apoia a Lei Seca, mas torce pela criação de uma delegacia especializada em crimes de trânsito. Pensa nisso desde aquela "noite tenebrosa", quando, enquanto velava o corpo do filho no asfalto da Avenida das Américas, foi procurado por um funcionário de funerária que queria que ele escolhesse uma corbeille para o enterro, e por um advogado que tentava fazer com que ele abrisse mão do Dpvat (o seguro de danos pessoais, pago por todos os proprietários de veículos do país e ao qual todos os brasileiros têm direito).
— Eu me senti um marginalizado na delegacia, quando fui registrar a ocorrência do acidente. Eu e a mãe de duas jovens que morreram com meu filho. É preciso que as delegacias tenham uma assistente social para atender as vítimas de trânsito que sofrem a dor da perda. É preciso divulgar o direito que a sociedade tem ao DPVAT. Se a vítima contratar um advogado, o seguro demora, pelo menos, 60 dias para ser pago. Esse pagamento tem que ser feito de forma mais ágil.
De acordo com o testemunho de uma sobrevivente do desastre que vitimou Fabrício, o motorista do carro fez o caminho do shopping à Praça do Ó em alta velocidade e "cortando" os veículos que estavam à sua frente. Freava, "cortava", acelerava, freava... À certa altura, perdeu a direção. O carro capotou e bateu num poste. A velocidade era tanta que o poste tombou. O motorista e o carona, que usavam cintos de segurança, sobreviveram. No banco de trás, ninguém usava cinto. Uma garota foi lançada para longe do carro. Fabrício e a namorada ficaram presos nas ferragens.
A Trânsito Amigo busca fazer ações propositivas junto a parlamentares para cobrar leis mais severas que minimizem os efeitos do trânsito, principalmente, que acabem com a impunidade.
— Participou de "pega", bebeu ou estava em alta velocidade, isso não é acidente — analisa Diniz. — É ocorrência.
A ONG luta para que os causadores de acidentes com vítimas no trânsito não sejam acusados de homicídio culposo (aquele em que não houve intenção de matar), mas de homicídio doloso.
Diniz é contra também a sentença de pena alternativa que faz com que o culpado se responsabilize apenas por pagamentos de cestas básicas.
— Com essas penas, os juízes estão comparando a vida de nossos filhos com grãos de arroz e feijão.
A ideia agora é que seja aprovado o Projeto de Lei 798/07, que já tramita na Câmara dos Deputados e que "estabelece que as penas alternativas aplicadas a quem praticou crime de trânsito sejam cumpridas em ambientes relacionados ao resgate, atendimento ou recuperação de vítimas."
Fernando Diniz propõe que o culpado seja privado de bebida e diversão. Por isso, a pena seria cumprida nas noites de sexta-feira, sábado e domingo. O pagamento de cestas básicas seria substituído, num primeiro momento, pelo acompanhamento de equipe de Corpo de Bombeiros no atendimento a vítimas de trânsito.
— Alguém do contra pode dizer que eles não estão preparados para ver acidentes. Pois eu também não estava!
Num segundo momento, eles dariam plantão nos hospitais da rede pública para ver o estado em que as vítimas chegam. E, num terceiro, iriam prestar serviços em hospitais e clínicas de recuperação.
— Isso é mais educativo e corretivo do que uma cesta básica — diz Diniz.
Quando Fernando Diniz telefonou para o filho, foi atendido por uma voz estranha. "Desculpe-me, é engano", falou. "Não. Quem está falando?", quis saber o dono da voz, um policial, como se soube mais tarde. "Eu estava ligando para o Fabrício. Sou pai dele." O policial retrucou: "Houve um acidente. O senhor precisa vir aqui", e deu a localização. "Mas como está meu filho?" O policial apenas repetiu: "O senhor precisa vir aqui". O engenheiro insistiu: "Mas ele está vivo?" O policial desligou o telefone, e teve início a "noite tenebrosa" de Fernando Diniz.
O Globo
RIO - Naquele fim de noite, em março de 2003, o engenheiro Fernando Diniz estava inquieto. A mulher já tinha ido se deitar, e o filho, Fabrício, de 20 anos, estava demorando para chegar em casa. Não era para ele demorar tanto. O rapaz tinha saído com amigos para brincar de jogos eletrônicos no shopping Downtown e prometera retornar cedo. Já havia até telefonado dizendo que estava voltando. E o shopping era tão perto do apartamento da família, ali nas imediações da Praça do Ó, na Barra da Tijuca. Diniz foi para a varanda tentar ver o filho chegando de carro. Mas nada. Tomou, então, a decisão que resultaria na pior notícia que já recebeu na vida: tentou localizar Fabrício pelo telefone celular. Foi assim que descobriu o verdadeiro significado do que ele chama de "uma noite tenebrosa". Fabrício nunca chegou em casa.
