segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Heróis anônimos ajudam na prisão de acusado de estupro em ônibus


Motorista do veículo brigou com suspeito, que saíra da prisão um dia antes do crime

RIO - A prisão do homem suspeito de estuprar uma menina de 12 anos dentro de um ônibus, no Jardim Botânico, no último dia 15, só foi possível graças a heróis anônimos: o motorista e o cobrador de um coletivo da linha 540 (Largo do Machado-Leblon) e pedestres que passavam pela Praça Santos Dumont, na Gávea. Quando Paulo Roberto da Silva Dias entrou no veículo, os dois funcionários da Viação São Silvestre perceberam que ele era o mesmo homem que havia praticado um assalto no veículo na última quarta-feira. Desconfiados de que fosse também o autor do estupro ocorrido dias antes, os dois decidiram monitorá-lo. Quando Paulo Roberto assaltou uma jovem e tentou descer, o motorista entrou em ação. Pulou a roleta e deu início a uma briga que só terminou com a chegada da polícia.

Com medo de sofrer represálias, o motorista pediu para não ter o nome publicado. Ele descreveu a sequência de fatos que levaram à prisão do suspeito:

— Quando desconfiei de que fosse o estuprador, procurei um carro da polícia que costuma ficar próximo ao Jockey, mas não o encontrei. Na altura da Praça Santos Dumont, ele mandou a passageira descer, anunciando um assalto. Ela fez sinal para eu parar, mas não abri a porta. Pulei a roleta, e começamos a brigar. Falei para ele devolver o que tinha roubado. Ele devolveu e, depois, tentou fugir, mas o cobrador o segurou. Um pedestre correu até a delegacia da Gávea e chamou a polícia. Depois, seguimos a viagem — contou o motorista.

Depois de passar a noite na 15ª DP (Gávea), Silva Dias foi transferido para a Polinter na manhã deste domingo. A polícia encontrou com ele um relógio, supostamente roubado no dia anterior. Na delegacia, ele foi apontado por quatro pessoas como estuprador de uma menina de 12 anos dentro de um coletivo da linha 162 (Glória-Leblon).

Na ficha criminal do suspeito constam 14 anotações desde os 18 anos. Oito delas são por roubo — dois deles cometidos em coletivos —, uma por homicídio, uma por sequestro e uma por tráfico de drogas, além de outras infrações menos graves. Silva Dias começou a responder pelos crimes em 2004. Em 2006, ele recebeu o benefício da Visita Periódica ao Lar (VPL). No mesmo dia, no entanto, foi preso em flagrante, acusado de cometer um roubo no Leblon. No ano passado, seu caso voltou a ser analisado, após a realização de um Mutirão do Conselho Nacional de Justiça. Depois de quatro meses de procedimentos, o benefício da liberdade condicional foi concedido. O preso foi solto um dia antes da denúncia de estupro.

A menina de 12 anos foi poupada de reconhecer o suspeito. Dez dias depois do crime, a menina ainda está muito abalada.

— Entramos em contato com a família dela, que nos informou sobre seu estado psicológico. Ela está traumatizada com o crime. Preferimos não ouvi-la, já que temos o reconhecimento do motorista, da cobradora e de outras duas passageiras que estavam no ônibus no dia do crime — afirmou o delegado Fábio Barucke, responsável pelo caso.

Ainda segundo Barucke, outras duas vítimas de roubo também reconheceram o suspeito como sendo o autor dos crimes. Em todos os casos, de acordo com a polícia, ele fingia estar armado. Por isso, apenas o estupro pode ter agravante, já que o acusado teria de fato ameaçado a vítima com uma arma de fogo.

O Globo

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