terça-feira, 29 de janeiro de 2013

'Foram cenas fortes', diz psicóloga voluntária que auxilia vítimas no RS


Profissionais de saúde se revezam para atender feridos e familiares.
Prefeitura de Santa Maria disponibilizou uma linha telefônica para apoio.


Dezenas de vítimas do incêndio na boate Kiss seguem internadas em hospitais de Santa Maria. Clarissa Oliveira, de 24 anos, é uma das profissionais da saúde que se revezam diariamente, em escalas, para tratar de feridos e familiares.

Às 4h da madrugada desta terça-feira (29), a psicóloga dava início a um plantão de oito horas de trabalho no Hospital de Caridade. Seria a segunda jornada de trabalho voluntário dela desde a tragédia. A primeira foi ainda no domingo (27), quando foi trabalhar no Centro Desportivo Municipal (CDM), para onde os corpos dos mortos foram levados.

“Foram cenas fortes, que serão difíceis de esquecer. Felizmente, não tinha nenhuma pessoa próxima de mim envolvida. Se tivesse, acho que eu não conseguiria fazer esse trabalho”, diz Clarisssa, mestranda em psicologia na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).

Além de tratar das vítimas que escaparam com vida da boate, a equipe de psicólogos recrutada pela prefeitura auxilia familiares e também os próprios profissionais envolvidos na tragédia, como enfermeiros, socorristas e outros funcionários dos hospitais.

“Nesse primeiro momento, na abordagem inicial, a gente ouve e se coloca à disposição deles. O trabalho é mais focado em dar apoio”, conta Clarissa, que recebeu treinamento de uma equipe especializada vinda de Porto Alegre antes de iniciar as atividades no hospital.

Para os familiares de vítimas de outras cidades, a prefeitura de Santa Maria disponibilizou uma linha telefônica para apoio psicológico. Os atendimentos estão sendo realizados pelo telefone (55) 3921-7144 por uma equipe deslocada exclusivamente para a função. As ligações podem ser feitas também a cobrar, digitando os números 9090 antes dos demais.

Incêndio e prisões
O incêndio começou por volta das 2h30 de domingo, durante a apresentação da banda Gurizada Fandangueira, que utilizou sinalizadores para uma espécie de show pirotécnico.

Segundo relatos de testemunhas, faíscas de um equipamento conhecido como "sputnik" atingiram a espuma do isolamento acústico, no teto da boate, dando início ao fogo, que se espalhou pelo estabelecimento em poucos minutos.

Quatro foram presos nesta segunda após a tragédia: o dono da boate, Elissandro Calegaro Spohr, o sócio, Mauro Hofffmann, e dois integrantes da banda Gurizada Fandangueira, que fazia um show pirotécnico que teria dado início ao incêndio, segundo informações do delegado Sandro Meinerz, responsável pelo caso.

Em depoimento, Spohr afirmou à Polícia Civil que sabia que o alvará de funcionamento estava vencido, mas que já havia pedido a renovação.

O advogado Mario Cipriani, que representa Mauro Hoffmann, afirmou que o cliente "não participava da administração da Kiss".

Na manhã desta segunda, outros dois integrantes da banda falaram sobre a tragédia. "Da minha parte, eu parei de tocar", disse o guitarrista Rodrigo Lemos Martins, de 32 anos.

Por meio dos seus advogados, a boate Kiss se pronunciou sobre a tragédia, classificando como uma "fatalidade".

A presidente Dilma Rousseff visitou Santa Maria no domingo e decretou luto oficial de três dias.

O comandante do Corpo de Bombeiros da região central do Rio Grande do Sul, tenente-coronel Moisés da Silva Fuch, disse que o alvará de funcionamento da boate estava vencido desde agosto do ano passado.


G1

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