Na semana retrasada, oito anos depois, o mesmo engenheiro se via às voltas com a burocracia da prefeitura para conseguir um espaço onde possa erguer um monumento às vítimas do trânsito. Ele queria que tudo estivesse pronto até o dia 21 de novembro, quando, como acontece em todo o terceiro domingo de novembro, por determinação da Organização Mundial de Saúde (OMS), marca-se a passagem do Dia Mundial em Memória das Vítimas de Trânsito.
Não vai dar tempo. Mas nem por isso Diniz vai deixar o domingo passar em branco. Hoje, o engenheiro é o criador e presidente da organização não governamental Trânsito Amigo. Alguma coisa ele há de fazer para que vítimas, como Fabrício, não sejam esquecidas no dia dedicado a elas. Tem sido assim desde aquela "noite tenebrosa".
— Fiquei perdido na primeira semana — relata agora Diniz. — Mas, na ocasião, fui entrevistado por uma repórter do GLOBO, Maria Elisa Alves. Quando li a reportagem, vi uma frase minha que soava como clichê: "Vou transformar meu luto em luta". Mas acreditei naquilo. Resolvi lidar com a ausência do meu filho de uma forma produtiva. Fui de encontro ao trânsito que tinha ceifado a vida dele. Trabalho em prol de um trânsito mais justo e mais humano.
Três semanas depois da morte de Fabrício, Diniz estava com uma turma de amigos do filho, todos vestindo camisetas com a foto do rapaz estampada na frente, divulgando a campanha Amigo da Vez nos bares do Downtown. Era uma ação de impacto. Os integrantes do grupo pediam que o dono do bar tocasse uma fita com hits do momento produzida por eles. No meio da fita, a música era interrompida pelo som de um acidente de automóvel. Um locutor, então, anunciava: "Este acidente ainda não ocorreu." Para evitá-lo, a turma pedia aos frequentadores que escolhessem um amigo que não tinha bebido para dirigir o carro que os levaria de volta para casa. E que assim procedessem sempre: a cada saída, elegendo um "amigo da vez".
Desde então, ele sabe que deve agir em vez de esperar uma ação do governo para diminuir o número de acidentes no trânsito.
— O mundo inteiro começa a tomar providências a respeito. Nós estamos na contramão do processo. Depois do novo Código de Trânsito Brasileiro, de 1998, passou-se a usar cinto de segurança nos bancos da frente. Os motoristas sabiam que, se não o fizessem, seriam multados. Mas, hoje, caso houvesse um número suficiente de fiscais de trânsito, como seria feita a fiscalização se os carros andam com insulfilm (película aplicada nos vidros que escurece o interior dos automóveis)? O Brasil possui 60 milhões de veículos. Até 2020, a frota de motocicletas vai superar a de automóveis. Como fiscalizar isso tudo? A frota aumenta 10% ao ano, e o número de fiscais não aumenta. Eu subo a serra no fim de semana para minha casa em Secretário e vejo os postos da Polícia Rodoviária abandonados. Não há uma ação do governo contra o trânsito irresponsável. O governo fez as pessoas comprarem carros, mas não ensina como utilizá-los. Hoje, todo mundo tem carro. Mas é uma geração que não viu seus pais dirigirem. Não teve em casa a educação para o trânsito.
Não era para Fabrício sair naquela noite. Na manhã seguinte, bem cedo, ele deveria estar pronto e em jejum de 12 horas para fazer um exame de sangue. Ele prometeu ao pai que não iria beber, nem comer nada. E cumpriu o prometido. Só queria passar um tempo com alguns amigos e a namorada. Não queria nem dirigir. Foi por isso que, depois de procurar pela internet a companhia dos colegas de sempre, acabou aceitando a carona de um rapaz que nem era tão amigo assim. Ele só estava na turma há uns dois meses.
De acordo com dados do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), o total de veículos no Brasil mais que dobrou em dez anos e atingiu a marca de 64.817.974 em dezembro do ano passado, o que significa um aumento de 119% no período. Foram mais de 35 milhões de carros que chegaram às ruas em dez anos.
Aos 64 anos, Fernando Diniz divide seu tempo entre o trabalho na Petrobras e a dedicação à ONG. Em nome dela, ele faz palestras e participa de seminários, sempre contando sua experiência pessoal e emitindo sua opinião sobre como a legislação deveria agir com responsáveis por acidentes de trânsito. E não deixou que o que restou de sua família (ele ainda tem uma filha, Fernanda, hoje com 26 anos) interrompesse a vida após a morte de Fabrício. Em seu cartão de visitas, pode-se ler a máxima "Prosseguir é preciso".
— Nós, vítimas, não podemos ficar detidos em casa entre quatro paredes. Através da dor, você cresce. Eu e minha mulher percebemos que precisávamos trazer outras vítimas de trânsito para junto de nós. Elas também deviam estar sofrendo. Criei a Trânsito Amigo em memória de Fabrício, mas ela pertence à sociedade.
— Comecei só com a vertente da solidariedade. Se as vítimas são católicas, eu chamo para rezarmos o terço juntos (Diniz tem sempre um terço no bolso direito da calça). Mas isso é pouco. Eu preciso de mais.
O "mais" de Fernando Diniz é mudar a legislação. Ele apoia a Lei Seca, mas torce pela criação de uma delegacia especializada em crimes de trânsito. Pensa nisso desde aquela "noite tenebrosa", quando, enquanto velava o corpo do filho no asfalto da Avenida das Américas, foi procurado por um funcionário de funerária que queria que ele escolhesse uma corbeille para o enterro, e por um advogado que tentava fazer com que ele abrisse mão do Dpvat (o seguro de danos pessoais, pago por todos os proprietários de veículos do país e ao qual todos os brasileiros têm direito).
— Eu me senti um marginalizado na delegacia, quando fui registrar a ocorrência do acidente. Eu e a mãe de duas jovens que morreram com meu filho. É preciso que as delegacias tenham uma assistente social para atender as vítimas de trânsito que sofrem a dor da perda. É preciso divulgar o direito que a sociedade tem ao DPVAT. Se a vítima contratar um advogado, o seguro demora, pelo menos, 60 dias para ser pago. Esse pagamento tem que ser feito de forma mais ágil.
De acordo com o testemunho de uma sobrevivente do desastre que vitimou Fabrício, o motorista do carro fez o caminho do shopping à Praça do Ó em alta velocidade e "cortando" os veículos que estavam à sua frente. Freava, "cortava", acelerava, freava... À certa altura, perdeu a direção. O carro capotou e bateu num poste. A velocidade era tanta que o poste tombou. O motorista e o carona, que usavam cintos de segurança, sobreviveram. No banco de trás, ninguém usava cinto. Uma garota foi lançada para longe do carro. Fabrício e a namorada ficaram presos nas ferragens.
A Trânsito Amigo busca fazer ações propositivas junto a parlamentares para cobrar leis mais severas que minimizem os efeitos do trânsito, principalmente, que acabem com a impunidade.
— Participou de "pega", bebeu ou estava em alta velocidade, isso não é acidente — analisa Diniz. — É ocorrência.
A ONG luta para que os causadores de acidentes com vítimas no trânsito não sejam acusados de homicídio culposo (aquele em que não houve intenção de matar), mas de homicídio doloso.
Diniz é contra também a sentença de pena alternativa que faz com que o culpado se responsabilize apenas por pagamentos de cestas básicas.
— Com essas penas, os juízes estão comparando a vida de nossos filhos com grãos de arroz e feijão.
A ideia agora é que seja aprovado o Projeto de Lei 798/07, que já tramita na Câmara dos Deputados e que "estabelece que as penas alternativas aplicadas a quem praticou crime de trânsito sejam cumpridas em ambientes relacionados ao resgate, atendimento ou recuperação de vítimas."
Fernando Diniz propõe que o culpado seja privado de bebida e diversão. Por isso, a pena seria cumprida nas noites de sexta-feira, sábado e domingo. O pagamento de cestas básicas seria substituído, num primeiro momento, pelo acompanhamento de equipe de Corpo de Bombeiros no atendimento a vítimas de trânsito.
— Alguém do contra pode dizer que eles não estão preparados para ver acidentes. Pois eu também não estava!
Num segundo momento, eles dariam plantão nos hospitais da rede pública para ver o estado em que as vítimas chegam. E, num terceiro, iriam prestar serviços em hospitais e clínicas de recuperação.
— Isso é mais educativo e corretivo do que uma cesta básica — diz Diniz.
Quando Fernando Diniz telefonou para o filho, foi atendido por uma voz estranha. "Desculpe-me, é engano", falou. "Não. Quem está falando?", quis saber o dono da voz, um policial, como se soube mais tarde. "Eu estava ligando para o Fabrício. Sou pai dele." O policial retrucou: "Houve um acidente. O senhor precisa vir aqui", e deu a localização. "Mas como está meu filho?" O policial apenas repetiu: "O senhor precisa vir aqui". O engenheiro insistiu: "Mas ele está vivo?" O policial desligou o telefone, e teve início a "noite tenebrosa" de Fernando Diniz.
O Globo
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